Após a proposta de Alan, Adie não foi a única a ficar surpresa. Brandon estava próximo a porta e não conseguiu disfarçar o quanto a proposta do Delegado o chocou. Depois de alguns segundos, Adie tentou disfarçar sua surpresa desviando o olhar e não conseguiu dizer nada por um tempo.

(Alan) - E então, o que me diz?

Ela o olhou.

(Adie) - Hum, não entendo porque supôs que eu iria agir com um Hacker novamente. Isso indica claramente sua desconfiança a meu respeito.

Alan arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Adie) - E o convite para trabalhar com o senhor pode estar indicando uma tentativa de me espionar. Estou certa? – Ela disse com um sorriso ladino.

Alan ficou impressionado com a rápida leitura que ela fez dos fatos, mas logo disfarçou com um sorriso sutil.

(Alan) - É exatamente por isso que quero que a senhorita trabalhe comigo. Eu sei que, apesar de não ter dito, você é muito mais do que uma simples jovem que veio para Duskwood a passeio. Por isso estou disposto a ignorar o fato de você ter trabalhado com um Hacker procurado pelo governo, ocultado pistas e ter confessado sua falta de confiança na lei. 

(Adie) - Só que dessa vez, eu não pretendo agir de maneira nenhuma.

Alan suspirou frustrado.

(Alan) - Senhorita, eu estou lhe pedindo humildemente para me ajudar nesse caso, pois da primeira vez você e o tal Hacker foram quem tiveram seus meios para conseguir as informações que os levaram até o sequestrador da senhorita Donfort, sendo você a me guiar até ela no final. Estamos lidando com alguém que com certeza conhece muito bem a história, conhece a lenda e o pior, conhece você e seus amigos. Nos baseando nas pistas e no último acontecimento que a levou para o hospital, podemos afirmar seguramente que o alvo da vez é a senhorita.

Adie desviou o olhar pensativa.

(Alan) - Eu sei que está desconfiada, mas posso lhe dar algum tempo para pensar. Porém não demore muito, afinal, como a senhorita mesmo disse, não devemos deixá-lo ganhar tempo para fazer mal a outras vítimas.

Ela voltou a encará-lo seriamente por alguns segundos enquanto pensava em que isso poderia lhe beneficiar, até que desviou o olhar e suspirou.

(Adie) - Eu não preciso de mais tempo para pensar.

(Alan) - E então… qual é a sua resposta?

Ela o olhou nos olhos.

(Adie) - Tudo bem, eu aceito trabalhar com o senhor.

(Alan) - Ótimo! – Ele sorriu sutilmente e se levantou, se aproximando dela em seguida. - Fico feliz por poder tê-la como aliada, senhorita Folsham. – Ele estendeu a mão para cumprimentá-la.

Adie apenas olhou para a mão dele por um breve momento, mas não pegou.

(Adie) - Calma, não se anime tanto. 

O sorriso de Alan desapareceu.

(Adie) - Eu aceito, mas com uma condição.

Ele se intrigou.

(Alan) - Estou ouvindo.

(Adie) - Você deixará que eu trabalhe do meu jeito, afinal, eu aceitei trabalhar com o senhor e não para o senhor.

Alan arqueou uma de suas sobrancelhas e pensou por alguns segundos.

(Alan) - Desde que seu jeito seja dentro da lei, não há problema algum, senhorita.

(Adie) - Hum… – Ela sorriu sutilmente. - Perfeito. Sendo assim… – Ela estendeu a mão para ele. 

Alan apertou a mão dela.

(Alan) - Posso considerá-la uma aliada ou é uma palavra muito forte? 

Ela sorriu sutilmente.

(Adie) - Bom, acho que se aplica bem ao caso.

Ele sorriu sutilmente.

(Alan) - Ótimo, então… Aliados.

(Adie) - Aliados. – Ela manteve o sorriso sutil.

Quando já estava anoitecendo, Adie estava no quarto e encarava dois celulares que estavam sobre a cama. O primeiro, era o que ela costumava usar, já o outro… bom, ele era o que ela escondia. Por um descuido, ela o deixou em cima de sua mesa de cabeceira antes de sofrer o ataque do Homem Sem Rosto, enquanto que o que ela costumava usar, estava dentro da gaveta de sua cômoda. Por isso levaram o celular errado para ela no hospital, mas por sorte ela conseguiu enganar o Delegado e seu subordinado, fingindo estar confusa. Porém, catastrófico mesmo seria se algum de seus amigos descobrisse o que tem naquele celular… 

(Adie) - Será que vai existir um momento certo para isso? – Ela sussurrou e suspirou entristecida.

Enquanto continuava encarando os dois aparelhos, a tela de um deles acendeu, mostrando a notificação de uma nova mensagem. Ela se surpreendeu por ser daquele celular secreto e logo o pegou.

CHAT:

                      Private

(Private) - Me perdoe…

Adie se intrigou.

CHAT:

                      Private

(Adie) - Porque está falando comigo por aqui?

(Adie) - E porque está me pedindo perdão? 

(Private) - Eu sei que prometi não mandar mais mensagens por aqui até ter uma boa notícia e mantenho minha promessa.

(Private) - Eu só precisava te pedir perdão para que talvez eu possa dormir tranquilo essa noite.

                Private está agora offline

Adie ficou extremamente intrigada e enquanto tentava encontrar um sentido para as mensagens que acabara de receber, alguém bateu na porta de seu quarto.

(Jake) - Adie, posso entrar? – Ele disse do lado de fora.

Ela se assustou e logo abriu a gaveta da mesa de cabeceira e colocou o celular secreto dentro, fechando a gaveta em seguida.

(Adie) - Claro!

Jake abriu a porta do quarto e estava segurando um copo com suco de laranja.

(Jake) - Eu trouxe para você. – Ele fechou a porta atrás de si e se aproximou com um sorriso sutil.

(Adie) - Obrigada, meu amor! – Ela pegou o copo com um lindo sorriso.

(Jake) - Como está se sentindo? – Ele se sentou na cama, de frente para ela.

Ela tomou um gole do suco.

(Adie) - Melhor.

Ele ficou observando-a por alguns segundos e ela notou que algo lhe incomodava.

(Adie) - Você está preocupado, não está?

Ele suspirou e acariciou o queixo dela.

(Jake) - É inevitável.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos enquanto se olhavam, até que Adie, depois de tomar mais um gole de suco, decidiu contar algo.

(Adie) - Bom, talvez agora eu esteja ainda mais segura do que qualquer um de vocês.

Ele se intrigou.

(Jake) - O que quer dizer?

Ela desviou o olhar por alguns segundos, pensando nas melhores palavras para dizer a ele.

(Adie) - Jake, eu sei que você vai pensar ser uma loucura, mas… eu só aceitei porque isso é uma vantagem para nós.

Ele se intrigou ainda mais.

(Jake) - Do que está falando, Adie?

Adie suspirou e voltou a olhá-lo nos olhos.

(Adie) - Alan Blommgate me propôs trabalhar com ele nas investigações sobre o novo Homem Sem Rosto, e eu aceitei.

Ele ficou surpreso por alguns segundos.

(Jake) - É… bom… eu só preciso entender como isso é uma vantagem para nós.

(Adie) - É simples… Ele desconfia que eu escondo o Hacker, mas agora estando perto dele, posso passar confiança e fazê-lo acreditar que isso não é verdade, o que poderia livrar você das suspeitas e lhe dar mais liberdade.

(Jake) - Adie… Você sabe que, em hipótese alguma, quero que você assuma minha responsabilidade, certo?

(Adie) - Isso não vai acontecer, Jake, te dei minha palavra.

Jake a olhou por alguns segundos com preocupação.

(Jake) - É que… Eu não sei. – Ele suspirou e desviou o olhar. - Me assusta essa ideia, mas por outro lado, você estará com quem realmente pode te proteger desse Homem Sem Rosto, afinal, eu não consegui.

Ela o observou por alguns segundos com pesar, até que deixou o copo sobre a mesa de cabeceira e, com um pouco de dificuldade por conta do tornozelo machucado, chegou um pouco mais perto de Jake.

(Adie) - Ei…

Ele a olhou.

(Adie) - Você não faz ideia de quantas coisas me salvou no dia em que entrou na minha vida. Entenda que isso que aconteceu era inevitável, mas ter você aqui comigo depois do caos, é o que faz toda diferença. Lembre-se que da primeira vez estávamos distantes e tudo que tínhamos eram apenas palavras ditas por mensagens.

Ele desviou o olhar.

(Jake) - Você tem razão, mas… queria ser eu a te livrar de todo o perigo. Eu me sinto impotente. – Ele suspirou entristecido. 

Ela o olhou com tristeza, jamais queria que ele se sentisse assim, afinal, essa não era a verdade.

(Adie) - Ei, olha pra mim.

Ele a olhou.

(Adie) - Você me salva todos os dias de quem realmente consegue me assustar e pode me impedir de ser feliz.

Ele se intrigou.

(Jake) - Quem?

Adie apontou o dedo indicador para sua cabeça, em direção à têmpora, indicando sua mente.

(Adie) - Eu mesma.

Jake continuou olhando-a intrigado e ela acariciou o rosto dele.

(Adie) - Nossas lutas diárias são contra nós mesmos, Jake. Somos responsáveis pela maneira que enxergamos os acasos da vida… mas, no meu caso, todas as vezes que começo a sentir medo ou penso em desistir, me lembro de você. Automaticamente o sorriso volta para os meus lábios e sinto que enquanto você estiver comigo, todo o resto irá se resolver no tempo certo. 

Ele a observou sem palavras por alguns segundos, até que se virou de frente para ela novamente e começou a acariciar seu rosto.

(Jake) - Você tem ideia do quanto eu te amo?

Ela sorriu sutilmente.

(Adie) - Sim… seu olhar me diz todos os dias.

Ele sorriu sutilmente enquanto observava o olhar dela que denota o mais puro amor.

(Jake) - Eu te amo mais do que tudo e isso irá se perdurar por toda minha existência.

Ela manteve o sorriso sutil e depois de ouvir essas palavras começou a se aproximar dos lábios dele devagar…

(Adie) - Eu te amo, meu querido Hacker! – Ela disse bem perto dos lábios dele.

 Em seguida, eles se beijaram, o beijo que sempre era tão envolvente e trazia a mesma sensação, era como se o mundo ao redor parasse.

Enquanto isso, na Delegacia de Duskwood, o delegado e seu subordinado de confiança tomavam um café no fim do expediente enquanto conversavam.

(Brandon) - Hum… – Ele tomou um gole de café. - Me desculpe pela minha intromissão, mas… ainda não entendo porque chamou a senhorita Folsham para trabalhar com o senhor. Foi mesmo uma boa decisão?

Alan sorriu.

(Alan) - Não uma boa, mas sim, a melhor decisão.

Brandon o olhou intrigado.

(Alan) - Eu sei que você está confuso, mas minhas ações nunca foram tão bem pensadas como agora.

(Brandon) - Então… tudo isso é uma abordagem informal que visa algum objetivo?

Alan tomou um gole de café.

(Alan) - Hum… vou te contar uma coisa apenas porque você tem demonstrado ser confiável durante esse tempo em que trabalhamos juntos. – Ele deixou a xícara sobre o pires. - Sim, se trata de uma abordagem informal que visa um objetivo. Acontece que eu estou em contato com o FBI desde aquele dia do resgate da senhorita Donfort, e recentemente recebi uma informação muito interessante.

Brandon ficou levemente surpreso.

(Brandon) - E que informação seria essa?

(Alan) - Bem… sabemos da participação de um perigoso Hacker nas investigações e que o mesmo desapareceu já a um tempo, mas o que ninguém sabe é que ele não era o único.

Brandon se intrigou.

(Brandon) - Como assim, senhor Blommgate?

(Alan) - Recentemente me informaram que há mais de um Hacker envolvido em uma grande invasão e exposição de dados secretos do governo, e que foi nesse plano criminoso que esse Hacker que participou das investigações do desaparecimento da senhorita Donfort se envolveu. Mas além disso, eles estão com uma nova suspeita e contam comigo para ajudá-los a investigar. – Ele sorriu sutilmente. - Eles suspeitam que as investigações do desaparecimento da senhorita Donfort não contou apenas com um desses Hackers, mas sim, com dois.

Brandon estava tomando mais um gole de seu café, mas ao ouvir essa informação, tossiu por se engasgar com o mesmo.

(Brandon) - O quê?! Dois?

(Alan) - Sim. Dois Hackers procurados pelo governo. 

Brandon estava extremamente surpreso e desviou o olhar pensativo por alguns instantes.

(Brandon) - Bom… então presumo que o senhor acredita que a senhorita Folsham saiba disso e esteja escondendo esse segundo Hacker, assim como o primeiro, certo?

(Alan) - Hum… – Ele sorriu com malícia. - É isso mesmo. - Minha missão é descobrir se esse segundo se trata de um dos amigos da senhorita Folsham. – Ele colocou os cotovelos sobre a mesa. - Eu jamais iria propor trabalhar ao lado de uma criminosa, pois é isso que ela é por acobertar esses bandidos. Mas nesse caso, é totalmente conveniente mantê-la ao meu lado.

Brandon logo compreendeu a filosofia seguida pelo delegado.

(Brandon) - Entendo… Manter os amigos perto, e os inimigos, mais perto ainda.

Alan sorriu.

(Alan) - Exato! – Ele tomou um gole de café.

Alan era um homem extremamente ardiloso e de fato foi genial aproximar Adie dele com uma falsa aliança, afinal, se ela esconde os Hackers, uma hora ou outra terá que pedir ajuda a eles. Mas… será que o Delegado tem ideia de com quem de fato está lidando?

Enquanto Adie jantava com Jake e seus amigos, estando em completa harmonia e se sentindo feliz e protegida como a tempo não sentia, em seu celular secreto novas mensagens chegavam…

CHAT:

                      Private

(Private) - Me perdoe por mandar mensagens novamente

(Private) - Mas dessa vez, há algo que você precisa saber

(Private) - O único que continua totalmente seguro é o segundo

(Private) - Eles também já sabem sobre o primeiro e estão buscando informações através de você, Adelynn.

(Private) - Sugiro que comece a pensar em um plano

(Private) - Antes que descubram o seu segredo.

                Private está agora offline