Incidentes escrita por Bê s2


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo



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Quando Sara saiu da cirurgia, a equipe já havia ido embora. Grissom cochilava no sofá da sala de espera quando o médico o chamou. Ele se recompôs rapidamente para ouvir.

—Senhor Grissom, Sara já está no quarto. A cirurgia foi um sucesso, e com algumas sessões de fisioterapia, ela voltará ao normal em breve. Por enquanto vamos engessar seu braço e fazer curativos todos os dias no ombro.

Gil suspirou aliviado.

—Isso é muito bom! Quando ela poderá ir para casa?

—Depende de como ela acordar, se sentirá dores ou não. Quando os resultados dos exames saírem nós avaliaremos tudo. Se quiser, pode passar a noite com ela. As acomodações não são muito boas, mas...

O entomologista sorriu e apertou a mão do médico agradecendo. Seguiu até o quarto de sua esposa.

Sara dormia profundamente. Agora não tinha muitos tubos, apenas um que a ajudava a respirar. Gil se aproximou dela e a beijou na testa; não pôde negar o quando ficou preocupado, e o tamanho do medo que sentiu ao saber que ela estava em perigo. Ele precisava dela.

Grissom puxou uma poltrona reclinável para mais perto da cama e segurou sua mão, dormindo logo.

 

—Tem certeza de que é o nosso Grissom mesmo? – Brass cochichou.

—Se parece um pouco, tem cara de nerd e até uma barba! –Catherine respondeu rindo.

Os dois estavam parados na soleira do quarto de Sara, e observava o amigo cochilar com a mão entrelaçada à dela. 

—Isso merece uma foto…

Catherine pegou sua câmera e capturou a imagem; e com o flash, ele acordou.

—Bom dia! –Brass saudou. –Como estão?

—Bom dia. Acho que bem. –Ele respondeu com a voz baixa. –O que fazem aqui tão cedo?

—Já passa das nove, nosso turno começou faz tempo. Você não ligou, então resolvemos passar aqui. –A loira disse. 

—Desculpe, ainda estou no fuso-horário.

Grissom olhou para Sara, que ressonava tranquilamente. Soltou sua mão devagar e se levantou.

—Estava tão meigo... –Jim brincou.

Gil revirou os olhos para ele.

—Trouxe suas chaves, estavam no armário dela. Vá para casa, coma algo e tome um banho.

Ele negou com a cabeça.

—Quero estar aqui quando ela acordar.

—Cheirando assim? Vai espantá-la! –Gil fechou a cara. –Eu tenho que fotografá-la, conversar com o médico sobre os ferimentos, e ele ainda nem chegou. Pode ir, eu vou ficar um bom tempo aqui.

Ele olhou meio incerto para a amiga, e depois para a esposa. Estava cansado, com fome e realmente precisava tomar um banho. Por fim, pegou as chaves na mão de Catherine e saiu.

Gil saiu de um demorado banho e foi buscar sua maleta com as roupas que pegara às pressas. Sentia-se em casa, pois Sara estava morando em seu antigo apartamento, e estava quase tudo como antes.

Ele abriu sua bolsa e encontrou uma calça de pijamas, uma de moletom, uma bermuda cáqui, duas camisetas e uma camisa de turista que comprara em sua lua de mel.

—Droga! –Praguejou baixo. 

Pegou a bermuda e uma camiseta branca, que era justa demais para sair na rua aos olhos dele; mas não tinha muitas opções. Calçou um tênis que estava perdido no fundo do guarda roupa. De barba feita e um look que ele definitivamente não apreciava, pegou as chaves e retornou para o hospital.

Antes, porém, ele parou em uma floricultura. Escolheu uma folhagem bem verde em um ramo delicado. Quando estava chegando, seu celular tocou.

—Grissom. - Atendeu no viva-voz.

—Hey Gil, é o Conrad. Como a Sara está?

—Bem. A cirurgia foi tranquila, agora é esperar que ela acorde.

—Onde você está?

—Indo para o hospital. –Gil respondeu.

—-Certo. Será que você poderia passar aqui no laboratório agora? Coisas sobre a licença, nada demorado.

—Certo. Estou indo.

—Obrigado. Até mais.

Grissom chegou rápido ao laboratório. Queria resolver tudo com Ecklie logo. Recebeu alguns olhares curiosos quando chegou, e foi direto para a sala do antigo colega.

—Gil, como está? Parece... Bem.

Conrad olhava para suas roupas.

—Problemas na hora de fazer as malas. –Ele justificou. –O que você precisa?

—Quero que leve uns papéis para Sara assinar. Creio que ela ficará de licença por um tempo.

Ele concordou e recebeu uma pasta que o outro lhe oferecia.

—Sente-se, por favor, eu gostaria de conversar outra coisa com você.



—Acha que ela continuará no laboratório? –Hodges perguntou.

—Por que não ficaria?

—Ora, Greg, da ultima vez ela foi embora. E o Grissom ainda estava aqui. –Respondeu.

Henry se meteu na conversa:

—Será que é por isso que o Grissom está conversando com o Ecklie?

—Ela não pode sair agora! –Mandy disse. –Estão contratando, estamos com falta de pessoal em campo. Se ela sair, o próprio Ecklie terá que por a mão na massa.

—Isso é verdade. –Greg confirmou. –Eu acho que ela fica.

—Eu tenho certeza de que ela vai. –Hodges apostou. 

—E eu ainda acho que é bem capaz do Grissom ficar por aqui para tomar conta dela. –Mandy sorriu. –Vocês o viram todo preocupado ontem?

Greg rolou os olhos rindo. E assim, mais um bolão de apostas se iniciou no laboratório.

 

—E então, o que me diz? –Ecklie perguntou, por fim.

—Conrad, eu fico feliz que tenha pensado em mim, mas meu tempo em Vegas acabou.

O careca não se deu por vencido.

—Gil, você teria um considerável aumento de salário, e estaria perto da Sara.  Acho que conseguiria o mesmo turno. –Ele tentou ser simpático. –Estamos realmente necessitados de boas pessoas em campo. Perdemos Sara por um tempo, não podemos deixá-la ir embora.

—Não sei da posição dela ainda, Conrad. Mas se ela quiser ir, eu não poderei fazer nada. Sara já é grandinha e vai pensar bem antes de fazer algo. –Ele se levantou. –E quanto a mim, bem, eu estou lecionando e pesquisando. 

—Por favor, pense bem, Gil.

O entomologista agradeceu.

—Conrad, eu trarei esses papéis o mais rápido possível. E obrigado pela oferta.

 

OoOo

 

—Que... Despojado. –Catherine comentou quando Gil entrou na sala.

Ele sorriu amarelo para ela.

—Era a única combinação com as roupas que eu peguei. –ele disse irritado. –Ela acordou?

—Há alguns minutos. O médico está examinando-a, e disse que poderíamos entrar quando você chegasse. Já avisei o pessoal, eles estão vindo. Eu vou com você para terminar o relatório.

Grissom assentiu e eles foram até o quarto. Bateu, e encontrou Sara e o médico conversando.

—Podemos?

—Claro. –Ela respondeu com a voz rouca.

—Trouxe para você. Como está?

—Bem melhor. –Ela sorriu.

Ele colocou a planta em sua mesa de cabeceira e deu um beijo na testa dela. O doutor pigarreou e continuou o que estava dizendo:

—Então nós temos: um tiro no ombro, cinco pontos no supercílio, um ombro deslocado, punho luxado e tornozelo quebrado. Você terá que passar por algumas sessões de fisioterapia e nada de esforço por um mês, até retirarmos o gesso. –Ele lia algumas folhas. –Anotou tudo, senhorita Willows?

A loira assentiu com a cabeça e acrescentou:

—Russell quer colocar o máximo de coisas possíveis no relatório, para não deixarmos o suspeito escapar de forma alguma. 

Grissom ficou satisfeito com a posição do atual chefe.

—Agora o mais delicado... –Ele tornou a falar.

Catherine anotava o que o doutor dizia e rabiscava em um desenho. Quando o tom dele se tornou mais grave, ela viu Grissom franzir o cenho e Sara suspirar com os olhos cheios de lágrimas. 

—Sara, eu tenho uma má notícia. –Ele disse sério, e ela mordeu o lábio para não chorar. –Você perdeu um bebê.

Ela pigarreou para engolir as lágrimas, e evitou olhar para Grissom; este, por outro lado, olhou para o médico atordoado. Catherine olhava de um para o outro sem anotar nada.

—Mas... –O doutor sorriu, e Sara o encarou. –Não sei se você sabia, mas estava esperando gêmeos bivitelinos. E por algum milagre, um deles está muito bem dentro de você.

Ela desatou a chorar. Não sabia se era alegria ou tristeza, apenas chorava. Catherine abriu um sorriso para Grissom, mas ele não correspondeu.

—O senhor tem certeza absoluta? –Gil perguntou ao médico.

—Sim, senhor Grissom. Sara está com cinco semanas. Vocês têm alguma dúvida?

Sara negou com a cabeça, mas o entomologista perguntou:

—Eu tive otoesclerose, minha mãe também. Quais as chances... ? –Ele soava ansioso.

Antes do doutor abrir a boca, Sara o cortou:

—Você sabe que são poucas. 

—Mesmo assim, é quase certo que tenha. –Ele respondeu preocupado.

—É mais fácil nascer com outro problema do que com isso. –Ele e o médico abriram a boca para contra argumentar, mas ela não deixou. –E se nascer, saberemos como lidar. Você conseguiu se curar anos atrás. Vai ficar tudo bem.

Ele se calou por alguns segundos, e disse por fim:

—Eu pesquisarei algumas clínicas que fazem acompanhamento genético. –ele completou.

Eles se olharam e trocaram um meio sorriso. 

—Essa é a discussão de casal mais “nerd” que eu já presenciei. –Catherine comentou baixinho. –Terminei por aqui, então vou deixar os dois sozinhos. Daqui a pouco a equipe estará aí.

—Qualquer coisa me chame, também. –O médico disse.

—Cath? –Sara a chamou antes de sair.

—Pode ficar tranquila, não direi nada. –Ela respondeu, prevendo a pergunta.

Quando os dois saíram, Grissom se sentou na cama, ao lado dela.

—Este era o meu presente de aniversário? –Perguntou.

—Gostou? –Ela mordeu o lábio inferior.

—Surpreendente. E adorável. -Ele abriu um sorriso sincero.

Sara se aproximou dele e teve seu corpo envolvido pelos braços do marido.

—Eu deveria ter contado antes, me desculpe. Mas achei que pessoalmente seria melhor.

—Eu entendo. –Ele sussurrou. –E eu sinto muito.

Ela fungou.

—Amaremos ele em dobro, Gil.

O homem assentiu com a cabeça e se afastou o suficiente para olhá-la nos olhos.

—Eu te amo. 

—Eu também amo você. 

Os dois se aproximaram o suficiente para seus lábios se encaixarem em um beijo apaixonado.

—O que faremos agora?– Sara perguntou quando se separaram.

—Não tenho ideia. –eles ouviram batidas na porta. –Decidiremos depois, ok?

Ela assentiu quando a equipe invadiu seu quarto.

—Parece bem, Sara. –Nick elogiou.

—Parece uma múmia, com tantas faixas. –Greg fez chacota.

—Nem são tantas assim, Sara. –Morgan encarou Grissom. –Oi! Sou Morgan Brody.

—A filha do Ecklie! –Ele comentou. –Eu peguei você no colo.

—Que sorte. –Greg cantarolou disfarçadamente.

Morgan deu-lhe uma cotovelada e Sara riu. Ele estava com um grande buquê de rosas vermelhas nas mãos.

—Antes que faça alguma experiência maligna comigo, Grissom, saiba que essas flores não são minhas. Estou apenas entregando. –Sanders explicou.

Gil cerrou o olhar, enquanto Sara recebia as flores.

—Você sabe que eu prefiro vegetação, Gil. –Ela abriu o bilhete e enrubesceu. –É daquele rapaz do turno do dia.

—O que apostou que você completaria o ciclo –Nick indagou.

O entomologista fechou a cara e encarou a esposa.

—Eu não tenho culpa. –ela se defendeu.

—Quando voltará à ativa, Sara? –DB perguntou.

—Quando me livrar de todo esse gesso. Mas estou disposta, por mim voltaria amanhã!

Gil deu um sorriso orgulhoso para ela: não se deixava abalar, sempre tinha energia de sobra. Discretamente, ele pegou em sua mão boa e entrelaçou seus dedos.

—Se bem que eu poderia... –Ela começou pensativa, mas o marido a cortou.

—Poderia ficar em casa descansando para se recuperar mais rápido.

Ela bufou enquanto a equipe observava a estranha interação entre os dois.

—Mas passaremos no lab durante a semana com os papeis do Ecklie. –Gil acrescentou. –E para avisar o rapazinho que você é casada.


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