Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 23
À caminho do furacão




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Quando o Charlie completou quatro meses, seus cabelos permaneceram pretos e os olhos se destacavam na cor âmbar, as pessoas adoravam apertar suas bochechas rosadas. Eu nunca imaginei que a nossa casa pudesse ganhar tanta alegria, o ambiente está sempre cheio de vida, mesmo nos dias tempestuosos. E, convenhamos que tivemos alguns furacões pelo caminho. Embora meus problemas particulares se ajeitaram, já que Edward e eu vivíamos em perfeita harmonia, o lado profissional era outra história. Depois que a matéria de assédio daquele cliente repercutiu nas redes sociais, a nossa imagem foi afetada como prevíamos. Além da boa parte de funcionários que foram demitidos, uma porção de patrocinadores deixará de fazer negócios com a gente. Sem falar que não conseguíamos parcerias novas e inclusive o acordo que fechamos com os Canadenses corria o risco de ser encerrado.

 

― Droga! ― exclamei assim que o copo escorregou da minha mão e se espatifou no chão.

 

― O que foi, querida? ― Minha tia apareceu preocupada na cozinha.

 

― Não é nada. ― Suspirei e ela cruzou os braços me olhando. ― Só preocupação.

 

― Tenho certeza que tudo isso ficará no passado. Aposto que logo as coisas se resolverão.

 

― Eu também espero ― respondi com um sorriso desanimado.

 

― Agora, vamos limpar essa bagunça.

Eu a impedi de andar descalça no chão.

 

― Melhor a senhora não se mexer, por causa dos cacos de vidros. ― Abri a porta de acesso para o quintal e busquei na dispensa a vassoura e a pá. ― E o Charlie? Dormiu? ― perguntei ao retornar.

 

― Sim, aproveitei para dobrar as roupas acumuladas. ― Balancei a cabeça, incrível como dona de casa sempre possui coisas para fazer, o serviço é infinito. ― Bella, já não está na hora de preparar o almoço? ― Eu concordei com um aceno enquanto varria o piso.

 

― Era o meu plano, antes de quebrar o copo.

 

― Então, vou trazer o pequeno para cá. ― Prontamente ela se afastou, seguindo na direção da sala.

Após recolher os cacos de vidros escutei o meu celular tocar, peguei o aparelho em cima da mesa e o atendi.

 

― Alô?

 

― Oi, Bella ― Rosalie mencionou contente do outro lado da linha.

 

― Oi, loira. Ligou para ouvir minha voz? ― eu disse bem-humorada.

 

― Que convencida.

 

― Tentando manter a positividade, pois a coisa tá feia.

 

― Quem sabe com o nosso cinema de amanhã você consiga se distrair. ― Essa era a minha torcida. ― Mas o motivo do telefonema é outro, Alice.

 

― O que tem a Lice? ― Eu me interessei.

 

― Ela anda esquisita, acho que aconteceu alguma coisa.

 

― Será que foi o Jasper?

 

― Pelo histórico dele, não duvido. ― Por um segundo, a chamada ficou muda. ― Então, queria propor para a gente investigá-la.

 

― Claro, vamos descobrir o que houve. ― De repente um barulho ao fundo nos tirou a atenção.

Rosalie gritou com alguém desesperada.

 

― Bella, depois a gente se fala. O Emmett incendiou um pano de prato aqui. ― Nós nos despedimos e eu desliguei o celular rindo daqueles dois.

Mais tarde, mando uma mensagem para ela perguntando se estava tudo bem. Coloquei o aparelho de volta na mesa e abri o armário buscando as panelas para começar o almoço.

***

 

― Edward, acho melhor cancelar esse cinema. ― Neguei com a cabeça.

 

― Bella… Não se preocupe com o Charlie.

 

― Mas é a primeira vez que fico longe dele. ― Observei o garotinho acomodado na sua cadeirinha.

 

― A minha mãe adorou a ideia de cuidar do pequeno. ― O Ed segurou a minha mão. ― Ele não estará sozinho.

 

― Eu sei, só que e se ocorrer algo com nós dois? ― Um dos meus maiores medos depois que engravidei era de não ver o crescimento do Charlie, talvez influenciada pela minha perda. ― Não controlamos essas coisas. ― Suspirei triste.

 

― Então por que não fazemos o seguinte, cada um vai em um carro e assim as chances são reduzidas de acontecer alguma coisa com os dois ao mesmo tempo. Isso te deixaria mais calma?

Um pouco, não totalmente, entretanto meu marido possuía uma certa razão. Concordei em um aceno e apesar do aperto no coração levamos ele para a casa dos pais do Ed. Eu esperava que essa sensação desaparecesse dos meus pensamentos, não só hoje.

Encontramos com as meninas e os rapazes na frente do cinema e logo me tranquilizei por chegarmos salvos. Escolhemos um filme de ação já que o resto era de terror e no momento meu emocional não aguentaria isso não.

 

― Ainda bem que optamos por esse filme, que ator gato ― a Rose comunicou quando saímos da sala, apenas eu e a Lice escutamos.

Minha prima balançou a cabeça e eu acabei rindo, essa loira sem papas na língua como eu amava. Rosalie aproveitou e me encarou.

 

― O quê? ― questionei sem emitir som e ela apontou com o dedo na direção da Alice.

 

― E aí, gatinhas? Querem comer alguma coisa? ― O Jasper se meteu na nossa rodinha e eu conclui que a Rose gostaria de conversar sobre aquele assunto da Lice.

 

― Sim, vamos para a praça de alimentação. ― Enquanto o pessoal se encaminhava para o local, puxei o Edward para o canto.

 

― Preciso de um favor, alguns minutos com as meninas.

 

― O que eu não faço por você ― ele disse divertido.

 

― Pode deixar que mais tarde eu te compenso. ― Envolvi meus braços ao redor do pescoço dele.

 

― Se for igual aquela vez na varanda, a nossa sorte foi que os muros são altos.

 

― Mas com certeza os vizinhos ouviram tudo. ― Nós dois gargalhamos.

 

― Os pombinhos ainda estão de lua de mel, é? ― a Rose falou meio alto pelo corredor do shopping.

 

― Melhor a gente ir ― comentei ao pegar em sua mão.

Assim que nos aproximamos dos restaurantes, o pessoal discutia qual seria o escolhido.

 

― Alguém a fim de um chope? ― o Ed perguntou para os rapazes que imediatamente levantaram as mãos. ― Beleza, eu vi um barzinho lá perto da entrada. Topam?

 

― Demorou ― o Jasper respondeu animado. ― Acho que deve tá passando jogo.

Meu marido me olhou desanimado e eu sussurrei “desculpa”, ele não era muito fã de futebol. Após a Rose e eu mencionarmos que preferíamos comer algo por aqui mesmo, os três partiram. Sentamos em um quiosque de café, pedimos nossos lanches e aguardamos em silêncio. Aliás, eu tinha que concordar com a loira, Alice não trocou mais que duas palavras desde que chegamos. Rosalie arqueou as sobrancelhas para mim, entendendo seu recado pigarreei chamando a atenção da minha prima.

 

― Lice, há alguma coisa que você queira compartilhar conosco? ― ela pensou por um instante.

 

― É, capaz de vocês saberem de outra forma, então sim. Eu fiz uma besteira, e das grandes. ― a Rose e eu nos encaramos surpresas. Será que erramos e o Jasper não possuía nenhuma ligação com isso?

 

― Que besteira? ― a loira pronunciou curiosa e a Alice resmungou algo.

 

― O quê? ― Rosalie e eu dissemos juntas.

 

― Dormi com o Jasper! ― ela elevou a voz e várias pessoas ao redor escutaram. ― Satisfeitas? ― Minha prima escondeu o rosto entre as mãos. ― Nunca mais eu dou ouvidos ao que vocês falam.

 

― Ué, por quê? Foi tão ruim assim? ― a Rose declarou em um tom de chacota.

 

― Não… Mas é horrível não controlar nossas ações. ― Alice balançou a cabeça. ― Pra que tentei ser espontânea, bebi além da conta.

 

― Você estava bêbada? Conta todos os detalhes ― manifestei para tirar umas dúvidas que surgiram.

 

― Não, só alegrinha demais, quando a cachaça bateu no sangue resolvi me libertar por completo. Agarrei o homem no meio da rua mesmo. ― A loira e eu não conseguimos segurar uma risada.

 

― É, o álcool humilha a gente, né? Experiência própria ― Rosalie anunciou se divertindo com a situação.

 

― Não coloco mais nenhuma gota desse líquido na minha boca ― a Lice murmurou enfezada. ― E agora, ele anda atrás de mim como se fossemos um casal. Eu jurava que nunca mais o veria.

 

― Pelo jeito, o homem se apaixonou. ― Gargalhei da expressão que a minha prima fez.

 

― Aquele lá só se importa com a preciosa dele. ― Eu e a Rose enrugamos a testa. ― A moto.

Nós três rimos e conversamos por mais alguns minutos até a comida chegar. Parece que cada uma das minhas amigas encontrou o seu par perfeito. Apesar do Jasper e da Alice serem tão diferentes um do outro, acredito que isso era o que os aproximava. Depois de fofocarmos mais um pouco, fomos atrás dos rapazes.

 

― Amanhã, vocês vão almoçar na casa da mamãe? ― minha prima mencionou logo que descemos a escada rolante.

 

― Não, esse domingo faremos ao contrário. Almoço na casa dos pais do Ed e o café na tia.

 

― Ah ótimo! Não vejo a hora de apertar as bochechas do meu afilhado. Posso ficar grudada nele a tarde toda, meu plantão é só de noite. ― Eu sorri com o seu comentário e ao mesmo tempo meu astral baixou lembrando do Charlie, com medo dele perder os pais.

 

Isabella! Para de pensar besteiras. Não é porque isso aconteceu com você que também irá se repetir, certo? No instante seguinte, Rosalie apareceu em meu campo de visão levando embora minhas preocupações.

 

― Até mais, Bella. ― Ela me abraçou se despedindo e senti o cheiro de seus cabelos loiros, recém lavados.

 

― Até!

Na segunda-feira, desde que acordei, não consegui tirar uma coisa da minha cabeça: o perfume da Rose. Mesmo precisando ir ao escritório para solucionar uma pendência, aquele seu aroma de cabelo lavado me rodeava como se eu ainda estivesse envolta dela. E, para completar a estranheza, no meio do dia não imaginei que seria atingida por um furacão, aliás haveria um longo caminho para percorrer até as nuvens carregadas desaparecerem.


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Notas finais do capítulo

Bella toda preocupada em deixar o pequeno Charlie órfão, será que ela tem razão? E o que será que vem por aí?

Ps: Estamos nos encaminhando para a reta final da fanfic :o segurem na mão tia e nos vemos no próximo capítulo ;*



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