Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 22
Ânimos Aflorados




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Quando fechei a porta do quarto, uma certa insegurança tomou conta de mim, como o Ed encararia pela primeira vez as modificações do meu corpo? Se eu ainda estava me acostumando a isso. Há cinco minutos, envolvida naquele clima do nosso jantar, esqueci completamente desse pequeno detalhe. Ao me virar, deparei com seus olhos atentos. Constrangida, desviei os meus.

 

― Não tem nada de errado com você ― ele falou adivinhando meus pensamentos.


Ameacei questioná-lo, porém no instante seguinte fiquei sem reação. Será que era tão evidente assim? Só consegui esboçar um sorriso acanhado e então movi meus pés. Avistando a cama, parei no meio do caminho.

 

― A gente pode passar a noite toda abraçados, o que você acha? ― Edward retirou os sapatos e encostou na cabeceira estofada.

 

― Ótima ideia ― respondi me juntando a ele, mas antes coloquei a babá eletrônica na mesinha ao meu lado.

Seu braço me envolveu quando meu corpo se aconchegou ao dele.

 

― E você continua linda ― o Ed comentou ao mesmo tempo que acariciava meu cabelo. ― Talvez mais, por trazer ao mundo o fruto do nosso amor.


Eu me afastei um pouco para olhar em seus olhos. Admirada com suas palavras, não soube o que dizer nesse momento. Apenas senti, era possível a gente se apaixonar ainda mais? Pelo jeito, era sim! Logo depois, eu me aninhei mais em seus braços e ouvindo o som das batidas do seu coração, adormeci. O cansaço capturou todas as minhas forças.


O sábado amanheceu em um dia tão lindo, o sol já brilhava com um vigor incrível para às seis da manhã. Perfeito para caminhar ao ar livre e fazer um passeio em família, mas com todo o cuidado para evitar lugares aglomerados. Tentei me mexer sem acordar o Ed, inutilmente, ele se espreguiçou, despertando e assim que percebeu que eu também, seu corpo se aproximou do meu. Sua boca tocou a minha em um beijo sem pressa. Com a sensação de que o tempo havia parado, pois nesse instante existia somente nós dois. Entretanto, não demorou muito para nossa bolha estourar, escutamos pela babá eletrônica uma pessoinha resmungando.

 

― Eu vou ― Edward mencionou ao depositar vários selinhos em meus lábios e se levantou da cama.

Avistei ele abrir a porta e caminhar para o quarto da frente, enquanto eu seguia seus passos. O Ed  se apoiou no berço e começou a conversar com o Charlie. O garotinho logo acalmou os ânimos, suas mãos permaneceram imóveis ouvindo a voz do pai.

Observei de longe o entrosamento entre eles. Não imaginava que o Edward se tornaria um pai tão maravilhoso. Ele me reconquistou totalmente com esse seu jeito, já que isso toca em um ponto sensível para mim, a ausência dos meus pais. Eu me desloquei até os dois.

 

― Pode ir tomar o seu banho, está na hora desse garotinho mamar ― pronunciei a última parte com a voz suave.

 

― Certeza? ― respondi com um aceno e peguei o Charlie no colo. ― Tá bom, então eu preparo o café quando sair. ― Antes de partir, beijou a minha testa e a cabeça do nosso filho.

Bocejei à medida que sentava na poltrona. Posicionei o pequeno para alimentá-lo e apoiei o pescoço no estofado para descansar os olhos.

 

― Ed? ― chamei por ele quando desci as escadas. Olhei a cozinha vazia. ― Onde seu pai se meteu? ― falei com o garotinho em meus braços.

Imediatamente fui interrompida pela campainha e ao tocar na maçaneta enruguei a testa, não tinha marcado nada com as meninas hoje.

 

― Quem é, amor? ― Escutei uns passos atrás de mim e de repente a voz do meu marido ecoou no ambiente.

 

― O seu irmão ― eu disse receosa após atender a porta. ― Olá, Henrique. ― O rapaz abriu um sorriso.

 

― Oi, cunhadinha.

 

― O que você quer? ― Edward adotou uma postura desconhecida por mim, meio rude.

 

― Isso é jeito de falar com o seu irmão? O papai não te ensinou bons modos, não? ― Ele entrou na sala, sem ser convidado e os dois ficaram um de frente para o outro.


Edward coçou a testa irritado e o encarou.

 

― Caiu da cama? ― comentei para tentar aliviar o clima.

 

― Madruguei, né? ― Henrique me respondeu, virando o rosto na minha direção. ― Resolvi aceitar o seu convite.

Que convite? Meu marido inclinou a cabeça um pouco e balançou em negação enquanto eu buscava na memória por essa informação.

 

― Já que estou procurando algo para alugar ― ele continuou com o seu discurso. ― E claro, conhecer o meu sobrinho. ― O rapaz se aproximou do Charlie que no momento dormia no meu colo.

Edward não deixou o irmão tocar no pequeno ao se enfiar entre nós dois e logo declarou:

 

― Aqui no condomínio? Pelo o que eu sei, a mesada que o papai te dá não será suficiente.

 

― Por isso mesmo decidi trabalhar, o velho adorou a ideia ― Henrique falou de uma maneira descontraída.

 

― Trabalhar? ― Notei um sarcasmo em seu tom de voz. ― Não irá durar uma semana.

 

― Por que não vamos tomar café? ― Outra vez quis apaziguar as coisas.

 

― Acho melhor eu ir embora, cunhadinha. Parece que alguém não ficou feliz com a minha visita. ― O rapaz se moveu. ― Até mais ― ele comunicou assim que passou pelo meu lado.

 

― Eu não tô acreditando nisso. ― O Ed fechou a porta, nervoso. ― De novo o papai será enganado.

 

― Sei que você tem seus problemas com o seu irmão, mas e se ele realmente deseja mudar? ― Caminhei até o carrinho de bebê para deixar o Charlie descansar mais tranquilo. ― Todos merecemos uma segunda chance, certo? ― ao terminar de falar, enlacei meus braços em torno do pescoço dele.

Edward não concordou muito comigo, já que notei uma indiferença na sua expressão. Entretanto, se acalmou, segurando na minha cintura.

 

― Agora que história é essa de convite? ― Ele me apertou contra seu corpo.

 

― Foi por educação, naquele dia que o encontrei no estacionamento, lembra? ― Fixei meus olhos no seu para observar sua reação.

Será que isso era uma demonstração de ciúmes da parte dele? Confesso que me diverti um pouco, o semblante do Ed continha um ar emburrado e para não deixá-lo amuado, beijei sua bochecha.

 

― Vamos tomar café? Aproveitar o dia com um passeio em família?

 

― Ótima ideia ― ele respondeu animado e nos dirigimos para a cozinha, ainda abraçados.

***

Apreciei encantada o céu com algumas nuvens, o entardecer possuía um tom alaranjado e vermelho. Eu nunca me cansaria de admirar o pôr do sol, uma beleza esplêndida que a natureza nos presenteia todo dia. Suspirei apoiando o topo da minha cabeça no peito do Edward, depois do jantar resolvemos aproveitar o final do dia, juntinhos, na varanda do deque. Pela babá eletrônica, espiei o Charlie resmungar no seu berço e no mesmo instante escutei meu marido soltar um xingamento. Assustada, eu me sobressaltei.

 

― Não se preocupe que ele já dormiu de novo.

 

― Hã? ― O Ed largou o celular no canto da poltrona. ― Ah, não é isso. Acabei de ver aqui nas redes sociais que a matéria daquele cliente saiu e a empresa já está sendo criticada. ― Bufou impaciente.

Minutos antes, nós nos sentamos na espreguiçadeira grande redonda, eu havia me aconchegado entre suas pernas. Para conseguir olhar em seus olhos, virei a lateral do corpo.

 

― Por que não esquecemos esse assunto por hoje? Segunda-feira pensamos a respeito. ― Coloquei a babá eletrônica perto do aparelho dele.

 

― Você tem razão, amor. ― Ele encostou o pescoço no estofado, relaxando.


Meus dedos tocaram em sua barba bem aparada, roçando levemente na pele dele e senti que sua tensão se dissipou. Edward afrouxou os lábios, o que me fez reparar em como sua boca era do tamanho ideal, nem muito grande e nem muito pequena. Aliás, cada parte sua. Uma descarga de volúpia percorreu até o fio do meu cabelo, com a respiração alterada, eu me espantei pela minha reação. Por impulso, recuei parando as carícias em seu rosto já que algumas inseguranças retornaram à minha mente. Angustiada, encarei o chão.

 

― O que foi? ― Ele segurou no meu queixo e o puxou para cima.

Nossos olhos se encontraram, o Ed parecia preocupado.

 

― Eu não sei, eu... ― Não fui capaz de terminar a frase, pois perdi a voz. ― Acho que os hormônios ainda estão desregulados. ― Era esquisito, pois desejava o contato da sua pele na minha, mas algo me bloqueava.

 

― Talvez seja um pouco cedo, não precisamos nos apressar. Tudo no seu tempo. ― Concordei em silêncio e conclui que seria possível que essa barreira existia apenas na minha cabeça.

Então, com os pensamentos a mil, decidi virar o corpo de volta para observar o céu que ganhava uma tonalidade mais escura. Percebi quando o Edward se ajeitou na espreguiçadeira, suas mãos pousaram na curvatura do meu pescoço, massageando o local. Imediatamente me causou uma sensação de relaxamento. Fechei os olhos para contemplar seu toque e refleti por um momento. Suas palavras do dia anterior me vieram à cabeça "não tem nada de errado com você". Estava na hora de deixar minha insegurança quanto ao meu corpo para trás, pelo menos tentar enfrentar isso. Se não desse certo, ainda teria o amanhã.

Enquanto os dedos dele pressionavam os nós da minha escápula, as alças do vestido de botões que eu usava caíram sob os meus ombros. Uma brisa leve soprou nos atingindo, o choque meio frio com o calor de suas mãos arrepiou todos os meus pelos e assim que seus lábios encostaram no meu pescoço cada célula minha se enfraqueceu. Em um ato de coragem ou possuída pelo efeito da adrenalina no sangue, levantei permanecendo de frente para o Ed. Pela penumbra do anoitecer, notei com dificuldade sua expressão confusa, ele quis me seguir, mas o impedi de se pôr de pé. E, de repente, uma confiança me contagiou, deduzi que era por causa do crepúsculo, já que havia pouca luminosidade no local.

Abri os primeiros botões do vestido devagar, sem conseguir encará-lo e com o coração disparado, logo que a peça alcançou a madeira, revelando meu corpo mais volumoso, pude sentir o olhar dele em mim. Minhas bochechas coraram, entretanto, a sorte estava a meu favor, pois se tornava custoso reparar qualquer coisa no escuro, apenas vislumbrávamos a silhueta do outro. Edward parecia inquieto na espreguiçadeira, limpou a garganta e arrumou a bermuda. Um sorrisinho brotou no meu rosto, talvez, ele também ansiava por um contato mais próximo. Retornei para o estofado, só que dessa vez fiquei diante dele.

Apoiada nos joelhos, nossa altura se igualou, passei as mãos pelo seu calção, subindo até a barra da blusa, retirando-a. Meus dedos acariciaram seu peito desnudo, sem pressa, desceram para a parte inferior do seu abdômen, roçando sua pele delicadamente. Com o toque ele contraiu os músculos, reprimiu um gemido, além de suas mãos agarrarem minha cintura e ao afrouxar sua bermuda, Edward aproximou meu corpo do dele. Sussurrando próximo do meu ouvido um "continua linda" me fazendo recordar aquele momento da minha festa de aniversário.

 

― Não, muito mais com essa luz ― ele disse com a voz rouca e se afastou um pouco. ― Queria que você pudesse enxergar com os meus olhos agora o quanto está deslumbrante. ― Eu ruborizei por um segundo, mas logo os ânimos afloraram de volta.

O Ed segurou na minha nuca e antes de me beijar cheio de paixão, ele ficou imóvel, analisando meu semblante. Talvez com a intenção de guardar na memória esse instante. O frescor da noite provocou um calafrio por toda a extensão do meu tronco que busquei encostar no calor de seus braços. Como se entendesse, Edward me deitou na poltrona cobrindo minha pequena estatura com seu físico forte. Sob as estrelas, nós nos amamos até sentir o corpo do outro tremer em êxtase. 


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Notas finais do capítulo

E esse encontro de irmãos? Tenso, né. Vejo vocês no próximo capítulo, beeijos ;*



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