10 Things I Hate About You escrita por Lady Anna


Capítulo 3
The Weakness In Me


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um capítulo para vocês! A música desse capítulo é The Weakness In Me, como dito no título. Quero agradecer todos os comentários maravilhosos que recebi♥ vocês são incríveis e fizeram meus dias mais felizes com aquelas palavras!
Boa leitura! Nos vemos nas notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808576/chapter/3

“Hell is empty and all the devils are here.”

Shakespeare

— Você está atrasado – disse Rose, assim que o viu.

Scorpius abriu os olhos e recobrou os sentidos lentamente. Sempre ficava meio tonto ao aparatar e, ao ver Rose com um vestido verde e o cabelo trançado sobre os ombros, sua tontura piorou.

— E você está linda – sorriu, satisfeito ao vê-la corar. Olhou no relógio em seu pulso e percebeu que eram 19:02. – Eu não estou atrasado! Marcamos 19 horas.

— Exatamente, você está dois minutos atrasado – ele estava descrente, mas apenas depois que ela gargalhou foi que ele percebeu que era uma brincadeira. – Calma, não sou tão megera assim.

— Shakespeare com certeza se inspirou em você para escrever aquele livro.

— Você conhece Shakespeare? – Rose perguntou, surpresa.

— Claro – Scorpius jamais admitiria que começou a ler após vê-la lendo. – É um dos meus autores trouxas favoritos.

Rose assentiu, andando calmamente ao lado dele até a entrada do cinema. Scorpius queria pegar na mão dela, mas achava que aquilo era ir longe demais. Em vez disso, colocou as mãos no bolso e perguntou:

— O que vamos assistir?

O sorriso dela era malicioso. Perigoso. Lindo.

— Você verá quando chegarmos.

***

— Isso é sério? – Scorpius balançou a cabeça ao vê-la assentir. – Rose, isso só pode ser brincadeira! Como você sabia?

Ela deu de ombros, indo para o final da gigantesca fila.

— Um dia que você foi n’A Toca, eu ouvi você dizendo para Albus que detestava os filmes da Marvel, algo sobre os roteiros não serem bons – ela sorriu. – Pensei que você poderia mudar de ideia se visse um filme completo, o que eu garanto que você nunca fez.

Scorpius observou a logo da Marvel, indo a contragosto para o lado de Rose na fila. Ele realmente nunca havia assistido um daqueles filmes até o final, mas não fora por falta de tentativas ou insistência dos amigos. Ele só não conseguia gostar e em todas as vezes acabou dormindo ou terrivelmente entediado esperando as intermináveis horas do filme passarem. O sorriso de Rose sugeria que ela sabia de tudo aquilo e que escolher esse filme foi apenas mais uma forma de atormentá-lo.

Scorpius se cansou de ser bonzinho com ela. Se era guerra que a Weasley queria, era guerra que ela teria.

— Me surpreende alguém como você gostar dessa porcaria – ele apontou para o cartaz do filme. – A qualidade cai cada vez mais e, como você disse mais cedo, o roteiro não é bom há tempos.

Rose fez um som de insatisfação, encarando-o pronta para retrucar.

— É entretenimento, Scorpius, não precisa ser nada revolucionário. Com certeza é muito melhor que os seus queridos filmes da DC.

— Eles melhoraram muito! – Respondeu, ofendido.

— Claro, não tinha como piorar.

A discussão seria perpetuada pelo resto da noite se a vez deles não tivesse chegado. Depois de entregarem os ingressos para um funcionário jovem e sorridente, compraram as pipocas e se encaminharam para as poltronas mais altas, onde teriam uma visão melhor.

— Aparentemente, eu assistirei isso de camarote. Uma das piores escolhas da minha vida.

— Não, me chamar para sair foi uma das suas piores escolhas, isso é só uma consequência.

Rose piscou, sentando-se e tomando um gole de refrigerante, feliz por assistir aquele filme. Pensou ter ouvido Scorpius chamá-la de “megera”, mas o barulho da abertura era muito alto para ela ter certeza do que ouviu.

Assim que o filme acabou, uma Rose animada e um Scorpius extremamente entediado saíram do cinema. A ruiva ainda parou para conversar com outros jovens sobre os easter-eggs do filme e ele nunca a viu tão animada. O tom crítico e debochado que sempre assumia não estava mais em sua voz e, dessa forma, ela parecia tão sonhadora e feliz que era difícil associar sua imagem com a da garota que tanto o atormentava nos últimos dias. Sair com Rose foi um fracasso e essa noite só comprovou o que todos os outros já tinham certeza: era impossível fazer Rose Weasley mudar de ideia.

Seu celular vibrou e pescando-o do bolso, Scorpius viu a notificação de Albus antes mesmo de desbloquear o celular.

 

Al

Onde vc está? [21:35]

Cinema [21:35]

Com Rose [21:36]

Ela saiu com você?????? [21:36]

NÃO ACREDITO [21:36]

Ela vai pra Londres? [21:37]

Não consegui convencer ela [21:37]

:( [21:37]

Ah [21:37]

Lilu fez uma festa aq em casa [21:37]

Papai e mamãe estão viajando [21:38]

Vem pra cá [21:38]

Traz Rose se ela quiser vir [21:38]

Ok [21:38]

 

Guardando seu celular no bolso, ele percebeu que Rose o observava com uma expressão curiosa.

— Bem, Malfoy, foi isso? – Rose inclinou a cabeça. – Até mais!

Antes que ela aparatasse, Scorpius segurou o braço dela.

— Não, nosso encontro ainda não acabou. Tem mais um lugar onde quero te levar –  com um sorriso aberto, Scorpius se aproximou e a abraçou. – Prepare-se, vamos aparatar.

Enquanto a tontura rotineira turvava seus pensamentos, uma única certeza se mantinha clara em sua mente: Rose Weasley detestava festas. Scorpius adoraria vê-la naquele ambiente, imaginava se a expressão auto confiante finalmente sairia do rosto dela. Se não conseguia convencê-la a ir com eles para Londres, pelo menos deixaria a vida da princesinha Weasley um pouco mais difícil.

***

Scorpius não sentiu nem metade da satisfação que imaginava. Na verdade, tudo o que queria era que a Weasley detestasse aquela festa tanto quanto ele detestou o cinema. Ele não teria se importado de ver o filme se fosse algo ao acaso, uma infeliz coincidência, entretanto, Rose o escolheu sabendo que ele não gostava, apenas para irritá-lo. Agora, era isso que ele queria: também deixá-la irritada.

Quando chegaram à casa de Albus e Rose viu as portas e janelas abertas, uma multidão entrando e saindo constantemente, Scorpius achou ter atingido seu objetivo. O desgosto era aparente no rosto da ruiva.

— Adolescente são idiotas dos pés até o último fio de cabelo – desdenhou. – Tentam afogar seus problemas em festas como essas, com bebidas, drogas e conversas sem sentido. Não percebem que é no centro da multidão onde se sentem mais sozinhos.

Scorpius não sabia como respondê-la, então apenas deu de ombros e a seguiu para o interior da casa. A sala, sempre tão organizada e aconchegante, estava abarrotada de garrafas de bebidas e jogos, uma música alta saindo em uma caixa de som.

— Hey, Scorpius! Rose? Que bom vê-la aqui! – Albus gritou do pequeno palco improvisado onde estava. – Vamos tocar.

Dizendo um rápido “já volto” para a garota ao seu lado, Scorpius correu até os companheiros de banda, rapidamente pegando o microfone. Rose não era nenhuma criança indefesa e ficaria bem sozinha durante alguns instantes, apenas o suficiente para eles tocarem algumas músicas. Depois, ele faria companhia à ela até que a ruiva enjoasse por completo daquilo e quisesse ir para casa. Ele queria apenas deixá-la irritada, não ser um babaca completo.

Após tocarem duas músicas, Scorpius voltou para a sala, onde deixou Rose, mas não conseguiu encontrá-la. Imaginou que a Weasley havia se entediado e ido embora, o que não era nenhuma surpresa. Quanto mais pensava, mais percebia que levá-la aquela festa apenas para irritá-la foi uma ideia idiota e, deixá-la para ir tocar, piorou ainda mais a situação. Não devia ter feito isso. Qualquer trégua que se instalara anteriormente na biblioteca foi completamente desmanchada essa noite e eles apenas podia culpar a infantilidade de ambos.

Decidiu sair para fumar um cigarro e ficou chocado ao encontrar Rose sentada em um dos balanços no fundo da casa. Com os olhos semicerrados, ela observava as estrelas, parecendo aérea.

— Pensei que você tinha ido embora – disse, sentando-se no balanço ao seu lado.

A Weasley respondeu com uma risada e um aceno de cabeça, o que pareceu a deixar tonta a ponto de segurar as cordas do balanço até seus dedos ficarem brancos. Isso acendeu um alerta na mente de Scorpius.

— Você bebeu, Rose? – Diante de uma quase queda enquanto tentava virar a cabeça para observá-lo, Scorpius teve certeza: Rose não apenas bebeu, como estava completamente bêbada. – O que aconteceu? Você está bem?

— Estou ótima! Apenas bebi algumas doses sem comer  antes e por isso estou meio tonta, mas já está passando.

Scorpius duvidava disso.

— Pensei que você achasse bebidas e festas uma forma de idiotas afogarem suas mágoas.

— E eu acho – dessa vez, Rose conseguiu virar a cabeça para encará-lo. – Porém, eu nunca disse que não era uma idiota.

Pela segunda vez na noite, Scorpius não sabia o que responder, contentando-se em apenas assentir. Percebendo que ele não diria nada, Rose continuou:

— Você estava saindo comigo apenas para me convencer a ir a Londres e isso me irritou. Profundamente. Você me viu milhares de vezes na biblioteca e nunca tentou falar comigo.

— Você me odiava!

Rose pensou alguns segundos na resposta dele.

— Talvez – ela deu de ombros. – Porque sempre foi o que esperavam de mim. Duvido que você nunca tenha escutado pelos corredores de Hogwarts como nossa rivalidade seria algo épico de se acompanhar. Até mesmo os professores comentavam sobre. Viviam nos colocando em situações de competição, mesmo nós sendo da mesma casa, e, convenhamos, nenhum de nós gostava de perder, Malfoy.

Tudo que ela disse fazia sentido e Scorpius queria pensar sobre em silêncio, mas sentiu que Rose pararia de falar se ele não respondesse, então perguntou:

— Por que você não aceitou ir para Londres? Seu irmão e seus melhores amigos seriam beneficiados se você fosse. Não consigo te imaginar como alguém tão egoísta a ponto de não ceder.

Ela riu, um som repleto de amargura.

— Pelo mesmo motivo que eu nunca fui sua amiga: era o que esperavam de mim. Desde que eu nasci, a primogênita dos famosos heróis de guerra Ronald Weasley e Hermione Granger, pesos foram constantemente colocados sobre os meus ombros. Eu deveria ser inteligente como minha mãe, mas espirituosa como meu pai. Todos esperavam que eu possuísse todas as qualidades dos dois, mas nenhum de seus defeitos. Eu tentei seguir isso por anos, acho que sou idiota a ponto de tentar até hoje, e isso só me afastou das pessoas. Quando vocês decidiram montar a banda, nem cogitaram me chamar.

— Porque você nunca se interessava em fazer nada nesse sentido – ele franziu o cenho. – Você ficou com ciúmes?

— Claro – Scorpius podia jurar que uma lágrima desceu pela expressão triste em seu rosto. – Todos os meus amigos se reunindo frequentemente para algo só deles, sem nunca me chamar. Eu me senti excluída, deixada de lado. Um dia, quando nós estávamos discutindo por alguma coisa no salão comunal da Sonserina, eu te perguntei o porquê de vocês nunca me chamarem. Achei que você não enfeitaria a resposta, como os outros.

— E eu te disse que você era sabichona demais para se misturar com os reles mortais que nós éramos – Scorpius agora percebia como aquela frase poderia ter a machucado. – Me desculpe, Rose. Eu não imaginava.

— Ninguém nunca imagina – Ela olhou em seus olhos e, agora, a postura confiante havia voltado aos seus ombros. Scorpius duvidava que ela havia derramado alguma lágrima em algum momento da noite. – Mas é assim com todos nós. A nova geração. Quão patética é nossa tentativa desesperada de nos encaixar a um mundo que já definiu nossos moldes?

Scorpius queria responder, afinal, por diversas vezes, teve os mesmos pensamentos, as mesmas angústias. Como filho de Draco Malfoy, não um herói de guerra, mas um vilão para quem todos torciam o nariz e viravam a cara, ele havia sofrido. Muito. Não pelo que esperavam dele, pela pressão que Rose sofreu, mas pelo preconceito e a raiva de todos. Ele já nasceu destinado ao ódio. Por algum motivo, nunca pensou que seus amigos, também filhos de figuras importantes naquela guerra, também sofreram por serem descendentes de seus pais. Era algo que ele deveria deduzir e, mesmo assim, nunca passou pela sua cabeça conversar com nenhum deles sobre isso.

Ninguém nunca imagina.

Ao invés de compartilhar o que pensava com Rose, Scorpius levantou e ofereceu a mão a ela.

— Vamos, vou te levar para casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Sempre imaginei que toda a nova geração seria pressionada pelas expectativas de todos, inclusive dos próprios pais (infelizmente). Aqui, Rose tem todo um jeito de megera, mas é a forma que ela encontrou de se proteger dessas expectativas. Gosto de ler personagens imperfeitos e queria trazer um pouco disso para cá, pois é exatamente essa vibe que o filme me passa. Espero ter conseguido.
Comentem o que vocês acharam!
Até o próximo capítulo♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "10 Things I Hate About You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.