A Fada e o Caçador escrita por Sorima


Capítulo 5
O caminho de Kael


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808726/chapter/5

Kael instintivamente pegou o punhal que estava na bota e se colocou em posição de luta. A boca seca e o coração a mil em meio aos risos. Já a coruja continuava o encarando tranquilamente com a cabeça jogada para o lado. Soltou um pio antes de levantar voo para um galho mais adiante e virar a cabeça para olha-lo.

O caçador a seguiu com o olhar, desconfiado. Aos poucos os risos foram diminuindo dando lugar aos sons daquela floresta: grilos, folhas, água, pássaros... A coruja piou novamente o olhando com a cabeça virada de lado. Talvez estivesse enlouquecendo, mas ela parecia apressa-lo com o olhar. Ainda cauteloso o jovem se dirigiu a ela com o punhal em riste. Quando estava na metade do caminho a ave voou para um galho mais a frente antes de encontra-lo novamente com os olhos.

Apertou o passo depois de uma curta hesitação. Que guia inesperada que encontrara. Confie nas luzes, corujas e árvores. Dissera a mulher de seu sonho, Áine. Nunca a vira na vida, mas a decisão que tomara estava firme em seu peito. Talvez tivesse enlouquecido, e isso não importava.

A coruja começava a fazer voos mais longos e Kael começou a correr para acompanhar, saltando sobre pedras e raízes, às vezes escorregando sobre o lodo ou lama. Até que parou deixando que ele se aproximasse, os olhos o vigiando. Parou um pouco ofegante sob uma árvore que tinha o tronco e as raízes retorcidas, estava ao lado do rio e sob seus ramos mais baixos o caçador encontrou um monte de frutas. Seu estomago roncou. Sem parar para pensar ele se ajoelhou e começou a devorar a abençoada refeição, pensava a cada mordida enquanto acabava com a fome.

Ao se sentir saciado foi para a beira do rio e tomou da água, notou ele, cristalina. Limpou as mãos e o rosto antes de finalmente se levantar e olhar para a coruja que o esperava pacientemente.

— E agora? – perguntou guardando novamente o punhal no lugar.

Com as energias renovadas e um objetivo pré-definido seguiu-a agilmente entre as árvores sempre próximos ao rio, que parecia se alargar aos poucos enquanto avançava, onde de vez em quando se servia da água enquanto avançava. Quando já estava com uma largura de alguns metros, e aparentemente mais profundo, a coruja planou para a outra margem e parou ali, piando para chama-lo. Respirando fundo o caçador retirou a lâmina da bota e começou a atravessar o afluente. O solo era mais firme do que esperava, mesmo assim a água chegava em sua cintura.

Já na margem retirou a água das botas e foi atrás da guia que começou a se afastar do rio. A barriga começou a roncar novamente e suas roupas tiveram tempo de secar durante a caminhada. As pernas já estavam bambas quando chegaram na entrada de uma caverna, na qual a coruja entrou sem escrúpulos. Kael foi em seu encalço novamente cauteloso ao adentrar as rochas, andou por alguns metros na penumbra antes de enxergar uma luz azul ao fundo.

Avançou de testa franzida. Algo naquela luz lhe era familiar e o dava o ímpeto para continuar. Até que chegou na ala em que a fonte de luz se originava. Seus olhos se arregalaram, no meio da sala se encontrava um belíssimo arco de uma madeira nobre e joias azuis incrustadas, estas que iluminavam o ambiente, e uma aljava de 24 flechas ao lado.

Admirado, o jovem automaticamente estendeu a mão para toca-lo, estremecendo ao fazê-lo. Sentia o que devia fazer, como se cordas puxassem seu corpo por um caminho sem volta no momento em que ouvia uivos de lobos vindo da entrada da caverna.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!