Alan e Brandon entraram no quarto em que Adie estava e tiveram uma surpresa…

(Adie) - Boa noite, senhor Delegado! – Estando sentada na cama e recostada em um travesseiro, ela disse de uma forma não tão empolgada, mas com um pouco mais de simpatia do que mais cedo e com um lindo sorriso. 

Alan a olhou levemente surpreso e intrigado.

(Alan) - Boa noite, senhorita Folsham! 

(Brandon) - Boa noite, senhorita! Como se sente?

(Adie) - Melhor, obrigada. – Ela manteve o sorriso.

(Alan) - Bom… parece que a senhorita realmente teve uma grande melhora no decorrer do dia. Fico feliz em vê-la mais animada. – Ele sorriu sutilmente.

Adie lhe devolveu o sorriso, mais sutil dessa vez.

Enquanto isso, Jake estava escondido no banheiro, escutando a conversa e tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Por pouco ele seria pego, mas a percepção de Adie o salvou…

Antes…

Depois que Dan saiu do quarto, Jake se sentou próximo de Adie na cama e começou a acariciar o rosto dela.

(Jake) - Você consegue se lembrar do que aconteceu?

Adie o olhava com carinho, mas logo suspirou e desviou o olhar preocupada.

(Adie) - Bom… sim. – Ela voltou a olhá-lo. - Acontece que… – Ela se intrigou e olhou para o lado, em direção a porta.

(Jake) - O que foi? – Ele olhou na mesma direção.

Ela se surpreendeu ao ouvir uma voz familiar mencionar seu nome do lado de fora, próximo a porta.

(Adie) - Essa não, é o Alan! Jake, você precisa se esconder.

Ele se intrigou.

(Jake) - O delegado de novo?

(Adie) - Sim, depois eu te explico. Agora se esconda, por favor! – Ela disse aflita.

Jake continuou intrigado, mas logo se levantou e foi para o banheiro, trancando a porta após entrar.

Agora…

(Alan) - Bom… aqui está seu celular como prometido. – Ele tirou o aparelho do bolso e estendeu para que ela o pegasse.

Adie estava aparentemente tranquila, mas sua expressão mudou de repente, parecendo se surpreender negativamente ao ver o aparelho e não o pegou, apenas ficou olhando-o.

(Alan) - Senhorita Folsham? Algum problema?

Ela continuou encarando o celular com uma expressão preocupada, até que, mesmo hesitante, o pegou. 

(Adie) - Não, problema nenhum. 

(Alan) - Hum… – Ele a olhava intrigado. 

Adie pareceu se distrair por alguns segundos enquanto encarava o celular, era como se ele lhe trouxesse algumas lembranças e, enquanto isso, Alan e Brandon a encaravam.

(Alan) - E então… não vai nos mostrar as pistas?

Ela voltou a se atentar ao momento e olhou para eles.

(Adie) - Sim, claro.

Ela pressionou o botão para ligar o celular e depois de alguns segundos, a tela acendeu. Enquanto o sistema iniciava, ela o olhava com uma certa preocupação, era como se ali tivesse algo a mais, tão grave quanto as pistas prometidas ao delegado. Após o celular ter iniciado totalmente, ela começou a mexer nele com receio. Alan e Brandon a observavam e estavam cada vez mais intrigados com o comportamento dela. Ela clicou no chat e o último contato que ela havia trocado mensagens era o Private.

(Adie) - Não entendo… – Ela disse intrigada.

(Alan) - Algum problema?

(Adie) - É que… – Ela o olhou confusa. - Não está mais aqui.

(Alan) - O quê?! Como não está aí? Você disse que tinha pistas e estavam no seu celular, senhorita!

(Adie) - Eu sei, mas… eu não entendo.

Alan a olhou irritado.

(Alan) - Senhorita, eu não tenho tempo para brincadeiras e exijo uma explica… 

(Brandon) - Senhor Blommgate… – Ele o interrompeu.

Alan parou seu olhar irritado em Adie.

(Brandon) - Talvez a senhorita precise de um tempo para procurar com mais calma. Ela está claramente confusa e devemos levar em conta que ela bateu com a cabeça, o que pode estar lhe causando alguma dificuldade para se lembrar de onde exatamente estão as pistas. Estou certo, senhorita?

Adie assentiu com a cabeça, estando claramente confusa e Alan ainda a olhava com raiva, mas depois de alguns segundos, ele suspirou e passou uma das mãos no rosto.

(Alan) - Certo, senhorita… Tudo bem. Vamos deixá-la descansar, mas amanhã voltaremos para obtermos essas pistas e dar seguimento ao caso, e espero que a senhorita não tente me enrolar. 

Adie continuou em silêncio e apenas assentiu com a cabeça novamente.

(Alan) - Certo… Boa noite. – Ele logo se virou e foi até a porta.

Brandon olhou para Adie por mais alguns segundos e a cumprimentou com um leve movimento de cabeça, se virando em seguida e saindo do quarto juntamente com Alan. Após saírem, Adie suspirou, um suspiro que parecia ser de alívio e, ao ouvir a porta do banheiro sendo aberta por Jake, rapidamente pressionou o botão para desligar o celular novamente.

(Jake) - Eu ouvi mal ou eles estavam esperando que você desse pistas sobre algo? – Ele se aproximou dela.

Adie o olhou em silêncio por alguns segundos e suspirou, já era hora dele saber o que estava acontecendo.

(Adie) - Vem… – Ela gesticulou com a mão, chamando-o para perto. - Sente-se aqui que eu vou te contar tudo.

Jake chegou mais perto e sentou ao lado dela na cama. A cada detalhe contado, ele, mesmo com suas dificuldades para demonstrar emoções, suspirava preocupado.

Mais tarde, Dan já estava na casa com os outros, todos sentados na sala e, assim como Adie, ele também contava toda a história para quem ainda não tinha ouvido os detalhes. Todos na casa também ficaram aflitos ao saberem de tudo que realmente aconteceu.

(Dan) - O lado bom é que, dessa vez, Adie decidiu deixar tudo com a polícia.

(Hannah) - Mas eu ainda não acho uma boa ideia continuarmos aqui, ele pode voltar a qualquer momento!

(Dan) - Por mais que eu também tenha discordado dessa ideia, pude compreender o ponto de vista da Adie. Aqui estamos todos juntos, o que é uma grande desvantagem para esse idiota. Deixá-la sozinha nesse momento seria pior.

(Cleo) - O Dan tem razão. Assim como ela lutou para nos proteger da primeira vez, faremos o mesmo por ela agora.

(Jessy) - Estou de acordo.

(Lilly) - Eu também.

(Hannah) - É, vocês têm razão.

Os demais também concordaram, apesar de continuarem em silêncio.

Durante a madrugada, Adie dormia tranquilamente e Jake estava sentado bem próximo a cama, olhando-a de perto enquanto acariciava seu rosto, seu cabelo e pensava em muitas coisas ao mesmo tempo. Saber que ela estava em perigo lhe causava muitos sentimentos conflitantes. Embora ele estivesse disposto a protegê-la com a própria vida, qualquer atitude mal pensada o separaria dela para sempre. Mas além de toda preocupação, depois de saber da aparição do Homem Sem Rosto, algumas lembranças começaram a lhe perturbar…

Flashback on

Jake havia saído da mina pelo outro lado, mas viu que um incêndio havia começado e que as chamas estavam subindo. Estando escondido enquanto observava a movimentação dos policiais e tentava se certificar de que Hannah estava a salvo, algo o deixou intrigado. Enquanto os policiais afastavam Hannah do local e o Delegado conversava com os agentes do FBI, um outro homem vestido de preto, que usava moletom e estava encapuzado, entrou na mina, pelo lado onde as chamas se iniciaram e sem ser notado. Alguns minutos depois, houve a explosão na Mina Ironsplinter

Flashback off

Apesar de todas essas informações, Jake pensou ter tido todas as suas dúvidas respondidas no dia do velório e enterro do Richy, mas quem era aquele homem que entrou na mina sem ter sido notado? E porque ele entrou ali se havia o risco de morrer? Será que ele também está morto ou conseguiu sair antes? Estando com um olhar distante enquanto perdido em suas dúvidas, ele suspirou e logo voltou a olhar Adie, que continuava dormindo profundamente.

Mas ele não era o único a pensar em detalhes intrigantes daquele dia. 

Depois de um árduo dia de trabalho, o delegado de Duskwood, Alan Blommgate, estava em sua casa, sentado no sofá de sua sala enquanto apreciava uma dose de whisky. Estando com trajes comuns, uma camiseta branca e calças pretas, ele parecia perdido em seus pensamentos. O possível reaparecimento do homem sem rosto trouxe à tona um detalhe que a polícia manteve em segredo…

Flashback on

Depois de um tempo da explosão, os bombeiros chegaram e entraram no local para acalmar o fogo.  

Alan estava um pouco distante, olhando em direção a Mina e distraído com todo o caos, até que o chefe dos bombeiros se aproximou para falar com ele.

(Bombeiro) - Senhor Delegado.

Alan tomou um leve susto.

(Alan) - Hum? Sim. Alguma novidade?

(Bombeiro) - Bem… foi trabalhoso, mas a explosão não foi tão avassaladora e conseguimos conter o fogo. Conseguimos também recuperar algumas câmeras que estavam no local e elas já estão sob posse dos policiais. Apesar de tudo, aconselhamos que todos se retirem das proximidades.

(Alan) - Certo, já estamos de saída. Mas e quanto ao outro rapaz que estava na mina, ele vai sobreviver?

O Bombeiro pensou nas melhores palavras para lhe dar a notícia.

(Bombeiro) - Bom, senhor delegado… Procuramos por todo o local e não havia mais ninguém.

Alan se intrigou.

(Alan) - Não entendo… A senhorita Donfort disse que um de seus amigos estava na mina.

(Bombeiro) - Tudo que posso dizer é que não há vítimas.

Alan se espantou com as palavras que acabara de ouvir

Flashback off 

Apesar dessa informação ter perdido totalmente sua relevância quando no dia seguinte Brandon lhe deu a notícia de que o corpo do Richy foi encontrado em uma floresta não muito distante da mina e que ele havia se matado com um tiro na cabeça, o que deformou totalmente seu rosto, o reaparecimento do tal Homem Sem Rosto o deixou sem saber o que pensar. 

No dia seguinte, Adie recebeu alta bem cedo e antes que o Delegado voltasse para perguntar sobre as tais pistas, ela quis ir para casa. Thomas foi até o hospital para buscá-la e Dan insistiu novamente em acompanhá-lo, mas dessa vez, ele não foi o único. 

(Dan) - Bom dia, senhorita Black Label! – Ele disse ao entrar no quarto.

Em seguida, Thomas entrou juntamente com outra pessoa.

(Thomas) - Bom dia, Adie!

(Jessy) - Adivinha quem veio te buscar?

Adie estava sentada na cama. Ela usava uma bota ortopédica e estava pronta para ir embora. 

(Adie) - Jessy! – Ela se surpreendeu e sorriu ao ver a amiga.

Jessy foi até ela e a abraçou.

(Jessy) - Fiquei tão preocupada com você, amiga! Como se sente? – Ela perguntou após o abraço.

(Adie) - Estou melhor, só vou ter que usar essa porcaria por um tempo. – Ela apontou para a bota ortopédica.

(Dan) - Eu já estou preparando umas piadas, você vai amar. – Ele disse com deboche.

Adie segurou o riso e mostrou o dedo do meio.

(Thomas) - Bem, então já podemos ir?

(Adie) - Sim, podemos. Só preciso saber onde o Jake está. Quando acordei, ele já havia saído.

(Thomas) - Ele já está no carro. Ele estava nos esperando a alguns metros da entrada do hospital.

(Adie) - Ah… – Ela sorriu. - Então, vamos.

Eles saíram do hospital e pegaram a estrada em direção a casa longe do caos, apesar de que o caos já havia a alcançado também.

Depois de um tempo, eles chegaram e todos esperavam Adie do lado de fora. Ela se surpreendeu ao ver seus amigos ali, sentados à mesa e sorrindo ao recebê-la de volta. As coisas mudaram, agora ela tinha para onde e para quem voltar depois de momentos turbulentos. Antes de sair do carro com a ajuda de Jake, ela o olhou com carinho e sorriu, talvez seja assim uma vida "normal", ela pensou.

Mais tarde, Alan estava em sua sala na delegacia revisando algumas anotações. Enquanto estava bastante concentrado no que lia, alguém bateu na porta de sua sala.

(Alan) - Entre.

A porta foi aberta por Brandon.

(Brandon) - Senhor Blommgate, tem uma pessoa aqui pedindo para falar com o senhor.

(Alan) - E quem é? – Ele perguntou ainda olhando para as anotações.

(Adie) - Eu.

Alan se surpreendeu e logo levantou o olhar. Além da bota ortopédica, Adie estava utilizando duas muletas para ajudá-la a caminhar. 

(Alan) - Ah, que surpresa, senhorita Folsham! Entre, por favor.

Ela entrou juntamente com Brandon, que fechou a porta atrás de si.

(Adie) - Quis poupar seu árduo trabalho de ir até o hospital e vim trazer as pistas pessoalmente. – Ela disse com um leve sorriso debochado.

Ele também sorriu com um leve deboche.

(Alan) - A senhorita é muito gentil.

Brandon ajudou Adie a se sentar e pegou as muletas.

(Adie) - Obrigada. – Ela o agradeceu com um leve sorriso e voltou seu olhar para Alan.

(Alan) - E então?

(Adie) - Hum, direto ao ponto… entendi. – Ela disse com deboche.

Ela tirou do bolso de sua calça um pendrive e colocou sobre a mesa do delegado.

(Adie) - Aí está um vídeo que foi gravado pelo suposto Homem Sem Rosto. Ele me filmou de longe enquanto eu guardava algumas compras no porta-malas do meu carro no supermercado.

Alan pegou o pendrive e o conectou em seu computador. Em seguida, ele abriu o vídeo e o assistiu atentamente.

(Adie) - Pela distância das imagens, o vídeo foi gravado diretamente da floresta. Eu me certifiquei disso no momento em que recebi o vídeo e observei ao meu redor.

Ela tirou seu celular do outro bolso de sua calça e, após mexer nele por alguns segundos, entregou ao delegado.

(Adie) - E aqui estão as mensagens que ele me enviou desde então.

Alan pegou o celular e começou a ler as mensagens.

(Adie) - As últimas mensagens eu não havia visto até algumas horas atrás, e a foto enviada não deixa dúvidas de que ele estava na casa no dia em que eu bebi demais.  

Alan observava as mensagens e a foto pensativo, até que devolveu o celular de Adie.

(Adie) - Bom, essas são as pistas que eu lhe prometi, senhor Blommgate. A pasta que está no pendrive contém os prints dessa conversa e também a foto que foi enviada. Espero que agora o senhor realmente trabalhe para encontrar esse imbecil, assim como prometido. 

Alan arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto a encarava.

(Adie) - Bom… foi um prazer vê-lo novamente. – Ela olhou para Brandon. - Você me ajuda a levantar, por favor?

(Brandon) - Claro, senhorita.

Brandon a ajudou a ficar de pé e lhe entregou suas muletas. Enquanto isso, Alan continuava calado e pensativo. 

(Adie) - Até logo, senhor Blommgate. – Ela sorriu sutilmente.

Ela seguiu até a porta e Brandon abriu para que ela saísse.

(Alan) - Espere…

Ela parou.

(Alan) - Com base nessas pistas que a senhorita me entregou, eu acho que sei de uma forma eficaz de encontrar esse tal Homem Sem Rosto.

Ela se intrigou e se virou para olhá-lo.

(Adie) - Ah é? E eu posso saber?

(Alan) - Mas é claro. – Ele disse com um sorriso ladino e se recostou em sua cadeira. - Digamos que, às vezes, é necessário pedir ajuda para quem tem mais experiência em determinados assuntos, e eu sou humilde o suficiente para reconhecer minha falta de aptidão para algumas coisas. Estou disposto a pegar esse caso e ir a fundo para encontrar essa pessoa que está se escondendo atrás de uma lenda, mas para garantir o sucesso dessa investigação, quero lhe propor uma coisa.

(Adie) - E o que é?

Ele se inclinou para frente e colocou os cotovelos sobre a mesa.

(Alan) - Não posso deixar de reconhecer sua inteligência, senhorita, afinal, graças a ela, Hannah Donfort está viva. Mas agora quero lhe pedir para fazer uma escolha diferente da que fez na primeira vez. 

Adie arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Alan) - Ao invés de agir com um Hacker criminoso para descobrir quem é a pessoa por detrás do disfarce, trabalhe comigo nesse caso. Me ajude a descobrir a identidade do Homem sem Rosto.

Adie ficou extremamente surpresa.