Uma Estrelinha em Nossos Corações escrita por BabyGirl


Capítulo 5
Despedida


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Beyond the door

There's peace, I'm sure

And I know there'll be no more

Tears in Heaven 



Além dessa porta

Há paz, eu tenho certeza

E eu sei que não haverá mais

Lágrimas no Paraíso

 

Tears in Heaven (Lágrimas no Paraíso) - Eric Clapton




Luke e Cassie se arrumaram em silêncio e pegaram suas coisas e saíram.

Chegaram ao carro e Luke dirigiu até a praia em Oceanside, onde moravam anteriormente. 

Era cedo e a praia estava vazia, o dia estava um pouco nublado.

De mãos dadas caminharam silenciosamente até onde as ondas alcançaram seus pés. Numa parte da praia menos movimentada.

 Cada um, à sua maneira, se preparou para esse momento difícil. Dizer adeus ao bebê que perderam, sem nunca conhecê-lo. Deixá-lo descansar e também se preparar para seguir em frente mesmo sendo doloroso e sem ter noção de como fariam isso. Apenas com a promessa de seus corações de permanecerem juntos.

 

 

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O primeiro foi Luke, jogou ao mar algumas rosas brancas, para que seu bebê estivesse sempre em paz. 

Seu discurso era silencioso, não que lhe faltassem palavras, mas neste momento para ele, elas eram desnecessárias. 

 Seus sonhos, medos, apreensões e alegrias de ser pai foram inesperadamente tirados dele, arrancados à força. Seu coração partido em mil pedaços. Como seguir dali em diante? Um dia de cada vez… 

Tanto ele como Cassie não seguraram mais suas lágrimas. A dor da despedida era dilacerante. 

Cassie sentia que o chão havia desaparecido sob seus pés. Como ela faria dali em diante? Teria que viver um dia de cada vez. 

No seu íntimo ela se sentia culpada, frustrada, indignada. Afinal era ela quem carregava em seu ventre o fruto do seu amor, mas tudo fora tão injusto com ela, com Luke e com seu bebê. Por quê? O que ela havia feito de errado?

E assim ela chorou. Um choro não silencioso de um coração despedaçado. Respirou fundo. Soltou o ar de seus pulmões. Quando uma onda tocou seus pés, ela jogou ao mar um envelope lacrado. Quando a onda voltou ao mar, levou consigo a mensagem.

Seria o mar um mensageiro até seu bebê?

Ela não tinha certeza, mas queria crer.

Cassie também jogou ao mar algumas rosas brancas e outras vermelhas. E fez uma prece.

Ela e Luke se aproximaram e ele a abraçou por trás. Cassie repousou sua cabeça no peito dele. Ambos de frente, contemplavam o mar. Buscando para si serenidade para a alma e consolo para o coração.

Eles ficaram assim por um tempo, na verdade perderam a noção de quanto tempo se passou.

 

Entre lágrimas e soluços, se despediram.

 

 

 

(...)

 

 

 

Eles sentaram numa cadeira, Cassie entre suas pernas e apoiada em seu peito.

— Você sabia se era menino ou menina? - Ele quebrou o silêncio. — Dizem que as mães sabem?

— Eu sempre senti que fosse um menino… sonhei com uma mini cópia sua, um menino ruivo de sorriso travesso.

— Sério? Uma vez sonhei com um menino também uma mini cópia sua.

— É? Cabelos negros e furinho no queixo? - Ela queria saber.

— Hum?

— O que? Fala, por favor.

— Determinado e teimoso.

Ela riu — Bem meu filho mesmo.

Eles se ajeitaram para que seus olhos pudessem se encontrar. Cassie ternamente depositou um beijo nos lábios do esposo.

— Sempre que precisar vir aqui venha. Se quiser sozinha vou respeitar e te dar espaço. Se quiser acompanhada, estou aqui para você sempre.

— Obrigada. E eu digo o mesmo Luke. Não guarde tudo pra você. Quando quiser eu estou aqui para te ouvir, sem julgar, como você fez comigo.

Ele assentiu.

— Eu não quero esquecer nosso bebê, Cassie.

— E nem eu. Vamos prometer que sempre um vai lembrar o outro? Assim a gente não esquece.

— Eu prometo. - Disse Luke do fundo do coração.

— Eu também prometo. - Disse Cassie do fundo do coração.

Eles se olharam.

— Hoje é um momento de dor e de uma triste despedida, contudo nosso filho nos fez feliz.

— Sim. Desde o momento que eu vi aquelas duas linhas se cruzarem. Um positivo que mudou minha vida. Foram quase três meses de muitas emoções e muita felicidade.

— Vamos nos apegar a elas…

Cassie assentiu.

— Luke, você já está pronto? Por mais que eu queira ficar, estou exausta.

— Eu te entendo amor. Vou te levar pra casa.

— Vou te pedir só mais uma coisa. Queria que você me levasse para fazer uma tatuagem igual a sua.

— Farei isso. Vou te levar, porém não hoje.

Cassie concordou.

Luke havia tatuado no lado esquerdo de seu peito uma pequena estrelinha dentro de um coração sangrando. Ele queria deixar marcado para sempre que seu filho, agora uma estrelinha no céu, nunca deixaria seu coração, que sangraria para sempre sua dor de perda e saudade.

— Ele nunca vai deixar nossos corações. - Cassie fez mais do que uma afirmação, foi uma promessa.

— Não. E eu também acredito que ele não está sozinho. Minha mãe está cuidando dele.

— Então ele está em boas mãos. Sua mãe cuidou muito bem de você e hoje você é esse homem maravilhoso. O marido que eu amo. Ela vai cuidar dele muito bem também.

— Obrigado. Vamos, é hora de deixá-lo ir.

Ela assentiu. 

Eles levantaram e arrumaram suas coisas. E com o olhar disseram adeus mais uma vez. Deram as mãos e seguiram, um caminho incerto ainda, doloroso, mas com esperança de dias melhores.




Já a uma certa distância da praia, aquele envelope agora todo molhado e com borrões de tinta, avançava em sua jornada silenciosa. Sua missão de levar palavras de um coração partido ao seu destinatário seguia.

 

Meu bebê querido,

 

As palavras me fogem neste instante, tanta coisa a dizer, mas nem sei se elas fariam algum sentido agora.

Porém, a única coisa importante a te dizer é que tenha certeza que eu nunca vou te esquecer, nunca vou deixar de te amar.

 

No momento tenho que te dizer adeus, meu filho.

 

Mas se o que dizem é verdade, será apenas um até logo. Um dia vamos nos reencontrar. Vou te ver, te  conhecer e saber o seu nome e seremos felizes novamente.

 

Enquanto esse dia não chega…

Descanse em paz.

 

Com amor, mamãe.

 


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