Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 24
Presságio




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Meus pés se locomoveram pelo piso brilhante da empresa, observei os corredores vazios que meses atrás eram cheios de pessoas. A impressão que tive foi de que o lugar perdeu a vida, um sentimento de decepção tomou conta de mim. Suspirei ao entrar no elevador, infelizmente eu possuía uma questão para resolver.

― Boa tarde, senhora Cullen ― meu assistente pronunciou assim que me viu.

 

― Senhora, Léo? ― Aliás, meu ouvido não se acostumou ainda em ser chamada pelo sobrenome que inclui após o casamento.

 

― É força do hábito, desculpa ― ele disse envergonhado, porém suas sobrancelhas logo se juntaram. ― Nós marcamos alguma coisa hoje?

Cocei a testa, procurando as palavras certas. Não queria dispensá-lo, entretanto seu contrato do estágio havia sido cancelado. Essa decisão me deixou entre a cruz e a espada, pois meu desejo não era de retornar para o trabalho agora, gostaria de acompanhar o crescimento do Charlie. Ser mãe em período integral.

 

― Acho que sei o motivo ― o Léo falou interrompendo meu dilema pessoal. ― Posso continuar sem receber a remuneração.

 

― E eu não posso permitir isso. E o gasto com o ônibus? Sem mencionar os outros.


O rapaz abriu a boca para me responder, mas uma discussão do lado de fora nos chamou a atenção. Ao sair da sala, avistamos o Edward exaltado e olhei para a Márcia confusa.

 

― O que houve? ― perguntei baixinho para a minha secretária que levantou os ombros, pelo jeito ela também foi pega de surpresa.

 

― Você não tem autorização para fechar um negócio desses. ― Meu marido censurou o irmão. ― Principalmente em adiantar o dinheiro para um fornecedor que nem conhecemos. ― Edward estava irritado. ― E se ele decide embolsar a grana sem assinar um acordo?

 

― Claro que não, confia em mim. ― O Ed soltou uma risada debochada. ― O papai que me incentivou a ir atrás desse cliente.

 

― Ele tá cego, você não possui nenhuma formação e muito menos experiência na área. ― Balançou a cabeça em negação.

 

― Ciúmes, irmãozinho? Só porque dessa vez o preferido sou eu? ― Edward revirou os olhos.

 

― Que confusão é essa aqui? Dá para ouvir lá do final do corredor ― o senhor Carlisle declarou firme.

 

― Seu filho mais velho. ― Henrique apontou na direção do irmão.

 

― Os dois para a minha sala, já não bastam os escândalos? Querem arranjar mais problemas? ― Meu sogro começou a andar enquanto comunicava seu desgosto pela atitude deles. ― E você, Edward? Muito me admira a sua postura. Não devemos agir pela emoção.

O Ed enfiou as mãos no bolso da calça e respirou fundo seguindo o pai, seu irmão foi logo atrás.

 

― Vamos verificar a minha agenda, Léo? ― comentei após alguns segundos me recuperando do pequeno desentendimento deles. ― Conversamos sobre aquele outro assunto depois. ― Já que havia perdido toda a coragem.

Assim que finalizamos a checagem dos meus compromissos, sentei para ler um relatório, minha mente percorreu apenas algumas linhas até rodopiar igual um pião, preocupada com o meu marido e tentando arrumar um jeito de não dispensar o meu assistente. Massageei as têmporas para em seguida sentir o cheiro do cabelo da Rose. Céus! Que loucura é essa? Desde que acordei seu perfume parecia me rondar.

Dez minutos mais tarde, sem concentração nenhuma, desisti completamente de trabalhar e resolvi passar na copa para tomar um café. Ao mesmo tempo que enchia uma caneca com a bebida, digitei uma mensagem para a minha tia perguntando se estava tudo bem com o pequeno Charlie. Confesso que não foi fácil deixá-lo com ela, porém com o coração mais calmo do que no sábado. Bebi o líquido à espera da sua resposta e de repente uma ideia surgiu.

 

― Acho que já sei como solucionar esse problema, pelo menos um ― pronunciei animada.

Caminhei na direção do escritório do Edward, precisava do seu apoio para a decisão que tinha tomado.

 

― Por favor, me encaminhe todos os documentos que o Henrique despachar ― ele disse para uma outra pessoa no telefone. ― Obrigado. ― Logo que desligou, seus olhos me localizaram parada no meio da sala. ― Oi amor, como o Léo reagiu?

 

― É sobre isso que estou aqui. ― Eu me aproximei da sua mesa. ― Por que você quer os documentos do seu irmão? ― Arqueei as sobrancelhas, curiosa.

 

― Ele pode enganar o papai com esse papinho de bom samaritano, mas não a mim.

 

― E se realmente o seu irmão quis ajudar? Meio errado, é verdade.

 

― O Henrique? Duvido muito. Aquele ali não tem nada de besta.

 

― Talvez fez por ingenuidade. ― O Ed negou com a cabeça. ― Você pensa em fazer o quê? Com esses documentos?

 

― No momento, só vou procurar por alguma irregularidade. Prevejo algo de muito errado, mas são apenas suspeitas.

Refleti por um instante nas suas palavras, será que isso no futuro nos daria muita incomodação? Eu não gostava de ver os dois desse jeito, irmãos deveriam ser unidos. Isso era algo que mexia muito comigo, já que se existisse outro pedacinho dos meus pais eu faria de tudo para nos acertar.

 

― E o seu assunto? O Léo não recebeu bem a notícia? ― meu marido me questionou, dissipando minhas observações.

Eu mordi o canto do lábio, nervosa, relembrando a minha ideia.

 

― O que aconteceu? ― Ele enrugou a testa.

 

― Eu não posso dispensá-lo, Ed. Além dele merecer o estágio, quero acompanhar cada fase do Charlie, ser mãe e esposa são meus maiores objetivos agora.

 

― Eu concordo, mas infelizmente estamos cortando alguns gastos aqui na empresa.

 

― Por isso vim conversar com você. ― Eu me sentei na cadeira em frente da sua mesa. ― Eu tenho um dinheiro guardado e se você aceitar usarei uma parte para isso.

 

― Claro, nem precisava me comunicar. Esse dinheiro é seu.

 

― Eu sei, amor, só achei que deveria comunicar a minha decisão. Para não causar nenhuma dor de cabeça mais tarde.

Sorri satisfeita, sentindo que as coisas melhorariam em breve. Demorei alguns minutos ainda na sala do Edward, pois mostrei para ele um vídeo do nosso filho que a minha tia havia gravado, dois babões. Ao retornar para o meu escritório em uma felicidade, não imaginava que horas depois o início do furacão me atingiria em cheio.

 

― A senhora não fez isso ― o Léo declarou após eu anunciar que ele continuaria estagiando.

Acenei em uma afirmação e deixei passar o senhora dessa vez. O rapaz me abraçou contente em resposta e logo que a emoção cessou, retomamos o trabalho.

Caminhei confiante pelos corredores, repleta de esperança de que conseguiríamos reerguer a empresa mesmo no meio do caos e o melhor era que eu não seria obrigada a abdicar dos meus objetivos. Sem mencionar que não desejava ver o patrimônio que o meu pai construiu arruinado.


Peguei a chave do carro assim que parei em frente do veículo, entusiasmada, e abri a porta. O aroma do cabelo da Rose se espalhou no ar logo que embarquei.

 

― Vou resolver isso agora, não é possível ― murmurei. ― Localizei o celular na bolsa e quando pensei em discar o número da loira, recebi uma chamada da Alice.

 

― Isabella? ― ela perguntou com uma certa dúvida, já que imediatamente atendi.

 

― Oi ― respondi.

 

― Onde você está?

 

― Na empresa, por quê?

 

― O Emmett acabou de me ligar, a Rose foi para o hospital.

 

― O quê? ― Meu coração se apertou. ― Mas o que houve?

 

― Eu também não sei direito, meu plantão terminou hoje de manhã. Vou para lá agora.

 

― Você acha que é algo grave? ― minha prima demorou um pouco para retrucar, talvez refletindo sobre o assunto.

 

― No sábado ela parecia bem, aposto que aqueles dois aprontaram mais uma.

 

― Pode ser. ― Soltei uma risada, provavelmente se estabacou no chão outra vez e machucou o braço. ― Nos encontramos no hospital então.

Ao me despedir dela, liguei o carro e parti para a emergência. Dirigi tranquila por causa das suas palavras, apesar da sensação estranha no meu peito. Tentei me convencer de que sua ida para o pronto-socorro não passaria de um susto. Após alguns minutos procurando uma vaga, estacionei o veículo.

Busquei por informação no balcão da emergência, a moça disse que uma paciente chamada Rosalie Hale havia dado entrada, porém não foi capaz de me esclarecer onde a atendiam. Desesperada por notícias, mandei mensagens e disquei o número da Alice do lado de fora e enquanto aguardava ela responder, andei de um lado para o outro.

 

― Cadê você? ― falei depois de um longo período na espera de contatá-la.

 

― Cheguei agora, estou na portaria.

 

― Tá bom ― comentei não entendendo muito, por que na portaria?

Quando desliguei o celular, rapidamente me encaminhei para o local com uma impaciência.

 

― Por que na portaria, Alice? ― repeti meu questionamento ao avistá-la.

 

― É que a Rose foi internada.

 

― Como assim? ― Eu me assustei. ― Por causa de um braço quebrado?

 

― Não, ela desmaiou.

 

― E por qual motivo?

 

― É isso que vamos descobrir agora, vem comigo. ― Segui a minha prima pelos corredores, aflita, imaginando mil coisas nada boas.

 


Alice passou seu crachá no leitor de biometria e entramos na ala de internação. Meu coração voltou a ficar apertado, com a sensação de que algo estava errado pelo presságio que tinha recebido durante o dia inteiro. Entretanto, não consegui prever o quanto a notícia ruim nos surpreendeu, de uma maneira que me transportou para um dos piores momentos da minha vida. 


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Notas finais do capítulo

É as coisas não estão muito boas para o lado da Bella, o que será que houve com a Rose? Vejo vocês nos comentários, beijos ;*



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