Incidentes escrita por Bê s2


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao penúltimo capítulo! O próximo será um epílogo que quase se tornou uma short independente...
Quero agradecer pelos comentários até agora. Isso sempre me motiva a continuar! ♥ ♥



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Contrariando o previsto, Sara permaneceu na casa de Beth na semana seguinte, enquanto Grissom embarcou para Paris. Ele precisava resolver suas pendências na Universidade, e aproveitou que a esposa ficaria bem cuidada para ir.

Beth e Sara estavam se dando bem. A senhora se mantinha sempre próxima, e até começara a tricotar roupinhas de lã para o bebê. As duas não tiveram problemas, até a noite em que esperavam pela volta de Grissom.

Beth colocava panelas na mesa, enquanto Sara arrumava os copos e pratos quando a campainha tocou.

—Gil! Hank! –Ela se surpreendeu quando seu cachorro começou a lambê-la.

—Oi querida. –Grissom tentou lhe dar um beijo, sem sucesso. –Acho que está com mais saudades do Hank.

Sara sorriu para ele e levou o cachorro até o quintal, não sem antes Beth lhe fazer um agrado.

—Chegou na hora, filho. Vamos jantar. 

Ele notou a demora de Sara em voltar para a mesa e foi até o quintal. Encontrou-a sentada em um degrau, com as mãos na cabeça e uma expressão nada feliz.

—O que aconteceu?

Sara fungou.

—Sua mãe me obrigou a comer carne! Ela disse que era carne de soja e me deu fígado moído no meio de uma torta! –Respondeu exaltada. –Vomitei o dia inteiro.

Grissom colocou sua mão em volta dos ombros dela e perguntou:

—Você não entendeu os sinais errados?

—Ela escreveu. –Disse ácida. –E ela fez frango assado para o jantar. Disse que tenho que comer carne.

—Isso é bom para o bebê. –Ele recebeu um olhar fulminante dela. –Mas nós concordamos em falar com o médico. 

Ele a abraçou, sentia que tinha mais coisa. E estava certo, pelo visto, pois ela começou a chorar.

—O que foi, honey?

Ela soluçava agarrada à camisa dele:

—Eu to com medo. –respondeu num fio de voz. 

—Do quê, Sara? Converse comigo!

Ela bufou e se agarrou mais à ele.

—Eu tenho medo de não sermos bons pais. De não sermos uma família normal. –sua voz estava embargada. –De o bebê ter algum problema. Eu não sei lidar com crianças, amor...

—Eu... Eu também estou com medo. –Ele admitiu. –Mas ninguém nasce sabendo. Nós vamos ter uma família normal, ok? Vamos ser presentes e amorosos. É isso que uma criança precisa.

Ela se afastou para encará-lo nos olhos.

—Promete?

—Prometo. –Ele sorriu de lado. –Agora vamos comer um pouquinho de carne da minha mãe...

Sara gemeu alto de desgosto e seguiu o marido até a cozinha.



O casal Grissom esperava por uma consulta em uma clínica particular em Vegas. Pouco antes, eles passaram no hospital para agendar as sessões de fisioterapia e retirar o gesso. A morena mancava um pouco ainda e tinha a mão enfaixada, mas estava bem melhor.

—Sidle. –A recepcionista chamou.

—Sério? Sidle? O bebê é só Sidle? --Gil bufou para ela. 

Ela o encarou sem expressão e entrou na sala acompanhada do marido.

—Boa tarde. –A médica os cumprimentou. –Sou a doutora Louise. E então, Sara, como está?

—Agora estamos melhor.

—Oh, eu recebi sua ficha médica. Sinto muito pelo acidente. Mas me digam, por que desejam fazer o acompanhamento genético?

Sara e Grissom explicaram a situação da idade, a perda de um dos bebês e a otoesclerose do homem. Conversaram por um longo período, até que a médica propôs um ultrassom.

A morena se deitou nervosa na maca e ergueu sua blusa. Gil percebeu que sua barriga já estava mais saliente e deu um sorriso quando ela fez careta pelo gel gelado. A doutora manuseava um instrumento, e logo um barulho ecoou pela sala.

Tum, Tum, Tum, Tum, Tum...

Era o coraçãozinho do bebê. Mais forte que nunca.

—Estão ouvindo?

Nenhum dos dois respondeu, apenas sorriram para a tela, completamente chorosos e felizes.



Logo que saiu do médico, com uma fita da gravação na mão, Grissom sacou o telefone. Sara apenas observava o comportamento do marido, até que perguntou:

—O que vai fazer?

—Depois disso, eu não tenho dúvidas de onde ficaremos. E precisamos compartilhar com nossos amigos. –Gil explicou eufórico, discando. –Hey, Catherine, é o Gil. Onde está?

Enquanto ele falava com a amiga, Sara se abraçou nele, sorrindo de orelha a orelha.

—Na sala de reuniões. 

—Quem está com você?

—Nick, Morgan, Greg, DB e Hodges. Por quê¿

—Me coloca no viva-voz. 

Sua voz estava excitada, e Cath obedeceu.

—Hey pessoal! –A voz de Gil ecoou pela sala.

Ele recebeu alguns cumprimentos e anunciou:

—Jantar em casa às oito, e não aceito que ninguém falte.  Eu vou cozinhar. –Os CSI se entreolharam. —Chamem o Doc e o Brass, também.

Eles responderam em concordância, curiosos. Por fim, Grissom pediu:

—Russell, se puder chegar um pouco mais cedo eu agradeceria.

—Pode deixar. –A voz de DB soou um pouco longe.

—Algo especial, Grissom¿ --Greg perguntou.

—Sara e eu precisamos conversar algumas coisas com vocês.

Gil pôde ouvir alguns murmurinhos de especulação, mas só disse:

—Então até mais tarde. –E desligou.

—Grissom não está muito... Grissom ultimamente. –Nick comentou.

—Ah, o amor faz cada coisa, amigo... –Hodges filosofou, se retirando.

OoOo

Uma enorme lasanha estava no forno, a torta de legumes já estava pronta, a sobremesa estava na geladeira e Sara tomava banho quando a campainha tocou. Era Russell.

—Entre. –Gil o atendeu. –Tudo bem?

O CSI assentiu com a cabeça, enquanto observava o local. Nada incomum ao ver de Grissom, que sempre fazia isso quando entrava em um novo ambiente.

—Trouxe um vinho. –Ele entregou uma garrafa ao anfitrião. –Espero que eu tenha acertado com o prato.

Gil observou o vinho tinto.

—Sem dúvidas. Obrigado.

O entomologista guiou o supervisor do turno da noite pela casa até a cozinha, onde pôs a bebida para gelar. DB observava a coleção particular de quadros de borboletas, quando perguntou:

—Recebeu meu email? Foi o melhor que eu consegui com o Ecklie e a Xerife.

—É por isso que eu pedi para que chegasse mais cedo. –Russell o encarou. –Vou aceitar.

O CSI abriu um largo sorriso.

—Isso é ótimo! Mas ainda precisaremos nos reunir com os dois. Algum problema?

—Nenhum, Russell. –Gil sorriu. –Vou anunciar isso para a equipe, posso?

DB concordou e apertou a mão de Grissom.

—Onde está Sara?

—No banho. E ela vai ter uma surpresa hoje, também. 

DB sorriu maroto para o homem à sua frente, bem na hora que Sara cegou na sala.

Enquanto o marido usava calça jeans e camisa pólo,  ela estava com um vestido verde comportado, mas que ao mesmo tempo ressaltava o início de sua gravidez, pelo busto maior e a barriga ligeiramente saliente.

—É bom ver você bem, Sara. –DB a cumprimentou com um abraço. –Quando volta para o laboratório?

—O médico me dará alta na semana que vem, mas só para trabalho interno.

—Oh, isso vai aborrecer a Catherine. Ela não suporta mais o Hodges ir à campo com ela.

Sara riu, afinal, sabia bem como o rato de laboratório se comportava quando ia coletar evidências. A campainha tocou, e Sara foi atender, enquanto Grissom mostrava seus feitos culinários para o homem.

—Sara, querida, como está? --Brass perguntou, abraçando-a.

Junto com o detetive estavam Catherine e o Doc.

—Vai contar sobre o bebê? --A loira murmurou no ouvido da amiga.

Sara assentiu com a cabeça discretamente, quando viu Greg, Nick, Morgan e Hodges no final do corredor.

—Oh, o ninho de amor dos Grissom. –Hodges fez chacota com Gil quando entrou. 

—Que casa mais... Normal!–Nick observou.

—Metade das coisas ainda está no apartamento de Paris, Nick. Acredite, quando está tudo junto, é uma versão ampliada do antigo escritório dele. –Sara comentou.

—Querida! –Gil a censurou. –Sentem-se ali, que eu já estou tirando a lasanha do forno.

—Sério mesmo que você quem cozinhou? --Greg perguntou abismado ao sentar-se. –Não corremos o risco de encontrar gafanhotos no molho não, né?

—Sara é vegetariana. Isso inclui os insetos também, eu acho.

O tom sério de Grissom arrancou risadas. Ele não deu bola, e serviu uma taça com vinho para cada um dos amigos, que começaram a se servir.

—Gil, isso está realmente bom. –Jim elogiou.

—Verdade, Grissom. –Greg comentou de boca cheia.

—Gil às vezes fica inspirado na cozinha. –Sara disse rindo.

—Hey, por que só eu não posso chama-lo de Gil? –Nick indagou frustado. –Cath, Sara, Brass... Até o Ecklie pode.

Gil se surpreendeu, e respondeu com naturalidade:

—Brass já foi meu chefe; Conrad não pediu permissão; Sara é minha esposa... –Ele olhou para Willows. –E bom, Catherine é Catherine.

Ele deu de ombros enquanto o pessoal ria.

 

Antes de a sobremesa ser servida, Sara agarrou o braço de Grissom e cochichou em seu ouvido:

—Vamos contar agora?

—Não que esperar um pouco¿ vamos comer a sobre... --Mas ele foi cortado.

—Nãao! –Ela chiou.

Grissom revirou os olhos para o alto pela ansiedade da esposa e se levantou, chamando a atenção dos amigos. Sara estava em pé ao seu lado, com a mão entrelaçada na do entomologista. E foi ele quem começou a falar:

—Temos duas notícias para vocês. 

—Duas? --Sara quem perguntou. 

—Sim, Honey, uma é surpresa para você também.

A morena o olhou desconfiada e indicou com a cabeça para que ele contasse esta primeiro, e Grissom obedeceu:

—Eu recebi uma proposta para voltar ao laboratório. E aceitei! –Ele sorriu de lado.

Russell observou feliz seus subordinados fazerem festa para o retorno do antigo chefe. Não era de sentir ciúmes dos colegas de trabalho, e também não sentia de Grissom. Sabia que o legado do entomologista no laboratório era muito grande, e reconhecia que havia espaço para ambos se destacarem ali.

—Sério, Gil? --Os olhos de Sara brilharam.

Grissom assentiu com um sorriso de lado tão doce, que Sara não resistiu e encostou seu lábios nos dele. 

—Eu sabia que você voltaria, Grissom! –Hodges se pronunciou, separando os dois. –Nós somos melhores do que uma sala de aula.

Gil rolou os olhos para David, e foi a vez de Sara tomar as rédeas da situação. Mas surpreendendo a todos, ela saiu da copa.

—Onde ela foi? --Catherine indagou ao amigo.

Grissom deu de ombros, e a esposa logo voltou. Ela carregava um grande livro com capa de couro nas mãos, e ele reconheceu com um sorriso.

Sara sentou-se no sofá, e os amigos logo se levantaram para ver o que ela leria para eles. Acomodaram-se ao lado e atrás dela para ver melhor. E então ela explicou, virando a primeira página:

—Já está na hora de vocês participarem mais da nossa pequena família. –Gil apertou sua mão delicadamente. –Este é o nosso álbum de fotos.

Todos olhavam curiosos para as fotos que Sara mostrava. As primeiras retratavam São Francisco, e outras tantas apenas os dois juntos sem se relacionar. Mas pouco depois, um clima apaixonado reinou nas fotos, mostrando as brincadeiras com Hank, fotos com Beth Grissom, viagens, o casamento e a lua de mel. As mais recentes retratavam os dois pouco antes de Sara voltar para Las Vegas, e os dois vestiam roupas cáqui da expedição. Por fim, ela virou uma página vazia, e retirou um envelope que estava em seu colo.

—O que quer nos dizer com tudo isso? --Greg estava confuso.

Sara olhou para o amigo e fez um biquinho de lado. Trocou um olhar cúmplice com Grissom, que já entendera tudo, e prosseguiu:

—Queremos que vocês nos acompanhem enquanto colocamos a primeira foto do nosso bebê no álbum. 

O silêncio reinou na casa. Catherine e Russell, que já sabiam, se surpreenderam com a forma que Sara lhes contou. Já os outros estavam embasbacados demais para dizer algo.

—Vamos ter um sobrinho? --Greg perguntou depois de um tempo.

—Ou sobrinha. –Gil confirmou.

 Greg alargou seu sorriso e abraçou os dois ao mesmo tempo. Nick veio logo atrás com Morgan, Jim e Hodges. Doutor Robbins foi o ultimo.

—Mas COMO? --Hodges estava aparvalhado. –Digo, eu sei como... Mas vocês moram longe! Não é cedo demais para você já ter o resultado?

Sara compreendeu a dúvida dele, por isso não deixou que Gil respondesse de forma mal educada.

—Três meses. Eram gêmeos, mas com o incidente nós perdemos um.

Um sinto muito coletivo foi ouvido, mas Sara não se deixou abater. A emoção de ter sua família crescendo e Grissom sempre ao seu lado bastava para que sua felicidade fosse completa.


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