Lembranças de Você escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 11
A Verdade


Notas iniciais do capítulo

Hoje teremos muitas emoções, preparadas?



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Após todas as revelações, passei os dias enfurnada no escritório, atolada de trabalho. Eu me ofereci para ajudar em vários projetos, inclusive de outros departamentos, só para ocupar a cabeça e tentar esquecer os últimos acontecimentos. Edward chegou a me procurar para marcarmos algo fora da empresa, entretanto eu decidi não me envolver mais com ele. Deixaria-o em minhas lembranças. Seria melhor assim! Mesmo que fosse para sermos apenas amigos, eu não iria conseguir ouvi-lo falar sobre seus problemas com a Tanya. Revirei os olhos imaginando ela desfilando pelos corredores como sua esposa. Por isso, havia algum tempo que pensei em resolver esse dilema. Eu treinaria um assistente para ficar no meu lugar, uma vez que com a vinda do bebê eu precisaria me ausentar, então de qualquer jeito teria que fazer isso.

Enquanto pegava a minha pasta de trabalho, recordei que hoje, sem falta, explicaria para o meu sócio o meu sumiço durante alguns meses. Eu possuía duas desculpas para ele, cogitei a ideia de... talvez uma inseminação? Ou um namorado do passado que reencontrei? Até chegar na empresa escolho uma dessas opções.

― Alô? Oi, Rose ― falei assim que atendi o celular, prendendo-o entre o ombro e a orelha para fuçar na minha bolsa.

― Que horas é a sua consulta? Você já está indo? ― Seu tom de voz parecia animado.

― É só no final da tarde, primeiro eu vou no escritório para resolver algumas coisas. ― Voltei a segurar o aparelho com a mão, logo que encontrei a chave do carro.

― Liga depois pra mim? Quero muito saber o sexo do bebê.

Eu acariciei, gentilmente, a minha barriga que surgia sutil.

― Claro que sim! ― Fui obrigada a solicitar um exame de sexagem fetal por causa das duas que não aguentam esperar pela ultrassonografia. ― Estão me enlouquecendo com isso já ― respondi com uma risadinha.

― Não vejo a hora da minha afilhada nascer ― ela disse sonhadora e pude imaginar um sorriso em seus lábios.

Após nos despedirmos, eu respirei o ar vagarosamente, e optei por contar uma parte da verdade para o senhor Carlisle. Eu já estava com doze semanas, três meses de gestação, em breve a barriga cresceria mais e seria impossível esconder. Alisando-a por cima da roupa, eu vestia um casaquinho para tentar disfarçar qualquer indício. Com isso em mente, segui para a empresa, até o final do dia gostaria de resolver essa pendência e também a da vaga para o cargo de assistente. Eu havia marcado várias entrevistas.

Entrei no elevador, apertei o botão do andar da minha sala e quando as portas se abriram, avistei o meu sócio imóvel logo em frente.

― Isabella, oi. Como está? ― ele pronunciou meio perdido, carregando várias pastas.

― Estou bem e o senhor? Parece ocupado. ― Apontei para suas mãos.

― Estou ótimo! ― ele declarou com uma felicidade enorme. ― E isso é culpa do Edward. Quem resolve se casar em uma sexta-feira? Só esse meu filho. ― Balançou a cabeça incrédulo. ― Ele não quer muita gente, vê se pode.

Eu apenas acenei concordando com a sua afirmação, não fazia ideia que o casamento seria hoje, eu cheguei a receber um convite, mas não abri. Foi direto para o lixo.

― Você irá na cerimônia, não é? Eu mal consigo me conter de tanta alegria. ― Um sorriso se alargou em seu rosto, de orelha a orelha. ― O Edward me enche de orgulho, a Tanya é uma garota tão íntegra. De uma família bem intencionada. Será uma ótima esposa para ele.

Eu não sabia o que deveria responder, eu dava os parabéns para ele? O homem ficou me encarando por alguns segundos, será que esperava pelas minhas felicitações? Estava com um pouco de pena dele, o homem não conhecia a verdadeira Tanya. Ou... queria a minha confirmação sobre aparecer na igreja? Não estava em meus planos assistir esse momento, não.

― Ah, claro, eu vou. ― Eu menti e para desviar do outro assunto, emendei. ― Por acaso não teria um tempinho para mim? Gostaria de conversar com o senhor.

― Agora infelizmente não posso, mas passa na minha sala mais tarde.

― Tudo bem.

Aproveitei que ele não comentou mais nada e disse um "até logo", caminhando apressadamente pelo corredor antes que o meu sócio inventasse de falar mais sobre esse maldito casamento. O resto das horas voou, o que por um lado me ajudou a não pensar muito nessa história, porém pelo outro eu estava esgotada de tantas entrevistas. Entretanto, um candidato me chamou bastante atenção, por enquanto seria apenas um estágio, mas era possível que houvesse uma contratação futura.

Perto do fim da tarde, eu me dirigi para a sala do senhor Carlisle. Com o coração disparado, nervosa, torcendo para que ele não perguntasse muitos detalhes, aproximei-me da porta. Na mesma hora, o homem saiu com a sua pasta de trabalho na mão.

― O senhor já está indo? ― mencionei assim que ele me viu parada.

― Sim, Bella, eu sinto muito por não poder ficar. ― O senhor Carlisle suspirou. ― Eu ainda preciso me arrumar, tenho que correr para não atrasar. Outra hora conversamos, é algo urgente? ― Ele começou a caminhar na direção do elevador.

― Mais ou menos. Posso acompanhar o senhor até o estacionamento?

Ele concordou com a cabeça e nós entramos no elevador que o homem havia chamado alguns instantes atrás. Enquanto esperávamos para sair, eu tomei coragem para contar sobre a minha ausência daqui a alguns meses. Avisei que precisaria contratar um assistente e que inclusive havia feito umas entrevistas com os candidatos, só faltava a autorização dele para concluir os trâmites no departamento pessoal. Como ele escutava atento, eu reuni forças para explicar o motivo por trás disso. Logo que ameacei abrir a boca, as portas se abriram no térreo e desisti momentaneamente. Nós estávamos prestes a sair quando ouvimos um papo muito intrigante.

― Tanya! Não me interessa. ― Um rapaz falava ao telefone aborrecido, mas o que atraiu a minha atenção foi... Tanya!?

Parecia que algo despertou a curiosidade do senhor Carlisle também, pois ele paralisou no lugar. A voz do rapaz não me era estranha, ele estava de costas, mas eu quase podia reconhecer sua aparência daqui.

― Eu quero saber da nossa situação agora? Hoje é o seu casamento com o meu amigo e filho do chefe. Acredito que temos que conversar, não é?

Existiam milhares de Tanyas nesse mundo, certo? Porém, só uma que nós conhecíamos que iria se casar com o filho do chefe. Os olhos do meu sócio se encontraram com os meus, confusos.

― Acho melhor eu passar aí e discutimos isso pessoalmente. ― Ele desligou o celular e caminhou em direção a saída do prédio.

O senhor Carlisle saiu atrás do rapaz e eu o acompanhei.

― Aonde o senhor vai? ― perguntei preocupada, o homem suava, seu rosto estava branco.

― O Marcos trabalha com o Edward, irei segui-lo. Não é possível que eu me equivoquei tanto assim.

E de repente eu lembrei o porquê a voz dele soava familiar. Desde que o Ed chegou na empresa, os dois participavam juntos de alguns projetos e ficaram próximos. Sem demora, o meu sócio acenou para um táxi que passava, já que vimos o rapaz partir. Embarquei no veículo logo depois dele, não podia deixá-lo nesse estado. E, além do mais, a minha curiosidade em descobrir o desfecho dessa história me atingiu em cheio. Nós observamos concentrados o trajeto que o carro sport do rapaz de cabelos loiros percorria.

― Sabe, pode ser apenas uma coincidência. ― Eu tentei amenizar o cenário, uma vez que o senhor Carlisle estava com a respiração esbaforida.

Esse homem infartaria a qualquer momento! E, agora quem estava ficando nervosa era eu. Procurei inspirar o ar, várias vezes, na intenção de me acalmar. Não adiantou muito e após uns dez minutos, reparei que o veículo do Marcos desacelerava em frente a uma igreja. Mas que ótimo! Eles não tinham outro lugar para se encontrarem? Justamente na igreja? Os convidados daqui a pouco chegariam, corria o risco de alguns já estarem aqui. O senhor Carlisle sugeriu para o motorista parar mais distante do rapaz.

Assim que o Marcos saiu do seu carro, nós o acompanhamos de uma distância segura. Ele foi para uma parte mais afastada, atrás da igreja, onde uma mulher loirinha esperava-o. O pai do Ed se esgueirou atrás de uma pilastra e dessa vez eu não conseguiria arrumar nenhuma desculpa, definitivamente era a Tanya. Entretanto, o senhor Carlisle já deveria ter deduzido isso, pois sabia o endereço da catedral. Os dois conversaram por alguns instantes e em seguida se beijaram apaixonados. Logo que se separaram, escutamos uma notícia que mudaria tudo! Eu mal pude processar o fato, uma vez que o coitado do meu sócio não aguentou a verdade e começou a passar mal. Seu rosto mudou para um tom avermelhado, olhou para mim com uma expressão estranha e então colocou a mão no peito, arfando, fracassando ao tentar se comunicar.

Imediatamente peguei o celular e liguei para o SAMU, e enquanto socorria o homem espiei no sentido da igreja, buscando por aqueles dois traíras, uma ajuda seria bem-vinda agora. Mas os dois sumiram! Evaporaram! Até nessas horas não dá para contar com esses dois. Quinze minutos depois, a ambulância estacionou na calçada, os paramédicos prestaram a assistência necessária, estabilizando-o. Eles me pediram para ir junto ao hospital com o senhor Carlisle. O pobre do homem sussurrava palavras sem nenhuma lógica, pelo menos para mim, repetiu muitas vezes que havia cometido uma injustiça. E, implorou, ao pegar na minha mão, para que eu impedisse o Edward de se casar com a Tanya. "Ele merece saber a verdade" falou baixinho. Como negar isso para o coitado? Que estava quase passando dessa para uma melhor? Eu apenas não fazia ideia de que maneira. A cerimônia ocorreria em... minutos? Segundos? Será que nesse instante Edward a aguardava no altar? E a pergunta que eu não queria responder: invadiria o casamento?

Quando terminei de preencher a ficha de atendimento na emergência do hospital, sondei por notícias dele, já que ao chegarmos o levaram para dentro. Após saber que o senhor Carlisle se encontrava estável e que iriam realizar uma bateria de exames nele, eu me retirei do lugar, pois tinha uma missão a cumprir! Solicitei um carro de aplicativo e enquanto seguia de volta para a igreja, a minha cabeça girava, lotada de questionamentos, eu precisaria de dez vezes mais coragem para revelar essa verdade para o Ed. Tentei ligar para ele, mas a chamada nem completou. Ao abrir a porta da Catedral, havia um pequeno caos, alguns convidados estavam fora de seus lugares, em pé. Um burburinho se espalhava no local. Talvez eles aguardavam o pai do noivo? Todos olharam na minha direção ao mesmo tempo que eu caminhava até o altar, não consegui localizar o Edward em seu lugar. Suspirei cansada, meus olhos buscaram por ele e nada! Aonde se meteu esse homem!?

― Bella!? ― A voz do Ed ecoou atrás de mim, um pouco surpresa.

E ao me virar eu pude confirmar ao observar a sua expressão confusa. Ele vestia um terno preto, com nenhum fio de cabelo desalinhado e a barba muito bem aparada.

― Você não pode se casar com a Tanya ― despejei as palavras sem nem ao menos pensar direito e em seguida fiquei calada, recuperando o fôlego, não tinha me dado conta de que prendia o ar.

Edward sorriu de uma forma engraçada e eu o encarei com a testa enrugada.

― Veio me salvar da bruxa má? ― Apesar de sua brincadeira, era totalmente verdade.

Algumas pessoas ao nosso redor pararam de conversar, prestando atenção em nós dois.

― Por quê? Além do seu sapatinho cristal, também terei que pedir para você jogar as suas tranças? ― Sem conseguir manter o foco, acabei entrando em sua chacota.

Ele soltou uma gargalhada e se aproximou de mim, eu pude sentir os olhares curiosos em cima de mim.

― Não sei como não fui capaz de acabar com esse casamento antes. ― Ele acariciou a minha bochecha, fitando a minha boca.

Enquanto eu apreciava o seu gesto, uma voz doce nos interrompeu.

― Filho, nada do seu pai, estou ligando há horas para ele. ― A mãe dele usava um vestido longo azul-escuro, muito elegante, os cabelos castanhos-claro estavam presos em um coque desarrumado. ― Não tenho notícias dele desde que saí do salão.

Eu me afastei do Edward, esqueci completamente do motivo da minha invasão.

― Oi, Isabella, não te vi aí. ― A mulher guardou o celular na bolsa, com uma certa preocupação. ― Acho que precisamos ir até a empresa e descobrir o que aconteceu.

― Não será necessário, dona Esme ― respondi firme, lembrando da minha missão.

― E por que não? Por acaso você tem notícias do meu marido?

Um vulto branco atravessou o meu campo de visão, não permitindo que eu continuasse a explicação.

― Edward, eu não aceito o cancelamento do casamento. ― Tanya bateu o pé em sua frente. ― Você não vai me abandonar assim no altar, depois de tantos anos juntos. Eu já concordei com essa data e com poucos convidados.

― Minha querida, ele não está terminando com o compromisso de vocês ― a mãe do Ed falou carinhosamente. ― Nós vamos remarcar a data.

― Não, mãe, essa cerimônia não irá acontecer. ― Um som de "oh" ecoou pela igreja, com a revelação dele. ― Nem que eu tenha que internar o papai em um hospital para ele não se exaltar.

Acho que não será necessário isso também. Eu arregalei os olhos, que dia mais turbulento e eu ainda nem contei o principal.

― O senhor Carlisle já está no hospital ― comentei meio baixinho.

― O que foi que disse, querida? ― dona Esme perguntou para mim.

― O seu pai passou mal no meio da rua. ― Olhei para o Edward. ― É por isso que estou aqui.

― Ai meu Deus! Ele está bem? ― A mãe do Ed deu um passo para trás, desnorteada.

― Sim, não se preocupe. Quando eu saí de lá, os médicos iriam fazer alguns exames. ― Inspirei o ar, tomando coragem para contar o que nós descobrimos. ― Mas houve algo que o deixou desse jeito, agitado.

― O papai precisa se cuidar mais. ― Edward bagunçou os cabelos, nervoso. ― E o que foi que o abalou tanto dessa vez?

― Esse bebê que ela espera não é seu filho. ― Apertei os lábios, sentindo toda a valentia diminuindo.

Outra vez aquele "oh" ecoou pela igreja, logo depois um silêncio se instaurou. Todos processavam a informação. Será que era impressão minha ou esse lugar de repente se tornou abafado? Parecia que o oxigênio havia evaporado, meus pulmões respiravam com dificuldade.

― De jeito nenhum, Ed. Tudo uma mentira. ― Tanya lançou um olhar cheio de raiva para mim. ― Não é a verdade. ― A garota se virou para ficar de frente para ele.

― Eu não estou mentindo. ― Edward arqueou as sobrancelhas, a boca entreaberta, surpreendido. ― Vamos ligar para o Marcos então? O seu "amigo" e a noivinha aqui estão tendo um caso. ― Encarei-o. ― Mas se porventura duvidarem de mim, é só ir ao hospital e perguntar para o senhor Carlisle.

― Que droga, Tanya! Eu não tô acreditando que você fez isso ― o Ed declarou alterado. ― Você sabia muito bem que esse casamento só iria acontecer por causa do meu pai e dessa criança.

― Mas Ed, isso não é verdade. ― Ela continuou insistindo na mentira.

― O meu pai está no hospital graças a você, não mente mais. Tudo culpa sua ― Ele balançou a cabeça. ― Você acompanhou todos os problemas de saúde dele, como pôde?

Problemas de saúde?
 Eu mal conseguia acompanhar o raciocínio com tanta informação. E, será que deveríamos fazer um teste de DNA para provar a verdade? Observei que a minha pulsação aumentou, o sangue fervia de raiva agora. Essa garota teve coragem de persistir com a farsa mesmo conhecendo o histórico do senhor Carlisle? Inacreditável! O Ed continuou o seu discurso, entretanto, não fui capaz de escutar mais nada, a minha visão começou a escurecer e o ar aparentava me faltar. Uma péssima hora para passar mal, Bella! Eu busquei inspirar e expirar, em vão, pois logo em seguida minhas pernas fraquejaram. Senti os joelhos encostarem no chão e antes de desmaiar, um gritinho fininho escapou pelos meus lábios e instintivamente as minhas mãos tocaram a barriga, na tentativa de proteger o bebê.


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Notas finais do capítulo

Tô tentando me recuperar desse capítulo ainda gente! Carlisle passando mal no meio da rua, Bella tendo que socorrer o homem e ainda por cima precisou acabar com o casamento do Ed.



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