INDESTRUTIBLE • Gaara No Sabaku escrita por tessascopelli


Capítulo 3
Sabaku No Gaara




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Nem sempre sobreviver é sobrevivência


Quando você sobrevive a uma daqueles dores dilacerantes que parecem te matar, sem que você, de fato morra, você tem a certeza de que nada mais poderá te destruir. Mas ao mesmo tempo, você entende que nada jamais será como antes. E todas aquelas coisas pelas quais você chorava e sentia vontade de fugir, simplesmente deixaram de existir. E nada restou.

Naomi não chorou.

Doeu tanto que as lágrimas machucaram mais por dentro, do que por fora. E quando Gaara pediu que ela tomasse uma decisão sobre o que faria naquele momento, ela só pediu um espaço para deixar a dor, doer. E agora Naomi estava ali, sentada naquela cama de hospital novamente. Não estava doente, mas sentia que nada estava certo. As paredes barrosas pareciam que não tinham cores. E o sol aceso lá fora era incapaz de queimar qualquer coisa. Incapaz de despertar qualquer reação.

Pensou em Leona e seu peito ardeu. Por todas as vezes em que sentiu inveja de sua irmã. Seja pela beleza ou pelas oportunidades. Leona teve a chance de se casar com um homem que amava. Mesmo com a recusas de Kumo, o amor dela foi adiante e ela era feliz. Mesmo que sentisse muito pela vida de Naomi ao lado de Kumo, Leona sempre dissera que haveria um lugar para sua irmã, se um dia ela tivesse coragem para largar sua mãe.

Mas Naomi nunca conseguiu deixar Akimi. Ela sabia que sua mãe era boa demais para seu pai. Só havia sombras cruéis naquele homem e Akimi era tão pura... tão doce, tão fraca também. Não se pode culpar alguém por ser fraca.

— Isso não é justo. Não é justo. — murmurou para ninguém ouvir.

Mas não sentia muito por Kumo.  Ele era um homem cruel, calculista e que odiava ser contrariado. Liderava a Aldeia de forma tão cautelosa que grande parte das aldeias maiores se recusavam a fazer negócios com o Redemoinho. Por serem a maior parte rudes e mercenários e a outra parte, seguia às regras a risco, o que gerava desconforto de todos os lados. Era um homem horrível. Talvez sua morte não cause nenhum sofrimento. Mas a troco de que...

Leona, Akimi.

Uma lágrima escorreu, apenas isso. Naomi a limpou, respirou fundo e engoliu toda a sua dor. Não tinha tempo para isso. Mal tinha tempo para decidir o que faria com a sua vida. O Kazekage estava sendo paciente, mas Naomi não era responsabilidade de Suna. Nem mesmo de Gaara.

 

• 愛 •


No QG do Kazekage, Gaara não conseguia se concentrar em nada que lhe era dito. Meio dia já tinha se passado e não tinha recebido nenhuma notícia da garota. Ela estava trancada naquele quarto de hospital, sozinha, recusou comida quando lhe foi oferecido. Ela estava cedendo a dor. E isso era bom. Quanto mais fundo você for, mais cedo pode sair da fossa.

Mas o clã Gremory estava no chão e ninguém sabia o que tinha acontecido, ou quem tinha feito aquilo. E as nações estavam se reunindo para descobrir. Mas ajudar um clã extinto a obter justiça não era a coisa mais fácil do mundo. Principalmente quando sua única testemunha não se lembrava de nada.

Haja paciência.

Gaara não tinha nenhuma. Por isso enviou uma correspondência para Konoha e rezou para que a ajuda viesse logo. A equipe de Naruto estava na linha de frente dessa missão. E Kankuro seria o informante principal.

— Você tem certeza que não vai levar em consideração que sua protegida pode ser a assassina? — Kankuro questionou. — Você viu os olhos dela, Gaara.

Gaara o repreendeu com olhar.

— Ela não se lembra do que aconteceu. Não me parece estar mentindo.

— Ela me parece estar mentindo em relação a tudo. Ela é morena, você sabe né? O Clã Gremory não segue uma política rígida sobre casamento arranjado?

Kankuro, você está especulando demais.

— Na verdade, eu sou o único com senso crítico por aqui. A garota é morena, quando todos os outros são ruivos foguinho picante. Você não acha que tem algo errado por ali? — Gaara não respondeu. — Kumo Gremory não era conhecido por seu bom coração. Ele era conhecido por ser meticuloso e um animal. Por que ele criaria uma filha que não é dele? Gaara, meu irmão, está garota está mentindo. Você sabe disso.

Temari observou como Gaara ficou tenso. Ela sabia o que estava acontecendo dentro dele. Gaara estava sozinho em grande parte da sua vida. Agora Naomi está sozinha. E Gaara não queria condenar uma pessoa que estava tão ferida e abandonada assim. Ele sabia como era essa dor. E não queria ver outra pessoa passando por isso. Como irmã mais velha, resolveu intervir.

— Gaara te deu uma ordem, Kankuro. — O irmão do meio a encarou. — É melhor você ir.

— Mas...

— A equipe de Konoha vai precisar do seu relatório quando chegar. Então recomendo que comece sua missão o quanto antes possível.

— Quando sua equipe de bambinos chegar de Konoha, acho que Sasuke Uchiha deve ser comunicado.

Kankuro até pensou em continuar debatendo, ele tinha argumentos para isso, mas quando se tratava de Temari era jogada perdida. Então pediu licença e saiu. Gaara soltou seu peso na cadeira e respirou fundo. Temari se aproximou e sentou na frente dele.

— Eu vou te fazer um favor, Kazekage. — Gaara ergueu as sobrancelhas. — Vou ficar de olho nela. Se ela estiver mentindo, não vai conseguir me enganar.

— Você confia em Kankuro quando ele diz que ela está mentindo?

— Eu confio mais no seu julgamento quando não está tão afetado com a história dela. E Kankuro apenas está sendo um bom irmão mais velho. Você sabe que faríamos tudo por você.

— Obrigada, Temari. Por tudo, eu acho.

A loira sorriu, apertou a mão dele e então saiu, o deixando pensativo com todos aquelas perguntas sem respostas.

 

• 愛 •


O dia foi embora. Mais um. Naomi desejava que uma chuva bem forte caísse sobre sua cabeça e levasse embora, pelo menos, metade de suas preocupações. Agora que tinha conseguido relaxar, passou a tarde dormindo e sonhando com a sua antiga vida. Agora, sua mente estava tão descansada, que ela percebeu que seu corpo estava um completamente desgastado. O desentendimento com Kankuro na madrugada, não lhe deixou nenhuma marca boa. E o tornozelo que doía quando ela acordou, doía mais ainda agora.

Podia até tentar fugir da sua dor psicológica, mas a física vinha para lembrá-la que tudo estava muito ruim.

E que agora, além de estar sozinha, estava perdida. Longe de casa e também não tinha mais uma casa para voltar. A dor que parecia menos dolorosa, apenas estava ali mascarada e enganada. E Naomi prendeu a respiração quando bateram na porta. Provavelmente era a quinta vez que batiam.

— Me desculpe se eu estiver atrapalhando. — Era uma mulher. Uma mulher muito bonita, loira com olhos verdes e confiáveis. Naomi relaxou. — Sou a irmã do Kazekage. Você é Naomi, certo?

— Sim.

— Eu lamento, Naomi, pelo que perdeu. Não consigo imaginar o tamanho do seu sofrimento. Você é tão jovem e...

— Estou bem, obrigada. — Naomi até conseguiu sorrir. — Diga ao Kazekage que eu agradeço pelo tempo que me cedeu. Eu não sabia o que fazer, provavelmente eu estaria vagando sem rumo se ele não tivesse sido tão gentil comigo.

— Essa coisa de gentileza é novidade para o meu irmão, entra acredito que ele esteja se esforçando muito.

— Acho que eu devo agradecer pessoalmente então.

— Creio eu que ele vai gostar. — Temari então preparou sua cartada final. — Eu sei que você vai precisar de um tempo para se recuperar do baque que levou. Gaara e eu ficaríamos felizes de te ceder o conforto maior do que esse quarto do hospital.

— Eu não poderia pedir nada, Temari-san.

— Então aproveita que nós é que estamos te oferecendo. A casa dos Sabaku é grande, então acho que cabe mais um.

— Eu não sei, Temari-san... eu...

— Não se preocupe com Kankuro. Ele não está e quando chegar, não vai ser um problema para você.

Naomi pensou por um segundo, mas decidiu que não aguentava mais olhar para aquelas paredes. Então ela concordou e Temari abriu um sorriso extremamente cativante.

Naomi sabia que estava dando a eles uma responsabilidade maior do que mereciam: que era a de cuidar de si.


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