Desde que acordara, Ryan se sentia preso em meio a uma névoa. Imagens tenebrosas vagavam pela sua mente, inclusive a da coruja, que devia tê-lo trazido até ali, sendo estraçalhada por um ser invisível. Percebia seu corpo tremer, o suor escorrer, sentia a dor dos machucados de uma queda que sequer se lembrava, da fome e da sede, e as pernas o levando adiante com uma confiança que não era dele.

Ao redor apenas o silêncio e a escuridão. Apesar do tempo passar, não sabia dizer quanto, nenhuma luz parecia querer surgir para iluminar onde quer que estivesse. Medo e terror.

As emoções que ameaçavam engolfa-lo. Como que de uma aposta chegara aquele ponto? Vagando perdido e contra a vontade na escuridão, sem nenhuma arma e machucado em território desconhecido.

A exaustão o ameaçava a muito tempo quando chegou a uma clareira em meio a penumbra. A única coisa que havia em seu centro era o que restara do tronco de uma árvore decepada e um machado de fio extremamente afiado.

Quando sua mão tocou o cabo sentiu o corpo estremecer, risos implodiram de todos os lados, um barulho alto foi ouvido ao seu redor e o lenhador sentiu a terra atingindo suas pernas. Sem nenhuma decisão de sua parte sentiu os lábios formarem um sorriso de prazer doentio, o coração acelerando descompassado. As mãos se ocuparam de manejar o marchado e as pernas deram longos e rápidos passos para frente. 

A lâmina era girada para todo lado cortando o ar com um assobio, até que finalmente o som claro do baque da lâmina na madeira soou. Ryan ouviu um lamento agudo de alguma coisa e uma risada satisfeita saiu de sua boca. Quem era aquele que o controlava? Questionou em desespero em um pequeno momento de lucides. Será que todos que entravam naquela floresta tinham aquele destino? Se fosse assim, tinha certeza de que não haveria salvação para ele ou para Kael. Constatou antes da exaustão vencê-lo, jogando-o para a inconsciência turbulenta de outro alguém.