Incidentes escrita por Bê s2


Capítulo 3
Capítulo 3




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A viagem de Paris para Las Vegas demorou muito ao ver de Grissom. Ele consultava o relógio frequentemente, mas os ponteiros pareciam fixos no mesmo lugar. Conseguiu distrair-se um pouco depois do jantar, e cochilou enquanto lia uma revista qualquer. Foi quase sorrindo que ele se levantou quando o avião pousou.

Gil atravessou o saguão do aeroporto e foi até a rua. Lá parou um táxi.

—Para onde, senhor?  –O taxista perguntou.

—Departamento de Perícia, por favor.

Grissom chegou ao departamento em menos de meia hora, num pedido ansioso para o motorista pegar atalhos. Pagou-lhe e entrou no seu antigo local de trabalho, onde passara horas e horas com a mente vagando pelos crimes da cidade.

—Boa noite, Dr Grissom! –Judy disse com um olhar pesaroso. –É bom... Ver o senhor por aqui.

—Oi Judy. –Ele disse ansioso. –Catherine está por aqui?

—Sim senhor, no lobby com a CSI Brody.

O ex-CSI agradeceu e seguiu para sua antiga sala de descanso, depois de colocar um crachá de visitantes dado pela secretária. Andava rápido, e com isso esbarrou em David Hodges.

—OH, o bom filho a casa torna!

—Hodges, agora não...

Gil tentou continuar, mas o rato de laboratório o engolfou num abraço.

—Só fico chateado por só voltar em caso de vida ou morte.

Morte. Hodges não deveria ter dito isso.

Gil se afastou dele, pálido. O outro tentou explicar, mas só gaguejava perante o olhar atônito de seu antigo supervisor. A única coisa que conseguiu fazer foi se afastar para o mais velho seguir até seu destino inicial.

—Catherine! –Gil a chamou quando ela cruzava um corredor.

—Gil Pensei que chegaria em no mínimo duas horas.

—Quero ver a Sara. –foi direto. –Você disse que me manteria informado, agora escuto sobre morte! Sara estava no Denali, não é? Preciso das chaves do carro dela!

Catherine mexeu no bolso da jaqueta e a entregou a Grissom. Ele nem se despediu e seguiu para o estacionamento.

Catherine amarrou a cara para David, que estava parado perto deles.

—Suma da minha frente antes que eu acabe com você, Hodges. –Ela disse entredentes. 

A loira saiu correndo atrás do amigo, mas quando chegou na garagem Gil já saía cantando pneu com o carro esporte da esposa. Catherine bateu o pé e discou alguns números no seu celular.

Brass.

—Jim, o Gil chegou e está indo pro Desert Palms. Está... Correndo um pouco. 

Tem uma blitz pouco antes do hospital, vou pedir para não pararem, fique tranquila. Estou por perto, vou para lá.

—Obrigada, Jim.

Grissom chegou afoito no hospital. Deixou sua mala no carro, pegando apenas os documentos e celular. No caminho nem percebeu as mudanças que ocorreram em Vegas durante sua ausência, só tinha um foco. Agradeceu mentalmente quando uma blitz o deixou passar direto pelo bloqueio, mas achou que fosse ser multado o frear com tanta brusquidão na hora de estacionar.

—Por favor, preciso ver a paciente Sara Sidle. Ela deu entrada hoje. CSI em tiroteio. 

—Qual seu parentesco com a paciente, senhor?

—Sou o marido dela.

—Só um instante. –A recepcionista disse. –Terceiro andar, quarto 212. Antes de entrar, terá um médico à sua espera.

Gil agradeceu à moça e pegou o elevador. Logo que saiu, deu de cara com um ambiente comum, uma sala de espera. Apenas duas pessoas estavam lá.

—Hey, Grissom! –Nick se adiantou.

Greg cumprimentou o antigo supervisor com um abraço.

—Como foi a viagem?

—Olha, eu adoraria conversar, mas será que eu posso... ?

Ele não sabia o que dizer ao certo. Estava cansado, com dor de cabeça e extremamente preocupado. 

—Terceiro quarto à esquerda. –Nick disse simplesmente.

Gil sorriu para eles e seguiu em frente, mas foi parado por um médico ainda na sala. Ele bufou discretamente quando o doutor o chamou.

—Senhor Sidle?

—Gil Grissom. Ela não adotou o sobrenome. –Ele explicou.

Nick e Greg se entreolharam.

—Me desculpe, senhor Grissom, venha comigo. 

Os dois seguiram até o quarto indicado pelos rapazes e entraram. Gil viu Sara deitada com alguns tubos sobre seu rosto. Vestia aquela roupa azul de hospital. Estava bem pálida, com alguns pontos no supercílio e um curativo provisório no ombro.

—Senhor Grissom, estávamos esperando a sua chegada para autorizar a cirurgia de remoção da bala. Como ela poderia permanecer, é necessário que um parente próximo assine os formulários. Nós aconselhamos a retirada, pois os riscos são mínimos. A sala de cirurgia já está pronta.

O entomologista captou as informações.

—Certo, eu autorizo. Quanto tempo de recuperação?

—Ela está sedada no momento, por causa da dor. A operação não deve durar mais do que uma hora e meia, pois a bala não atingiu nenhum ponto vital, apenas um osso. Então até amanhã ela estará acordada. Cortaremos o sedativo depois de algumas horas.

Grissom respirou aliviado e assentiu com a cabeça.

—Ótimo, iniciaremos em meia hora. O senhor pode aguardar na sala de espera, e assim que tivermos novidade lhe avisaremos.

Gil lançou um ultimo olhar à Sara deitada e apertou sua mão. Sentiu o calor emanar dela e se acalmou. Ela ficaria bem.

 

—DB, você não ia para o hospital?  –Morgan indagou.

As duas loiras estavam revisando os relatórios para finalizarem o turno quando o supervisor entrou no lobby.

—Vim ver como estão as coisas e esperar pelo marido da Sara, para levá-lo até lá.

—Gil já chegou e foi direto para lá. Estranho não terem se encontrado. –Cath observou.

Russell fez uma cara pensativa e respondeu:

—Eu vi um carro correndo para lá quando estava chegando, deveria ter ligado os pontos.

—Já terminamos aqui. –Cath disse. –Eu vou para lá, ver se ele precisa de alguma coisa.

—Eu vou com você e dispensarei os garotos. Pode ir descansar também, Morgan.

A CSI mais nova se despediu e saiu da sala. Catherine pegou sua bolsa e seguiu com o chefe de volta para o Desert Palms.

Gil voltou para a sala de espera e viu Nick e Greg sentados no sofá, esperando por ele. Os dois nem precisaram perguntar, e ele já foi dizendo:

—Está tudo bem. Ela vai para a cirurgia retirar a bala. Agora é esperar.

Ele foi até o bebedouro e encheu metade de um copo. Pegou mais um comprimido para enxaqueca e tomou. Depois sentou-se em uma poltrona de frente para os antigos subordinados.

—O que aconteceu exatamente?  –perguntou.

—Sara ia levar as evidências de um triplo em Summerlim para o laboratório. Catherine e Morgan iam logo atrás, mas quando Sara pegou uma dianteira foi atacada. Eles atiraram nos pneus e ela perdeu o controle do Denali. Como roubaram as nossas evidências, acreditamos que tenha sido as mesmas pessoas do triplo. –Nick resumiu.

—Eu devia ter insistido para ir com ela. –Greg murmurou.

—Aí estaríamos nos descabelando por dois.–Russel disse.

Ele e Catherine haviam acabado de chegar pelas escadas e escutaram o final da conversa. Grissom se levantou para cumprimentá-los.

—Oi, sou Gil Grissom, marido da Sara. –Ele se apresentou.

—Muito prazer, DB Russell. –Os dois apertaram as mãos. –Como ela está?

—Na cirurgia. –Respondeu aflito. –Mas vai ficar tudo bem.

—Uou. Uma notícia boa! –Disse com sua voz rouca. –Greg e Nick, podem ir descansar, o dia amanhã será cheio.

—Se precisar de algo é só ligar. –Nick disse, antes de sair.

—É, Grissom, e nos avise quando ela acordar.

—-Pode deixar. –Ele respondeu.

Os rapazes se despediram e desceram pela escada de acesso. Catherine se aproximou de Grissom e lhe abraçou fortemente. Ele ficou meio sem jeito no início, mas cedeu ao abraço saudoso da amiga.

—Me desculpe por ter brigado com você, não deveria ouvir o Hodges.

—Desculpa por não ter cuidado dela. –Cath sussurrou.

Gil, como resposta, apertou de leve o abraço.

Russell olhava a cena curioso. Sempre ouvira muitas coisas sobre Grissom no laboratório; não pela boca de Sara, mas aparentemente ele era um mito do lab, e deixara muitos discípulos. Esperava alguém com uma postura mais fria e calculista, com certo ar sociopara e se surpreendera ao ver a equipe tão à vontade na presença dele. Uma ideia passou pela sua cabeça, e ele a anotou mentalmente. Trabalharia nisso mais tarde.

—O que acha de tomarmos um café Estou faminto, e poderíamos conversar melhor.

Catherine se afastou, dando-se conta da presença de DB.

Os três foram até a lanchonete no térreo. Pediram lanches e cafés.

—Lanche natural Não me diga que ela te tornou vegetariano... –Catherine comentou o pedido de Gil.

Ele deu os ombros e disse:

—Ela aprendeu sobre baseball, também.

—Como vocês conseguem passar tantos dias longe um do outro? –Russell observou.

Grissom não se surpreendeu com a pergunta, mas sim de quem ela veio. Não costumava falar de sua vida pessoal, e seus amigos sabiam disso; aí se lembrou de que eles haviam acabado de se conhecer.

—Nos falamos todos os dias e temos sessões de Skype. Também temos um acordo de que sempre que precisarmos, estaremos do lado do outro. –Gil explicou. 

—Para quem teve um relacionamento tão enrolado como vocês, eu me admiro que estejam casados! –Catherine alfinetou o amigo.

O entomologista enrubesceu de leve, e Russell perguntou:

—Vocês não se casaram aqui, então? Mas vocês não eram da mesma equipe?

—Éramos. Até que ela foi embora após um incidente com uma serial killer. Depois, juntando mais algumas coisas, eu resolvi ir também. Nós nos encontramos na Costa Rica e nos casamos em Paris alguns meses depois.

—Eles nos esconderam um romance por mais de dois anos. –A loira contou. –E nós somos CSIs!

—Greg percebeu, ele sabia. –Gil disse.—Russell, não podíamos ter nada no laboratório, são as regras. Ecklie quis nos matar quando soube.

—Oh. –Ele desanimou um pouco. –Imagino.

—Reunião sem mim?  –Jim apareceu atrás deles.

Grissom se levantou sorrindo para cumprimentar o detetive.

—Só vem nos visitar se acontecer algo com ela, hein? Está um marido babão. –Brass fez chacota.

Catherine riu, acompanhando Brass. O detetive se sentou.

—Eu viria no final do mês que vem. Recebi uma convocação para testemunhar em um homicídio, um dos últimos em que trabalhei.

O celular de Russell começou a tocar; ele pediu licença e se afastou.

—Ele parece ser bom. Mas um pouco fora do normal. –Grissom comentou baixinho.

—Como você. –Cath disse. –Acho que vocês trabalhariam bem.

Gil assentiu e bebeu um pouco de seu café.

—Vocês estão com a bolsa da Sara?  –Perguntou. –Preciso das chaves do apartamento.

—Não estava no Denali, então deve estar no armário dela.

DB se aproximou novamente da mesa e disse:

—Era o Ecklie. Ele quer conversar com o Grissom amanhã. E eu preciso ir, qualquer coisa meu celular estará ligado. Catherine vai comigo

—-Por favor, DB. –A loira agradeceu. –Me liga se precisar de alguma coisa.

O entomologista assentiu e os dois partiram.

 

No Carro, Russell e Catherine conversavam.

—Eles saíram do laboratório por causa do romance?  –Ele perguntou.

—Não. Um ano antes de ela ir, nós estávamos atrás de um serial killer que mandava miniaturas nas cenas dos crimes, cópias perfeitas! Mas depois se tornou pessoal. –A loira explicava. –Ela descobriu sobre os dois, e numa noite sequestrou a Sara e a colocou debaixo de um Mustang no deserto; mandou uma miniatura pro Grissom, e nós passamos quase dois dias procurando pela Sara. Só aí descobrimos que estavam juntos, porque ele se desesperou e contou.

Russell prestava atenção nas palavras da colega.

—Ela se recuperou dos traumas físicos, mas não aguentou a pressão e foi embora. Ele ficou arrasado, e pouco depois um amigo nosso foi morto pelo antigo xerife. –Catherine suspirou. –Warrick e Gil eram muito ligados, sabe? E assim, Grissom tinha perdido duas pessoas fundamentais para ele, e então foi atrás dela.

—Eu não fazia ideia! –DB exclamou abismado.

—Ela não comenta muito isso. Ambos são muito discretos sobre a vida particular. Ele tenta controlar suas emoções ao máximo, e ela fugia de relacionamentos. –DB sorriu. –Ninguém nem imaginava que os dois pudessem se casar, foi uma surpresa e tanto!

—Hm. –ele hesitou. –Acha que ele voltaria para o laboratório?

—Do jeito que eu conheço o Grissom, só se for um caso extremo.


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