10 Things I Hate About You escrita por Lady Anna


Capítulo 2
Even Angels Fall


Notas iniciais do capítulo

Olá! Trazendo o primeiro capítulo para vocês♥
Como título de cada capítulo temos uma música da trilha sonora do filme e para esse primeiro eu escolhi Even Angels Fall porque achei que combinava com a vibe do capítulo (depois me digam se concordam!)
Espero que gostem!♥



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“Love me or hate me, both are in my favor.

If you love me, I’ll always be in your heart.

If you hate me, I’ll always be in your mind.”

Shakespeare

Scorpius andava pelos corredores do ministério, um copo de café de isopor com uma carinha feliz em uma das mãos e um saco plástico com donuts na outra. Fazia muito tempo desde a última vez que fora naquele prédio e, mesmo após tanto tempo, todos os olhares ainda se dirigiam a ele enquanto passava. Não conseguia ficar alheio aqueles olhares, afinal, tal atenção o perseguia desde que era criança, mas já se acostumara com aquilo.

Com certeza a desaprovação nos rostos se devia mais ao fato de ser um Malfoy do que por estar com uma jaqueta de couro e um jeans surrado no meio de pessoas com ternos e capas bruxas impecáveis. Sorriu, gostando da atenção. Seria capaz de puxar os cigarros em seu bolso e fumar um ali mesmo, apenas para causar confusão, entretanto, sabia que Rose detestava aquele vício. Assim, se contentou em soprar um beijo para um senhor de cabelos brancos que o olhava com nojo evidente no rosto.

Chegando na ala onde as salas dos aurores ficavam, onde já fora algumas vezes por causa de Albus, Scorpius se aproximou da mesa que antecedia o corredor. Uma garota de cabelos castanhos fortemente amarrados em um coque estava de cabeça baixa, observando alguns papéis, quando ele limpou a garganta, atraindo sua atenção.

— Olá – ele sorriu. – Estou procurando Rose Weasley. Pode me dizer qual a sala dela?

— Poder eu não poderia – ela gracejou. –  Essa é uma ala que exige mais do que apenas um pedido para se ter acesso.

— Vamos lá, você me conhece. Já vim aqui diversas vezes com Albus Potter. – Ele percebeu que estava quase convencendo a garota que não era uma espécie de terrorista do mundo bruxo, então se aproximou mais um pouco. – Olhe, só vim trazer café da manhã para uma amiga. Não vou causar nenhum problema.

Ela pensou por alguns segundos, então suspirou.

— Sala 12B. É melhor não arranjar problemas, Malfoy. Só estou te deixando entrar porque sei que é amigo próximo de Albus.

— Obrigado.

Piscando para ela, Scorpius seguiu adiante, observando as numerações nas portas. Albus trabalhava no ministério desde que se formou em Hogwarts, três anos atrás, como assistente de auror. O Malfoy desconfiava que o Potter fazia aquilo apenas para agradar ao pai, afinal sonhava em viver de música, assim como o restante da banda. Mas, para isso, precisavam conseguir shows em cidades maiores, como aquele em Londres. Scorpius jamais deixaria que Rose impedisse aquele sonho de se tornar realidade.

Encontrando a sala da Weasley, ele bateu com as costas da mão na porta semiaberta. Abriu um sorriso convencido, aquele que sabia que Rose detestava, e se encostou no batente enquanto a ruiva o observava. Desde que conheceu Rose, sempre a considerou muito bonita. Com os volumosos cabelos ruivos envolvendo o rosto e os penetrantes olhos claros, ela era facilmente uma das garotas mais atraentes que ele conhecia. Pena que isso só durava até ela abrir a boca e proferir incontáveis insultos a ele.

— O que você quer aqui, Malfoy? A sala de Albus fica no final do corredor.

Sem ser convidado, ele entrou e se sentou na cadeira de frente a dela. Ali, com o uniforme elegante, a diferença entre ele e Rose era contrastante. Focando sua atenção no rosto da garota, ele esqueceu essas divagações, as mesmas que o levaram a escrever uma música sobre ela no início da banda. Era uma grande ironia que tal música sempre foi a preferida dos fãs e, quando o perguntavam em entrevistas qual foi a inspiração, Scorpius sempre sorria e dizia ser segredo. Nem mesmo os outros integrantes da banda sabiam.

— Não estou procurando Albus. – Diante da confusão da Weasley, explicou: – Trouxe seu café da manhã.

Rose observou confusa o café e os donuts. Quando voltou a olhá-lo, parecia mais desconfiada do que agradecida.

— Existem formas mais criativas de se envenenar um auror, você sabe.

— Por que eu iria querer te envenenar? Quem mais iluminaria meus dias com discussões sem sentido?

Rose revirou os olhos, mas uma sombra de sorriso passou por seus lábios.

— Sem cantadas baratas, Malfoy. Estou ocupada.

Mesmo assim, ela pegou o café e deu um gole. Scorpius ficou satisfeito com isso, mas sua satisfação logo se desmanchou ao ver a expressão de desgosto no rosto dela enquanto jogava o café fora no lixo.

— Cappuccino? Eu só bebo café puro e amargo. – Scorpius suspirou, era óbvio. – O que você quer, Malfoy? Estou ocupada.

— Quero que vá conosco ao show em Londres – foi direto ao ponto. – Sei que você não quer ir e posso te pagar se esse for o caso. Quanto você quer?

Rose o analisou, sem reação, por alguns segundos e, em seguida, soltou uma alta gargalhada. Fazia tempos que Scorpius não a via rir tanto.

— Isso é sério? Não quero seu dinheiro proveniente de uma herança suja. Na verdade, não quero dinheiro nenhum para ir com vocês. Não vou e ponto.

Scorpius poderia discutir com ela, argumentar que já abriu mão de toda a sua herança e a doou para instituições de caridade trouxas e bruxas, mas aquilo não era da conta dela. Estava ali para convencê-la a ir ao show e só isso importava.

— O que você quer para ir, então?

Ela fingiu pensar, com uma mão no rosto.

— Eu quero uma sociedade menos desigual e injusta. Quero que bruxos com motivações preconceituosas não saiam por aí destruindo a vida de trouxas. Só isso, mas acho que você não pode me dar isso.

— Não seja cínica, Rose, estou falando sério.

— Eu também! Estou trabalhando para construir um mundo melhor e você está me atrapalhando. – Rose semicerrou os olhos. – Não vou a esse show e não há nada que você faça que possa me convencer. Feche a porta quando sair.

Scorpius pressionou os lábios, sentindo-se derrotado. Aparentemente, seria mais difícil do que ele imaginou.

***

— Vou sair com Rose – anunciou Scorpius no ensaio daquela tarde.

— Ela já aceitou? – perguntou Albus, prevendo a resposta negativa. – Como você planeja convencê-la a sair com você? Acho que isso será tão difícil quanto convencê-la a ir ao show. Talvez, mais difícil.

— O que ela achou da proposta do dinheiro? – interferiu Alice, com um sorriso.

Scorpius a olhou, carrancudo. Sabia que Alice conhecia a amiga bem o suficiente para ter certeza que ela, além de negar a proposta dele, ainda o criticaria. Voltando sua atenção para Albus, o loiro abriu um sorriso de lado.

— Acho mais fácil convencê-la a ir conosco se conseguir conviver com Rose por mais tempo. Hoje, de manhã, fui no escritório dela e acredito que só não fui expulso de lá porque levei aqueles donuts que eu sabia que vocês comiam quando crianças. – Ele deu de ombros. – Preciso que você e Alice me digam coisas que Rose gosta, para que eu consiga persuadi-la a sair comigo. Depois, quando ela não me tratar como se eu tivesse quebrado seu brinquedo favorito quando criança, eu posso dialogar com ela por tempo o suficiente para mostrar todos os motivos pelos quais ela deveria ir conosco.

— Você realmente quebrou o brinquedo favorito de Rose quando eram pequenos, não? – perguntou Hugo.

— Isso nunca aconteceu. Você deve estar confundindo as coisas, era muito novo para se lembrar.

— Aconteceu sim – corrigiu Lysander. – Acho que foi nesse dia que Rose começou a te detestar.

— Rose é uma garota mimada demais. O Sr. Weasley consertou o brinquedo com magia, mas, mesmo assim, a princesinha Weasley não me desculpou.

— E agora, anos depois, dependemos da sua capacidade de influenciar Rose para fazermos o show mais importante de nossas carreiras – ironizou Albus. – Que maravilha!

— Nenhum de vocês quis tentar – lembrou Scorpius.

— Isso não importa agora. – Alice fez uma careta diante do agudo som que saiu dos equipamentos que estava regulando. – Vou tentar te ajudar no que puder, Scorpius, mas já aviso que não conseguirei fazer muito. Rose dificilmente vai sair com você só porque eu a aconselhei a ir.

— É muito estranho imaginar você saindo com a minha irmã. – Hugo franziu as sobrancelhas. – Vocês não combinam.

— Ou talvez combinem até demais e só não tiveram oportunidade de perceber isso ainda – disse Albus, refletindo. – Por que você não a leva ao cinema para ver um desses filmes trouxas de super-herói que vocês tanto adoram?

— Boa ideia! Rose adora os filmes da Marvel.

Scorpius balançou a cabeça, descrente.

— Merlin, que mal gosto. São só filmes “modinha” que, desde Ultimato, estão caindo de qualidade cada vez mais e as únicas pessoas que não percebem são os próprios.

— Sugiro que você não diga isso para Rose quando for chamá-la para sair – zombou Hugo.

Scorpius puxou um cigarro do bolso, imaginando se aguentaria ver um daqueles filmes intermináveis só para agradá-la.

— Mais o quê?

— Rose detesta cigarros, você sabe. – Albus puxou o cigarro da mão do amigo e colocou na própria boca. – Ela também gosta muito daquele parque perto do ministério. Às vezes, vai lá depois do trabalho para ler.

— Ah! – Alice se aproximou de Albus, dividindo o cigarro com ele. – Ela adora aquela biblioteca em Hogsmeade, vai lá pelo menos duas vezes por semana.

— Mais alguma sugestão?

— Eu sei que ela vai em um concerto de música clássica quinta à noite – acrescentou Hugo. – Só não faço ideia de onde é.

Scorpius assentiu, com tantas oportunidades de encontrá-la, em pelo menos uma delas deveria conseguir trocar mais do que três frases com ela.

***

Scorpius fracassou. Ou quase isso.

Rose Weasley era completamente irritante e agora ele conseguia entender porque nenhum de seus amigos queria tentar convencê-la a ir. Aparentemente, quando a ruiva se decidia de algo, nada a fazia mudar de ideia. Garota impossível.

Foi difícil convencê-la a ir ao cinema com ele e, nesse momento, o Malfoy estava estava conferindo o relógio de cinco em cinco segundos enquanto esperava o horário marcado para aparatar. Ainda não sabia o que assistiriam e isso o deixava ansioso, afinal, tinha certeza que Rose estava aprontando alguma coisa, provavelmente escolhendo algum filme horrível para eles.

Scorpius amava ir ao cinema e, em qualquer outra situação, aproveitaria o filme tranquilamente com sua companhia, mas dessa vez era diferente. A festa de aniversário aconteceria no sábado e já era quinta-feira. Essa era sua última chance de convencê-la a ir com eles para Londres e, se falhasse, teria deixado toda a banda na mão.

Enquanto escondia sua varinha em um bolso interno do casaco, todos os momentos com Rose passavam por sua cabeça. A biblioteca de Hogsmeade era um ambiente que o Malfoy costumava frequentar, afinal amava a mistura de livros trouxas e bruxos, apesar de torcer o nariz para alguns que tratavam os bruxos como seres inteiramente malignos. Antes mesmo de Alice comentar, já sabia que Rose também ia à biblioteca. Em geral, nas terças-feiras. Não que ele estivesse observando, mas nos corredores apertados era impossível não notar outro ser humano. Entretanto, aquela vez foi a primeira que passaram de um “oi” educado da parte dele e de um aceno indiferente da ruiva.

— Oi, Rose. – Scorpius sorriu, encostando-se em uma prateleira de livros. – Que surpresa encontrá-la aqui.

— Dado que sei ler e nós nos encontramos aqui toda semana, não vejo como pode ser uma surpresa. – ela respondeu, sem desviar os olhos do livros em suas mãos.

— O que você está lendo?

— Sobre a vida de Ada Lovelace.

— É bom?

— Sim.

— Quer falar sobre?

— Não.

Ele se desencostou da prateleira e se aproximou mais de Rose.

— Vamos lá, ruivinha. Estou tentando ter uma conversa civilizada aqui.

— Não é o que me parece. – ela finalmente fixou seus olhos nele. – Eu estou tentando ler enquanto você me incomoda, dragãozinho.

Irritado, Scorpius começou a se afastar.

— Ela é considerada a primeira programadora da história e influenciou os trabalhos de Alan Turing, o pai da computação. – Rose olhou-o, surpresa. – Aparentemente, eu também sei ler e não venho aqui apenas para ter o prazer de ouvi-la me insultar. Sugiro que leia sobre Marie Curie, isso que os trouxas chamam de ciência é incrível, mas perigoso.

Enquanto Scorpius saía, Rose voltou-se para a prateleira, procurando imediatamente por aquela indicação.

Até hoje Scorpius não sabia ao certo o que aconteceu para que, no dia seguinte, quando ele chegou na biblioteca, Rose o comprimentou e o convidou a sentar na mesa junto com ela. Ficaram durante algumas horas apenas lendo e aproveitando a companhia um do outro. Depois, antes de ir embora, a Weasley agradeceu pela indicação e disse estar adorando a história de vida de Curie.

Scorpius foi ao parque logo após o ensaio todos os dias, mas somente a encontrou lá no dia anterior, quando decidiu que deveria chamá-la para sair. Já haviam construído uma frágil relação essa semana e, se ele tivesse mais tempo, esperaria mais um pouco e deixaria que realmente se tornassem próximos. Entretanto, precisava se apressar se quisesse que aquele show em Londres acontecesse.

Quando se sentou ao seu lado, Rose apenas arqueou a sobrancelha e continuou sua leitura, o que o deixou um pouco frustrado. Esperava receber pelo menos um cumprimento amigável.

— Olá, Rose.

— Oi, Scorpius.

Ouvi-la dizer seu nome ao invés de continuar chamando-o de Malfoy deu esperanças a ele. Parecia que mais uma barreira entre eles havia se rompido.

— Eu estava pensando… você não quer sair comigo? – Rose estava virando a página e, ao ouvi-lo, deixou acidentalmente o livro se fechar.

— Merda! – Resmungou, folheando o livro em busca da página correta. –  Desculpe, Malfoy, não tenho tempo para suas brincadeiras agora.

Magicamente, a barreira se reconstruiu.

— Não é brincadeira, Rose. Só pensei que poderíamos ir ao cinema, como amigos.

— Por que eu deveria sair com você? – Rose perguntou, observando-o como se ele fosse um mosquitinho atrapalhando sua leitura, o que, naquele momento, se aproximava muito da realidade.

— Eu posso enumerar diversos motivos, mas começaremos pelo óbvio: somos amigos. – Scorpius podia ver na expressão descrente de Rose o que ela estava pensando: eles não eram amigos. No máximo, conhecidos. – Segundo, porque você, com certeza, se divertirá, afinal eu sou bonito, inteligente e engraçado.

— Você se esqueceu de presunçoso e arrogante.

— São minhas melhores qualidades! – Scorpius debochou. – Continuando, eu sou um dos vocalistas da banda que mais toca no seu Spotify. Será um sonho sair comigo.

Rose riu, levantando-se e colocando o livro na mochila.

— Você não mentiu quando disse que era engraçado. Acho que é a sua capacidade de dizer coisas absurdas como se fossem verdade.

— Você adora isso em mim, Rose – ele piscou. – Cinema amanhã, o que acha?

— Talvez.

— Isso não foi um ‘não’– Scorpius a seguiu, gentilmente pegando a mochila de seus ombros e carregando-a.

— Também não foi um ‘sim’.

— Vamos lá, Rose. É só um filme.

— Eu posso escolher o filme?

— Claro!

A expressão satisfeita e zombeteira de Rose o deixou nervoso.

— Combinado, então.

Tudo isso resultou em Scorpius Malfoy balançando sua perna ansiosamente como um adolescente à espera de seu primeiro encontro. Queria pegar um cigarro em seu bolso, mas sabia que se chegasse com cheiro de fumo naquele encontro, Rose iria embora no mesmo instante. Olhando para o relógio, suspirou aliviado ao ver que o ponteiro maior estava sobre o número 12.

19:00. Estava na hora de provar a Rose Weasley que aquele encontro valeria a pena e, mais do que isso, que ir ao show em Londres era algo que ela deveria fazer. Fechando os olhos e mentalizando o beco ao lado do cinema trouxa, ele aparatou.


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Notas finais do capítulo

E aí? Eu simplesmente fico apaixonada por essas interações deles!
O próximo capítulo sai no início da semana!
Beijooos



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