Um papel em cada mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 14
Por toda vda


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem uma cena íntima entre os dois personagens principais, mas nada explícito.



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Se havia uma certeza que a família Sully carregava consigo é que o tempo curaria e melhoraria muitas coisas para eles, e depois de alguns anos vivendo com os Metkayina, isso se provou uma verdade.

Neteyam tinha se recuperado totalmente, voltando a ser o exímio caçador e guerreiro que sempre foi. Ele e os irmãos tinham conquistado o respeito de Aonung e Rotxo. Apesar da saudade da floresta, Neytiri tinha se acostumado ao recife, vendo-o mais como um lar agora, assim como Tuk.

Kiri ainda não entendia muito de onde vinha suas habilidades de controle, mas a companhia de Spider e alguns conselhos surpreendentes que vinham do garoto, conseguiu até mesmo aprimorá-las. 

O menino humano por sua vez era um chamariz de grande curiosidade por parte dos Metkayina, muito mais que os Sullys a essa altura, mas as palavras determinadas dele e sua força de vontade de se encaixar, que sempre o acompanharam, o fizeram ganhar seu próprio lugar entre eles.

Lo'ak e Tsireya tinham se tornado amigos inseparáveis, apesar de seus sentimentos fortes um pelo outro, ainda não eram mais nada além disso.

Lay'ti tinha se tornado referência em seus cuidados médicos, chegando até a se tornar uma espécie de professora para outros jovens que queriam aprender o que ela sabia. 

Com tudo finalmente estabelecido e tranquilo, Neteyam e Lay'ti começaram a ponderar se o momento da sua união não tinha finalmente chegado.

Criando uma oportunidade para conversar sobre isso, ela preparou uma receita nova, uma espécie de bolo com uma fruta que só crescia por ali, algo que os lembrava de casa, convidando apenas Neteyam para comer com ela.

—Eu vejo você - ele a cumprimentou, depois de chegar de uma caçada na companhia do irmão, beijando a testa dela, como sempre fazia desde então.

—Eu vejo você, ma'Neteyam - ela sorriu - obrigada por ter vindo direto para cá.

—-Lo'ak me disse que você queria me ver - ele sorriu - me parece sério, se posso dizer...

—Bom, é e não é, espero que não fique apavorado - ela sorriu, mas olhou para baixo, um tanto envergonhada - antes de qualquer coisa, prova isso aqui que eu fiz.

—Olha, me parece com uma cara ótima, e só pra mim?  Você é mesmo incrível, ma'Lay'ti! - ele riu e pegou um pedaço do bolo, saboreando logo em seguida, aprovando a receita nova - incrível como sua comida.

—Obrigada - ela não conseguiu deixar de agradecer - o que eu queria te dizer é que, as coisas andam bastante pacíficas e tranquilas pra nós, e não quero ser pessimista ou trazer mau agouro, mas sinto que se adiarmos mais o nosso casamento, ele pode não acontecer nunca.

—Calma, eu entendo, eu acho - Neteyam franziu o cenho, tentando consolá-la de suas preocupações, mas logo em seguida se espantando com o que ela estava propondo nas entrelinhas, esse era o motivo da conversa séria - entendo que ainda estamos em guerra, que o povo do céu ainda pode se reorganizar e vir atrás de nós e nos deixaria aliviados já termos resolvido nossa situação, é isso que quer dizer, não é?

—Exatamente - ela suspirou - e quando você diz nós, você concorda comigo?

—Se você estiver pronta, eu estou também, de verdade - Neteyam assentiu - estava só esperando por você, esse tempo todo.

—Obrigada por isso - Lay'ti sorriu de gratidão e se aproximou para beijá-lo.

Eles terminaram a refeição juntos, aproveitando a companhia um do outro. O dia seguinte estava marcado para que cumprissem seu destino.

Lay'ti se ocupou ao fim do dia para preparar uma tenda, como as que os Omaticaya usavam quando ainda estavam refugiados nas cavernas. Já dentro da armação, ela deu um suspiro, se lembrando dessa época, do seu povo de origem, não esquecer da sua cultura de nascimento a deixava contente, era um bom sinal para Lay'ti. Nem a distância da floresta a faria deixar de ser uma Omaticaya.

Se levantando com determinação, ela procurou por Neteyam, voltando do mar. Sem muitas palavras, ela apenas sorriu para ele e segurou sua mão, ele se deixou conduzir por ela, pelo local que tinha preparado para passarem a noite.

—Nosso próprio acampamento - ele comentou sobre a tenda - como as que a gente tinha...

—Eu sei, um lembrete do nosso povo para cumprirmos um costume do nosso povo - ela compartilhou sua motivação para aquilo.

—Certo - Neteyam suspirou, um tanto nervoso.

Eles se sentaram um ao lado do outro então, segurando as tranças ao mesmo tempo, quase as unindo, hesitando por um breve momento.

—Está certa disso, não está? - ele quis se certificar mais uma vez.

—Eu estou, repito mais uma vez, eu escolhi você de coração, ma'Neteyam - ela afirmou, muito tranquila.

—E eu escolhi você, Lay'ti - ele confirmou mais uma vez.

Sua ligação neural foi feita então, uma sensação fortíssima passou pelos dois, a união não só de seus corações, mas de sua mente. 

A primeira imagem que tiveram acesso juntos foi quando ele acordou depois de ser atendido por Lay'ti e como ela reagiu a ele estar a salvo. Depois, Neteyam revisitou algo que ainda guardava em seu coração com carinho, compreendendo melhor o que tinha significado e que Lay'ti nunca soube que havia lhe ocorrido. 

A maneira como ela tinha sorrido para ele depois de chegar, os dois no meio da floresta, de volta ao seu lar de origem, a maneira como ele a tinha beijado sem muita cerimônia, com certeza do que estava fazendo, e como ela tinha apreciado o gesto.

Sentiram então seus batimentos do coração se sincronizarem, estavam se tornando um só, marido e mulher. Abriram os olhos lentamente, observando um ao outro, com a mesma intensidade, com o mesmo amor. Deram as mãos e se deitaram lado a lado, se aproximando cada vez mais um do outro. 

Neteyam pôs sua mão livre na cintura dela, uma maneira de mostrar que não queria que ela saísse dali, que não fosse embora. Confirmando que não iria a lugar nenhum, Lay'ti segurou o braço dele. Ela deixou que Neteyam a beijasse, da mesma maneira que ele fazia todos os dias, delicado porém firme. Apreciando o gesto, Lay'ti afagou suas costas, soltando sua mão, o envolveu num abraço mais próximo.

Completamente conectados, cumpriram seu destino, não só pelo que era esperado deles, mas pelo amor que se formou entre eles e os envolvia, agora e por toda vida.

 


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