Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 12
"Pingo nos is"




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Ao abrir os olhos, reparei nas paredes brancas do quarto, Alice estava sentada em uma poltrona ao lado da minha cama, mexendo em seu celular.

 

― Hospital? De novo? ― resmunguei baixinho.

 

― Bella, você precisa parar de dar susto na gente assim ― minha prima falou ao notar que eu havia acordado.

Ela me olhou preocupada, mas logo depois sorriu afetuosamente. Eu devolvi o gesto, porém lembrei do meu desmaio na igreja e uma ruga de aflição tomou conta de mim.

― O bebê? Eu... perdi? ― quase não consegui pronunciar as palavras.

 

― Calma, não. Ele está bem ― Alice segurou a minha mão. ― Parece que o Edward te alcançou antes de você cair de cara no chão. O médico garantiu que seus exames não apresentaram nenhuma alteração. ― Eu respirei aliviada.

 

― E o senhor Carlisle? Você sabe o que houve com ele?

 

― Ele teve um pré-infarto, mas não se preocupe que o pior já passou, ele ficará internado por três dias para observação.

Menos mal! Coitado do homem, a decepção quase lhe causou o seu fim. Em seguida, minha prima se levantou e me estudou com seus olhos castanhos.

 

― Aposto que a senhorita não se alimentou direito hoje.

 

― Alice, com toda essa confusão, você acha que eu consegui lembrar de alguma coisa? Aliás, a Rose vai me matar por faltar na consulta.

 

― Com toda certeza! ― a Lice mencionou divertida. ― Mas esse problema eu resolvi, remarquei para amanhã.

Após acenar com a cabeça, reconhecendo a sua gentileza, minha prima me explicou que eu também permaneceria em observação. Perto das dez da noite a chamaram para sua ronda noturna e então, depois de sua partida, acabei adormecendo, cansada pelo dia turbulento.

Eu havia terminado de comer o café da manhã que me ofereceram quando alguém bateu na porta. Meu coração acelerou, desesperado, ao ver o Edward entrar. Engoli em seco, com a sua proximidade, considerando que tinha chegado o momento de contar a ele o que eu escondia por alguns meses.

 

― Oi ― ele disse assim que seus olhos caíram sobre mim, com um semblante que mostrava exaustão. ― Como você se sente?

 

― Entediada. ― O Ed riu do meu comentário.

 

― Podemos dar um jeito nisso. ― Um sorriso arteiro se formou em seus lábios, mas no mesmo instante sua expressão mudou. ― Eu queria agradecê-la por socorrer o meu pai. ― Ele pegou na minha mão que repousava em cima da minha barriga, alisando-a. ― E por tudo o que você fez.

 

― Não foi nada ― respondi sem graça e avistei seu gesto com um nó na garganta.

Segundos depois, escutamos três toques na porta.

 

― A mamãe mais linda do mundo está aqui? ― a Rose anunciou sem aparecer totalmente no quarto.

Eu arregalei os olhos, assustada com a sua declaração, e observei a reação do Edward. Ele me encarou confuso com as sobrancelhas franzidas, tentando entender a informação.

 

― Como assim, mamãe? ― o Ed perguntou mais para si do que para mim. ― Grávida!? ― Sem saber o que dizer, desorientada, eu apenas o espiei, ele reparou com atenção na minha barriga e congelei, apavorada.

Edward não esperou a minha confirmação e saiu do quarto igual um furacão.

 

― Ai, Bella, eu sinto muito, não tinha ideia de que ele estava aqui. ― A loira se aproximou, chateada.

 

― Bem, você não poderia adivinhar e, além do mais, isso aconteceria uma hora ou outra. ― Esbocei um sorriso tímido.

 

― Sim, mas estraguei tudo. ― Eu neguei com a cabeça. Ela só adiantou a conversa que eu pretendia esclarecer com ele.

 

― Por que a gente não muda de assunto? ― pronunciei na intenção de animá-la.

 

― Certo, vamos falar da minha afilhada. ― Rosalie se entusiasmou. ― Eu andei olhando alguns modelos de vestidinhos tão fofinhos. ― Seus olhos brilharam com a palavra "afilhada".

 

― Ai, Rose. Eu ainda não sei se é menina ou menino.

 

― Você não foi na consulta? ― Neguei com a cabeça e uma feição desanimada surgiu em seu rosto. ― E agora? Não tem como acessar esse resultado pela internet?

 

― Acho que dá, porém, como hoje vou ao exame que a Lice remarcou para mim, já pego lá.

Ela sorriu contente e logo me questionou dos detalhes de ontem. Uma hora mais tarde, quando o médico me liberou, a Rose foi embora e eu me encaminhei para o meu atendimento, Alice havia arranjado um encaixe para mim.

 

― A doutora daqui a pouco irá te receber, Bella ― minha prima sentou ao meu lado com uma prancheta na mão.

 

― Tá bom, Lice. Obrigada.

 

― Você não quer que eu te acompanhe, mesmo?

 

― Não precisa, pode ir atender os seus pacientes. ― Segurei a mão dela. ― Eu aviso quem será a madrinha depois.

 

― Então a gente se fala mais tarde. ― Alice se levantou, despedindo-se.

Enquanto notei ela se afastar pelo corredor, meus pensamentos me levaram até o Edward, após a minha consulta mandaria uma mensagem para ele. Necessitávamos esclarecer algumas coisas pendentes. Aguardei só mais alguns minutos, já que a médica me chamou.

 

― Olá, Isabella, como vai? ― A doutora Tânia apertou a minha mão.

Respondi à mulher de cabelos castanhos claros um tímido "bem".

 

― Eu soube do seu desmaio. ― Seus olhos me investigaram. ― Acho que solicitarei alguns exames extras para você, só por precaução.

 

― É, ontem o dia foi cheio de emoção.

 

― Espero que daqui para a frente você não se agite tanto, mocinha. ― Eu acenei para ela e em seguida, a médica buscou pelo seu bloco de prescrição. ― Requisitarei um hemograma completo, vamos ver como estão seus glóbulos vermelhos, e também de algumas vitaminas, da hepatite B e C, além da urina.

Logo depois, ela me pediu para vestir aquela típica roupa, um avental que se fecha por trás, para começarmos a ultrassonografia. E, no momento em que apertou alguns botões no aparelho, apareceu a imagem daquele pequeno corpinho, das mãozinhas e pezinhos.

 

― Pronta para escutar o coração do bebê? ― a doutora Tânia perguntou e quando concordei, o som frenético de batidas ecoou na sala.

Uma emoção grande tomou conta de mim, os olhos marejaram, tantas coisas passaram pela minha mente. E, de repente, a ficha caiu, eu teria um bebê! Um amor inexplicável crescia dentro do meu peito, como que era possível isso? De tal maneira que sem nem conhecê-lo, eu já possuía muito afeto. Assim que a minha sensibilidade cessou, a médica começou a explicar sobre o exame de translucência nucal que ela estava medindo.

No final da consulta, ela confirmou que tudo ocorria perfeitamente bem com o bebê e me entregou um envelope pardo. O resultado da sexagem fetal. Eu guardei o documento dentro da bolsa, esperaria para abrir com as meninas. Um sorriso surgiu em meus lábios, uma delas ficaria muito contente, já a outra não muito.

Na hora em que fechei a porta, meus olhos localizaram o Edward, ele vinha pelo corredor e eu respirei fundo. A nossa bolha da realidade havia finalmente estourado. Caminhei confiante em sua direção, eu não fazia ideia se ele estaria chateado comigo ou se a essa altura sua cabeça já tinha pensando mil besteiras, entretanto a nossa conversa precisava acontecer.

 

― Oi, Ed ― eu disse quando nos aproximamos. ― Será que podemos tratar de um assunto? ― Mexi na alça da minha bolsa um pouco nervosa.

 

― É, acho que deveríamos. ― Ele me observou atento. ― Eu voltei no seu quarto, mas me informaram que você recebeu alta, então fui atrás da Alice.

Encolhi os ombros com medo, à medida que o Edward falava o seu semblante mudou de aspecto, notei um aborrecimento.

 

― Mas vamos almoçar primeiro? E depois nós colocamos os pingos nos is ― ele perguntou.

 

― Claro ― respondi perdendo toda a confiança do instante anterior.

Durante o trajeto até o restaurante, um silêncio se instalou no carro, cada um consumido pela sua consciência. Após uns quinze minutos, logo que chegamos, pedimos nossos pratos e ao aguardarmos, o clima continuava o mesmo. No momento em que terminamos de almoçar, eu juntei as mãos, nervosa, apertando-as, na tentativa de buscar a coragem para iniciar a conversa. Olhei pela janela de vidro do estabelecimento, um vento ameno soprava as folhas das árvores que se mexiam de vez em quando, assim como os balanços do parquinho do outro lado da rua. Ao notar para onde eu observava, o Ed me convidou para irmos até lá. Talvez, um pouco de ar fresco não faria mal nenhum, certo? Cada um sentou em um banco de madeira do brinquedo, encarando o chão, eu me embalei um pouco, procurando pela força interior.

 

― Eu não sei o que está passando pela sua cabeça agora e isso está me enlouquecendo, porque você saiu do meu quarto daquele jeito?

 

― Eu precisava espairecer um pouco. Imaginei tantas coisas... Você conheceu alguém nesse tempo? Ou... eu sou o pai? ― Ergui os olhos e me deparei com uma expressão inquieta em seu rosto.

 

― Você ― sussurrei.

 

― Droga, Isabella! Por qual motivo não me contou antes?

 

― Uma, porque a gente nunca falou sobre nós e outra, quem apareceu na minha casa dizendo que não fazia ideia se queria um bebê? ― Arqueei as sobrancelhas.

 

― É bem diferente a situação.

 

― Como pode ser? ― Questionei-o.

 

― Eu já nem gostava mais da Tanya. ― O Ed suspirou e coçou a nuca. ― Porém, realmente você tem razão em uma coisa.

Enruguei a testa enquanto o Edward se levantava. Onde ele pensava que ia? Eu não terminei de falar. Na verdade, nós nem tínhamos começado a discutir a nossa... relação? Como ficaríamos a partir de agora? Entretanto, para o meu espanto, Edward não foi embora. Aliás, ele fez um pedido, muito inusitado para o meu gosto.


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Notas finais do capítulo

Eita, o que será que o Ed pediu?



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