— Senhora assistente, você está deslumbrante – Alice falou sorrindo enquanto eu organizava minha bolsa, a olhei de soslaio e sorri sacudindo a cabeça enquanto pendurava a mesma em meu corpo.

— Eu preciso ir, meu taxi já deve estar chegando – Falei caminhando até a porta.

— Boa sorte! Alice falou dando uma piscadinha e eu retribui ao sorrindo antes de fechar a porta e caminhar até o elevador.

Olhei no espelho e corrigi o batom em meus lábios, tinha que admitir que eu estava gostando desse ar de executiva, a porta do elevador abriu e eu arregalei meus olhos correndo na direção do meu taxi ignorando as reclamações do motorista e entrei no veículo.

Eu estava vinte minutos adiantada quando passei o meu crachá no hall de entrada e segui para o elevador, sorri timidamente com os olhares dos executivos, tinha que admitir que estava me sentindo eufórica para um primeiro dia o qual não fazia a menor ideia de como seria, o nervosismo me dominou quando a porta do elevador abriu no andar da presidência e eu suspirei caminhando até a recepção tentando ignorar os olhares na minha direção.

— Bom dia! Falei de forma gentil ao me aproximar da mesa das duas secretárias.

— Bom dia senhorita Cullen – A secretaria chamada Ana respondeu educadamente – Seja bem-vinda.

— Obrigada – respondi.

— Bom dia Renesmee – disse a outra secretaria chamada Lana – Somo colegas de trabalho então acho que não precisamos de tanta cerimonia.

Dei um tímido sorriso – Claro que não.

— Que ótimo – disse Ana – Odeio sobrenomes – completou pegando uma agenda e me entregou – Eu estava resolvendo as pendencias do chefe, mas agora estou te entregando o cargo – Ela disse em um tom de alivio.

— Não liga Renesmee, ela está falando isso porque não deu conta.

Ana rolou os olhos, Lana e eu rimos.

— Quanto tempo acha que ela vai durar? Perguntou Ana.

— Ana que isso? Lana reclamou – mas acho que uns dois meses, ela é bonita e fofinha.

Olhei para ambas e elas trocaram olhares rindo – Sem graça.

— O senhor Black ainda não chegou, então fica a vontade se quiser um café ou água.

—Estou bem, obrigada Lana – Sorri agradecendo e caminhei até o sofá, me sentei e abri a agenda lendo as anotações feitas pela assistente anterior.

Ignorei os burburinhos dos demais empregados e risos fazendo piadas de quanto tempo eu duraria, mas percebi que todos se calaram, ergui meus olhos e minhas bochechas queimaram ao ver Jacob Black olhando para mim.

— Bom dia senhorita Cullen, peço perdão pelo atraso – Ele falou caminhando até a porta e a abriu, o olhar dos seguranças e das duas secretarias era de espanto.

— O senhor Black pediu desculpas a assistente? Murmurou Ana.

— Retiro o que eu disse – Falou um dos seguranças – aumento para seis meses.

Rolei meus olhos e suspirei me levantando do sofá e passei pela por Jacob entrando na presidência.

— Fique à vontade – disse Jacob tirando o casaco e deu a volta em torno da sua mesa, concordei com a cabeça e puxei cadeira me sentando, em seguida abri a agenda, eu estava nervosa demais e precisava me concentrar.

Ergui meu olhar na direção de Jacob Black e só então percebi que estava sendo observada por ele, em alguns momentos ele me olhava como se eu estivesse nua a frente dele e fazia com que eu me sentisse um pouco estranha – O senhor tem uma reunião durante o almoço com o senhor Rheinz – Falei voltando a olhar para a agenda.

— Gosta de comida Italiana senhorita Cullen?

A pergunta em forma de resposta me deixou desconcertada, me perguntei se ele tratava todas as assistentes assim, não que ele fosse atrevido, ao contrário, ele era um gentleman - Sim – respondi voltando a olhar para ele.

— Vamos almoçar no Spinasse.

Dei um tímido sorriso – O senhor?

— Você é minha assistente e será um almoço de negócios, precisa estar presente não acha?

Me senti envergonhada, era obvio, havia sido uma pergunta desnecessária – É claro! Respondi.

— Avise a secretária que vamos sair para o almoço e não retornaremos a tarde, peça a ela que anote os recados e remarque qualquer reunião.

O ouvi atentamente concordando, me levantei da cadeira e caminhei até a porta, olhei de soslaio para Jacob Black e os olhos dele me acompanhavam, então sai da sala e fechei a porta dando um suspiro.

Percebi que Ana e Lana me olhavam em silêncio.

— Algum problema garotas? Perguntei me aproximando da mesa delas.

— Não.

— Imagine.

Meu olhar se dividiu entre as duas – O senhor Black tem um almoço, quer dizer, tem uma reunião durante o almoço, ele não retornará mais hoje, pediu que anotem os recados e remarquem qualquer compromisso.

Lana concordou pegando sua agenda e anotou o que eu havia pedido, porém sua atenção se voltou para a porta – Vamos senhorita Cullen – Disse o chefe em um tom de ordem passando de forma apressada por trás do meu corpo, torci meus lábios e sem perder tempo o segui tentando acompanhá-lo, enquanto andava pelo corredor senti o vibrar de meu aparelho celular em minha bolsa, a abri olhando o aparelho, ignorei a mensagem e entrei no elevador ficando ao lado dele.

O silêncio de Jacob Black era atormentador, era difícil saber por sus expressões se ele estava satisfeito ou não.

O elevador deu uma pausa abrindo a porta, mas os funcionários não entraram apenas assentiram deixando a porta se fechar mais uma vez.

Jacob Black era um tirano.

— Você tem irmãos?

Meu corpo tremeu ao ouvir a pergunta feita por ele – Sim – respondi mantendo meu olhar na direção da porta, me perguntei por que ele me deixava tão nervosa.

— Mais novos ou mais velhos que você?

O olhei de soslaio, ele estaria tentando puxar um assunto com intenções indevidas? Porque se estivesse com certeza eu só duraria um dia naquele emprego, seria a assistente que durou apenas vinte e quatro horas e entraria no livro dos recordes – Se não quiser responder – ele falou em um tom diferente como se estivesse envergonhado, talvez eu estivesse exagerando e ele apenas quisesse ter uma conversa comum com a nova assistente.

— Não tem problema algum – Respondi vendo a porta do elevador abrir e fingindo não me sentir incomodada em ser o centro das atenções – Tenho dois mais velhos e dois mais novos – continuei – Eu sou a filha do meio.

O senhor Black abriu a porta de forma gentil e eu agradeci a gentileza saindo do prédio, a nossa frente o motorista nos aguardava com a porta do carro aberta – Obrigada – respondi ao entrar no carro e Jacob entrou em seguida se sentando ao meu lado.

Aproveitei a distração do meu chefe e respondi a mensagem de minha mãe.

“Estou trabalhando, ligo mais tarde, te amo.”

O carro se movimentou e olhei pela janela em silêncio, não sabia se eu estava agindo da forma correta ou não, mas não queria parecer atrevida – É como é ser a filha do meio? Jacob perguntou retomando a nossa conversa, virei meu rosto em sua direção e sorri timidamente.

— O senhor sempre faz perguntas pessoais a suas assistentes?

— Gosto de conhecer meus funcionários- ele falou.

Me senti envergonhada, eu estava pensando absurdos de Jacob Black e ele só queria saber quem era nova funcionária dele – Desculpe eu...

— Se eu estiver sendo evasivo.

— Claro que não – Neguei com a cabeça – O primeiro filho é o mais esperado – falei respondendo a pergunta feita por ele – Tem toda euforia de ter um bebê entre o casal – Expliquei sorrindo – O segundo é meio que, nossa vamos aumentar a família – Olhei para a janela observando as arvores passarem como vultos devido a velocidade do carro – A terceira é bem, olha mais um e depois os gêmeos que são os últimos, meu Deus mais dois bebês.

— Bom eu sou filho único não posso dizer que entendo.

Apesar de em alguns momentos eu me senti frustrada com relação a minha família eu amava meus irmãos, não me imaginava sem eles – Que pena é muito bom ter irmãos – Sorri timidamente e o encarei assim que o veículo parou – Deseja saber mais algo senhor Black?

Ele negou com a cabeça olhando para o relógio em seu pulso – Chegamos – murmurou voltando a pose de senhor supremo.

Eu estava trabalhando a algumas horas com Jacob Black e ele já havia me deixado totalmente confusa.

Entramos no restaurante e o acompanhei até uma das mesas, havia um homem mais velho sentado e sorriu ao nos ver – Olá Black – ele disse alargando seu sorriso e então olhou para mim – Trocou de assistente? Olá, senhorita.

— Boa tarde senhor – respondi educadamente, havia me sentido desconfortável com a forma a qual ele havia me olhado. O velho se levantou puxando a cadeira para que eu sentasse e Jacob o olhou com um semblante sério.

O almoço não havia sido confortável, o velho abusado usou algumas palavras de duplo sentindo enquanto conversávamos sobre ações e números, mas o cúmulo foi quando ele passou o sapato em uma de minhas pernas, pela primeira vez não soube o que fazer, eu tinha consciência de que aquilo era assédio, afastei minhas pernas na mesa e sem querer acabei esbarrando nas pernas de Jacob.

Pronto, as coisas tinham como ficarem piores, mas Jacob não olhou para mim e sim para o sócio e sua expressão se tornou pesada.

— Bom Black, foi um prazer fazer negócios com você como sempre – o velho tarado falou tomando o restante do seu vinho, mas Jacob o ignorou.

— Senhorita Cullen – Sua voz saiu calma e gentil – Poderia me aguarda com Harry? Ele já retornou.

Aquele pedido soou como um grande alivio o qual não consegui disfarçar – É claro – Concordei me levantando imediatamente – Com licença – falei saindo apressada e me afastando da mesa, eu não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo e com certeza eu conversaria com Jacob.

— Aconteceu alguma coisa filha? Perguntou Harry assim que me aproximei do carro – Está pálida.

— Uma coisa estranha – respondi olhando pelos vidros do restaurante, Jacob continuava a conversar com o sócio.

— Seja o que for conte a ele, acredite ele não vai deixar que ninguém faça mal a senhorita.

Olhei para Harry e Sorri, talvez Jacob Black não fosse tão ruim o quanto diziam – Obrigada Harry.

— Não há de que – ele respondeu sorrindo – Acho melhor entrar no veículo a temperatura está caindo.

Concordei com ele, realmente meus dedos estavam começando a ficar dormentes, entrei no carro e suspirei ao sentir o aquecedor e aproveitei o momento sozinha para responder as mensagens de Isabella Swan.

“ Jantar em família hoje as vinte horas.”

“ Não sei, ainda estou no trabalho.” Respondi.

“ Querida eu não estou pedindo, estou avisando que teremos um jantar.”

Fiz uma cara de dor – “ok” respondi inconformada

Jacob entrou no veículo e guardei o aparelho virando meu rosto na direção dele – Achei que fosse demorar um pouco mais – falei desviando meu olhar do dele e olhei na direção da janela.

— Só o tempo suficiente para explicar que ele não deve balançar tanto os pés debaixo da mesa. – Ele respondeu.

Olhei para ele novamente pensando nas palavras de Harry, ele havia me defendido? Ao menos era isso que ele havia deixado claro para mim através de suas palavras, olhei novamente na direção da janela enquanto meu chefe avisava o motorista sobre nosso próximo destino.

Jacob Black era uma incógnita que eu precisava desvendar.