Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 25
Capítulo 25 - Marcas Indeléveis




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Era o ano de 2012, e James emergiu do torpor de uma noite intensa. Erguendo-se, respirou fundo, dirigindo-se ao banheiro para iniciar seu dia. Ao encarar o espelho, fixou seu olhar nas marcas recentes em seu pescoço, vestígios da noite anterior.

Em um gesto ágil, James trocou suas roupas casuais por um traje mais formal antes de se dirigir à cozinha. Enquanto preparava seu café da manhã, uma música ecoava pelo ambiente, acompanhando sua frenética expressão. Era uma rotina que parecia se repetir com frequência.

De repente, Clementine, com seus sete anos, emergiu do quarto e correu em direção ao pai, envolvendo suas pernas em um abraço caloroso.

— Papai, papai. Bom dia! — exclamou, até finalmente abraçar suas pernas.

James beijou a cabeça de sua filha, respondendo com carinho: — Bom dia, meu amor.

Cassidy, então, apareceu na cozinha, ostentando um sorriso ao observar James com Clementine agarrada a suas pernas.

— Acordou cedo. Já vai? — Questionou Cassidy.

— Preciso ir. Voltar para Nova York. — Respondeu James.

Cassidy não perdeu tempo em confrontá-lo: — Por que não fala a verdade para ela, James?

— É complicado.

— Complicado é você continuar vindo aqui, ver sua filha, e acabarmos na cama. Não posso ser tua falsa amante.

Um silêncio tenso pairou no ar. James bufou, aproximou-se de Cassidy e deu um sorriso.

— Você é um homem casado, James. Casou-se com a Kate, lembra? — Retrucou Cassidy, afastando-se.

— Estive conversando com a Kate. Vamos comprar uma fazenda em Las Cruces. Nosso sonho sempre foi ter um rancho. E Las Cruces fica mais próximo de vocês — disse James, sorrindo.

— Você não mudou nada. Continua sendo o mesmo vigarista de sempre. Até quando acha que conseguirá enganar a Kate assim?

James ficou em silêncio, virou-se para beijar a cabeça de sua filha mais uma vez.

— Tchau, meu amor. — Despediu-se.

— Papai, o senhor vai embora? — Perguntou Clementine, triste.

— Preciso ir. Papai vai morar mais perto, e vou vir sempre aqui te ver. — Prometeu James.

Cassidy e James se encararam de maneira suspeita enquanto James abraçava Clementine.

No presente, James e Albert saíam do hospital com passos decididos, cortando a cidade em direção ao aeroporto.

— Qual é o plano? — Indagou Albert, mantendo o ritmo ao lado de James.

— Vou até Desmond e pedir que me deixe integrar a expedição do filho dele à ilha. Jurei que nunca mais voltaria para aquele lugar, mas não tenho escolha.

— Desmond não sabe de nada. Charlie e Penelope estão agindo por conta própria.

— Como assim?

— Penelope está seguindo o legado do pai dela.

— Aquele maldito do Widmore? Qual é o plano dela?

— Não tenho tantas informações quanto você gostaria, cara.

— Então, se quiser ir, está livre.

— Não. Eu vou ajudar você. Me deixou viver, sou eternamente grato.

— Tá bom, senhor gratidão. Vamos pegar o avião para Sydney, Austrália. — Comentou James, apressando-se.

— Mas, sabe, não sei se daria tempo. Charlie está com um jato. Se ele decidir ir para a ilha com o jato, não chegaremos a tempo. — Disse Albert.

— Faz sentido. — Comentou James, parando.

De repente, o celular de James tocou. Ao olhar para a tela, era Kate. James gelou instantaneamente, mas resolveu atender.

— Kate? — Indagou ele, completamente estarrecido.

— Oi, Sawyer. — Disse ela do outro lado da linha.

— Por que está me ligando? — Indagou ele, nervoso.

— Pensei que quisesse conversar. Você me ligou primeiro.

James ficou paralisado por alguns segundos. Albert observava, tentando entender por que aquele telefonema deixava James tão nervoso.

Enquanto isso, nas redondezas de Alexandria, Ben havia sido libertado das correntes que o prendiam. Exausto e ferido, reflexivo sobre seus erros ao mover a ilha, Ben estava cabisbaixo. Parecia finalmente compreender as consequências de seus atos.

Neste instante, Alvar adentrou a sala, sozinho, segurando um copo de água.

— Pegue. — Disse ele, oferecendo a Ben.

Ben o olhou, mas voltou ao seu estado meditativo, ignorando o copo nas mãos de Alvar. Alvar bebeu a água e jogou o restante em Ben, fazendo suas feridas arderem.

— Você se sentia poderoso, não é? Agora, veja seu estado. Para alguém que achava que sabia tudo sobre a ilha, é doloroso perceber que agora não passa de um peão nas minhas mãos. — Comentou Alvar.

— Não tenho medo de você. — Disse Ben, ainda de cabeça baixa.

— Medo? Não entenda errado, Linus. Não quero que tenha medo de mim. Você mereceu apanhar por tudo que fez, mas sou grato a você. Matou Jacob. Também sou grato ao doutor Jack por ter matado Minuts. Agora, basta eu destruir qualquer vestígio deles naquela ilha, e em breve, me instalo lá.

Ben abriu um sorriso e finalmente olhou para Alvar.

— Por que me manter vivo?

— Por que te manter vivo, Linus? Imagine a dor de ver tudo que lutou ser destruído diante dos seus olhos. Estou ansioso para te ver sofrer e sangrar de desespero.

— Não me importo mais com nada. Tudo que sempre amei: minha filha, aquela ilha... já perdi. Não ligo mais para o que você fará, Alvar.

— Vamos ver se é verdade. — Comentou Alvar, saindo e fechando a porta atrás de si e saindo da sala de interrogatório, deixando Ben para trás, que abaixou sua cabeça novamente.

Enquanto isso, em Los Angeles, Charlie e Tyler estavam diante da igreja que ficava sobre a estação da Dharma "O Poste de Luz". Adentraram o local e foram até uma escadaria em espiral que levava ao subsolo do templo.

Chegando lá, viram uma grande porta de metal. Ao abri-la, depararam-se com uma câmara contendo um computador antigo, um notebook moderno, um quadro negro com coordenadas e um pêndulo de Foucault balançando sobre um mapa-múndi, marcando seu caminho. Charlie e Tyler estavam fascinados.

— Esse pêndulo é enorme. — Comentou Tyler.

— É, realmente é. Acredito que aqui conseguiremos encontrar a posição da ilha. — Disse Charlie.

Não muito longe dali, dentro do voo de Albuquerque, Novo México, para Los Angeles, Richard estava ansioso pelo reencontro com seu novo algoz: Charlie Hume. Não estava muito longe do local onde se encontraria com ele, pois a viagem de avião levou apenas algumas horas.

Ainda em Alburquerque, James estava paralisado com o telefone em mãos. Albert encostou-se em uma pilastra para tentar se livrar da dor do tiro que levou, pois, ainda doía mesmo após a alta.

— Kate, eu... Não sei o que fazer. — Disse James, completamente abalado.

— Eu não deveria estar falando com você. Depois de tudo que fez eu passar. Mas algo que diz que nesse momento você precisa de alguém para conversar. — Disse Kate, com a voz mansa.

— Sardenta. Estou com medo de perder minha filha. Os Widmore à levaram para a ilha. — Comentou James, completamente triste.

— Para a ilha? Por que a levariam para lá?

— Eu não sei. Estou mal. Não quero perdê-la também. Como perdi você. Não tenho mais nada, sardenta. Minha vida acabou.

Kate ficou em silêncio por alguns momentos. Albert apenas observava aquele momento de dor de James, sem esboçar nenhuma reação, exceto a reação que a dor em sua perna causava.

No passado, em 2012, James e Kate conversavam em seu apartamento em Nova York. O assunto era intrigante para Kate: mudar-se para Las Cruces no Novo México e deixar a vida agitada para uma vida mais tranquila no campo.

— Não sei, James. Por que exatamente Las Cruces? — Indagou Kate.

— É mais próximo da minha filha. — Comentou James, empolgado.

— Ou mais próximo de Cassidy? — Indagou Kate, irritada.

— O quê? Não. Sardenta, não pense que... — Kate o interrompeu.

— Não pense o que James? Que você anda me traindo? Não me diga que voou a Alburquerque ontem apenas para ver sua filha...

James percebeu a fúria no olhar de sua esposa. Kate desviou o olhar e cruzou braços. James se aproximou de Kate e a abraçou.

— Você sabe que eu te amo. Não seria capaz nunca de magoar você.

— Na primeira oportunidade que teve, você se envolveu com Juliet. — Comentou Kate, ainda irritada.

— Eu não sabia que vocês voltariam. Estávamos vivendo nos anos 80. Tudo era fora do comum para mim, Kate, seja racional. — Comentou James, soltando Kate. — E você se envolveu com o doutor. Lembra?

— Não muda de assunto. — Kate o olhou nos olhos e disse: — Então, me diga, olhando nos meus olhos, você ainda ama a Cassidy?

James se calou. Seus lábios tremeram, mas a resposta veio rapidamente: — Eu? Não. Não mais.

Kate respirou fundo, se levantou e saiu do quarto, deixando James para trás. Ele se levantou e tentou acompanhá-la.

— Sardenta, por favor, está sendo imatura. — Dizia ele, mas Kate permanecia incrédula.

No presente, Kate dizia a James o que sentia naquele momento: — Eu sinto sua falta.

— Kate, eu... — Tentou argumentar James, sendo interrompido.

— Não, Sawyer, escute. Eu sinto sua falta. Sei que você se envolveu com a Cassidy porque queria se reaproximar de sua filha. Cassidy me disse isso tempo antes de morrer. Eu não quis acreditar nela, mas ela foi sincera quando disse que você não a amava de verdade. — Comentou Kate, deixando James em silêncio.

— Então por que você me abandonou? — Indagou James.

— Eu não podia continuar sendo para você como alguém que você só quer por perto quando está na pior. Eu cansei de ser usada por você.

— Kate, não entenda errado...

— Não, Sawyer. Já chega desse joguinho. Não te liguei para isso. — Disse Kate, ficando em silêncio por alguns minutos, deixando James, calado. — Penelope me ligou. Ela me disse que a situação está insustentável. Ela quer a nossa ajuda ou todos que estão na ilha vão morrer. Isso inclui Aaron e sua filha.

— Por que eles não falaram comigo?

— Você é instável, Sawyer. Eles disseram que se eu falasse com você, toparia ajudá-los.

— E você agora está do lado deles? Não se esqueça que foram eles que levaram Aaron e Clementine.

— Sawyer... James... Me escute. Jack sacrificou a vida dele para que pudéssemos sair da ilha. Agora precisamos nos unir a Widmore para salvar todo o mundo.

— Como é? Não estou te reconhecendo.

— James, eu passei anos da minha vida achando que eu poderia ter uma vida normal. Mas eu já percebi que não é possível. Penelope me explicou que a ilha precisa de cada de nós. Mesmo que tentemos fugir disso, é o nosso destino.

— Kate, não estou entendendo aonde quer chegar.

— James, nós temos que voltar.

James riu. — Está brincando, não é?

— Jack, no momento mais terrível da vida dele, tentou me convencer que eu precisaria retornar a ilha. Percebi que a vida que levamos aqui fora é falsa. Sempre estamos fugindo de nós mesmos. Quando voltamos para lá, tudo mudou. Quando saímos de lá, o mundo voltou a correr perigo. Você lembra da visita de Alvar em nosso apartamento naquela vez? Isso não pode ser ignorado.

James desligou o telefone. Irritado, discou os números que tinha da sede da Widmore em Londres.

— Atendimento das corporações Widmore em Londres, bom dia. Em que posso ajudar? — Indagou a atendente após atender o telefonema.

— Aqui é James Ford. Quero falar com a Penelope Hume.

— Senhor James, como estão as coisas?

— Não tenho tempo para isso. Quero falar agora com a Penelope Hume e diga a ela que é urgente.

Albert sentou-se para aliviar a dor de suas pernas, observando James tenso com o celular em mãos.

Em uma gélida noite de 2014, James vagava pelas ruas sombrias de Albuquerque ao lado de Cassidy e Clementine, formando uma ilusória imagem de família. O centro da cidade estava vazio, mas o clima era tudo menos pacífico. Tinham acabado de sair do cinema, onde Clementine expressava sua alegria pela rara visão dos pais juntos.

— Mamãe, papai, amei o filme! — Clementine irradiava felicidade, um sorriso inocente iluminando seu rosto.

— É mesmo, meu amor? — James respondeu, tentando sorrir.

— A gente podia se ver mais vezes, papai. — Clementine sugeriu, ingenuamente. Cassidy observava a cena completamente inerte as invertidas de James para tentar reaproximação.

— Ela tem razão. Que tal pararmos de viver essa farsa? — Cassidy interpelou, deixando um peso no ar.

James virou-se para Cassidy, um sorriso superficial no rosto. — Meu amor por você não é uma mentira.

— Então por que não larga a Kate? — Cassidy inquiriu, a raiva se insinuando em sua voz.

— É complicado. — James respondeu, cabisbaixo.

De repente, Kate apareceu de uma esquina, fundindo-se na rua que eles ocupavam. O mundo de James desmoronou diante da inesperada aparição.

— O que é complicado, Sawyer? — Kate perguntou, a irritação evidente em seu tom.

— Kate, o que faz aqui? — James, perplexo, perguntou.

— E isso importa? Cassidy me ligou e me contou tudo que você estava fazendo. — Kate revelou, seu rosto tenso.

A tensão cresceu, e Clementine, temerosa, aproximou-se de Cassidy.

— Mamãe, quem é aquela mulher brigando com o papai? — Clementine perguntou, buscando refúgio nos braços de Cassidy.

Cassidy a abraçou com firmeza. — Não se preocupe, meu amor. Tudo está acabado.

— Kate, me deixe explicar. — James tentou, mas Kate já estava além do ponto de retorno.

— Como fui burra em acreditar que você poderia mudar. Você sempre será um cafajeste que se aproveita das pessoas para se beneficiar. — Kate acusou, sua raiva transbordando.

James não se curvou. — E você, Kate? A quem quer enganar? É uma assassina que matou o próprio padrasto e seu namoradinho de infância.

A resposta de Kate foi um turbilhão de emoções. — Meu padrasto era um cafajeste assim como você. Meu ex morreu num acidente...

— Que você provocou fugindo da polícia. — James gritou.

— Seu imbecil. — Cassidy murmurou, e quando James voltou seu olhar para Kate, viu-a à beira do colapso.

— Por que você é assim? — Kate questionou com a voz trêmula, arrancando o anel de casamento e lançando-o na direção de James.

— Kate, por favor, me desculpe. — James implorou, mas era tarde demais. Clementine chorava nos braços de Cassidy, e Kate aproveitou a oportunidade para deixá-lo ali.

— Por favor, sardenta, não vá embora! — Ele gritava, sendo ignorado por Kate, que, com suas últimas palavras, condenou-o a um destino solitário.

— Pode ficar com o sítio em Las Cruzes e não ouse nunca mais aparecer. — Kate proferiu, abandonando-os na escuridão. Cassidy, observando a cena, virou-se com a filha no colo e deixou James sozinho naquela encruzilhada da vida.

— O que eu fiz? — James sussurrou para o vazio, seu coração dilacerado, enquanto o eco do arrependimento reverberava pelas ruas desertas de Alburquerque.

No presente, Penelope atendia o telefone em seu escritório, mergulhada em sombras que dançavam nas paredes.

— Alô?! — Disse ela, sua voz ecoando pela sala.

— Que tipo de lavagem cerebral você fez com a Kate? — Indagou James, sua irritação visível através das palavras.

— Calma, James. Deixa-me explicar o que está acontecendo.

James riu, um som áspero que preenchia o ambiente tenso. — Você aprendeu a ser igual ao seu pai. Aprendeu desde cedo a manipular as pessoas. Tudo a favor da ilha, não é mesmo, sua quenga?

— Você está me ofendendo.

— Eu quero saber como está minha filha. E não quero negociar nada com vocês. Ou digam isso ou eu aciono a justiça e jogo no ventilador tudo que sei sobre vocês.

— Não irão acreditar em você. — Disse Penelope.

— Será que não?

— James, não precisamos chegar a isso. Por favor, me escute. — Disse Penelope, completamente nervosa.

— Você tem 30 segundos.

— Não sabemos como estão as pessoas na ilha. Perdemos as comunicações com o navio devido a um intruso colocado por Ben na embarcação.

— Ben Linus? Aquele desgraçado ainda está vivo e causando problemas?

— Irei providenciar passagens para que venha a Londres. Preciso me reunir com todos vocês.

— O que você está planejando?

— Você vai saber em breve, mas o que vai acontecer é terrível. Vou desligar agora. Só peço que você se acalme e espere que providenciarei a passagem para venha para cá. — Comentou Penelope, desligando o telefone, deixando James em um silêncio cheio de interrogações.

Aos arredores da Tunísia, Zack caminhava diante de um deserto escaldante até uma cidade ali próxima. Sentou-se em um pequeno comércio local e começou a admirar a população local: havia muito tempo que ele não via pessoas diferentes. Estava encantado.

Uma mulher se aproximou dele deu um sorriso e o indagou algo em Árabe que ele foi incapaz de entender.

— Não entendo sua língua.

De repente, um homem com fisionomia árabe, portando um terno, aproximou-se de Zack e comentou:

— Então, você saiu da ilha? — Indagou o homem, sua presença exalando mistério.

— Como sabe sobre a ilha? — Indagou Zack, completamente assustado.

— Imaginei que quando Benjamin Linus saísse de lá, alguém viria logo atrás para tentar consertar o erro dele.

— Quem é você?

— Meu nome é Omer Jarrah. Acredito que você conheceu meu irmão, Sayid Jarrah. Ele estava no mesmo voo que você, Zack. — Disse Omer, e era ele mesmo, porém mais velho.

— Como sabe meu nome?

— O senhor Alvar conhece todos vocês. Todos os candidatos e moradores da ilha. Se ele pretende dominá-la, ele precisa conhecer bem seus inimigos.

— O que você quer? — Indagou Zack, assustado.

— Calma, não queremos problema. Estamos com o Benjamin. O senhor Alvar quer apenas garantir que vocês, habitantes da ilha, não causem problemas, por isso, providenciará identidades falsas para vocês e uma boa vida após ele conseguir o que quer.

— Mas o que vocês querem em troca?

— Lealdade. Trabalhe para Alvar e será bem recompensado. — Disse Omer, sorrindo.

Zack estava amedrontado, mas viu que, apesar de tudo, não teria escolha.

— E o que devo fazer? — Indagou Zack.

— Venha comigo.

Zack levantou-se e acompanhou Omer até um carro que estava parado em uma esquina próxima ao comércio onde se encontraram. Omer abriu a porta do carro, e lá dentro estava Miles, também de terno e óculos escuros.

— Olá, Zack. — Disse Miles.

— Eu te conheço? — Indagou Zack, antes de adentrar o veículo.

— Não se preocupe com isso. Iremos trabalhar juntos de agora em diante. — Comentou Miles, sorrindo.

Zack, incerto sobre o que estava acontecendo, resolveu indagar, completamente nervoso com a situação.

— Por que vocês estão do lado de Alvar? — Indagou, completamente curioso.

— Eu poderia ficar horas aqui explicando, mas só saiba que o melhor para você é ficar do lado de quem vai vencer. — Disse Omer, deixando Zack pensativo.

Enquanto isso, no Aeroporto de Albuquerque nos EUA, James aguardava pelo seu voo para Londres. Seus pensamentos permaneciam no passado, esse que destruíra com todas suas forças.

Em Nova York, Kate também estava no aeroporto rumando para Londres, Alexander estava ao lado. Kate estava pensativa.

— O que foi, meu amor? — Indagou Alexander.

— Nada. — Comentou ela. Ele a abraçou, e assim, envoltos em um cenário de incertezas, partiam para um destino que prometia mais perguntas do que respostas.

Ainda em 2014, Kate estava em seu apartamento sozinha, as sombras da noite envolvendo-a enquanto saboreava um vinho solitário. Trajava suas roupas de dormir quando a campainha tocou.

— Já vai. — Gritou ela do quarto.

Ao abrir a porta, deparou-se com Cassidy, que trazia consigo Clementine. O passado turbulento desdobrou-se diante de Kate.

— O que você quer? Já não arruinou minha vida o bastante. — Disse Kate, uma tristeza profunda em sua voz.

— Eu sinto muito mesmo, Kate. Acabei me envolvendo com ele. Eu não deveria ter feito o que fiz. — Comentou Cassidy, cabisbaixa.

— E veio aqui só para isso? Poderia ter ligado. — Respondeu Kate, tentando fechar a porta.

— Não, eu não vim só para isso. Preciso te falar umas coisas...

Kate sorriu ironicamente. — Não estou interessada — disse ela, tentando se proteger das lembranças dolorosas.

— Kate, é sério. Você merece saber a verdade.

Kate ficou paralisada. — Verdade? Que verdade?

— James te ama, mais do que tudo.

Kate riu. — Vai embora, Cassidy. Não tenho tempo para essa palhaçada.

— Eu sei que ele te ama porque eu sentia que nada nele era verdadeiro quando estava comigo. Eu me joguei nos braços dele como única condição dele estar com Clementine. Ele te ama, mas também ama a filha dele na mesma intensidade.

Kate pareceu ficar interessada na conversa. — Se ele me amasse não teria feito o que fez.

— Ele fez tudo que fez pela Clementine.

— Eu chamo isso de traição e não de amor paterno.

— Nós não transamos, Kate. Nem nos beijamos direito, nada foi real. Dormimos na mesma cama, eu sei, mas não rolou nada. Era tudo falso para Clementine acreditar que éramos uma família.

Kate ficou nervosa. — Chega disso.

— Me escuta.

Kate então fechou a porta, deixando Cassidy do lado de fora. Cassidy abaixou sua cabeça e caminhou para fora do prédio, incerta se havia feito a coisa certa. As palavras não ditas pairavam no ar, ecoando a complexidade das relações perdidas e dores ainda não resolvidas.

No presente, dentro do avião, Kate era uma tela onde se desenrolavam os dramas do passado. Mesmo entre os braços de outro homem, seu coração ainda carregava as marcas indeléveis de James.

As horas passaram e, finalmente, a aeronave aterrissou em Londres. Uma limusine aguardava-os de maneira suspeita, conduzindo-os até um local aparentemente abandonado, onde outras limusines já estavam estacionadas. Os passageiros desembarcaram um a um.

James desceu do primeiro carro, seguido por Kate e Alexander do segundo, enquanto Claire vinha logo atrás. Os olhares entre eles contavam histórias não ditas, repletas de traições e escolhas.

Kate cruzou olhares com Claire, mas esta desviou o olhar, evitando o confronto. James, embora admirado por reencontrar Kate, decidiu manter silêncio, consciente da presença do marido dela. Penelope surgiu no local com um sorriso imponente, vestida com roupas vermelhas que anunciavam uma ocasião importante.

— Olá, pessoal. Bom revê-los. — Cumprimentou ela, sorrindo, mas sua expressão não era compartilhada por todos.

De repente, emergindo das sombras como um espectro, Desmond surgiu, carregando consigo uma tempestade de raiva.

— O que é isso, Penny? Agindo sem falar comigo? — Indagou Desmond, irritado.

— Dess? O que está fazendo aqui? — Indagou Penelope, desconfortável.

Desmond, com os braços cruzados, enfrentava Penelope com olhos de tempestade. O clima tenso pairava no ar, deixando todos os outros passageiros perplexos.

— Tomei a liberdade de te seguir. O que vocês estão aprontando aqui? — Perguntou ele, sua voz carregada de desconfiança.

Penelope sentiu-se acuada, sem saber ao certo como explicar a situação. Os olhares se entrelaçavam, revelando segredos enterrados e ressentimentos latentes. O reencontro prometia ser mais do que um simples encontro casual. Estava impregnado de histórias não contadas e desdobramentos imprevisíveis, prontos para ecoar através dos corredores do passado e do presente.

Enquanto isso, nas movimentadas ruas de Los Angeles, Charlie e Tyler saíam apressados da estação Poste de Luz, atentos para evitar encontros indesejados, com seus seguranças sempre vigilantes.

De repente, como se emergisse das sombras, Richard surgiu de um táxi, sua chegada tão súbita quanto intrigante.

— Olá, Charlie. — Cumprimentou Richard, sua presença permeada por uma aura tensa.

— Como chegou aqui tão rápido? — Indagou Charlie, fascinado e desconcertado.

— Quando te liguei, já estava a caminho no voo. Chegar aqui é fácil, especialmente próximo ao aeroporto. — Explicou Richard, visivelmente irritado.

— Você não precisa fazer isso, Richard. — Comentou Charlie, um calafrio percorrendo sua espinha diante da presença ameaçadora de Richard. Os seguranças mantinham as armas apontadas para ele.

— Fazer o que? Te matar? Ainda não é a hora. Neste momento, ainda quero ir com vocês para a expedição à ilha. — Disse Richard, sua voz carregada de determinação.

— Isso é exatamente o que Alvar quer. — Alertou Tyler, a tensão no ar tornando-se palpável.

— Você virá conosco. — Decretou Charlie.

— Como é? — Indagou Tyler, incrédulo. — Ele quer nos matar, matar todos na ilha. Você é louco?

— Ele não poderá matar os candidatos e muito menos o guardião. Não se preocupe, Tyler. — Disse Charlie, forçando um sorriso nervoso.

Tyler permanecia tenso, observando a frieza no olhar de Richard. Diante dele estava aquele que havia retornado dos mortos, ressuscitado por algum poder oculto associado a esse ser misterioso chamado Taurus, ou mais conhecido como Alvar Hanso.

No ar, pairava uma atmosfera de imprevisibilidade e perigo, um prelúdio sinistro para os desafios que os aguardavam na ilha. O próximo passo estava prestes a ser dado, e o futuro permanecia envolto em sombras insondáveis.


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