Christmas at the lakes escrita por Mari Pattinson


Capítulo 4
Capítulo 4 - Noite de Natal


Notas iniciais do capítulo

Oie, voltei com mais um capítulo - o último - de Christmas at the Lakes. Eu espero muito que vocês tenham aproveitado e gostado de ler essa história, foi muito gostosa de escrevê-la.
Agradeço à Gizeli, Zezinha e littlebitchie pelos comentários no capítulo anterior. Meninas, obrigada por me acompanharem nessa jornada! ❤

Amanhã devo postar o capítulo extra/bônus.
Boa leitura!



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24 de dezembro de 2016, Chalé de Hawkshead, 13:00h – Narração: Bella.

Observava a chegada de nossos convidados para o Natal: minha família e a de Edward, incluindo os agregados que se tornaram parte dela e não pude deixar de sorrir ao ver o mais novo membro: Diego, filho de minha prima – Rosalie – e Emmett – um dos melhores amigos de Edward.

─ Esse aqui é o Diego, Bree... ─ disse Emmett, tocando no ombro de seu filho recém-adotado, enquanto o apresentava para Bree.

Eu estava encantada com o menininho de sete anos de idade; ele não se parecia em nada com Emmett e Rosalie, com seus cabelinhos de cor escura, olhos castanhos e pele morena. O fato de ele estar tão tímido (embora pudesse ser porque ele ainda não conhecia nenhuma das pessoas presentes no chalé) também era algo que contrastava com a personalidade agitada de seus mais novos pais.

─ Diego, essa é a Bree, filha do Edward e da Bella ─ Emmett continuou nos apresentando e eu quase morri de amores quando Diego deu um sorrisinho tímido e acenou para Bree e para mim enquanto suas bochechinhas coravam.

─ É um prazer te conhecer, Diego. ─ Eu me abaixei na altura das duas crianças e sorri para o menininho.

Hola ─ ele murmurou baixinho e me lembrei de que Rose havia comentado comigo que Diego tinha descendência mexicana.

Não sabia até que ponto aquilo influenciava na vida dele, afinal de contas, tinha acabado de conhecê-lo.

─ O que é “hola”? ─ Bree perguntou com o cenho franzido, tentando pronunciar a palavra da mesma forma como tinha ouvido.

─ É “oi” em espanhol ─ o próprio Diego respondeu.

─ Então, hola pra você também ─ Bree falou e deu uma risadinha.

Diego também riu e os dois começaram a conversar como se já se conhecessem havia muito tempo. Eu me levantei e me afastei porque além de querer deixá-los mais confortável, ainda tinha que adiantar algumas coisas da ceia de Natal.

─ Crianças são tão melhores do que os adultos, porque todo mundo não podia ser uma Bree? ─ Rose murmurou baixinho enquanto me abraçava pelos ombros e observávamos de longe nossos filhos interagindo.

─ Porque aí ninguém seria preso por ser intolerante. ─ Suspirei, sabendo de todas as dificuldades que minha prima havia passado em sua vida, simplesmente por decidir ser ela mesma.

Eu imaginava que adotar uma criança de outra etnia também não devia ter sido fácil com tantos pré-julgamentos.

─ Porque você acha que passo as festas de fim de ano com vocês há tantos anos e não com a minha mãe?

Relações cortadas por causa de preconceitos de minha tia. Era isso o que Rose havia ganhado cerca de 10 anos antes, por ter se assumido uma mulher transexual. Seu pai havia falecido havia alguns anos, mas a apoiara quanto a sua transição.

─ Porque somos a melhor família de todas, ué! ─ brinquei e ela me abraçou novamente.

Fomos até a cozinha, preparadas para começar a rechear o peru quando uma forte ânsia de vômito tomou conta de meu corpo. Só pensar em colocar a minha mão dentro daquela ave já embrulhou o meu estômago. Mal tive tempo de pedir licença, saí correndo até o banheiro, ajoelhei-me diante do vaso sanitário e nele despejei todo o meu café da manhã.

─ Pelo visto não é só a minha família que está aumentando, não é? ─ Obviamente, Rose fez aquela gracinha.

─ Para de graça que eu até já menstruei esse mês, ? ─ resmunguei, sentindo um pequeno aperto no coração ao dizer aquilo. Eu queria sim estar grávida, mas não poderia estar.

Rose suspirou e tentou me ajudar a levantar do chão, mas eu ainda estava meio zonza.

─ Espere um pouco, Rose ─ pedi, assistindo-a se ajoelhar ao meu lado.

─ Há quanto tempo está se sentindo assim? ─ ela me perguntou e dei de ombros.

─ Alguns dias depois da viagem. Edward e eu realmente chegamos a tentar engravidar esse mês, mas logo em seguida, os sintomas de TPM começaram ─ respondi-a.

─ E você não acha que esses sintomas podem ser de gravidez?

─ Você ouviu o que eu disse sobre a minha menstruação já ter vindo?

─ E foi uma menstruação normal? ─ Eu quase fiz uma piada sobre ela ser médica (Emmett era, mas Rose não).

─ Não, ela veio um pouco adiantada e em menos quantidade, mas eu conheço o meu corpo, Rose ─ respondi ─ Foi assim que descobri a gravidez da Bree, lembra? Eu saberia se estivesse grávida agora, não se preocupe.

Ela pareceu ainda querer insistir em sua fala, mas desistiu no meio do caminho. Após alguns instantes, Rose me ajudou a me levantar e eu lavei a boca antes de sair do banheiro. Nós voltamos para a cozinha, deparando-nos com minha mãe, Leah e Demetri, o meu melhor amigo.

Eu o abracei com força e saudades, sabendo de todas as tribulações que havíamos enfrentado nos últimos anos e recebi seu aperto de volta.

─ Achei que Jake viria também ─ falei, referindo-me ao seu namorado (e, para dar uma variada, também um dos melhores amigos de Edward).

─ Ele foi pros pais dele esse ano e algo me dizia que eu não podia perder o Natal com vocês esse ano. ─ Seu ar misterioso me deixou com a pulga atrás da orelha, mas quando o questionei, Dima apenas desviou do assunto.

─ Acho que preciso deitar um pouco, essa visão não está me fazendo muito bem. ─ Apontei para o peru, ainda cru, sobre a mesa e todos os ingredientes que usaríamos para preenchê-lo.

Meu estômago continuava meio embrulhado, mas não havia mais nada nele para ser colocado para fora. Rose me encarou desconfiada e depois minha mãe, Leah e meu melhor amigo. Suspirei, sabendo que não tinha uma explicação muito lógica para aquelas sensações além da TPM – mesmo que minha menstruação já tivesse acabado.

─ Prometo que ajudo vocês depois. ─ Eu não os deixaria na mão, não seria justo.

Subi, com calma, as escadas até o andar superior e adentrei o quarto que estava usando com Edward – onde Bree também voltaria a dormir enquanto as nossas famílias estivessem conosco – e deitei-me sobre a cama. Tentava relaxar e, por alguma razão, movi minha mão esquerda por minha barriga. Tinha esperanças de que, num futuro próximo, teria um bebezinho em meu ventre.

Uma movimentação perto da porta me chamou a atenção e me virei na direção do som de passos. Sorri ao ver minha filha entrando no quarto, mas ela tinha uma expressão tão preocupada em seu rostinho que me deixou igualmente em alerta.

─ A vovó falou que você passando mal, eu vim trazer um remedinho ─ ela disse em seu tom de voz mais carinhoso e abriu a mãozinha direita para me mostrar um comprimido; só então percebi um copo de plástico de água em sua outra mão.

Meus olhos marejaram imediatamente diante de tanto amor e preocupação. Eram naquelas horas que eu tinha a certeza de estar no caminho certo por criar um ser cheio de compaixão e amor dentro de si.

─ Obrigada, meu amor! ─ Sentei-me na cama antes de aceitar o comprimido e ingeri-lo com a água.

─ De nada, mamãe! ─ Ela subiu na cama e se acomodou em meu colo. Eu a abracei e sorri ao ouvi-la suspirando baixinho.

─ Mas me diga uma coisa, você subiu aquelas escadas sozinha, é? ─ questionei-a, um pouco preocupada. Edward e eu estávamos sempre atentos aos perigos de uma casa e aquilo incluía escadas.

Tudo bem que Bree já não era um bebezinho, mas ainda era pequena e sempre subia ou descia escadas sob nossa supervisão.

─ Não, o papai ficou de olho, ó! ─ Bree ergueu o rosto para mim e arregalou os olhos, encenando como se fosse Edward e não pude deixar de rir. Ela também riu e começou a fazer carinhos suaves em meu braço esquerdo, que envolvia suas costinhas ─ Melhora logo, , mamãe? Pra gente brincar com o Diego, ele não pode ficar sozinho muito tempo, a tia Rose falou.

─ Ah, ela falou?

Eu até podia imaginar os motivos. Aquele pinguinho de gente havia passado quase toda a vida num orfanato; não devia ser mesmo fácil ficar sozinho, talvez trouxesse más lembranças a ele.

─ Ela falou. eu quero ser uma boa amiga pra ele ─ Bree continuou me contando e senti tanto orgulho dela! ─ Igual eu vou ser pra minha maninha depois que você me dar ela.

Quase engasguei com a saliva. Como assim, irmã?

Eu verbalizei a pergunta e Bree apenas deu uma risadinha e fez um carinho em minha barriga. Um arrepio percorreu minha coluna ao passo que meus olhos marejaram novamente. Sempre haviam me dito: as crianças eram mais sensíveis àquele tipo de coisa, mas... Seria demais, não seria?

─ Bree, você sabe... Que seu irmãozinho está no céu não sabe? Ele virou um anjinho ─ O meu coração se partiu ao ter que dizer aquilo para ela de novo, mas, talvez, Bree ainda não tivesse entendido completamente.

Ela ainda tinha 5 anos, era só uma criança!

─ Sim, mas o Papai do Céu falou comigo. Ele disse que tem outro bebê pra nossa família ─ ela disse com tanta convicção que não quis contrariá-la.

Eu tinha, sim, fé, mas era mais provável que Bree tivesse sonhado, ou até mesmo fantasiado aquilo.

─ Outro não. Mais esse tanto aqui... ─ Ela foi levantando um dedinho por vez até chegar ao número 4 (bem semelhante ao modo como costumava fazer quando era menor) e foi então que tive a confirmação de que tudo não passava de suas fantasias infantis, mas não seria eu a desmenti-la.

─ Uau, tudo isso de irmãozinho? ─ Seria errado perguntá-la sobre o assunto? Estaria eu alimentando as suas fantasias?

Irmãozinho não, mamãe. Só um. ─ Bree mostrou um dedinho e então fiquei confusa. Talvez, eu tivesse entendido tudo errado? ─ Isso de irmão. ─ Ela manteve o indicador da mãozinha direita erguido e levantou 3 dedos da mãozinha esquerda ─ E isso de irmã.

─ O Papai do Céu te falou tudo isso? ─ Àquela altura, eu estava muito mais surpresa do que incrédula, embora considerasse difícil acreditar em tantas informações de uma só vez.

─ Sim. ─ Bree me encarou e sorriu. Com sua simplicidade, apenas confirmou toda a sua fala enquanto eu a encarava embasbacada ─ Agora eu vou descer pra brincar com o Diego, bom? Mas qualquer coisa você me chama que eu venho correndo te ver. ─ Ela beijou o meu rosto, depois a minha barriga e desceu da cama.

Também me levantei, completamente atordoada, para me certificar de que ela chegaria são e salvo no andar de baixo. Ao chegar aos pés da escada, Bree se virou e apenas sorriu e acenou para mim. Eu estava emocionada, não sabia se ria, se chorava, se acreditava nas palavras dela ou não. Ainda assim, a minha única certeza era de que ainda não estava grávida, mas, talvez, realmente não demorasse a ficar.

24 de dezembro de 2016, Chalé de Hawkshead, 16:00h – Narração: Bella.

Acariciava os cabelinhos de Bree enquanto tirávamos nossa soneca da tarde – eu havia passado boa parte da tarde deitada e pensativa sobre as últimas horas. A inocência e confiança dela, de que teria tantos irmãozinhos me deixava atordoada. Ainda não havia conversado com Edward sobre aquilo e tinha certeza de que ele acreditaria em Bree em menos de um milésimo de segundo.

─ Mamãe, eu com fome ─ Bree murmurou de olhinhos fechados. Ri e toquei seu rosto com a ponta dos dedos até ela abri-los e sorrir para mim.

─ Vamos descer para tomar café? ─ sugeri e ela aceitou de prontidão.

Levantei-me com cuidado, evitando ao máximo me sentir zonza/enjoada de novo e assim que Bree se colocou em pé no chão, nós duas descemos juntas as escadas.

─ Olha, se não são as Belas Adormecidas ─ Dima brincou assim que eu e Bree entramos na cozinha. O cômodo estava cheio de pessoas e odores, e me esforcei para não ficar enjoada novamente.

─ A gente só tava tirando um soninho, tio Didi ─ Bree retrucou para o padrinho, que bufou diante do seu não-tão-querido apelido.

─ Tio Didi não, tio Di já de bom tamanho ─ ele resmungou e arrancou risadas de todos que estavam na cozinha.

─ Cadê o Diego, tia Rose? ─ Bree perguntou para minha prima.

Os olhos dela brilharam e ela sorriu assim que ouviu-a; podia sentir a gratidão e felicidade de Rose pelo interesse de Bree em fazê-lo companhia.

─ Ele está lá fora com o pai dele, vendo as decorações de Natal ─ Rose respondeu.

─ Eu vou lá ficar com eles, então ─ Bree soltou a minha mão, abriu a porta, mas eu a impedi de sair.

Antes, peguei seu casaco mais quentinho e a vesti; não queria que passasse frio, ou ficasse doente. Então, ela finalmente pôde sair do chalé. Dei uma olhadinha no lado de fora, observando que Emmett realmente estava atento a Diego. Se fosse em outros tempos, jamais teria considerado deixar duas crianças sob seus cuidados, mas o jeito como ele havia amadurecido me fez aplacar todas as minhas dúvidas.

─ O que mais tem pra fazer? ─ perguntei para os cozinheiros.

─ Nada, já tem gente suficiente aqui para terminar a ceia ─ foi Leah quem respondeu. Ela ainda não havia anunciado, mas sua gravidez estava cada vez mais visível, pelo menos para mim que sabia sobre o assunto. Edward, graças aos céus, não tinha dado nenhuma bandeira de que também já sabia!

─ Então eu vou lavando as coisas. ─ Aproximei-me da pia e comecei a organizar a louça. Tinha bastante coisa e não demorou para meu namorado aparecer na cozinha e me ajudar.

─ Está melhor? ─ ele me perguntou baixinho e percebi que provavelmente queria tentar ser discreto. Concordei com a cabeça e dei um selinho nos lábios dele ─ Você não acha que seus sintomas estão se estendendo para além do seu período menstrual?

Soltei um suspiro. Daria para sermos discretos com tantas pessoas ao nosso redor? Fiquei na ponta dos pés para respondê-lo, de modo que pude alcançar sua orelha direita:

─ Segundo a Bree, Deus vai nos dar mais quatro bebês ─ falei baixinho.

Beijei sua bochecha para disfarçar e ouvi meu melhor amigo nos zoando ao fundo, enquanto Edward me encarava de olhos esbugalhados. Apenas ri, deixando-o com os seus próprios pensamentos e então ele sorriu e eu soube imediatamente que tinha acreditado em nossa filha.

─ Mas ela disse? Ela disse que já tem um bebê na sua barriga?

Ela não tinha dito, mas tinha agido como se sim.

Ela disse ─ Edward confirmou, ignorando quando neguei com a cabeça.

─ Quem disse o que? ─ o fofoqueiro do Demetri perguntou a alguns metros de distância. Respirei fundo, tentando encontrar uma resposta convincente, mas meu namorado foi mais rápido.

─ A Bree ainda está mantendo segredo sobre o presente de Natal dela; ainda não conseguimos descobrir o que ela quer.

─ Minha afilhada é inteligente demais e vocês dois são muito lerdos. ─ Demetri riu ao enxugar falsas lágrimas de seu rosto.

─ Continua com essa zoeira mesmo, pra você ver se vai ser convidado para a próxima ceia ─ ameacei-o, mas ele riu na minha cara, sabendo que não estava sendo sincera.

Dima nos deixou em paz para terminarmos de organizar a louça, mas com tanta gente na cozinha, Edward e eu não arriscamos mais continuarmos com nossos sussurros sobre algo que nem poderia ser verdade. E o resto do dia foi tão agitado, com a finalização da ceia e a realização do amigo secreto, que mal tivemos tempo de discutirmos nossos pensamentos.

A parte boa e divertida do dia foi, justamente, o amigo secreto. Eu estava amando ver o choque na cara de Leah ao descobrir que tinha sido sorteada pelo meu melhor amigo. Implicar um com o outro era o que ambos mais amavam fazer, principalmente por ciúmes – meus ou de Bree, mesmo ela sendo afilhada dos dois! De presente, minha irmã ganhou um conjunto de baby doll minúsculo e quase transparente (e mais alguma coisa que ela não quis tirar de dentro do embrulho de jeito nenhum), ganhando um passe livre para ficar ainda mais irritada com Demetri.

E eu me emocionei ao ouvir as palavras tão carinhosas que minha sogra, Esme, proferiu ao se referir à Bree, sua amiga secreta. Nós duas havíamos tido um início meio turbulento e incerto quando ela descobriu sobre meu relacionamento com Edward; não que ela destratasse a mim ou à Bree – ou algo do tipo –, mas eu sabia que não era exatamente a mulher que ela havia imaginado para estar ao lado de seu filho e, como mãe, eu a entendia.

Saber que Esme estava abrindo tanto o seu coração para Bree, no entanto, era reconfortante e deixava-me aliviada.

─ A minha amiga secreta é uma menina... ─ iniciou ela; como estávamos usando “menino”/“menina” para descrever nossas amizades secretas, não era tão óbvio quem ela tinha sorteado (ainda que só restassem eu e Bree para sermos chamadas) ─ Ela ainda é pequenininha... ─ Naquele momento, eu soube que Esme estava se referindo à Bree, embora minha filha não parecesse ter notado ─ Mas tem um coração gigante e muito especial. Ela é linda e chegou para alegrar a minha família.

“A minha amiga secreta faz desenhos lindos, ama ursinhos e tem os abraços mais quentinhos de todos...” Bree soltou um arquejo de surpresa quando finalmente percebeu que era sobre ela que Esme falava. Ela se levantou do colo de Edward, onde estava anteriormente sentada, assim que todos gritaram o seu nome. Esme se abaixou na altura dela e ambas trocaram um abraço apertado “Eu te amo, minha netinha querida”.

─ Também te amo, vovó! ─ Bree beijou o rosto dela e aceitou de bom grado o seu presente ─ Obrigada.

Respirei fundo para controlar as minhas emoções, mas foi difícil quando vi o próprio Edward tão emocionado ao meu lado. Ele passou o braço esquerdo pelos meus ombros e beijou a lateral de meu rosto, compartilhando comigo toda a felicidade de sermos, os dois, aceitos pela família do outro.

Bree abriu o presente e saltitou ao ver um par de patins personalizado com ursinhos e a fantasia da Elsa, de Frozen.

─ Meu Deus meu Deus, meu Deus! ─ ela gritou, animada, pois aquela era a sua princesa favorita ─ Mamãe, eu posso colocar?

─ Que tal depois do Amigo Secreto? ─ sugeri e ela fez um biquinho, mas logo deve ter se lembrado do seu amigo e do quanto estava igualmente animada para presenteá-lo. Bree gesticulou para mim como se estivesse me chamando e fui até ela, no centro da sala de estar do chalé. ─ O que foi?

─ Me ajuda, mamãe ─ ela pediu baixinho. Aquele era o primeiro amigo secreto que Bree participava, então, era natural que estivesse um pouco ansiosa.

Concordei com a cabeça e sorri ao vê-la pegar o presente de seu amigo secreto debaixo da árvore decorada. As bochechinhas dela coraram quando ela percebeu que todos estavam à espera de seu “discurso”, então, me ajoelhei ao lado dela para que se sentisse mais segura.

─ Que tal você começar dizendo se o seu amigo é menino, ou menina? ─ falei baixinho em seu ouvido, usando minha mão direita para abafar minhas palavras, de modo que as outras pessoas não as ouvissem.

─ Tá bom ─ Bree concordou. Ela fechou os olhinhos por alguns instantes e respirou fundo antes de abri-los novamente, como se estivesse tomando coragem ─ O meu amigo secreto é um menino... ─ Aquilo significava que restavam Edward, meu pai, Emmett e Demetri para serem anunciados. Bree olhou para mim, como se quisesse mais ajuda.

─ Que tal se você falar alguma coisa sobre ele? ─ tornei a sussurrar em seu ouvidinho e ela assentiu de prontidão.

─ Ele é alto e bem forte e ele sempre cuida de mim ─ continuou, já mais confiante e desinibida. Quase dava para ver as engrenagens do pessoal tentando reduzir o número de possíveis “candidatos” ─ Ele me leva pra escola todos os dias e fica comigo quando a mamãe trabalhando, e ele lê historinhas pra eu dormir. Ele é meu papai desde que eu tinha três aninhos... ─ Ela mostrou três dedinhos da mão direita ─ E eu quero que ele seja o meu papai pra sempre.

Edward sorriu e se levantou, já sabendo que se tratava sobre ele; eu o vi passar as mãos pelo rosto rapidamente (ele estava emotivo e eu mesma tive de enxugar algumas lágrimas), e se abaixou para dar um abraço apertado em nossa filha, que retribuiu na mesma intensidade.

─ Eu te amo, papai, você é o melhor papai de todas as Galáxias! ─ Bree murmurou, de olhinhos fechados enquanto deitava a cabeça no ombro esquerdo de Edward.

─ E você é a melhor filha de todas as Galáxias! ─ ele retornou o carinho e beijou a lateral da cabeça dela.

Eles desfizeram o abraço sorridentes e Edward foi abrir o presente, todo animado. O sorriso dele se tornou ainda maior quando viu o par de tênis impermeável dentro da caixa. Num tom de marrom escuro e detalhes em azul, aquele havia sido o modelo escolhido por Bree para ele, que pareceu muito satisfeito, afinal de contas, era quase um andarilho.

─ Obrigado, meu amorzinho! ─ Edward puxou nossa filha para mais um abraço e ela retribuiu contente. Foi só quando desviei os meus olhos deles que percebi a emoção também em nossas famílias, mas não poderia ser diferente, assistir ao amor dos dois era uma oportunidade realmente linda.

─ De nada, papai! ─ Bree deu um beijinho estalado na bochecha de Edward e foi se sentar no sofá novamente. Eu me acomodei ao lado dela enquanto esperava pela revelação de Edward sobre o seu amigo secreto.

─ Então, meu amigo secreto é uma pessoa fora de série. Ela é engraçada, embora nem todo mundo reconheça o seu senso de humor... ─ Edward falou, enquanto pegava um embrulho de debaixo da árvore. Ele ainda não tinha revelado o sexo de seu amigo, então além de mim, poderia ter sorteado Emmett ou Demetri e suas descrições eram meio generalistas a ponto de eu permanecer na dúvida ─ Essa pessoa é meio tímida, muito talentosa e eu sou fã dela há muito tempo...

─ É a mamãe! ─ Bree foi a primeira a gritar com um sorriso de orelha a orelha ao olhar para mim.

─ Mas é muita marmelada, vocês três tudo se tirando! ─ Demetri zombou enquanto o restante do pessoal se acabava de rir e eu me levantava para me aconchegar nos braços de meu namorado.

─ Você só assim porque o Jake não está aqui! ─ Mostrei a língua para Dima e ele me devolveu o gesto ao mesmo tempo em que éramos repreendidos por Bree ─ Obrigada, Edward. ─ Abracei-o e depois peguei o pacote em suas mãos.

─ De nada, meu amor. ─ Edward beijou minha testa e riu quando Bree puxou um coro de “beija” para nós dois. Ele me puxou pela cintura e grudou os seus lábios nos meus, me deixando um pouco zonza, embora, em respeito às crianças, tivéssemos mantido nosso beijo bem singelo.

Eu abri o meu presente: um colar com um pequeno “E” no centro. Acompanhando-o, um cartão que dizia: “Not because I own you, because I really know you(N/A: Em tradução livre: “Não porque sou seu dono, porque te conheço de verdade”).

Ri e me emocionei ao mesmo tempo; em meus antigos relacionamentos, costumava usar colares com as iniciais, ou um pingente representando meu respectivo ex-namorado. Em dois anos juntos, Edward não tinha me presenteado com uma peça daquelas... Até o momento. A frase no cartão tinha razão, afinal, eu podia passar o restante de nossas vidas sem um colar dele, pois isso não mudaria o fato de que ele me conhecia melhor do que ninguém. Nós éramos verdadeiros um com o outro, para além de qualquer obrigação, ou compromisso, era algo natural para nós.

─ Obrigada, é lindo! ─ Fiquei na pontinha dos pés e dei um selinho em seus lábios.

─ Deixa eu ver, mamãe! ─ Bree pediu e foi apoiada pelo restante do pessoal.

Tirei o colar da caixinha com cuidado e mostrei-o para todos.

Algumas risadas e elogios depois, eu estava com o colar com a inicial de Edward ao redor de meu pescoço e foi a minha vez de revelar quem era o meu amigo secreto: o meu próprio pai. Ele ficou bem satisfeito com o conjunto de frio que ganhou de presente e, assim, seguimos nos divertindo até a última pessoa ser revelada.

25 de dezembro de 2016, 00:05h – Narração: Bella.

Havia terminado de cumprimentar a todos com um “Feliz Natal” quando meus dois amores me chamaram:

─ Bella, pode vir aqui um pouquinho? ─ Edward me chamou. Ele estava junto de Bree, próximo à árvore de Natal, e os dois seguravam um embrulho achatado num formato meio retangular ─ Feliz Natal, amor da minha vida!

─ Feliz Natal, mamãe! ─ Os dois disseram em uníssono e sorri antes de abraçá-los apertado.

─ Isso é para mim? ─ perguntei curiosa; os dois concordaram com a cabeça e me entregaram o objeto.

Desfiz o embrulho de meu presente e me deparei com uma caixinha de veludo. Só não fiquei demasiado ansiosa com o significado dela, pois era grande demais para estar guardando um anel. Ao abri-la, vi um lindo colar com um pingente retangular com detalhes em dourado e vermelho e uma pomba branca no meio. Eu o tirei delicadamente da caixinha e pude admirar o outro lado da joia: tinha os mesmos tons, exceto que havia um coração no centro dele.

A joia me lembrava um artefato religioso e só então notei que se tratava de um escapulário.

─ Era da minha avó. Estava guardado desde que ela se foi ─ Edward murmurou e foi baixando mais o tom de voz conforme ia falando comigo ─ Espero que não se importe, não tenho dinheiro para te dar algo de muito valor, mas...

Eu o calei com meus próprios lábios; não queria que ele menosprezasse um presente tão especial. Menos ainda quando já tinha me dado um presente!

─ Tem muito valor ─ falei com os olhos já marejados; eu sabia o quanto a dona Elizabeth Masen havia sido importante para  Edward e ter um pedacinho dela comigo tornava ainda mais significativo aquele presente ─ É lindo, eu amei.

Edward sorriu, roubou a joia da minha mão e antes que pudesse reclamar, ele a abriu, revelando uma foto nossa junto de Bree de um lado e uma frase do outro:

Mesmo que você não possa nos ver, nosso amor por você estará sempre presente. ─ Aquela era a inscrição do escapulário, representava bem o nosso amor, de nós três, e eu chorei, tão sensível como estava nos últimos dias ─ Obrigada, eu amei! ─ Tornei a abraçá-los apertado.

─ Essa parte fui eu quem escolhi ─ Edward me explicou, gesticulando para a foto e a frase ─ Bem, eu e a Bree, é claro! ─ Ele deu uma piscadinha par nossa filha, que deu uma risadinha enquanto me olhava com o mesmo carinho de sempre.

Isso tornava tudo ainda mais especial.

Pedi para que colocassem o escapulário em mim e não demorou para sentir as mãozinhas de Bree em contraste com as mãos gigantes de Edward perto do meu pescoço. Eu tinha dois colares tão lindos e tão cheios de significado, e não poderia estar mais feliz por ter as pessoas, que com eles me presentearam, comigo.

E então, quando a segunda rodada de trocas de presentes começou oficialmente, eu me preocupei por não termos conseguido descobrir o que Bree queria. Edward achou que seria uma boa ideia irmos até a loja, onde o Senhor George estaria distribuindo os presentes para a criançada, de modo a tentarmos, por uma última vez, ter um pouco de sorte sobre o assunto.

Rosalie e Emmett foram na frente, enquanto tentavam, em segredo, levar o presente de Diego até a loja para que o próprio Papai Noel pudesse dá-lo. Ao chegarmos lá, depois do aval deles, nos deparamos com as estantes de brinquedos todas afastadas para que as pessoas pudessem se acomodar no centro do local; havia, também, uma mesa de madeira com o que parecia ser chocolate quente e café, e alguns petiscos. Várias crianças esperavam ansiosas pelo seu momento de receber o seu presente, enquanto o Senhor George tirava, um a um, do saco vermelho enorme de Papai Noel e ia anunciando os seus nomes.

─ Bree Swan-Cullen! ─ O Sr. George anunciou o nome dela por último e eu fiquei aliviada por ele ter cumprido a promessa dele.

Exceto que meu alívio durou muito pouco, porque não havia mais presentes em seu saco. Os dois conversaram por alguns instantes e Bree voltou saltitante, em sua fantasia azul brilhante de Princesa Elsa, até onde eu, Edward, Rose, Emmett e Diego a aguardávamos.

─ A gente pode ficar aqui brincando um pouco? ─ Bree perguntou e eu me preocupei que ela estivesse tão chateada por não ter recebido um presente, que estava entrando num tipo de negação.

─ É, por favor! ─ Diego concordou, já tendo, assim como algumas outras crianças, aberto o seu brinquedo: uma pista de carrinhos da Hot Wheels.

Rose e Emmett pareceram um pouco na dúvida, Edward idem, claramente tão preocupado quanto eu, mas achei que seria uma boa oportunidade de tirar satisfações com o bom velhinho. Eu não me importaria de pagar, o preço que fosse, pelo presente de minha filha, ele sabia bem disso, então era bom ele ter um plano B, C, ou D, e aparecer com alguma coisa para ela!

Assim que as crianças começaram a brincar, fui atrás do Papai Noel; não me surpreendi quando ele foi em direção à porta da loja e cheguei à conclusão de que ele estava tentando fugir. Papai Noel Fujão!

─ Senhor George! ─ gritei o nome dele, já do lado de fora. O local não era muito iluminado e eu já o tinha perdido de vista!

─ Olá, Bella! Estou aqui! ─ disse ele e vi-o sentado num banquinho de madeira da praça. Soltei um suspiro e sentei-me ao lado dele só então percebi que ele estava falando ao celular com alguém ─ Eu também, Cathy, diga ao Júnior e à Tina que ligo daqui a pouco, tenho algo a resolver.

Ele desligou o celular e me senti culpada por tê-lo interrompido; pelo que me lembrava, Cathy era a filha dele e estranhei não tê-la visto na loja durante a entrega dos presentes. Aquela ligação atestava que não estavam mesmo passando as festividades natalinas juntos.

─ Feliz Natal, Bella! ─ ele disse com um sorriso, parecendo não se importar de ter sido interrompido.

─ Feliz Natal, Senhor George. ─ Fui educada; ele não tinha tentado fugir e ainda estava sendo gentil depois de eu interrompê-lo.

─ Acho que sei porque está aqui...

─ Eu não entendo... ─ interrompi-o, tentando não soar rude, mas era uma parte importante da infância da minha filha que estava em questão ─ O senhor disse que se eu não descobrisse o presente de Bree, o senhor mesmo daria a ela...

Ele sorriu e não consegui segurar uma expressão fechada. Será que ele não entendia que Bree era só uma criança? Tudo bem, ela não parecia ter se importado tanto em não ter ganhado um presente, mas, ainda assim, eu estava preocupada.

─ A Bree já ganhou o presente dela, confie em mim! ─ o Senhor George me interrompeu, ainda sustentando o mesmo sorriso em seu rosto.

Neguei com a cabeça, sentindo-me frustrada e meio irritada quando o sorriso dele aumentou.

Tenha fé! Pode ficar com isto, mas não diga a Bree que estou te dando, ela pode ficar chateada comigo. Não é algo que Papais Noéis costumam fazer ─ disse ele, dando uma piscadela e retirando, de dentro do seu “casaco” de Papai Noel, um papel.

Demorei poucos segundos para perceber que o papel, na verdade, era a cartinha de Bree. O envelope mostrava em sua letrinha infantil: “De: Bree Swan-Cullen. Para: Papai Noel”.

─ Tenho certeza de que ela vai adorar o presente dela! ─ O Sr. George sorriu e suspirei pesado, encarando aquele que era o maior segredo de minha filha até o momento.

─ Está bem ─ murmurei, ainda me sentindo frustrada e um pouco derrotada ─ E me desculpe por interromper a sua ligação, espero que esteja tudo bem com Cathy, mande um Feliz Natal a ela, sim?

─ Pode deixar que direi. ─ Ele sorriu mais uma vez, mas seus olhos não pareceram partilhar da mesma felicidade. Será que estava tudo bem? ─ Ela foi passar as festividades com o irmão na Irlanda, a esposa dele é de lá, sabe?

“Os dois moravam aqui desde o casamento, mas se mudaram para Galway quando Ronan faleceu há cerca de um ano” o Sr. George continuou me contando.  Ele pareceu perceber que eu não sabia quem era Ronan e logo tratou de me explicar “Ronan era meu netinho, ele ficou muito doente e faleceu dias antes de completar quatro aninhos” Ele fungou e fechou os olhos por alguns instantes; senti o peso de suas palavras imediatamente. Alcancei sua mão enluvada e a apertei com carinho.

─ Eu sinto muito ─ murmurei com o habitual nó na garganta. Sabia que não tinha como, nem era justo comparar perdas, mas se eu já sofria tanto por ter perdido um bebê de poucas semanas ainda em meu ventre, só conseguia imaginar o quanto estava sendo sofrido, para a família do Senhor George, lidar com tudo aquilo.

─ Obrigado ─ ele disse baixinho e então suspirou ─ A mãe dele, Saoirse, escreveu um blog sobre tudo isso que eles estavam passando na época. Eles não aguentaram ficar, tudo lembrava o Ronan... Acabaram preferindo a mudança.

─ E o Senhor não quis passar as festas com eles?

─ Se eu queria? Ah, como eu queria! ─ respondeu-me com um pequeno sorriso ─ Mas o que faço é uma tradição aqui no vilarejo, por causa da loja. Ela está há gerações na minha família e sei como é importante para as outras pessoas. Eu não tenho mais o meu neto, mas posso continuar fazendo o Natal de outras crianças especial.

Eu sorri, em meio à emoção. Ele realmente era um velhinho extraordinário; a maneira como se propunha a alegrar a noite de Natal de todas aquelas crianças, mesmo em meio a tanta dor pessoal, era não só bela, mas de uma sensibilidade e gentileza sem precedentes.

Nós nos encaramos em silêncio por alguns instantes até que pedi pelo nome do blog de sua nora e o anotei em meu celular. Ele me desejou, novamente, um Feliz Natal e me pediu licença para retomar a sua ligação.

Ia me voltar para a cartinha de Bree em minhas mãos, quando vi a própria saindo da loja, acompanhada de Edward Rosalie, Emmett e Diego. Guardei rapidamente a carta num dos bolsos do meu casacão de inverno para ela não percebê-la, e sorri para eles.

Vamo embora, mamãe? ─ Bree me perguntou, apoiando as mãozinhas em minhas coxas e sorrindo quando assenti.

Eu a peguei no colo e quando fui me despedir do Papai Noel, surpreendi-me ao não vê-lo mais ali, mas ele provavelmente estava falando com os filhos dele. Ao retornar para o chalé, vimos colchões espalhados pela sala, onde Demetri dormiria junto de Rose, Emmett e Diego, enquanto os meus pais e os pais de Edward dormiriam no quarto em que Bree estava instalada anteriormente.

Ela e Diego fizeram uma farra com Demetri, quando ele os presenteou com doces de todos os tipos imagináveis. Eu e Edward tendíamos a não deixar Bree extrapolar, principalmente antes de dormir, mas era a noite de Natal, afinal de contas! Nós a deixamos comendo os doces com Diego sob supervisão de Rosalie, mais responsável do que Emmett e meu melhor amigo juntos, e subimos para o “nosso quarto”, com o pretexto de colocarmos nossos pijamas, mas eu estava louca para descobrir o que Bree havia escrito em sua cartinha e, ainda mais, para revelar a Edward sobre ela.

E, então, eu mostrei a ele a cartinha de nossa filha e como reação, Edward arregalou os olhos e depois franziu o cenho:

─ Como conseguiu isso, Bella?

─ Bem, o Papai Noel me deu ─ respondi-o, como se fosse óbvio.

─ Uau, eu nem vi você falando com ele! ─ Edward exclamou surpreso e eu contei a ele sobre minha conversa com o Papai Noel e também como ele acreditava veementemente que Bree já tinha ganhado o presente dela.

Embora continuasse surpreso, meu namorado pareceu acreditar em mim e seguimos conversando.

─ Vai ver ela pediu a fantasia da Elsa ─ Edward tentou adivinhar enquanto eu tirava a cartinha de dentro do envelope com cuidado ─ Ou aqueles patins...

─ Não sei... Será que ela deu um jeito de dizer à sua mãe? ─ Perguntei mais para mim mesma, mas percebi que não fazia sentido ─ Não tinha como, a Bree não sabia quem tinha tirado ela no amigo secreto!

─ Isso é verdade... ─ Edward suspirou e meneou com a cabeça para a cartinha, como se dissesse para eu abri-la logo.

Fora do envelope, eu sorri ao ver a letrinha de Bree, ainda em aprendizado, mas quase caí para trás ao ver o seu pedido:

“Querido Papai Noel, esse ano eu vou pedi uma coiza muiiito especial. Eu queria um irmãozinho. O outro que você me deu virou anginho e foi mora no céu. Aí eu queria mais um pra brinca comigo. Eu vou cuida dele pra sempre eu prometo. Obrigada. Com amor, Bree Swan-Cullen”.

Eu não sabia se chorava de emoção, ou se sentia muito orgulho do desenvolvimento da minha filha. Ela tinha só 5 aninhos, ainda estava sendo alfabetizada, mas o fato de ter escrito aquela carta sozinha me deixava tão contente! E ao virar o papel, vi o desenho de uma menininha, o Papai Noel e um saco de presentes com algumas setinhas: ela se identificando como o desenho da menina e apontando o irmãozinho como estando dentro do saco de presentes – e ainda acrescentou que poderia ser uma irmãzinha.

Senti os braços de Edward ao meu redor e seus lábios em minha têmpora esquerda. Eu me questionava quanto tempo levaria para realmente conseguirmos dar aquele presente para Bree, quando uma chama de esperança surgiu em meu peito. Talvez fosse cedo, talvez eu me frustrasse, mas não saber era ainda mais agoniante.

Desvencilhei-me do abraço de Edward e saí do quarto em direção ao de minha irmã. Algo dentro de mim me dizia que ela tinha o que eu precisava e mais, que o Papai Noel estava certo. Edward correu atrás de mim e me interceptou no meio do caminho:

─ Não fique chateada, Bella, nós podemos continuar tentando, tenho certeza de que um ou dois meses de atraso não vai fazer o presente de Bree menos especial ─ disse ele, o tom de voz embargado, não parecendo nem um pouco com o homem que havia passado a tarde toda me atazanando com a possibilidade de eu estar mesmo grávida.

─ Sim... Eu só preciso falar com a Leah, tudo bem? ─ Gesticulei para o quarto dela e de Garrett e Edward assentiu ─ Me espera lá no quarto, eu chego lá em dois segundos.

Ele me deu um beijo suave nos lábios e outro na testa antes de fazer o que eu havia pedido. Um pouco ansiosa, eu bati na porta e a abri quando ouvi a permissão de minha irmã. Ela arregalou os olhos quando entrei em seu campo de visão, como se soubesse exatamente o que eu estava fazendo ali; não precisei explicar muita coisa e logo tinha em minhas mãos o que eu precisava.

Voltei ao meu quarto e me deparei com Edward olhando algo pela janela e mexendo no celular. Ele me fitou por alguns instantes e sorriu singelo:

─ Estou falando com Alice e Jasper ─ ele me disse e sorri. Mais um casal de amigos nossos. Na verdade, Alice sempre fora minha fã, como Edward, e acabou se apaixonando por Jasper, mais um dos membros, de cinco, do grupo deles.

─ Mande Feliz Natal aos dois, diga que depois mando mensagem ─ falei para ele, que assentiu ─ Vou ali no banheiro rapidinho.

Edward assentiu mais uma vez e franziu o cenho quando viu o potinho em minhas mãos.

─ Eu preciso ter certeza de uma coisa ─ murmurei e Edward arregalou os olhos ao perceber do que se tratava o pontinho.

─ Quer que eu fique com você?

─ Vou deixar a porta aberta, mas só vou fazer xixi ─ brinquei, afinal de contas, o banheiro era, literalmente, dentro do quarto.

Ele deu uma risadinha e voltou a atenção para o celular, mas sentou-se na borda da cama de frente para o banheiro.

─ Grite se precisar de alguma coisa.

Tirei meu casaco pesado e deixei-o sobre a cama antes de entrar no banheiro. Apesar do clima frio, a ansiedade me dava muito calor, a ponto de parecer que estava pegando fogo; acabei me despindo quase que por completo, ficando apenas de sutiã, e fiz o bendito xixi no copinho. Mergulhei o teste de gravidez na minha urina e, para a parte mais torturante, comecei a esperar pelo resultado.

A minha imagem no espelho era de alguém amedrontada, confiante e esperançosa ao mesmo tempo. Magia do Natal? Do Papai Noel? De Bree? O que mais poderia ser? Eu me posicionei em diferentes ângulos e talvez estivesse ficando maluca, mas, de lado, minha barriga parecia maior do que antes, com uma pequena protuberância. Seria a ceia do Natal? E os meus seios, por que continuavam inchados se minha menstruação já tinha acabado? E se não tivesse sido minha menstruação?

─ Nidação! ─ eu e Edward exclamamos juntos. Olhei-o pelo reflexo do espelho, vendo seus olhos surpresos e boca ligeiramente aberta.

─ O Google disse que pode haver um pequeno sangramento quando o embrião está se implantando no útero. ─ Edward se levantou e andou até mim.

─ Eu me esqueci completamente disso. Na gravidez de Bree eu também tive um sangramento de nidação, mas foi num tom rosado, por isso achei que dessa vez fosse menstruação ─ comentei.

Bem, ainda podia ser menstruação... Só que não de acordo com o teste. Não de acordo com aquela segunda listrinha rosa, forte e marcante que atestava: havia sim um bebezinho dentro de mim!

Eu encarei aquele “palitinho” que estava mudando tudo. Edward parecia em choque até sua expressão de surpresa se transformar em felicidade combinada a algumas lágrimas. Ele me abraçou apertado e me emocionei; nossa família estava mesmo crescendo, Bree estava certa. O presente dela tinha realmente chegado e eu mal podia esperar para contá-la sobre ele.

Edward se ajoelhou diante de mim, fez juras de amor para a minha barriga e a beijou carinhosamente. Depois, me fitou com seus olhos verdes cheios de amor e eu chorei junto dele. Então, eu também me ajoelhei e nós nos abraçamos mais uma vez; sentia-me segura em seus braços, amada, protegida e podia ser só a pontada de esperança crescendo em meu peito, mas algo me dizia que tudo seria diferente dessa vez.

Passados alguns minutos, nós nos levantamos e realmente vestimos nossos pijamas. Nem precisamos discutir um ponto crucial naquela história toda; talvez, fosse sim prudente esperarmos mais algumas semanas antes de dizer à Bree sobre o seu presente, mas precisávamos ter fé, acreditar tanto quanto ela, que tudo daria certo. Então, ao levá-la para o nosso quarto – meio à contragosto por acabar com a brincadeira –, não tivemos dúvidas quanto a contá-la as novidades.

─ Sabe no que eu tava pensando? ─ perguntei assim que nós três já estávamos acomodados na cama.

─ O que, mamãe? ─ Bree perguntou após um longo bocejo. Ela estava lutando contra o sono, por causa de todo aquele açúcar em seu corpinho.

─ Que você nem nos contou o que você queria de Natal! ─ Sim, nós já sabíamos, mas ela ainda não sabia!

─ E eu não vou falar, não! O Papai Noel falou que o meu presente já chegou! ─ ela disse entre risadinhas.

─ É que a gente curioso, filha ─ explicou Edward, entrando em minha brincadeira ─ Porque todo mundo saiu da loja com um brinquedo, menos você.

─ Hum... ─ Bree pareceu ponderar por alguns instantes, como se estivesse na dúvida se nos contava ou não a verdade.

─ Sabe... Enquanto você pensa se conta ou não o seu segredo, a mamãe queria te dizer algo importante ─ comecei.

─ O QUE É? ─ Ela arregalou os olhinhos e abraçou Bobby-John, seu companheiro inseparável.

─ Primeiro, queremos que saiba que eu e seu pai te amaremos para sempre, do mesmo jeitinho. ─ Beijei sua bochecha e Edward fez o mesmo.

Podia até ser clichê, mas achei imprescindível dizê-la aquelas coisas; precisava deixá-la segura diante de tantas mudanças. Olhei para Edward, numa pergunta silenciosa se ele gostaria de acrescentar alguma coisa, mas ele apenas me retribuiu com um olhar encorajador para que eu prosseguisse.

─ Você sabe como eu amo ser a sua mamãe, você é uma das melhores partes da minha vida e eu trocaria tudo o que tenho para ser sua mamãe de novo, porque ser sua mamãe é a melhor coisa que já me aconteceu! ─ Toquei seu narizinho com a ponta dos dedos e ela sorriu.

─ E eu amo ser o seu papai ─ Edward murmurou, olhando-a com carinho, ganhando mais um sorriso largo dela ─ Você e sua mamãe foram os presentes mais lindos que já ganhei.

─ Eu também amo ser a filhinha de vocês ─ Bree falou, erguendo as mãozinhas para o meu rosto e o de Edward, acariciando nossas peles ─ Não tem mamãe melhor, nem papai melhor do que vocês!

Eu sorri em meio à emoção e segurei sua mãozinha; era tão mais fácil porque Bree queria ser uma irmã mais velha tanto quanto eu e Edward queríamos aumentar a nossa prole. Levei aquela mão tão macia e delicada à minha barriga, por cima do pijama e Bree arregalou os olhinhos.

─ Você vai ganhar um irmãozinho ─ murmurei, aguardando a reação de Bree ─ Tem um bebê na barriga da mamãe.

Ela levou as mãos à boca, em surpresa, e então se levantou e começou a pular na cama enquanto dava risadinhas.

─ É a minha Anna, mamãe! ─ Bree exclamou e não contive as lágrimas ao me lembrar da primeira vez em que ela me perguntara se eu daria a ela uma irmã, fazendo um comparativo entre si mesma e a irmã hipotética, e Elsa e Anna de Frozen.

Claro que não sabíamos o sexo do bebê, mas aquilo era apenas um detalhe.

─ É, é a sua Anna ─ concordei, aceitando o abraço apertado que recebi da minha não-mais-tão-pequena filha. Ela se voltou para Edward, que também estava emocionado, e puxou-o para um abraço triplo.

─ Eu amo tanto vocês! ─ Bree exclamou e notei sua vozinha de choro; ela estava tão emocionada quanto eu e Edward, era até ridículo subestimar as suas emoções, ou o jeito como ela poderia manifestá-las, só por ser uma criança ─ Viu que o Papai Noel tava certo? O meu presente chegou! ─ Ela desfez o nosso abraço, se sentou na cama, e pude atestar sua carinha de choro, embora soubesse ser de felicidade.

─ Ah... O seu presente, é? ─ Edward continuou como se ainda não soubesse de nada e nós dois rimos quando Bree começou a gargalhar.

─ O meu preseeeente de Natal na barriga da mamãe! É o que eu pedi pro Papai Noel! ─ disse ela, rindo e erguendo a blusa do meu pijama ─ Oi, maninha, aqui é a Bree, eu vou cuidar de você, bom? ─ Ela beijou a minha pele e, claro, desembestou uma nova onda de choro em mim.

Eu a amava tanto, mas tanto e, ao mesmo tempo, era impressionante como o meu coração parecia conseguir amá-la da mesma forma como já amava o novo bebê – idem ao que tinha virado anjinho. Então, fiz uma prece, agradecendo pela oportunidade de ter mais um filho e também pedindo para, de fato ser a melhor mãe, de todas as Galáxias, para aqueles seres que eu tanto amava.

Nós estávamos prestes a encerrar aquela noite mais do que especial – inclusive, já havíamos feito a medição do fluxo de ar de Bree, por causa da asma –, quando fomos “interrompidos” pelo meu melhor amigo, Emmett e Rose. Eles seguravam o celular de Dima, cuja notícia estampava: “Jéssica Stanley, jornalista, sofre acidente na véspera de Natal. Estado da jovem de 27 anos é estável, mas preocupante; ela está internada no Hospital de Los Angeles”.

Mais abaixo: “Atualizações: de acordo com a família, Jéssica sofreu uma pancada na cabeça, e está apresentando confusão mental, ainda a ser esclarecida por exames de imagem”.

Eu estava em choque. Jéssica poderia ser considerada a minha “inimiga” número um, depois de anos tentando me difamar e me infernizando por minha carreira. Claro, eu jamais poderia desejar algo tão ruim a ela, mas parecia que, depois de tanto tempo, finalmente teria um pouco de paz. Talvez, aquele acidente servisse para Jéssica se tornar uma pessoa melhor, era o que eu esperava.

Assim, depois de acrescentá-la às orações, todos queríamos aproveitar o soninho batendo à porta. Eu e Edward ainda conversamos um pouco mais com Bree sobre o novo bebê, instruindo-a a manter segredo por mais algum tempo. Nós estávamos realmente confiantes com a evolução da gravidez, mas era bom ter cautela antes de sair contando por aí, principalmente, para não cair nos ouvidos da mídia mais cedo do que o necessário. Afinal de contas, nós realmente precisávamos de toda a paz possível naquele momento! – eu estava prestes a lançar um álbum e esse era apenas mais um motivo para tanto cuidado.

─ Boa noite, mamãe! ─ disse Bree e, em seguida, beijou minha bochecha ─ Boa noite, papai! ─ Ela beijou a bochecha de Edward e agarrou nossas mãos ─ Obrigada pelo presente, esse é o melhor Natal de todos!

E foi assim, com um sorriso no rosto, que Bree adormeceu, aconchegada entre mim e Edward – e Bobby-John, é claro. Meu namorado se inclinou um pouco para me roubar um selinho e o meu coração estava mais feliz do que nunca.

─ Obrigado por tudo, Bella, você é a razão de essa família existir, em primeiro lugar ─ ele disse baixinho e sorriu ─ Eu não poderia estar mais feliz pela chance de continuar crescendo ao seu lado e ao lado das nossas filhas.

Eu ri em meio à emoção, pela crença de que aquele bebê em meu ventre era uma menina. Edward e Bree pareciam ter tanta certeza que eu mesma estava começando a acreditar neles.

─ Obrigada, meu amor. Eu não teria conseguido sem você, desde sempre. ─ Fiz um carinho em seu rosto e sorri ─ Quem diria que o meu primeiro fã se tornaria pai dos meus filhos... Ou filhas!

Ele riu e selou nossos lábios mais uma vez antes de se deitar completamente. Eu também me deitei e deixei que o sono me embalasse; tudo o que eu conheci, após me relacionar com Edward havia sido amor, mais amor e felicidade. Por causa dele, eu tinha conseguido me livrar de medos e deixar a escuridão que era a minha vida amorosa para trás.

Ele havia me ajudado a transformar todas as perspectivas errôneas e difíceis que eu tinha a respeito de relacionamentos amorosos no mais lindo raiar do dia – clareando essas perspectivas, eu consegui me libertar de todos os meus medos e passei a acreditar na veracidade e intensidade do amor. Edward e Bree eram a minha luz havia muito tempo e, também por eles, mais um pouco de claridade estava entrando, ou melhor, já tinha entrado em minha vida.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã, pessoal!
Obrigada por tudo! Não se esqueçam de deixar seus comentários, quero muito saber o que vocês acharam desse capítulo!

Beijos,
Mari.

PS: esqueci de deixar o link da cartinha da Bree na história, então, aqui vai: https://www.canva.com/design/DAFV9_lNfic/GdSDOATsI2BfSrIf3hXpuQ/view?utm_content=DAFV9_lNfic&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_source=homepage_design_menu



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