Lost: O candidato escrita por Marlon C Souza


Capítulo 26
Capítulo 26 - Vida após Morte




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O antigo acampamento improvisado se estendia pela praia, suas estruturas rudimentares testemunhando o tempo que coexistiu com os sobreviventes do voo 815 há anos atrás e a perplexidade que pairava sobre todos. A ilha, aparentemente, havia retornado ao fluxo normal do tempo, deixando seus habitantes tontos diante do que parecia ser um fenômeno insondável, afinal, objetos haviam retornado repentinamente.

Após colocarem a cabeça no lugar, um grupo formado por Bernard, Clementine, Yan, Jessy, Emma e Bianca aventurou-se pela floresta, determinado a encontrar Rose, que misteriosamente desaparecera no clarão que acompanhou a mudança temporal. Enquanto isso, Aaron, Hugo e Walt permaneciam dentro de uma cabana, imersos em uma discussão sobre o que aguardava o grupo dali para frente.

— O que me impede de seguir Alvar no momento decisivo? — perguntou Walt, sua voz carregada de incertezas, para Aaron e Hugo.

— Sei que não é fácil resistir às trevas que residem em você, mas não é impossível. — respondeu Aaron, lançando um olhar compassivo a Walt.

— Como você sabe disso? — indagou Walt, nervoso, seus olhos prestes a se encherem de lágrimas.

— Acalme-se. Já vi isso acontecer antes. — comentou Aaron, tentando transmitir confiança.

— Eu também. Aconteceu com o Sayid, Walt. No último momento, ele se redimiu e nos salvou de uma bomba armada pelo homem de preto, o Minuts, no corpo de John Locke. Fomos resgatados no último instante porque ele resistiu às vontades de Minuts. — Interveio Hugo, relembrando um momento crítico do passado.

— Minuts não é Taurus. Taurus é um deus. Seu poder é muito maior que o de Minuts e o seu, Aaron, somados. Você sabe disso. — Observou Walt, com uma nota de gravidade em sua voz.

— Por isso, vamos derrotá-lo, todos juntos. — Sorriu Aaron, irradiando confiança, e Walt abaixou a cabeça diante da determinação expressa em suas palavras.

O ano era 2018 quando Walt despertou sob o sol abrasador do deserto da Tunísia. O choque de sair abruptamente da ilha ainda reverberava nele, e seu olhar, perdido e atônito, tentava decifrar a realidade à sua volta. Após caminhar por horas, exausto e confuso, alcançou uma pequena cidade próxima, onde, com esforço, solicitou um copo d'água.

— Água, por favor. — Implorou o rapaz, a voz cansada ecoando pela sua perplexidade.

Ao receber o copo, Walt respirou fundo, mas seu breve alívio foi interrompido quando Omer Jarrah se aproximou e se sentou ao seu lado.

— Olá, Walt. — Cumprimentou Omer.

— Quem é você? Como sabe meu nome? — indagou Walt, a insegurança tomando conta dele.

— Calma, rapaz. — respondeu Omer, sorrindo. — Meu nome é Omer Jarrah. Sou irmão de Sayid Jarrah. Vocês se conheceram na ilha.

— Sayid?! Já se passaram muitos anos. Soube que ele morreu.

— Eu soube da morte do meu irmão. Se sacrificou para salvar seus amigos. Um gesto nobre vindo de um torturador nato. — Comentou Omer, com um sorriso nos lábios, olhando vidrado para Walt.

— Não sente nada pela morte dele? — Indagou Walt, percebendo que Omer não parecia esboçar nenhuma reação.

— Sabe, rapaz. Quando o avião caiu em 2004 eu sofri o suficiente e chorei o luto do meu irmão. Quando ele voltou em 2007, se quer me procurou para dizer que estava vivo, apesar da fama que ganhou como um dos 6 da Oceanic. Quando soube que ele resolveu voltar para a ilha, eu já estava conformado que ele tinha morrido para mim.

— Como você sabe da ilha? Isso é muito estranho.

— Muitas pessoas sabem da ilha, Walt. Inclusive tudo que acontece lá. Estávamos esperando por você. O senhor Alvar ficará muito feliz em vê-lo.

As incertezas pairavam no olhar de Walt, mas ele não questionou. Levantou-se, e Omer fez um gesto para que o acompanhasse. Um helicóptero os aguardava, pilotado por Frank Lapidus.

No presente, Walt fixava seu olhar em Aaron e Hugo, uma tensão palpável entre eles. As palavras pairavam no ar, aguardando uma resposta.

— O que foi? — indagou Walt, quebrando o silêncio pesado.

— Você não acredita em nós, não é, Walt?! — questionou Aaron, seus olhos buscando uma confirmação nos de Walt.

— Queria muito que fosse verdade que vocês vencerão, mas temo que não seja assim tão simples. — Declarou Walt, levantando-se abruptamente. Ele deixou Aaron e Hugo para trás, envoltos em dúvidas sobre o que fazer a seguir.

Na densidade da floresta, o grupo em busca de Rose dispersava-se, procurando freneticamente por pistas que os conduzissem à esposa de Bernard. Yan observava o desespero nos olhos de Bernard e sentia um aperto no coração.

— O senhor está bem? — indagou Yan, a voz sussurrante.

— Meu jovem, vamos focar em encontrar minha esposa. Não se preocupe comigo. — respondeu Bernard, seu olhar fixo na busca incansável.

Não muito distante dali, Marcel caminhava agitado, em busca de sua irmã Danielle, que desaparecera diante de seus olhos. No meio desse turbilhão, deparou-se com Roger e Frank.

— Marcel?! — exclamou Roger.

— Roger? O que faz aqui? — perguntou Marcel, completamente transtornado.

— Estou tentando encontrar uma forma de sair dessa ilha. Não quero mais ficar aqui. — disse Roger.

— Viram uma mulher que pareça comigo por aí? — questionou Marcel, perturbado.

— Como assim uma mulher que pareça contigo? — indagou Frank, perplexo.

— Nessa ilha, acontecem coisas estranhas que não dá para explicar. Talvez tenha visto algo incomum, assim como eu vi alguns dias atrás. — comentou Roger.

— Não, era real. — afirmou Marcel, totalmente transtornado e desesperado.

— Cara, você está mal. Deveria vir conosco. — Sugeriu Frank.

— Não vou sair daqui sem fazer o que vim fazer. — Respondeu Marcel.

— E o que veio fazer? — Questionou Roger, desconfiado.

De repente, surgiram soldados armados dos arbustos. "Todos de mãos para o alto", comandaram.

Frank e Marcel ergueram as mãos rapidamente. Roger, em um gesto rápido, pegou sua arma e a apontou na direção dos soldados, mas ao perceber a quantidade deles, acabou por se render. Wilbert apareceu, acompanhado de Miguel e Juan.

—Frank Lapidus e Roger Miles trabalhando juntos. É realmente surpreendente o que vemos nessa ilha. — comentou Wilbert.

— Capitão? — indagou Roger ao findar o olhar em Juan ao lado de Wilbert.

— Olá, Roger. — Cumprimentou Juan.

— Então, está do lado deles agora? — Irritou-se Roger.

— Desculpe, Roger. Estou do lado de quem me deu uma verdadeira perspectiva. Não dá para confiar em Desmond depois de tudo que ele nos fez passar. — Explicou Juan.

— Seu traidor. — Acusou Roger, olhando para Juan. Virou-se para Wilbert e perguntou: — Como nos encontrou?

— Desconfiamos desse idiota e viemos atrás dos rastros dele. — disse Wilbert, apontando para Marcel. — Só não esperava encontrar todos vocês reunidos.

— Desgraçado. — Rosnou Roger.

— Mate ele, Frank. Conclua a missão que nós te demos. Elimine Roger e prove sua lealdade ao senhor Alvar. — Ordenou Wilbert.

Roger olhou para Frank. — Vá em frente, seu desgraçado. Eu sabia que todo esse seu papinho de nos ajudar era mentira.

— Roger, não acredite nele. Não estou mais do lado deles. — Defendeu-se Frank.

— Faça isso, Frank. Lembre-se de sua ex-esposa e filha. Se quer vê-las de novo, mate-o. — provocou Wilbert.

Juan olhou para Wilbert e indagou: — Sequestraram a ex-mulher e filha dele? Eu pensei que vocês eram os bonzinhos.

— Não se preocupe com isso, capitão. O que estamos fazendo é muito importante, acredite em mim. — Justificou Wilbert.

— Não quero me envolver nisso. — Recusou-se Juan, virando-se para sair.

— Ei, onde pensa que vai? — indagou Wilbert, acenando para um soldado bater em Juan, que desmaiou com um golpe na nuca usando o fuzil que tinha em mãos.

— Que bela forma de tratar os companheiros, Wilbert. — Comentou Roger.

— Frank, mate-o. É uma ordem. — gritou Wilbert. Então, Frank tirou a pistola do bolso e mirou em Roger.

— Sinto muito. — disse Frank, apertando o gatilho. Nada aconteceu. A arma não atirou.

— Não é possível. — comentou Wilbert, incerto. Desconfiado, Frank armou novamente sua pistola e atirou para cima; o tiro saiu. Mirou novamente em Roger e nada aconteceu.

— Como imaginei. — Comentou Wilbert, sorrindo.

Do outro lado da ilha, Aaron e Hugo conversavam.

— Se Roger é o novo guardião, como ele não pode compreender sua responsabilidade? — indagou Hugo a Aaron.

— Ele vai compreender, no momento certo. Após encontrarmos Rose, iremos atrás deles. Não temos mais tempo a perder. Por fim, temos que nos preparar para a guerra iminente. — Afirmou Aaron.

— Pode me contar a estratégia? Por que essas pessoas? — Questionou Hugo a Aaron, que sorriu.

— Hugo, eu não te contei tudo do passado, mas resumidamente, eu não era o único guardião da ilha. Fui o primeiro, mas outros receberam habilidades especiais assim como eu. Eu era chamado de Hanbal, controlador dos destinos, o principal guardião. Minuts assumia a forma de pessoas que morriam em batalha e tomava suas habilidades. Havia também Titis, que previa o futuro, Hegnus, que via os últimos momentos das pessoas ao morrerem, Tevan, que se comunicava com qualquer um em qualquer lugar. Eram muitas habilidades, e todas vinham do poder de Taweret, a deusa que formou essa ilha. Algumas pessoas ao chegarem aqui também receberam essas habilidades. Acredite, esse grupo que trouxemos para a ilha tem algo especial. Não sabemos ainda o que Taweret reserva para eles, mas devemos ser pacientes e esperar o momento em que tudo será revelado.

Hugo observou Aaron, totalmente admirado. Walt, debaixo de uma palmeira, observava os dois, suas costas apoiadas na árvore. Bufou, tentando entender por que tudo aquilo estava acontecendo daquela forma. As trevas dentro dele pulsavam, como algo que tentava sufocá-lo.

Em 2018, Walt pousou em um arranha-céu no helicóptero pilotado por Frank nas proximidades de Roma. Ao desembarcar com Frank e Omer, foram conduzidos por dois capangas até um andar imponente do edifício.

O trio avançou por corredores até chegar a um escritório espaçoso com uma vista deslumbrante da cidade. O ambiente, apesar da decoração sofisticada, carregava uma atmosfera tensa. Walt, incerto, questionou:

— Onde estamos?

Alvar apareceu silenciosamente, empurrado em sua cadeira de rodas. Seu séquito de seguranças e Wilbert também adentrou a sala.

— É bom finalmente conhecê-lo, Walt Lloyd. — Alvar surgiu com uma saudação gélida.

Todos viraram suas atenções para Alvar, que sorria enquanto se movia pelo ambiente.

— Quem é o senhor? — indagou Walt, desconcertado.

— Meu nome é Alvar Hanso. Estou finalmente feliz em vê-lo, meu jovem. Ouvi dizer que você é o herdeiro do poder de Tevan, não é mesmo? — Alvar indagou com um sorriso intrigante.

— Tevan? Poderes? — Indagou Walt, confuso.

— Você se comunicou com pessoas na ilha sem estar lá. Acredito que uma dessas pessoas que te viram era Sayid Jarrah, irmão desse homem aqui. — Comentou Alvar apontando para Omer. — É realmente impressionante o que você consegue fazer. — Alvar comentou, sorrindo.

— Do que está falando? Como sabe disso? — Walt questionou, confuso.

— Não se preocupe. É apenas uma bobagem. Saiba que estou interessado em suas habilidades especiais e quero que trabalhe para mim. — Alvar propôs.

— Não estou interessado. Seja lá quem o senhor for, não quero me envolver nessa loucura. — Walt respondeu, assustado, mas decidido.

— Walt, me diga, quem você quer matar? — Alvar indagou de repente.

— O que disse? — Walt tentou entender como Alvar chegara àquela pergunta.

— Você me ouviu bem, rapaz. Quantos anos você tem agora? 24? — Alvar questionou, enquanto todos na sala pareciam congelados diante do assunto. — Independente de qualquer coisa eu sei da conversa que você teve com seu pai e sinto que existe um desejo de vingança pulsando dentro de você.

— Então, vamos fazer uma coisa. — Walt sugeriu, sorrindo. — Quero que mate Benjamin Linus para mim, e então, faço o que quiser.

— Não está em posição de dar ordens, meu jovem. Terá o que quer, mas terá que trabalhar para mim primeiro. — Alvar insistiu.

— Nada feito. — Walt recusou.

Alvar levantou-se de sua cadeira e aproximou-se de Walt. — Você não tem escolha.

Frank observava a cena atônito. Walt, amedrontado, recuava, encostando-se à imensa janela que oferecia uma vista panorâmica de Roma. Alvar o segurou pelo braço com uma forma sobrehumana.

— Como fez isso? — Indagou Walt, assustado, vendo que Alvar levantou de sua cadeira facilmente.

— Não conseguirá fazer nada. — Alvar afirmou, enquanto Walt tentava, em vão, se soltar.

— Trabalhe para mim, rapaz, e terá o que quer. — Alvar propôs, soltando Walt, que estava visivelmente apavorado.

Vendo que não havia alternativa, Walt perguntou:

— E o que tenho que fazer? — Respirou fundo.

— Morrer! — Exclamou Alvar, com um sorriso maléfico no rosto. Agarrando novamente o braço de Walt, Alvar o lançou violentamente contra a janela, fazendo força para que o vidro se partisse.

— O que está fazendo? — Frank interveio, tentando interferir, mas Miles o deteve, uma arma apontada para sua cabeça.

— Não interfira, Frank. — Miles advertiu.

Walt tentava resistir, enquanto Alvar segurava sua cabeça e a batia freneticamente contra o vidro, até que finalmente, o vidro cedeu, fazendo Walt perder o equilíbrio e cair. A expressão de horror no rosto de Frank contrastava com a indiferença dos demais presentes diante da tragédia que se desenrolava.

No presente, Walt se aproximou novamente de Aaron e Hugo, retirando sua camisa. Seu corpo exibia visíveis deformações, deixando os dois chocados.

— O que é isso, Walt? — Hugo indagou, surpreso.

— Entendo. Então ele fez tudo isso com você? — perguntou Aaron, com pesar.

Com lágrimas nos olhos, Walt desabafou: — Aquele desgraçado me fez cair de um prédio altíssimo, e não sei como só fraturei uma costela e estou aqui vivo. Sinto a dor me consumindo a cada momento. É como se eu estivesse morto, mas minha alma ainda esteja presa a este corpo.

Hugo e Aaron desviaram o olhar, chocados com as revelações.

— A forma como eles exerce o controle é surreal. Taurus planeja transformar o mundo inteiro nisso. Não podemos permitir. Eu entendo que você quer ter sua vingança, Walt, mas isso é apenas parte do desejo que Taurus implantou em você. Você morreu e ressuscitou graças ao poder de Taurus. Minuts fez o mesmo com minha mãe. Por toda minha vida, eu nunca compreendi por que ela era daquele jeito. Mas agora, compreendo, e do fundo do meu coração quero libertá-la. — disse Aaron, fazendo Hugo e Walt o olharem com compaixão.

Na movimentada Londres, o olhar penetrante de Penelope encontrou Desmond, que apareceu repentinamente, lançando uma sombra de surpresa sobre ela, uma surpresa que ela vinha guardando por muito tempo.

— Dess, eu nunca quis te envolver nisso. — Ela comentou, seus olhos revelando uma confusão desconcertante.

Os presentes observavam, mantendo o fôlego enquanto a cena crítica se desenrolava.

— Me envolver em quê? — Desmond indagou, sua irritação era palpável.

— Eu segui o legado do meu pai, Desmond. Quando ele morreu, deixou uma carta para mim explicando a importância da Widmore para manter o mundo a salvo. — explicou Penelope.

Desmond riu, um riso cético. — E você acreditou nele?

— Não tive escolha. Afinal de contas, ele era meu pai. — respondeu Penelope, sua tensão à flor da pele.

— E resolveu esconder tudo de mim? Por quê? — indagou Desmond, a irritação transbordando.

Desconcertado, Desmond olhou para os presentes, testemunhas silenciosas de um drama que se desdobrava. James, entretanto, parecia encontrar satisfação na turbulência.

Ao virar-se para sair, Penelope tentou impedi-lo.

— Dess, por favor. — Ela disse, tentando segui-lo.

— Parece que o plano foi por água abaixo. — Comentou James, sorrindo.

Kate revirou os olhos e disse: — Não era exatamente o que eu esperava.

— E o que você esperava, sardenta? Que chegássemos aqui e já voássemos para a ilha? — indagou James, sorrindo.

— Escuta, você não é o cafajeste que traiu ela? — Questionou Alexander.

— Ah, desculpa. Não me apresentei direito. Meu nome é James Ford, mas pode me chamar de Sawyer. — disse James, estendendo a mão para Alexander e com um sorriso falso nos lábios.

— Não espere que eu me importe com quem você é. — respondeu Alexander. James retraiu sua mão.

— Tá nervosinho? Queria entender o que Kate viu em você. Agora se chama Kate Widmore? Agora ela faz parte da turminha dos bilionários que ferraram com nossas vidas. — Provocou James, sorrindo.

Alexander aproximou-se de James com tom ameaçador. — Qual é a tua, hein, irmão? — indagou Alexander, visivelmente irritado.

— Quer brigar, amofadinha? — desafiou James, não parecendo intimidado.

— Alexander, Sawyer, parem com isso. — pediu Kate.

Os dois se separaram. Claire observava a situação completamente indiferente, mas resolveu perguntar:

— O que você faz aqui, Kate?

— Claire, estamos no mesmo barco. Temos que voltar à ilha. — disse Kate, sorrindo. Alexander e James observavam.

— Você quer ele de volta, não é? Está voltando para a ilha por causa dele. Não é? — indagou Claire, bufando, referindo-se a Aaron.

— Claire, não é nada disso. — Disse Kate.

— Não minta para mim. — Gritou Claire, olhando para Kate. Seus olhos brilhavam expressando o ódio que estava sentindo naquele momento.

— O que há com você, garota? — Indagou James.

— Você disse que iria sair das nossas vidas para sempre. Não era para você estar aqui. — Comentou Claire, aproximando-se de Kate, com os olhos cheios de lágrimas e a raiva pulsando por todo seu corpo.

Kate ficou assustada ao ver Claire naquela situação. James e Alexander observavam a cena, completamente inertes.

Do lado de fora, Penelope e Desmond compartilhavam uma conversa tensa. Ele parecia visivelmente irritado com a situação, mas optou por ouvir sua esposa.

— Vou te escutar, mas me promete que vai sair de tudo isso. Não quero mais que vocês se envolvam com aquela ilha. — disse Desmond.

— Meu amor, você precisa entender. Você viveu lá e deveria saber a importância daquela ilha para o mundo.

— Eu entendo, Penny. Mas por que tem que ser nós?

— Meu pai era habitante de lá. Ele sempre amou aquela ilha e entendeu a importância dela para o mundo. Quando Ben assumiu a liderança do grupo, meu pai foi expulso da ilha, mas isso o motivou a continuar seus planos, mesmo aqui de fora.

— Então, qual o plano?

— Enviaremos esse grupo de volta à ilha, de onde eles nunca deveriam ter saído.

— Isso inclui a mim, não é? Eu nunca deveria ter saído de lá.

— Não, Dess. A ilha te concedeu a liberdade no momento que você foi útil para levar os novos candidatos para Hugo. Os outros saíram de lá sem autorização. Eles precisam voltar para impedir os avanços da nova Dharma.

— Como os convenceu a voltar? — Indagou Desmond, desconfiado.

— Eu prometi para Claire e Kate que elas veriam Aaron novamente. James ama a filha dele que também está lá. Não foi muito difícil. — disse Penelope, sorrindo.

Desmond mergulhou em seus pensamentos, a expressão nublada refletindo uma mistura de emoções. Ele se sentia chateado, traído pela complexidade que a ilha e os segredos traziam à sua vida. No entanto, uma compreensão mais profunda sobre a importância da missão começou a brotar em sua mente.

— Penny, isso tudo é uma loucura, mas se é o que precisamos fazer para nos livrarmos da ilha, eu estou dentro. — Declarou Desmond, um olhar decidido apesar da hesitação.

Juntos, eles retornaram ao local onde os outros estavam. Claire estava lá, fixando um olhar de ódio em Kate que penetrava até a alma. A tensão pairava no ar, palpável como eletricidade estática.

— Claire, nós precisamos da ajuda de todos. — Começou Penelope, tentando apaziguar a situação.

Claire não desviou o olhar de Kate. — Eu não a quero na missão. Tira ela daqui. Ela só quer o Aaron de volta.

Penelope olhou para Kate, preocupada. A situação se tornava mais complicada a cada momento.

— Claire, eu entendo que você está magoada, mas precisamos de todos para garantir que a ilha esteja segura. — Tentou Kate explicar, mas seus esforços caíram em ouvidos surdos.

— Você não entende nada! — Gritou Claire, a raiva pulsando em suas palavras.

Desmond interveio, buscando acalmar os ânimos. — Claire, todos têm seus motivos. Kate está aqui pelo bem de todos, não só pelo Aaron.

Claire olhou para Desmond com desconfiança, mas ele notou uma pequena cintilação de consideração em seus olhos.

— Claire, por favor, confie em nós. — Pediu Penelope, aproximando-se.

— Não confio nela. — Disse Claire, com determinação. — Tire-a daqui.

A tensão atingiu seu ápice. Kate encarou Claire por um momento antes de se afastar, aceitando temporariamente a exclusão.

Enquanto tudo isso ocorria, em Alexandria onde Ben se encontrava, agora em uma cela fétida, ainda cabisbaixo, podia-se ouvir o barulho da porta se abrindo.

Ben levantou-se para conferir quem era, mas como a sala era blindada, pouco se poderia ouvir ou ver quem se aproximava. Ele aproximou-se da porta e olhou por uma pequena brecha que havia ali e observou Omer Jarrah chegando com Miles e Zack. Eles conversavam:

— O que estamos fazendo nesse lugar? — Indagou Zack, amedrontado.

— Aqui é uma antiga estação da Dharma. Uma espécie de prisão para quem fugia da ilha sem permissão. Esta é a estação “A Linha”. — Comentou Omer.

— Vocês estão mesmo tentando ressuscitar a Dharma? — Indagou Zack.

— A Dharma faz parte dos planos de Alvar para o controle mundial. Em um mundo moderno, é necessário algo desse tipo para domínio. Desbandar a Widmore com o retorno triunfal da Dharma é um dos planos de Alvar, mas nada pode ser concluído enquanto o guardião e os candidatos estiverem por aí. O legado de Hanbal deve ser destruído completamente. — Comentou Omer.

Ben ouvia tudo de dentro da cela. Então, começou a bater na porta, para Zack ouvir.

— Que barulho é esse? — Indagou Zack, virou-se e percebeu a grande porta de ferro daquela sala. — Quem está ali dentro?

— É o Ben. Estamos o mantendo aqui. — Comentou Miles.

Zack olhou para os dois e se sentia inseguro sobre o desenrolar da questão. Seus pensamentos o faziam pensar que não era assim uma boa ideia estar envolvido com aquele pessoal.

Andando alguns metros, Zack se deparou com Alvar, que estava em um escritório com aparência antiga, rementes aos anos 80. Pinturas por toda parede pareciam contar umas histórias de um povo até então desconhecido para a humanidade. Alvar estava com um sorriso estampado no rosto e certo de que iria dar o pontapé inicial em seus objetivos.

— Olá Zack. Estou feliz em finalmente conhecê-lo. — Comentou Alvar, sorrindo.

— Quem é o senhor? — Indagou Zack, incerto.

— Sou Alvar Hanso, prazer em conhecê-lo. — Comentou Alvar, com um sorriso no rosto.

— Taurus! — Afirmou Zack.

— Ora, ora. Estou surpreso que saiba quem sou de verdade. Vocês habitantes da ilha sempre me surpreendem. — Comentou Alvar.

— Como pode saber tanto sobre nós? — Indagou Zack, intrigado.

— O sangue dos decalos correm nas veias de vocês. De todos vocês. O destino sempre força vocês a retornarem a terra de origem. Todos vocês que habitaram lá por um tempo eram, de alguma forma, descendentes dos decalos. Saber tudo sobre vocês é um mero detalhe. — Comentou Alvar.

— Onde quer chegar? — Indagou Zack.

— Para mim, é muito fácil ter todos vocês como meus servos novamente como foi em um passado bem distante, mas sabe Zack, os guardiões de Taweret insistem em me manter longe dos poderes que ela roubou de mim.

— Como assim roubou de você?

— Taweret me tornou praticamente um homem comum. Sou imortal, mas não tenho mais meus poderes. Mas estou formando um exército para obter de volta o que sempre foi meu: este mundo. — Comentou Alvar, enquanto Zack parecia amedrontado, apesar de não querer demostrar. — Não tenha medo, rapaz. Todos vocês serão meus soldados leais. Para mim, o povo de Decalia era como um povo escolhido.

— Não sou um decalo, nasci na Austrália. — Comentou Zack.

Alvar riu. — Alguns decalos saíram de Decalia e se misturaram com o resto do mundo, mas muito de vocês são mais do que descendentes, são reencarnação dos próprios. E eu sinto isso em você, rapaz.

— Não importa quem eu seja, não vou fazer suas vontades. — Comentou Zack, mostrando um pouco de coragem.

Alvar deu um sorriso e apontou para Miles. — Faça. — Gritou Alvar para Miles.

Miles então pegou a pistola e deu um tiro à queima roupa em Zack, que olhou assustado para os olhos de Miles, pois, foi pego de surpresa.

— Não tenha medo, meu jovem. Você irá retornar. — Comentou Alvar. — Todos vocês farão minha vontade. Zack caiu e morreu ali mesmo. O barulho assustou Ben que começou a gritar da cela.

— O que está acontecendo? — Gritou ele, sendo ignorado pelos presentes.

Enquanto isso, na ilha, Walt caminhava por dentre as florestas abandonando o grupo. Ao adentrar uma cabana aparentemente abandonada, andou alguns metros e lá encontrou Rose Nadier, amarrada na cadeira, completamente nervosa e com a boca tapada. Ele tirou a tarja da boca dela.

— Por que está fazendo isso, Walt?! — Indagou ela, com os olhos cheio d’água.

— Essa é a vontade do senhor Alvar. O poder de Taweret que se manifestou no corpo da senhora e fez parar o câncer. Ele quer de volta. Não sairá daqui enquanto ele não retornar para ilha e tomar de vez o que é dele. — Comentou Walt, sorrindo.

— Você não precisa fazer a vontade dele, querido. Resista. — Comentou Rose.

Walt sorriu e tapou a boca dela novamente.

Algumas horas antes do clarão que moveu a ilha para 2003, após Walt ter conversado com Minuts, Frank o indagou:

— Você voltou? — Frank indagou.

— O que está acontecendo? — Walt perguntou, confuso.

— Me diga você. Você ficou parado como uma estátua até agora — Frank comentou.

— Precisamos encontrar Hugo. Cometi um grande erro — Walt disse, determinado.

O rapaz seguiu o caminho sendo seguido por Frank que o acompanhou. Chegando próximo a praia, Walt pediu a Frank:

— Fique aqui, tenho algo a fazer. — Comentou ele.

— Não precisa da nossa ajuda? — Indagou Frank.

— Eu prefiro que não venha. Aguarde aqui. Em breve nos encontraremos com Hugo. — Comentou Walt, deixando-os para trás.

O rapaz embreou-se na floresta até se encontrar com Rose, que estava sozinha olhando o mar. Ao chegar próximo à ela, comentou:

— Rose?! — Indagou Walt.

— Olá, Walt. Eu sabia que retornaria. — Comentou ela.

— Como poderia saber? — Indagou ele.

— Apenas sei. Eu senti. O poder da ilha emana em mim. Sou portadora dos poderes de Taweret desde que ela me curou do câncer. — Comentou ela.

Walt ficou a olhando sem saber esboçar uma reação real. — Como sabe de Taweret?

— Eu a vi em um sonho e ela me disse tudo que eu precisava saber. E sei também porque está aqui.

— Se sabe, por que está parada aí? Não tem medo?

— Confio que você seguirá seu coração. Você não é um mau rapaz.

Walt abaixou a cabeça, bufou e olhou para Rose novamente: — Não deveria confiar facilmente nas pessoas.

Então ele a golpeou, fazendo ela desmaiar rapidamente. Então, ele a puxou para mata e a deixou ali. — Volto para te buscar mais tarde. — Comentou ele, com ela completamente desacordada.

Rapidamente, ele correu para encontrar-se novamente com o Frank e os outros: — Vamos, precisamos nos encontrar com Hugo.

— O que você fez? — Indagou Frank.

— Nada fora do cronograma. — Comentou ele, sorrindo. Frank ficou assustado, mas resolveu não comentar sobre.

No presente, Rose estava assustada com o que Walt havia feito com ela. Ele fechou a porta da cabana e caminhou novamente em direção ao mar. As trevas haviam dominado ele completamente.

Em 2018, Walt acordara numa maca em um hospital em Roma. Ao seu lado jazia Frank que aguardava o rapaz acordar do coma.

— Olá rapaz. Finalmente acordou. — Comentou Frank.

— O que aconteceu? — Indagou Walt, tentando se levantar.

— Não tente se levantar. Você foi completamente reconstruído. Alvar te trouxe de volta a vida. — Comentou Frank, sorrindo.

— Como é? — Indagou Walt, confuso.

— Eu sei que parece loucura, mas aquele homem não é o que parece ser. Ele é um deus com muito poder em mãos. Ele pretende tomar o controle da ilha e assim dominar sobre a raça humana. — Comentou Frank.

— E por que está ajudando-o?

— Não tenho escolha, rapaz. Ele tem um certo domínio sobre mim.

— Ele também te trouxe a vida novamente?

— Não, é muito mais que isso. Ele tem minha família em mãos. Mas no momento que eu conseguir sair dessa, eu vou sair. Não importa como seja.

— E o que você está fazendo aqui? — Indagou Walt, nervoso.

— Iremos trabalhar juntos de agora em diante. Iremos voltar pra ilha daqui há alguns anos.

— E quanto a Benjamin Linus?

— Ele está na ilha. No momento certo irá ter tua vingança. Não tenha pressa. — Comentou Frank, enquanto Walt olhava fixamente para a parede. O rapaz já não era mais o mesmo. Estava completamente dominado pelas trevas.

— Certo. — Disse Walt.


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