Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 3
Vossa Majestade




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Sentada na frente da minha mesa do escritório, essas lembranças de quatro anos atrás ainda me deixavam intrigada. Até hoje, a minha prima Alice não quis revelar o nome daquele homem, e olha que eu implorei muito quando voltei para a festa. Talvez eu nunca descubra mesmo! Suspirei chateada ao colocar no lugar o porta retrato que eu tinha de nós três na festa do meu aniversário. Em uma tentativa de afastar as memórias, virei a cadeira para olhar pela janela o movimento dos carros e das pessoas, mas isso só provocou mais uma avalanche de recordações em minha mente. Eu resolvi aceitar o conselho da minha mãe e encontrei o senhor Carlisle, que prontamente me ofereceu um cargo na empresa Cullen&Swan. Como eu estava no último ano da faculdade de administração, comecei sendo sua estagiária e, após a minha formatura, passamos a dirigir juntos os negócios. Naquele momento eu não desejava fazer outra coisa, já que dessa maneira eu me sentia ligada aos meus pais.

A minha mãe estava totalmente certa ao descrever que o sócio do papai era um homem muito bondoso, ele me recebeu de braços abertos assim que soube da minha origem e na mesma hora houve uma afinidade entre nós. O senhor Carlisle logo me contou um pouco sobre sua vida, seus dois filhos moravam fora do Brasil e, até hoje, eu nunca cheguei a conhecê-los. Ele não gostava de abordar muito esse assunto e eu não o incomodava com isso, apesar de a minha curiosidade ser grande. Quanto à empresa, ela caminhava muito bem e em breve seríamos uma multinacional, uma vez que teríamos uma filial no exterior. As minhas melhores amigas seguiram para aquilo que elas sempre sonharam: a Rose escolheu fazer moda e o curso tinha tudo a ver com ela, já que a loira vivia inventando algo diferente para vestir! E a Lice desde pequena dizia que queria salvar vidas, então escolheu a medicina como carreira.

O toque do telefone dissipou as minhas lembranças me trazendo à realidade, a minha secretária queria confirmar a reunião de amanhã, antes da minha viagem de negócios. Quando coloquei o aparelho no gancho, percebi que possuía muita coisa para organizar em casa ainda, por isso peguei alguns papéis que precisava terminar de analisar e guardei na minha pasta.

Ao caminhar ligeiramente para a saída do prédio escutei chamarem pelo meu nome.

― Bella! Espera um pouco, gostaria de falar com você. ― Confirmei com um aceno de cabeça e aguardei o senhor Carlisle me alcançar. ― Irei passar para a sua secretária umas últimas informações sobre a viagem de amanhã para o Chile ― o homem de cabelos claros quase grisalhos disse ao mostrar alguns documentos em sua mão. 

― Tá bom, eu vejo com ela depois, ainda não terminei de organizar as coisas lá em casa antes da viagem ―  respondi cordialmente. 

― Tudo bem, Bella, pode ir tranquila. ― Ele sorriu afetuoso. ― Ah, e outra coisa, quase me esqueci! O meu filho mandou notícias. Ele irá chegar hoje mais tarde, uma pena que você está de partida.

― Não faltará uma oportunidade para a gente se encontrar ― pronunciei alegre, devolvendo o sorriso. ― Estou ansiosa para conhecer um de seus filhos.  

― Já estava mais que na hora, não é mesmo? — ele comunicou educado, como de costume, e eu balancei a cabeça concordando.

Nos despedimos com a promessa do senhor Carlisle de me apresentar seu filho mais velho amanhã, uma vez que ele também iria conosco na viagem.

Assim que abri a porta de casa, resolvi ir direto para o banho. Amanhã será um dia muito corrido, então imaginei que recarregar as energias me ajudaria nas tarefas. E, além disso, um banho não faria mal algum! Após a ducha me senti mais disposta, realmente eu acertei em cheio, por isso aproveitei para arrumar a minha mala. Deixar as coisas para o último minuto não era algo que eu aprovava, porém, não tive muita escolha, já que essa viagem para fora do Brasil apareceu de repente. Então, puxei a minha bagagem do armário e botei em cima da cama enquanto colocava algumas peças de roupas: casacos, blusas quentes, calças, sapatos e outros pertences pessoais. 

Uma hora depois, vestida com o meu roupão quentinho e felpudo, fechei o zíper da mala.

― Perfeito! Menos um item na lista ― relatei para mim. ― Agora vou buscar um copo de água e você fica quietinha aqui no canto. ― Empurrei-a para a parede e em seguida caminhei até a cozinha. ― E, só falta ler um documento de várias páginas ― pronunciei desanimada. ― Acho que só água não vai ser suficiente, preciso de algo mais forte.

Ao voltar para o quarto com uma taça de vinho nas mãos, bebi um gole do líquido antes de largar na mesa de cabeceira. Busquei pela minha pasta do trabalho e quando encontrei o que procurava, acomodei-me naqueles lençóis macios. Após iniciar a minha leitura consegui folhear uma página até o meu celular tocar.                            

― Que história é essa de você viajar amanhã e não falar nada para a gente?! ― A Lice estava no seu modo mãezilla, falando tão alterada que a minha reação foi de não responder prontamente. 

― Foi de última hora, o senhor Carlisle pensou que seria bom para eu ter experiências com esses eventos. ― Eu tentei escolher as palavras certas para ela não ficar mais zangada. ― Mas não esqueci de vocês não, mandei mensagem para as duas.

― Ah… Não olhei minhas mensagens.

― E como foi que a senhora soube? ― Indaguei curiosa. 

― Um passarinho me contou. 

― Sei, você ainda está ligando para a minha secretária? 

― É só preocupação.

Deixei escapar um suspiro. 

― Entendo que você assumiu o papel de mãe, mas às vezes é um pouco demais. 

― Eu tento me controlar, só que tem horas que não dá. ― Ela também suspirou e logo em seguida mudou de assunto. ― Eu irei sentir a sua falta ― sua voz entonou de um jeito manhoso. 

― Eu também vou, mas vai passar voando, você vai ver. Segunda já estou de volta.

― Segunda!? ― O tom de voz dela subiu e mais uma vez seu instinto materno tomou conta.

― Lice, vai passar rápido, prometo. ― Eu tentei acalmá-la. ― Quando você menos esperar, estarei aqui.

Depois de um bom tempo consegui fazê-la perceber que eu precisava dessa experiência fora do Brasil.

― Tudo bem. ― Ela choramingou um pouco. ― Mas quero que você ligue todos os dias.

― É sério isso? ― Revirei os olhos, cansada de argumentar com ela sobre essas preocupações, mas no final acabei cedendo. 

Quando nós desligamos, eu retornei para a minha leitura, porém o celular tocou novamente.

― SUA CACHORRA! Não avisa que vai viajar! Suas amigas nem são preocupadas com você. 

― A culpa é minha agora se vocês não olham as mensagens no nosso grupo?

― Você mandou mensagem? ― ela perguntou confusa. 

Nós tínhamos o hábito de ligar umas para as outras, já que na nossa adolescência esse era o único jeito de nos comunicarmos.   

― Sim… ― A Rose permaneceu em silêncio assim que respondi e eu presumi que ela ficou sem graça. Balancei a cabeça me divertindo com a situação. ― Você sabia que o filho do senhor Carlisle vai estar no evento também? ― mencionei para mudar de assunto.  

― E o filho dele é bonito? ― Ela pareceu entusiasmada com a conversa.

― Não sei, nunca vi o rapaz, mas amanhã eu descubro. ― A Rose queria mais detalhes, porém infelizmente eu também não tinha mais informações.

Logo depois ela emendou em outra conversa falando de uma coleção nova que estava criando, a loira havia arranjado um estágio em um dos ateliês mais famosos da cidade e estava toda animada. Não demoramos muito com o papo, pois a Rose tinha que voltar ao trabalho e eu também, ela possuía uns horários malucos de serviço. Nunca havia um turno de entrada e saída convencional.  

***

Observei as árvores balançando do lado de fora da janela, um vento moderado assobiava ao fundo, hoje o dia amanheceu mais frio do que o costume para o mês de maio. Era melhor eu colocar algo mais quente só por precaução, então vesti uma calça preta social, uma camisete branca de manga comprida, um blazer preto e peguei um casaco pesado para mais tarde. Após tomar o meu café apressada, segui para o escritório, eu ainda precisava resolver algumas coisas na parte da manhã. A primeira delas foi pegar os documentos que o senhor Carlisle deixou com minha secretária.       

― Senhorita Isabella? ― a mulher de quarenta e poucos anos comunicou quando fiz menção de sair.   

― Sim? ― Ergui os olhos dos papéis em minhas mãos e aguardei pela sua resposta. 

― O senhor Carlisle pediu para a senhorita passar na sala dele assim que chegasse.  

― Certo, obrigada.

Em seguida, guardei meus pertences na minha sala e cruzei o corredor na direção da sala dele. Eu me acomodei na cadeira em sua frente, enquanto o senhor Carlisle terminava de ler alguns relatórios. Logo que fechou a pasta e sua atenção caiu sobre mim, o homem disparou a falar, mal dando tempo de acompanhar suas palavras. Ele comentava de como esse evento teria o potencial para expandir nossos negócios e ouvi tudo atentamente, interessada em sua opinião. Porém, quando ele tocou no assunto “filho”, não consegui compreender mais nada, meu coração se agitou e eu nem sabia o porquê!   

― Bella, já que você está aqui, vamos até à sala do meu filho? Ele chegou ontem, quero apresentar vocês dois. 

― Será que pode ser depois do almoço? Tenho uma reunião daqui a pouco e preciso deixar algumas coisas organizadas antes da viagem. 

― Claro, sem problemas, menina. ― Ele sorriu.

Eu adorava quando ele me chamava assim, pois de alguma forma isso me fazia lembrar do meu pai e me passava a sensação de acolhimento. 

― Ah, já ia esquecendo de te avisar ― ele voltou a declarar. ― Eu não vou poder ir com vocês na viagem, apareceu um problema de última hora com a negociação dos canadenses. 

― Mas o pessoal do marketing está confirmado, né? ― Ele fez um joinha com as mãos, confirmando.  Eu tentei mostrar confiança para ele ao sorrir, minha primeira viagem para fora do Brasil sem o meu sócio. ― Então, seguirei todas as suas recomendações por escrito e, caso o senhor precise de algo com os canadenses, é só me avisar.

Ele afirmou com a cabeça e me ofereceu mais alguns conselhos rápidos antes de eu voltar para minha sala. O resto da manhã, separei e verifiquei alguns materiais para levar, e perto do almoço fiz uma reunião com a minha secretária e os gerentes para repassar instruções enquanto eu estivesse fora.

Trinta minutos depois, assim que finalizei a nossa conversa, notei pelo computador que já eram meio-dia e meia e enquanto buscava pela minha bolsa, recebi uma ligação das meninas para almoçarmos juntas.

***

Ao pegar o meu celular, o relógio marcava duas horas, o tempo realmente corria depressa ao lado daquelas duas. 

― Bella, não se esqueça de mandar notícias, tá bom? ― a Alice falou em um tom firme quando eu disse que já estava na hora de ir.

― Fica tranquila, mamãe. Vou ligar ― respondi ao mesmo tempo que guardava o celular na bolsa e esbocei um meio sorriso para ela. 

 ― Ah, Bella, espera um pouquinho, não vai embora ainda ― a loira disse ao se levantar. ―  Tenho que ir ao banheiro antes, mas quero me despedir de você.  

Eu acenei com a cabeça concordando e ela saiu apressadamente. A Lice e eu ficamos papeando sobre coisas de trabalho até que, alguns minutos depois, ouvimos um grito histérico nos assustando, e eu levantei sobressaltada, pois reconheci na hora a dona: Rosalie.

― AH! MINHA ROUPA, GAROTO! ―  falou desesperada ao ver suas roupas sujas de suco.

― Desculpa moça, eu juro que não te vi! ― um homem jovem de cabelos pretos respondeu um pouco nervoso com o incidente.

― E é cego? Olha para onde anda! ― ela pronunciou ainda exaltada.

― E se eu fosse? Não foi por querer, não. Agora, será que posso te ajudar? ― Ele tentou limpá-la com guardanapos.

De onde a Lice e eu estávamos conseguimos assistir e escutar tudo, por isso eu fui até eles assim que percebi que a situação iria se complicar, já que o homem havia a sujado ainda mais. A Rose bufou com um pouco de raiva e eu fiquei preocupada, pois ela não era de se alterar. Por uma infelicidade, a situação só piorou, o coitado do moço esbarrou no garçom que vinha pelo corredor e a loira não conseguiu desviar do objeto que bateu em sua cabeça, mas por sorte a bandeja estava vazia. 

 ― Ai, garoto, a minha cabeça! ― Colocou a mão no lugar em que provavelmente doía.

― Minha nossa! Eu sinto muito. ― O homem não sabia como agir para ajudá-la e com o seu jeito estabanado a coisa não iria dar muito certo. 

― Desculpas aceitas, ela vai ficar bem, não fica preocupado. ― Sorri simpática para ele e em seguida tirei a Rose dali o mais rápido possível, já que a qualquer momento ela poderia espancar o coitado.

No estacionamento, eu e a Lice não nos aguentamos e deixamos umas risadinhas escapar, a loira ficou ainda mais enfurecida. No momento em que eu me despedia delas, a minha prima sussurrou no meu ouvido que eu podia ir tranquila que ela cuidaria e domaria a fera. Segui o meu caminho para o escritório rindo do acontecido, tinha que ser logo com a Rose! É muito a cara dela essas cenas.

A porta do elevador mal tinha aberto quando o senhor Carlisle apareceu do nada, assim que ele me avistou disparou a falar. Ele estava atrás de mim para apresentar o filho e enquanto nós caminhávamos até a sala do rapaz, o meu sócio começou a contar a história dos garotos. O mais novo não queria saber de responsabilidades, só sabia gastar dinheiro com festas. 

― Isso é coisa da idade, uma fase que vai passar. Tenho certeza. ― o senhor Carlisle comentou confiante e eu concordei com a cabeça, apenas escutando seus relatos raros sobre os filhos.

Já o mais velho parecia ser o exemplo ideal, não dava trabalho, sempre tentando seguir os passos do pai, e após quatro anos estudando na Espanha, ele se formou e retornou para casa. No momento em que chegamos em frente ao escritório do rapaz, o telefone do meu sócio tocou, e ele pediu licença para atender, caminhando na direção da sua própria sala. Olhei confusa para os lados, não sabia o que deveria fazer, já que me encontrava sozinha ali. Ao observar o corredor vazio, pensei em ir embora também, pois eu ainda precisava adiantar algumas coisas do serviço, mas no último minuto resolvi que seria melhor acabar com isso de uma vez. 


Bati na porta umas três vezes até finalmente alguém abrir, quando isso aconteceu, uma moça de olhos azuis apareceu e, ao reparar em mim, suas sobrancelhas se arquearam demonstrando estar perplexa. Eu franzi a testa, não compreendendo nada, será que eu estava descabelada? E por que ela me parecia familiar? Segundos depois, ouvi uma voz grave ao fundo dizendo: "Pode se retirar, por favor" e imaginei que fosse comigo. Por isso, tratei logo de fincar os calcanhares no chão para partir, mas a moça de olhos azuis foi mais rápida e passou na minha frente em uma disparada. Eu parei de andar ao notar que aquela voz não era estranha e retornei na direção da sala. Quando cheguei na entrada da porta, percebi a figura de um homem alto, bem-apessoado, com uma barba aparada, cabelos cacheados castanhos, olhos da mesma cor e lábios vermelhos delineados. Eu permaneci parada no batente por um momento, estática, apenas admirando a beleza dele e no instante seguinte, como um lampejo, a minha mente me mostrou que eu já o conhecia. Era ele! O cara misterioso do meu aniversário de dezoito anos. Eu mal podia acreditar no que estava vendo, já que por tanto tempo eu desejei saber sua identidade, então decidi fazer algo de útil e me apresentar, talvez ele nem se lembrasse mais de mim. 

― Olá, eu sou a Isabella Swan. ― Estendi a mão para ele. ― Seu pai me contou tudo sobre você.

― É mesmo? Espero que só coisas boas. ― Ele apertou a minha mão com um sorriso torto nos lábios e nós nos cumprimentamos. ― Ah, e eu sei quem você é, Bella ― ele comentou me deixando sem reação. 

― Sabe? Como você sabe? ― Não esperava que ele fosse se recordar tão rápido, por isso eu quis me fazer de desentendida.

― Acho que eu mudei muito, pois você não me reconhece mais. ― Ele me observou divertido. 

― Só pode ser isso ― respondi balançando a cabeça, concordando com ele e o deixei pensar que eu não sabia de nada. ― Então, me ajuda a refrescar a memória? ― perguntei para não demonstrar que já tinha o identificado.

Ele me encarou por alguns segundos e houve um momento de tensão, uma vez que o silêncio se prolongou na sala, os seus olhos me analisaram atentamente, parecia notar cada expressão minha e por fim, encerrou o silêncio esclarecendo:

― Nos conhecemos quando éramos crianças, não se lembra? ― Agora quem estava confusa era eu.

Como assim? Eu fiquei chocada com essa nova informação, ele havia reparado no meu jeito espantado com toda certeza! Na minha mente a gente havia se conhecido no meu aniversário de dezoito anos, não foi?

― Eu realmente não estou me recordando. ― O feitiço havia virado contra o feiticeiro, já que eu não fazia ideia de quem ele era e mais uma vez, a curiosidade me atiçou.

Eu busquei em minhas memórias da infância à procura de alguém parecido com seus traços, mas o homem em minha frente estava tão “mudado”, com barba e tudo, que todos os garotos da vizinhança poderiam ser ele. Observei minuciosamente aqueles olhos castanhos claros e só conseguia pensar em como eram únicos. Eu desejei saber seu nome ainda mais e quando resolvi acabar com o mistério, o senhor Carlisle entrou na sala, fazendo com que eu tomasse um susto. 

― Já não está na hora de vocês irem para o aeroporto? ― O homem olhou o seu relógio de pulso e depois nos encarou.

Com esse lembrete, eu acabei partindo imediatamente para a minha sala, pois precisava deixar algumas coisas encaminhadas com a secretária e também pegar a minha mala, mas anotei em minha mente que essa história não tinha se encerrado. Hoje eu descobriria de uma vez por todas o mistério que envolvia esse cara, sem falta, uma vez que eu possuía tempo suficiente para questioná-lo. 

Durante o trajeto do escritório até o aeroporto, como havia algumas pessoas junto com a gente no carro, não consegui esclarecer nada sobre o cara misterioso, porém eu não estava com pressa, eu sabia que encontraria o momento certo para desvendar tudo a seu respeito. Logo que embarcamos no avião, o céu azul chamou a minha atenção e, apesar do vento forte, as nuvens não impediam que os raios do sol atravessassem. Enquanto aguardávamos a hora de decolar, eu continuei observando admirada pela janela aquele paraíso. Após levantarmos voo, a pior parte na minha opinião, a voz grave do homem me trouxe de volta à realidade.

― Não tive a oportunidade de dizer, mas você estava linda de princesa. ― Então quer dizer que ele se lembrava disso, eu sorri sem graça em resposta. 

― Obrigada ― comentei. ― Digo o mesmo para você, vossa majestade. ― Ele me encarou com uma expressão de surpresa.

― Você sabia quem eu era? O tempo todo? ― ele perguntou espantado. 

― Sim e não. ― Eu acabei deixando escapar uma risada nervosa ― Só me lembro que dancei com você naquela noite, mas não sabia que nos conhecemos quando crianças. ― Ele esboçou um sorriso jocoso. ― Afinal, qual é o seu nome? ― perguntei, muito curiosa.

Ele ameaçou abrir a boca e provavelmente falou o seu nome, mas eu não escutei, já que o avião começou a balançar muito, entrando em uma turbulência. Com o sacolejo da aeronave eu acabei perdendo toda a atenção. Grudei minhas mãos no assento com um pouco de temor, não foi uma viagem agradável, pois pegamos uma tempestade feia no meio do caminho. Perdi as contas de quantas vezes eu me encolhi no canto da poltrona assustada. Estava começando a mudar de ideia de que, talvez, a decolagem não fosse a pior parte. Eu só percebi que fiquei sem saber o nome dele tempos depois, porém, eu iria esclarecer isso a qualquer custo, não descansaria até desvendar o mistério.


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Notas finais do capítulo

Bella está muito determinada em saber quem é o cara misterioso hehe



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