Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 21
Bem-vindo




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Observei o pequeno dormindo ao meu lado, em seu berço do hospital transparente, o bebê mais perfeito. Suspirei, como era possível amar tanto uma pessoinha que mal chegou nesse mundo? Não conseguia explicar, pôr em palavras, o quanto eu queria protegê-lo. Logo depois, escutei umas batidas na porta.

 

― Oi, Bella ― minha prima falou ao abrir a porta do quarto. ― O médico já liberou vocês?

 

― Sim, o Ed foi resolver algumas burocracias para a gente ir. ― Ela balançou a cabeça e no instante seguinte, Rosalie entrou no cômodo carregando uma penca de balões.

 

― Que isso? ― Alice se assustou quando a loira passou por ela.

 

― Trouxe uns presentinhos para o meu sobrinho. ― A Rosie se aproximou do berço. ― Não é a coisa mais fofa? Gente, ele é a cara do Edward.

 

― Só que o cabelo é bem preto, puxou da Bella. ― Alice caminhou até onde a loira se encontrava.

 

― Vocês acham? Ele é tão pequeno ainda. ― Encarei o bebê.

 

― Com certeza ― minha prima declarou convicta.

 

― Oi, meninas ― o Ed anunciou atrás da gente.

 

― Oi ― elas responderam juntas sem desviar a atenção do garotinho.

 

― Já está pronta, amor? ― Eu acenei, afirmando que sim.

 

― Mas, calma aí. ― Rosalie nos olhou com a testa enrugada. ― Já escolheram o nome dele?

 

― Bem, não concordamos com nenhum.

 

― Até agora. ― Edward completou a minha frase. ― Andei pensando esses dias e por que não colocamos Charlie?

 

― Charlie? ― Repeti sentindo a minha visão embaçar.

 

― Uma homenagem para o seu pai ― ele comentou e eu derramei algumas lágrimas, emocionada.

 

― Eu amei! ― Levantei da cama e abracei o Edward.

 

― Oh! ― a Rosie disse em um tom de voz suave, toda melosa. ― Ai, Alice! Precisava me beliscar?

 

― Eu tentei gesticular que já está na nossa hora ― minha prima sussurrou. ― E não foi tão forte assim.

 

― Mas eu ainda não entreguei os tip tops que confeccionei inspirados no tema do quarto do bebê. ― Eu e o Ed nos separamos rindo das duas.

 

― Entrega lá em casa ― mencionei. ― Vamos tomar café, juntas?

Elas concordaram e enquanto eu peguei o Charlie no colo para posicioná-lo na cadeirinha, o Edward apanhou nossas bolsas.

 

― Isabella ― a Lice me chamou quando saímos pela porta. ― A mamãe conversou sobre passar o pós-parto com vocês?

 

― Sim, combinamos tudo no dia em que ela veio me visitar aqui. Hoje à noite, sua mãe ficará com a gente.

 

― Ah ótimo! Nunca é demais uma ajuda nesses momentos.

Assim que chegamos na nossa casa, tirei o Charlie de sua cadeirinha confortável e o segurei em meus braços, seus olhos castanhos escuros se abriram para observar atento o ambiente. 

 

― Seja bem-vindo ao seu lar, meu filho ― pronunciei esboçando um sorriso de felicidade.

 

***

O primeiro mês com o bebê foi uma tarefa difícil, não só pelo fato dele acordar durante a noite, mas por causa da amamentação também. Apesar de ter lido tudo sobre o assunto, na prática as coisas não funcionam da mesma forma. Alice me orientou em como aperfeiçoar o jeito de pegar o pequeno na hora de mamar. E a minha tia, nossa! Uma mão na roda, sem ela não conseguiria dar conta de nada. Além de que, não fez um comentário a respeito do Ed e eu ainda dormimos em quartos separados. Eu iria sentir a falta dela, agora que já nos adaptamos a rotina minha tia voltaria para sua casa, porém ela prometeu que continuaria vindo para me auxiliar nos afazeres domésticos. Mesmo eu falando que não precisava se incomodar, ela insistiu e eu aceitei sua oferta.

 

― Isabella?

 

― Hã... ― respondi o Ed de olhos fechados.

 

― Você não quer dormir no quarto? Está toda torta aí, no sofá.

 

― Não, me deixa dormir aqui. ― Virei para o outro lado e segundos depois, um choro fininho, mas estridente ecoou no cômodo.

Levantei imediatamente, mas Edward havia sido mais rápido e tirou o nosso filho do carrinho ao lado do móvel.

 

― O Jasper daqui a pouco irá chegar, eu posso cuidar do Charlie para você descansar.

 

― Então, acho que vou tomar um banho, lavar o cabelo. Não sei qual foi a última vez que ele viu uma água ― Notei uma expressão divertida no Ed e logo em seguida, uma careta se manifestou no meu rosto. ― E mais tarde, me conta tudo o que o seu primo sabe sobre aquele tópico importante. ― Após ele afirmar com a cabeça, eu me aproximei e beijei seus lábios.

Subi as escadas em passos lento, a exaustão me consumia. Busquei uma roupa confortável no armário, um vestido vermelho de bolinhas brancas larguinho, e me encaminhei para o banheiro. Ao me olhar no espelho, quase caí para trás de susto. Estava descabelada, os fios se desgrenharam em um amontoado que lembrava um ninho de passarinho. Sem mencionar as olheiras arroxeadas e o corpo inchado.

 

― Nem se eu fosse um mês para algum centro de beleza resolveria esse estrago. ― Refleti quando liguei o chuveiro. ― Edward deveria estar rindo por dentro, naquela hora que despertei. Certeza!

Após sair do banheiro, constatei o quanto senti falta de me arrumar um pouco, colocar uma roupa mais ajeitada, um perfume, uma maquiagem e do cabelo lavado, claro.

 

― Recebi informações de que amanhã será divulgado em todos os sites e infelizmente não tenho como segurar mais a matéria, primo. ― Escutei a voz do Jasper no instante em que retornei para a sala. ― Meu chefe já mandou providenciar a manchete.

 


Que droga! 
Praguejeinão acredito que essa história vai sair nas mídias.

 

― Até que durou muito, não é? Esse escândalo já continha hora marcada para estourar e agora precisamos nos preparar para as consequências ― o Ed comunicou desanimado.

 

― É se preparem porque vem chumbo grosso. ― Ele deu três batidinhas no ombro do meu marido.

 


Os dois estavam tão concentrados na conversa que não notaram a minha presença. Logo em seguida, o celular do Jasper tocou e ele se despediu, dizendo que apareceu uma notícia de última hora para cobrir.

 

― Eu ouvi certo? ― falei quando o Ed fechou a porta. ― Vai sobrar para a gente tentar limpar a imagem daquele cara, mesmo? ― Bufei.

 

― Se não fizermos isso, a empresa sofrerá muito mais. Aliás, o problema é maior do que pensávamos.

 

― Como assim? ― perguntei passando a mão pela testa.

 

― Várias mulheres, inclusive outras funcionárias, estão denunciando o cliente por assédio.

 

― Inacreditável! Ele trai a esposa e somos nós que pagamos a conta. ― Balancei a cabeça.

 

― Não sei como que não foi revelado na época que fomos para o Canadá. ― Edward suspirou.

 

― Seu pai conseguiu impedir que a imprensa descobrisse e agora posso imaginar o por quê, seu primo como jornalista possui vários contatos. ― Eu me joguei no sofá. ― Acho que temos que avisar o seu pai. ― Ele concordou com um aceno.

 

― Já contratamos um escritório de assessoria, mas haverá danos. Estamos nos planejando para amenizar o impacto. ― Ed esboçou um sorriso para me confortar, mas percebi que isso nos traria muitas incomodações ainda.

Logo depois, ele enfiou suas mãos no bolso da calça e me analisou, por alguns segundos, de um modo diferente, como se quisesse perguntar algo, porém não teve coragem de continuar.

 

― Por acaso você está me escondendo alguma coisa? ― Olhei confusa em sua direção.

 

― Não... ― Senti uma relutância da parte dele.

 

― Edward! ― Levantei do sofá, com as mãos na cintura.

 

― Merda! ― Ele vociferou e eu o encarei séria.

 

― O que aconteceu? ― Cruzei os braços.

 

― Era para ser uma surpresa. ― Ed confidenciou. ― Eu ia perguntar se você gostaria de jantar agora, porque preparei algo para mais tarde.

 


Minhas sobrancelhas se ergueram espantada, como ele adivinhou que eu precisava de um programa diferente hoje? Nada escapava de seus olhos observadores, conclui.

 

― Então, já que não segurei a língua, você pode subir com o Charlie e começar a rotina da noite dele enquanto eu ajeito as coisas.

 

― Tá bom ― respondi animada.

Sem demora, peguei o pequeno que dormia em seu carrinho e o levei para seu quarto. Primeiro daria o banho, em seguida o amamentaria para iniciar o momento da soneca e por fim acomodaria ele em seu berço. Nem sempre funcionava dessa forma, porém torci para que tudo ocorresse dentro da normalidade. Uma hora e meia depois, desci com a babá eletrônica na mão. Notei que só estavam acessas as luzes do teto de gesso da sala de jantar, dando um clima mais aconchegante ao ambiente. Caminhei até a mesa posta, com os utensílios e a comida. Procurei pelo Edward e logo senti um aroma amadeirado invadir o cômodo.

 

― O escondidinho de carne foi feito pela sua tia ― ele disse com sua voz rouca atrás de mim.

 

― Ah ela também se envolveu nisso? ― comentei me virando. Reparei em seus cabelos úmidos e na barba aparada, pelo visto alguém havia saído da ducha.

 

― Sim, pedi para sua tia hoje de manhã, já que é uma das suas comidas favoritas. ― Um sorriso meio sem graça se desenhou no rosto dele.

 

― Deve ter ficado uma delícia. ― Lambi os lábios.

 

― Aposto que sim ― o Ed declarou ao mesmo tempo que puxava uma cadeira para mim. ― Vamos comer antes que esfrie. ― Concordei balançando a cabeça.

Após o jantar, ele me convidou para dançar, apertou um botão do controle da televisão e uma música lenta ecoou pela sala. Encostei meu rosto em seu peito e nos movemos no ritmo da melodia.

 

― Sabe, achei que você não podia me surpreender mais, com todos aqueles bilhetinhos e as mensagens me informando sobre seu dia. ― Eu me afastei para olhar em seus olhos. ―  Porém, nesse primeiro mês de vida do Charlie, eu me apaixonei, outra vez, por você.

 


Edward refletiu as minhas palavras por alguns instantes, desconcertado.

 

― Não sou muito bom em me expressar, costumo guardar tudo para mim. Mas agora em diante quero mudar isso. ― Suas mãos subiram até o meu rosto. ― E mesmo que a coragem me falte, como no dia da pizzaria, para dizer o quanto amo você, nunca duvide. ― Ele acariciou minha bochecha e eu apreciei seu carinho emocionada.

Aquele toque, reacendeu algo que eu havia esquecido, senti falta desse contato da nossa pele uma contra a outra. Vislumbrei sua luz brilhante, cor de mel, que novamente possuía o mesmo convite silencioso daquela vez em que saímos para jantar. Sua boca se aproximou da minha e nos beijamos, com um entusiasmo. Cheios de saudades.

Minutos depois, fomos interrompidos pelo choro do Charlie. Assim que peguei a babá eletrônica na mesa de jantar, Edward entrelaçou suas mãos na minha e subimos as escadas. Na metade do corredor, não escutamos nada, apenas o sossego da noite. Olhei para a tela do monitor.

 

― Ele se acalmou, sozinho. ― Constatei ao observar o pequeno dormindo de novo.

 

― Menos mal ― o Ed mencionou e eu encontrei com o seu olhar, aquela atmosfera anterior de atração havia desaparecido. Da parte dele. ― Bem... ― Ele coçou a nuca. ― Acho que vou para o meu quarto.

Ele encostou seus lábios no meu, em uma carícia singela, como se despedisse.

 

― Boa noite ― Edward disse após nos separarmos e cogitou em partir. Entretanto, não permiti que ele se afastasse, segurei sua mão entrelaçada à minha.

 

― O seu quarto é nessa direção. ― Apontei para o outro lado e o puxei. Caminhando para o nosso cômodo.

 


Tudo o que eu desejava era que o Edward retornasse para o lugar no qual sempre pertenceu, ao meu lado, dividindo os obstáculos de se viver a dois e... a cama. Com o coração batendo acelerado, os olhos revirados e o som da sua respiração no meu ouvido, daria as boas vindas para recebê-lo de volta em meu âmago. 


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Notas finais do capítulo

Eles estão se acertando aos poucos, mas já adianto que teremos algumas coisinhas pelo caminho...



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