A Saga do Destino livro 1 - A Chave Elemental escrita por Lino Linadoon


Capítulo 6
No brilho abalado do Grande Reino




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Thomas sentiu a luz fraca do sol em seu rosto e cobriu a cabeça, sem querer abrir os olhos.

Tivera uma noite tão boa de sono. Aquele tinha sido um dos melhores sonhos que já tinha tido faz um bom tempo – e o primeiro sonho de verdade depois de algumas semanas de pesadelos esquisitos. Tudo o que queria era voltar para o Grande Reino.

Mas ele sabia que tinha que levantar logo para anotar o sonho antes que os detalhes sumissem, como sempre acontecia de manhã.

Empurrões leves o tiraram de seu torpor sonolento.

— Ah, me deixe dormir um pouco mais, mãe... – Reclamou, se enrolando melhor nas cobertas. – É sábado...

— Ainda me confundindo com sua mãe? – Uma voz conhecida riu e não era a voz doce de dona Marlene.

Thomas abriu os olhos, se virando para ver melhor quem estava ali e empurrando sem querer os travesseiros que lhe serviam de cama.

E lá estava ela, com o collant vermelho e um sorriso no rosto felpudo.

O que ela está fazendo aqui?!, Thomas escorregou. Droga de travesseiros. O que eu estou fazendo aqui?!

A parede o impediu de se mover mais.

Ele ainda estava na toca das toupeiras; Édna ainda estava ali, ao seu lado; e ele ainda estava embolado em cobertores e travesseiros que nem de longe pertenciam ao seu quarto.

— Não pode ser... – Thomas agarrou seu braço, sibilando alto com um beliscão.

— Você está bem? – Édna chamou e sua voz soava tão real quanto na noite passada. – Ainda acha que é um sonho, não é?

Thomas balançou a cabeça, se desvencilhando dos cobertores e agarrando a blusa que havia deixado de lado – era a única coisa sua que tinha para poder abraçar contra o peito, como costumava fazer quando nervoso.

— Eu nem sei o que é real ou não... – Murmurou. Era besteira falar aquilo para a toupeira. Ele se lembrava da noite passada, de quando tentou abrir a porta trancada. – Como isso é possível?

— Porque é real. – Édna revirou os olhos.

— Magia não é real! – Seu lado racional não iria se deixar abater tão rápido.

— Só no seu mundo então! – Édna retrucou, seu sotaque mais forte dessa vez. – Eu entendo que seja estranho para você. Mas é tudo verdade. – Ela falava lentamente, como se Thomas fosse uma criança, o que era um pouco irritante. – Eu sou real, isso tudo é real, e você está aqui, no Grande Reino.

Thomas continuou quieto, sem saber se queria falar alguma coisa, já que o que queria sair de sua garganta era um grito, e um grito bem alto.

Édna suspirou.

— Thomas, eu sei que é cedo, mas temos que ir. – Ela se aproximou, puxando os cobertores com os braços felpudos. Thomas se encolheu. – Se lembra da carta que Êkila mandou?

O garoto assentiu, vestindo a blusa. Ele podia ouvir as outras toupeiras pela toca, se preparando para ir embora. Por algum motivo, saber que iria sair daquele lugar apertado em baixo da terra era um estranho alivio, mas pensar em voltar para uma floresta em que Árvores Assombradas rondavam não era.

Não queria mais ficar naquele lugar, mesmo que a ideia de conhecer uma rainha de verdade soasse interessante. Aliás...

— A rainha pode dizer se eu sou esse guerreiro ou não? – Tinha pensado nisso só agora. Êkila era a rainha, além de ser casada com um mago, com certeza ela teria mais informações.

— Acho que sim. – Édna murmurou, mas Thomas conseguia ver que ela não tinha certeza. – Olha, eu já disse antes e repito: se você não for quem a gente procura, eu te levo de volta para casa. Mas, se for... – Hesitou por um momento. – Você vai ter que ficar e nos ajudar.

— Eu vou ficar quando entender o que é real e o que não é!

Aquilo saiu mais ríspido do que ele queria esperava, mas não deu para segurar. Estava confuso e, pior ainda, com medo. Medo do que? Ele não tinha certeza.

Édna respirou fundo pelo focinho levemente pontudo, daquele jeito que adultos fazem quando perdem a paciência.

— Claro... – Ela disse simplesmente. – Venha.

Thomas obedeceu sem uma palavra. Ele seguiu a toupeira por outro corredor, passando por quatro portas de madeira, cada uma com placas com símbolos similares ao do livro dos poemas. Novamente Thomas se perguntou como eles tinham aprendido a falar português tão bem. A teoria de que tudo aquilo era um sonho não podia ajuda-lo dessa vez.

Do lado das portas havia uma escadaria pequena e curta –  bem difícil de descer com pés humanos – que levava a um novo cubículo. Lá dentro, uma máquina estava estacionada. Era uma coisa estranha, com três rodas e sem lugar aparente para um motor, além de ser grande demais para toupeira – Thomas poderia pilotar aquilo sem problema, mesmo sendo um rapaz pequeno. Amarrado logo atrás do estranho “triciclo” estava um tipo de carroça.

— Vamos descer. – Markús disse, apontando para uma abertura em uma das paredes da saleta, que se abria para um pequeno córrego subterrâneo. – Você, meu jovem, terá que seguir por outro caminho até a superfície. Não se preocupe, vamos esperar por você.

— Ok...

— Nos encontramos no pé do Monte Glorioso. – O Transfigurador mais velho disse, antes de se jogar no córrego como uma criança numa piscina.

Tudo aconteceu tão de repente que Thomas quase nem viu.

No meio do pulo, a forma de Markús mudou, ficando mais alongada e magra, antes de sumir dentro da água. Em seguida Zakuê o imitou e quando apareceu de novo ele era algo completamente diferente; um animal grande e gordo que Thomas não conseguia identificar. Nôa e Magdalenâ, continuaram como toupeiras, subindo nas costas de Zakuê.

Thomas imaginava como era sentir seu corpo mudando assim de repente.

— Então eu vou na frente. – Skuit disse com um sorriso em seu rostinho de toupeira. – Só pra tirar o triciclo, daí vocês seguem logo atrás, ok? Édna, pode abrir a porta pra mim?

Édna saltitou até a alavanca do lado do triciclo e a puxou. Com um som que fez o teto tremer levemente, a parede atrás do triciclo começou a se mover, como uma garagem automática. Por algum motivo pensar nas engrenagens por trás daquele portão-parede era quase reconfortante para Thomas.

— A gente se vê lá em cima! – Skuit ligou o triciclo, que era mais silencioso que a parede móvel, e subiu por uma caverna do outro lado da abertura. Thomas segurou a vontade de rir ao ver a toupeirinha agarrando o guidão da máquina.

— Vamos? – Édna perguntou, já do outro lado do portal, esperando pelo garoto.

Uma luz brilhava no fim do corredor de pedra, quente e aconchegante. Thomas se lembrava bem da escuridão da Floresta Gloriosa na noite anterior – ele tentou não pensar nas Árvores Assombradas. Mas florestas normalmente eram bem diferentes dependendo do horário.

— Vamos.

Ele seguiu Édna, a luz ficando cada vez mais brilhante e mais próxima.

Os raios de sol passavam por entre as moitas e árvores que estavam ali para esconder a entrada para a Base. Thomas não era claustrofóbico, mas sair para o ar livre depois de passar aquela noite em baixo da terra, o encheu com muito mais alívio do que ele esperava.

— Aí estão vocês. – Skuit disse, ainda sentado em seu triciclo. Mas ele não era mais uma toupeira. Era um rapaz rechonchudo e com pele de um marrom pálido, como se precisasse pegar um pouco mais de sol, principalmente em sua cabeça raspada.

Era estranho ouvir a voz do Transfigurador sair da boca de um humano.

— Suba aí, Thomas. Vamos para Maêrua Êkra. – Skuit chamou, apontando para a carroça atrás do triciclo.

— Para onde fica isso? – Pensar em se afastar mais do portal pelo qual tinha passado era um tanto perturbador.

— Para além do Vale do Norte. – Édna, que também tinha voltado à sua forma humana em algum momento, pulou na carroça e Thomas a imitou. Ele sabia que não ia se acostumar com aquelas súbitas mudanças de forma muito cedo. – Mas antes de descermos o monte, vamos até o precipício. Quero mostrar uma coisa para Thomas.

Ouvir a palavra precipício com o humor ainda meio frio de Édna fez a barriga de Thomas girar um pouco.

— Tudo bem. – Skuit disse simplesmente, ligando seu triciclo e lentamente passando pelas árvores. Como ele fazia aquilo sem bater era impossível de entender. Mas aquilo não importava para Thomas no momento.

A Floresta Gloriosa fazia jus ao nome, pelo menos de dia. A luz fraca do sol passava por entre as folhas das árvores, iluminando moitas de cores diferentes e inesperadas; algumas moitas tinham folhas e ramos vermelhos, outras eram totalmente douradas, algumas tinham flores azuis com espinhos escuros. Era como se um arco-íris tivesse sido plantado no chão.

Thomas suspirou, deixando a tensão rolar de seus ombros. O lugar era quase poético, era uma pena ele não ser muito bom com palavras.

Mas San Iak se daria muito bem num lugar como aquele. Talvez.

— É bonito, não é? – Édna perguntou.

— É... – Thomas assentiu, feliz ao ver a garota sorrindo de novo.

— Espere até chegar ao precipício! – Skuit falou, mantendo os olhos no caminho, desviando das árvores e das rochas com habilidade; o que balançava a carroça com violência vez ou outra. Era a única coisa interrompendo a calma e a beleza do passeio... – E... Estamos fora!

A luz da manhã se tornou mais forte e eles saíram da floresta, chegando ao caminho de pedras claras. E então o triciclo virou e parou..

Thomas respirou fundo e se algum dos Transfiguradores tinha dito alguma coisa, ele não ouviu. Pela primeira vez, ele estava vendo o Grande Reino.

Thomas desceu da carroça, se aproximando do precipício para ver melhor. Montanhas azuladas rasgavam o céu claro da manhã, cercando a maior parte do que se via do horizonte e o impedindo de ver o que havia do outro lado. O sol que subia aos poucos, afugentando os últimos resquícios da noite, dava ainda mais cores ao Grande Reino. Parecia uma pintura, não parecia ser real.

Um vale verde se estendia para longe, até tocar o pé das montanhas, entrecortado por rios e córregos que sumiam dentro de florestas grandes e densas; cidades se amontoavam entre os córregos, além de um castelo, que mais parecia ser parte da montanha cinzenta.

Para um lado, uma floresta de folhas escuras se estendia até o horizonte. E para o outro, mais montanhas, além de outras coisas inesperadas.

Como um segundo castelo, brilhante como cristal e que, por algum motivo, parecia estar coberto por uma redoma de vidro. Para além do castelo, havia uma árvore, grandiosa e de um tamanho aterrador, possivelmente maior que um arranha-céu.

Thomas se lembrou de algumas frases da chamada Adaìla...

Entre campos esverdeados, enrolado em rios prateados, surge aquele Reino, como um vestido adornado surrealmente com fio dourado...

Era uma visão belíssima. E também estranhamente aconchegante – o mesmo aconchego que um lar tem.

— Thomas? – Édna chamou, fazendo o garoto se lembrar de que não estava sozinho. E que havia se aproximado perigosamente do precipício sem notar. Ele deu alguns passos para trás. – Você está bem?

— Sim. – Ele assentiu, sendo honesto. – Estou muito bem... É um problema?

Ele não tinha certeza do que queria dizer, mas nem Édna, nem Skuit responderam, e ele agradeceu por isso.

— Aqui. – Thomas se virou para a garota, vendo em sua mão, a pedra de Maes brilhando na luz do sol.

— Por que...?

— Talvez isso possa te ajudar. – Édna sorriu. – Pareceu ajudar um pouco antes...

Thomas se lembrava de quando tinha visto a pedra pela primeira vez, em seu quarto. O cristal brilhava intensamente e de algum modo pareceu sugar toda a tensão que ele sentia como se fosse uma esponja.

Mas agora ele não se sentia preocupado ou tenso.

De qualquer modo, ele aceitou a Pedra de Maes, colocando-a em seu pescoço. Era levemente pesada e ele não estava acostumado com colares ou coisa do tipo, mas não era desconfortável. O cristal era quente.

— Para além do Vale do Norte está o Maêrua Êkra, ou... Círculo Dourado, na sua língua... – Édna explicou. – Vai demorar algumas horas para chegarmos lá. Por isso saímos tão cedo.

— Então vamos indo. – Skuit disse. – Os outros devem estar esperando lá em baixo.

Thomas e Édna subiram na carroça mais uma vez e eles seguiram pelo caminho de pedras claras, descendo o monte. Embora árvores e mais árvores enfeitassem o topo, o resto do Monte Glorioso ficava mais e mais limpo à medida que chegava ao vale. Um córrego cercava o pé do monte, com uma ponte pequena de pedras ligando as duas margens – não parecia ser fundo, mas a água corria rápida – e, esperando em uma das margens, estava o resto da família de Transfiguradores.

— Aí estão vocês! – Magdalenâ bufou. – Porque a demora?

Thomas tentou examinar os Transfiguradores de modo discreto, notando que suas formas animais pareciam imitar algumas características da forma humana.

Magdalenâ era idêntica à irmã, embora talvez um pouco mais cheia e com olhos castanhos escuros como a noite; Nôa era parecido com as irmãs, mas sua pele era de um marrom mais escuro, com o cabelo negro cortado num estilo “tigela”. Zakuê tinha a pele mais clara, assim como o irmão, e o mesmo topete desarrumado de sua outra forma.

Markús parecia ser tão velho quanto sua voz mostrava, não tinha quase nada de cabelo e o pouco que ainda estava ali era branco-prateado, que combinava com sua pele clara, incrivelmente pálida.

Por um instante Thomas tinha pensado que Transfiguradores fossem apenas pessoas de pele mais escura, mas pelo jeito não.

— Não importa. Vamos seguindo. – O velho Transfigurador disse. – Subam todos.

Eles voltaram à sua forma de toupeira e subiram na carroça, sabendo que não ia caber todo mundo em forma humana. E Skuit continuou pelo caminho de pedras que se estendia para dentro do vale.

Tudo era verde até onde a vista alcançava, com casas espalhadas cá e lá ao longe. A maior parte do vale era plana, mas não muito longe do pé do Monte Glorioso, pequenas colinas se erguiam, como dunas verdes; o córrego que corria por ali se esticava para longe e, ao segui-lo com os olhos, era possível ver o castelo dourado, com muros grandes e um portão largo, o mantendo protegido.

Thomas se perguntou quanto tempo demorariam para chegar até o castelo, mas não dava para ser desgostoso com um passeio por aquele lugar; sem contar que, com o triciclo de Skuit, a viagem devia ser mais rápida do que ele esperava. Zakuê começou uma conversa a um ponto, mas na sua língua nativa, deixando Thomas na escuridão.

O céu estava ficando mais azul, o vento soprava suave e de vez em quando pássaros voavam acima deles – se é que eram pássaros, já que alguns vultos pareciam grandes demais. Thomas não conseguiu deixar de imaginar que outras criaturas mágicas existiam naquele mundo. Talvez dragões?

Tudo estava calmo, o que parecia um pouco estranho. Édna tinha dito que o Grande Reino estava tendo problemas com Adraúde, mas tudo parecia estar na mais perfeita paz.

Depois de um tempo, eles chegaram perto das colinas e Thomas teve a chance de ver melhor o que havia ali. Entre as colinas se erguiam casas de madeira, mas a maior parte das estruturas que enfeitavam as colinas eram estátuas de pedra, que pareciam representar tanto pessoas quanto animais. As portas e as janelas estavam fechadas e tudo estava silencioso.

— Aconteceu alguma coisa aqui? – Thomas perguntou.

— Essa é Muraútat Él’lók, lar de nosso clã de Transfiguradores. – Markús disse. – Todos se mudaram temporariamente para outras cidades em busca de proteção. Durante tempos como esse, não é bom viver entre colinas isoladas e ao ar livre.

Julgando pelo tom de voz, ele não tinha mais o que dizer, então Thomas também se calou. Ele notou quando Nôa apertou a pata de Édna a seu lado, mas não comentou sobre aquilo.

Eles haviam chegado à metade do Vale. Era um caminho longo, mas não tão longo quanto o garoto esperava. Os muros do castelo já estavam próximos, era só atravessar uma ponte acima do córrego que cintilava ao sol e eles chegariam ao portão fechado. Fumaça vinha de algum lugar para além dos muros e dava para ver o topo de casas altas e estreitas.

Thomas se lembrava que Édna tinha mencionado que demorariam horas para chegar ali, mas ele sentiu como se só tivesse sido alguns minutos. Talvez o tempo passasse diferente para ele, ou talvez ele só tivesse apreciado demais a viagem para notar.

Quando Skuit parou na frente dos portões, Thomas notou que o sol estava mais alto e sua barriga já estava se sentindo vazia demais. Ninguém ali tinha comido antes de sair, então não era uma surpresa.

Skuit bateu no portão e um buraco retangular foi aberto revelando um par de olhos do outro lado. A pessoa falou alguma coisa e o mais velho dos Transfiguradores respondeu. A abertura se fechou e os portões foram abertos.

Thomas tentou não arregalar os olhos ao ver a cidade do outro lado, mas sentiu que não teve sucesso.

Era como entrar em um filme.

Casas de madeira e pedra clara se erguiam uma após a outra, abrindo um caminho largo que levava até uma praça circular no centro da cidade, assim como faziam as várias pequenas ruelas. Havia poucas pessoas ao redor e as portas e janelas das casas estavam bem fechadas, com algumas poucas exceções.

Era como se os moradores tivessem medo de sair.

Skuit pulou de seu triciclo e Markús fez o mesmo, tomando sua forma humana. Ele disse alguma coisa para seu neto e fez sinal para que os demais o seguissem.

Com os Transfiguradores em forma humana, Thomas atravessou a cidade, recebendo olhares interessados, além de sorrisos e acenos de vez em quando; os Transfiguradores responderam os gestos. O Grande Reino não parecia ser o tipo de lugar em que todo mundo se conhecia, mas ainda assim, era como se todos fossem familiares com pelo menos um dos integrantes da família.

Mas a maior parte dos olhares era de surpresa e confusão, sendo direcionados principalmente ao garoto ruivo. Ou pelo menos era o que Thomas sentia. Ele tentou os ignorar.

Ao fim da vila estava outro córrego, cortado por uma ponte de pedra e madeira, que levava à margem frente às portas do castelo.

Eles pararam a alguns centímetros da entrada. O castelo era enorme, esculpido na pedra do monte como se tivesse nascido dele, com janelas enfeitadas com ouro e prata. As grandes portas de madeira escura se erguiam silenciosamente frente à Thomas, bem trancadas e ladeadas por dois soldados.

Os soldados usavam armaduras de aparência medieval e Thomas tentou não encarar muito.

As portas se abriram e a pessoa do outro lado sorriu levemente. Era um homem pálido, alto e magro como uma vareta, que parecia extremamente cansado.

Ele falou na língua do Grande Reino e, mesmo com o sorriso, sua voz era tão sem vida quanto seu rosto. Ele deu alguns passos para trás, abrindo espaço.

É um castelo de verdade..., Não existiam castelos onde ele vivia e Thomas não conseguia segurar a animação infantil que vibrava dentro dele enquanto passava pelas portas.

O salão de entrada era mais do que Thomas esperava ver. Era grandioso. O chão era coberto por um tapete vermelho com detalhes dourados, subindo pelas duas escadarias no fim do salão que levavam para o segundo andar, ladeando duas grandes portas entalhadas no primeiro andar. Lustres grandes enfeitavam o teto e candelabros brilhavam nas paredes.

Com um som alto, as portas ao pé das escadas se abriram e alguém atravessou o salão com passos rápidos.

— Ah, ét’nem’lânifê!

Era uma mulher, coberta por um vestido azul escuro, que deixava à mostra apenas suas mãos e sua cabeça. Sua pele era de um marrom caramelo e seus cabelos curtos eram brancos como uma folha de papel.

Ela examinou o grupo em silencio com olhos potentes, vermelhos como sangue. E havia tanta força naquele olhar, que Thomas se sentiu encolhendo no lugar.

Mas assim que ela voltou sua atenção para o humano, seu rosto se abriu em um sorriso, mostrando rugas de idade.

— Então aqui está ele! – A mulher abriu os braços, como se esperasse um abraço. Ela se aproximou até parar perto dos degraus, unindo as mãos frente ao corpo. – Eis o jovem guerreiro!

Jovem guerreiro.

Um empurrão fez Thomas dar um passo à frente. Ele deu uma olhada por cima do ombro, mas já sabia que tinha sido Édna.

A mulher se curvou levemente e Thomas a imitou, tentando demonstrar decoro – ele não tinha certeza se tinha feito um bom trabalho.

— Eu sou Êkila, rainha do Grande Reino. É um prazer conhecê-lo.

— Prazer... Vossa Majestade... – Thomas murmurou sem jeito. Era estranho ver uma rainha sem coroa. Tudo o que ela tinha era um chapéu pequeno e enfeitado.

— Por favor, pode me chamar de Êkila apenas. – Ela disse. – Porém, ainda não sei o seu nome...

— Thomas...! – Ele tentou não gaguejar. Estava frente à realeza, não era hora de passar vergonha.

— Pois seja bem-vindo, guerreiro Thomas! O Grande Reino o recebe de braços abertos. – E Êkila enfim se voltou para a família de Transfiguradores. Thomas respirou fundo, se sentindo mais confortável longe daquele olhar perfurante.

A rainha se demorou com o Transfigurador mais velho, conversando em sussurros na língua deles. A conversa era claramente bem séria e tensa. Até que Êkila se virou para Thomas mais uma vez, um sorriso em seu rosto. Thomas passou a mão pelo pescoço, desconfortável, descendo os dedos pelo fio do colar e os enrolando em volta da pedra que ele tinha esquecido de estar usando. Por um momento, ele se sentiu um pouco mais calmo.

— Podemos conversar durante o café da manhã, se desejarem. – Êkila disse, fazendo sinal para o mordomo que ainda estava ao lado da porta.

Thomas seguiu a rainha e seu mordomo por um dos corredores do castelo, sem poder segurar um sorriso ao examinar as paredes. Era exatamente o que ele esperava de um castelo. Havia portas por todos os lados, escondendo salões desconhecidos, além de enfeites e quadros pendurados nas paredes, mostrando pessoas de ar nobre – possivelmente antigos integrantes da família real.

Eles seguiram até um salão com grandes janelas trancadas, mas cujas cortinas abertas deixavam entrar a luz do sol, iluminando a grande mesa no centro do salão.

Êkila se sentou perto à direita do grande assento no fim da mesa, que devia pertencer ao rei, enquanto Markús se sentou à esquerda. Ambos fizeram sinal para que Thomas sentasse ao lado do Transfigurador e ele obedeceu.

Sentar tão perto da cadeira do rei... Quanta honra! Tanto que fazia sua barriga revirar. Aquele não era o tipo de lugar a que ele pertencia, Thomas vinha de casas e lares pequenos, ele não era um rapaz de salões grandiosos e enfeites pomposos.

Ele se ajeitou na cadeira enquanto servos traziam o que devia ser o café da manhã, mas que ele chamaria mais de uma “ceia completa”.

— Muito bem, jovem Thomas. – Êkila disse após tomar um gole de um drinque azul e estranho. – Markús me disse que... Que quando Édna o encontrou, você disse não ser o guerreiro... – Ela parou por um momento e Thomas quis se jogar em baixo da mesa. – E também que você não sabe de nada sobre os poemas a seu respeito.

— É tudo verdade... – Ele disse simplesmente.

O uso do plural “poemas” era inquietante. Ele conhecia apenas um poema, mas agora se perguntava quanto mais San Iak tinha escrito sobre ele.

— Entendo. – Êkila hesitou novamente, pelo jeito pensando melhor no que dizer. – Então acredito que seria bom se explicássemos tudo o que precisa saber sobre o Grande Reino e Adraúde, é claro.

Thomas desviou a atenção da comida que ainda não tinha tocado – e que nem se lembrava de ter colocado no prato – e se voltou para a mulher, interessado. Êkila limpou a garganta.

— Há mais de três mil anos, o Grande Reino é regido por meu marido Kìre. Ele sempre reinou com sabedoria e justiça, assim como todos da linhagem de Magús. – Thomas ainda estava processando a idade do rei quando Êkila continuou. – E assim como qualquer outro rei, nós possuímos um governante. Bem, uma governante... A primeira Magús metade máquina...

— Um ciborgue? – Thomas não conseguiu segurar. Um ciborgue naquele reino tão pouco tecnológico era estranho, mas interessante. A mesa ficou em silêncio. Thomas sentiu seu rosto esquentar. – Desculpe.

Êkila sorriu levemente, mas dava para ver que estava incomodada com a interrupção. Ela pigarreou mais uma vez. Thomas se manteve calado.

— Adraúde subiu ao cargo há alguns anos, mesmo sendo nova, porque demonstrou merecer o posto. O papel do governador é reger o reino nos momentos em que o casal real se encontra indisponível, por vários motivos. É também o governador quem se torna o próximo rei caso não haja herdeiros. – Êkila parou por um segundo. – Entenda, ela nem sempre foi como é agora. Nunca teria sido aceita como governadora se esse fosse o caso. Adraúde foi sempre uma pessoa boa, muito boa... Mas ela mudou. Adraúde começou a cobiçar, e muito, o trono... E então Kìre partiu...

— Para onde? – Thomas perguntou após a rainha parar de falar.

— Saiu a negócios para além do Vasto Oceano.

O garoto pulou na cadeira. A voz era nova, vindo de outro lugar.

— Ah, enfim decidiu se juntar a nós! – Êkila disse de modo estranho, se virando em seu assento.

Um homem entrou por uma das grandes portas do salão. Era careca, de pele morena levemente avermelhada e usava roupas extravagantes que ainda assim não dissipavam o tom sério e maduro de seus olhos, escondido atrás de pequenos óculos redondos.

— Eis aqui o guerreiro. – Ele se aproximou da mesa, se curvando levemente antes de sentar na cadeira vazia ao lado de Êkila. – É um prazer. Sou Ônuréb, escriba real e irmão de Êkila. – Ele apertou o ombro da irmã que assentiu para ele. – Como eu dizia... Kìre saiu para as ilhas do Vasto Oceano, cuidando de nossas relações e negócios. Ele disse que voltaria em poucas semanas. E voltou. Porém, logo depois que seu navio foi avistado chegando às praias de Ângâm Múlta, ele simplesmente desapareceu. Onde ele está? Gostaríamos de saber, mas não temos pista alguma.

Thomas se lembrou do que tinha ouvido na noite anterior.

— E Adraúde, você pergunta? – Êkila voltou a contar. – Ela adorou isso, eu posso afirmar! Já que meu marido não pode reinar ela tomou seu lugar, como fizera várias vezes, porém dessa vez ela está tentando tomar o cargo definitivamente. Kìre possui apenas nove dias para retornar a tempo...

Thomas pensou sobre aquilo. Era um resumo bem simples do que estava acontecendo e ele agradecia pela informação, pelo menos agora ele entendia melhor as coisas. Mas uma coisa tinha o deixado intrigado.

— Mas... A senhora não pode tomar o lugar dele?

— Posso. – Êkila disse, seus olhos escurecendo. – Mas eu sei do que Adraúde é capaz. Mesmo se eu tomar o trono, como é meu direito, ela não vai parar.

Thomas assentiu, fazia sentido.

— Mas também não há um herdeiro? – Ele disse, só para notar o que a falta de um herdeiro poderia significar. Êkila não respondeu, nem Ônuréb. E Thomas quis se chutar ao pensar no que tinha trazido à tona. – Pra ajudar, sabe...! Tipo, lutar com ela...

Ele se calou, decidindo que não queria mais fazer nenhuma besteira.

— Não sabemos onde Adraúde está. – Markús quebrou o silêncio. – Esse é um grande problema. Ela vem e vai. Nunca conseguimos pegá-la. Só podemos nos defender. – Ele suspirou. – No momento ela está desaparecida, assim como nosso rei.

Thomas ligou os pontos.

— Com licença... – A voz tímida de Édna o impediu de falar. – Vocês acham que... Ela fez alguma coisa com o rei?

— Esperamos que não. – Foi Ônuréb quem respondeu. – Mas não duvidamos de nada. Aquela mulher é capaz de tudo para conseguir o que deseja. – Ele suspirou, limpando a lente dos óculos. – Sabemos bem disso...

Thomas afundou na cadeira, seu estômago estava embrulhado de um modo que não dava para distinguir se era desconforto ou fome – ele se obrigou a tentar mordiscar algo. Mas, se tinha uma coisa da qual tinha certeza, era da tristeza e revolta dentro dele.

Cada vez que ele ouvia o nome de Adraúde, ele se lembrava de tiranos que já fizeram e fazem parte de seu mundo. E se alguém o lembrava de uma dessas pessoas, aquilo não era um bom sinal.

— Mas o que ela já fez de mal? – Perguntou, deslizando a mão pela pedra azul-arroxeada em seu pescoço.

— Perseguição, tortura, aprisionamento injusto, penas de morte... – Markús disse. Thomas se arrepiou com os exemplos. – Tudo causado por seu desejo por poder total. – Ele suspirou. – Sua busca por controle abala o Grande Reino, abala sua força e seu brilho... E é por isso que você está aqui.

O embrulho em seu estômago deu um duplo twist.

— Então ela simplesmente quer poder sobre tudo e todos no Grande Reino? – Perguntou, tentando ignorar os olhares dos Transfiguradores.

— Sim, possivelmente. – Êkila finalmente voltou a falar, apertando as mãos uma contra a outra. – Embora seja possível que ela queira controlar mais do que o Grande Reino. – E sua expressão ficou tão séria que Thomas sentiu um arrepio descer por suas costas. – Tememos que ela tente levar sua cobiça para outros mundos. Como o seu.

Thomas demorou um tempo para processar aquilo.

— Meu mundo...? – Ele processou aquilo. Thomas já sabia de um portal para seu mundo, se Adraúde passasse por ele... Com magia ao seu lado, ela seria invencível num mundo sem magia. Algo clicou na mente de Thomas. – Espera... Outros mundos?

— Esse não é um caso isolado, meu jovem. – Ônuréb esclareceu. – Existem milhares de mundos além daquele que você conhece.

— Adraúde, como qualquer governador, sabe sobre os portais, e onde se localizam. Tudo o que ela não sabe é como abri-los. – Markús completou. – Se Adraúde procura abrir os portais, todos os mundos estão em perigo caso ela não seja detida a tempo.

A realização caiu sobre Thomas com mais força que uma pedra, e ele não sabia se teria força para empurrá-la para longe antes que o esmagasse.

Ele não tinha sido escolhido só para ajudar aquele reino e aquele mundo que tinha acabado de conhecer, mas também para ajudar outros mundos que ele jamais vira e que nunca, em sua vida inteira, soube que existiam.

Era uma grande responsabilidade. Muito grande.

Como eu vou fazer isso? E se eu conseguir de algum modo? Mas e se não conseguir? E se pessoas sofrerem por causa disso? E se meus amigos e minha família sofrerem por causa disso?! , Thomas sentiu como se sua cabeça fosse explodir. Eu nem escolhi fazer parte disso tudo...

Mas foi escolhido...

Thomas sentiu um arrepio correr por sua espinha e seus dedos encontraram a pedra de Maes.

Foi quando ele notou que algo não estava certo. O ar no salão ficou tenso, silencioso, quase sombrio; como se uma presença obscura e fria tivesse tomado conta do lugar. A pedra de Maes continuava quente em seu peito, afastando o frio.

Em um movimento rápido, a rainha, seu irmão e o velho Transfigurador estavam de pé, encarando as enormes janelas.

— Venham conosco! – Êkila exclamou com tanta urgência, que Thomas sentiu que sua voz tinha o puxado de pé.

Junto com os Transfiguradores, ele seguiu a rainha pelo mesmo corredor pelo qual vieram, retornando ao salão de entrada. O lugar estava tão frio quanto o outro salão.

Ônuréb os guiou para perto das escadas, se ajoelhando perto da parede onde o tapete acabava e tateando o chão. Thomas se apressou a ajudar, mesmo sem saber o que ele procurava. Seu dedo tocou uma parte solta da pedra. Junto com Ônuréb, ele puxou a pedra, revelando um buraco.

— Desçam rápido, todos vocês! – Êkila ordenou. – Sigam em frente e chegarão à Floresta de Sir’benét, precisam encontrar o ferreiro Ôkirba...

Thomas se virou para as portas fechadas ao ouvir um barulho alto, mas estranhamente abafado.

— Ela está aqui. – Ônuréb murmurou, tenso.

Thomas nem notou quando deslizou para o buraco, tocando o chão de pedra.

— Vovô...

— Vão em frente. – Markús entregou um embrulho pequeno para Édna, falando algo em sua língua nativa.

E então a abertura foi fechada, deixando o humano e os Transfiguradores no escuro. A pedra de Maes oferecia uma luz suave e lilás, mas nada mais que isso.

Os três adultos pareciam ser mágicos e poderosos o bastante para lutar contra qualquer inimigo, mas Thomas se preocupava, afinal, não sabia quão poderosa era Adraúde.

Houve silêncio.

Thomas tentou empurrar um pouco o alçapão, só para dar uma espiada, mas alguma coisa áspera o fez congelar. Era um dos Transfiguradores, de volta a uma forma animal, o puxando para impedir que abrisse o buraco. Thomas ficou parado, ouvindo e tentando segurar um exclamar de frustração.

O som das enormes portas de madeira se abrindo e fechando ecoou pelo salão, fazendo tudo tremer. O som de passos pesados e decididos veio logo em seguida. Ele podia ouvir metal.

Uma voz feminina, mas grave, acompanhou os passos. Thomas prendeu a respiração, ele sabia que não ia esquecer aquela voz muito cedo, embora não entendesse uma só palavra. Era Adraúde.

Êkila soltou uma pergunta e a tensão era quase palpável em suas palavras.

Adraúde riu, mas manteve a voz séria.

Mas Thomas não estava gostando de não entender o que estava acontecendo.

— O que...? – Ele sussurrou, mas foi interrompido.

— Ônuréb está afirmando que ainda faltam nove dias... – A voz de Édna disse assim que o escriba se calou. E quando Adraúde voltou a falar, Édna traduziu novamente. – Ela está dizendo que... Talvez o rei esteja morto...

Thomas balançou a cabeça, ele podia precisar da ajuda da Transfiguradora para entender, mas ele conseguia ouvir o veneno na voz de Adraúde sem auxilio algum.

— Markús... Está falando de você... – Thomas congelou ao ouvir aquilo. – E agora...

— Eu sei... – Ele interrompeu. Não precisava entender, ele conhecia o som de “deboche” vindo de Adraúde.

Thomas queria levantar o alçapão e encontrar aquela mulher cara a cara, mas não conseguia achar forças para fazer tal coisa. E só então notou que estava segurando a respiração, sentindo como se Adraúde pudesse ouvir cada som que fizesse.

Adraúde continuou falando e Thomas esperou por uma resposta. Mas um silêncio pairou entre o grupo escondido e as pessoas acima. Era ainda pior do que antes.

— Édna...? O que ela falou?

— Ela quer... A Chave Elemental... – Édna murmurou.

— O que é...?

E, de repente, o escuro foi rasgado por uma luz potente, atravessando a fresta entre o chão e a pedra solta. Thomas segurou um exclamar surpreso, fechando os olhos com força. Um vento forte quase impediu que ele ouvisse os gritos de Adraúde. Ela continuou gritando e foi possível ouvir a voz de Ônuréb – Thomas não sabia se o homem estava com os dentes cerrados ou se havia uma mão agarrando sua garganta.

Sussurros estranhos dançaram pelo ar, se aproximando e depois sumindo ao longe, junto com passos lentos.

Passos pesados ecoaram pelo salão, possivelmente de Adraúde.

— O que...?

— Vovô e Êkila se transportaram. – Édna disse simplesmente, puxando Thomas pelo casaco. – Temos que ir.

Thomas ainda tinha muitas perguntas sobre o que tinha acontecido ali, mas decidiu que não era hora de mencioná-las.

Um baque surdo, vindo de cima, o surpreendeu.

— Ouviram isso?

— Ignore. – Magdalenâ sibilou. – Se não sairmos daqui agora, ela pode nos encontrar. Então ande logo.

Thomas obedeceu, seguindo os Transfiguradores pelo caminho estreito.

— Thomas? – Era Édna. – Você consegue acender a pedra de Maes como daquela vez?

Ele nem sabia como tinha feito aquilo, mas segurou a pedra com delicadeza em sua mão, como se fosse uma lanterna. Um calor aconchegante subiu por seu braço, fazendo sumir o frio e a tensão de antes, e a pedra começou a brilhar.

Eles estavam em um corredor soterrado, como se uma casa tivesse sido enterrada embaixo do castelo. Com a luz do cristal, Thomas podia ver melhor as paredes de pedra, assim como os Transfiguradores, todos em forma de toupeira.

— Muito bem... Nós não precisamos de luz, mas talvez você precise.

— Obrigado...

Eles seguiram pelo caminho estreito, em silêncio. Dava para ouvir o arrastar de seus pés nas pedras.

Thomas aproveitou para pensar enquanto andava. E se ele tivesse saído pelo alçapão enquanto Adraúde ainda estava lá? Ele não teria muitas chances. Ele nem sequer brincava de briga com seus primos porque não era forte o bastante.

Ele apertou a pedra, tentando não pensar no que aquela mulher poderia ter feito com ele.


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Notas finais do capítulo

Curiosidade:
Quando eu visualizei o Grande Reino eu o vi como se fosse feito para um filme do Estúdio Ghibli. Musicas de Joe Hisaishi (como dos filmes A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado e Meu Amigo Totoro) fazem parte de um playlist que me ajuda a escrever de vez em quando.



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