INDESTRUTIBLE • Gaara No Sabaku escrita por tessascopelli


Capítulo 2
Naomi Gremory




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"Amigos tomam caminhos diferentes, eles não deixam de ser amigos por isso".

A dor de cabeça é uma amiga que sempre a perseguiu. Desde sempre. Naomi nem se lembrava quando fora a última vez que acordou com dor, mas sabia que era tão frequente e com tanta força, que seus olhos chegavam a sangrar. Ela pulava da cama no meio da noite, sentia-se tonta, nervosa, ansiosa. Sentia-se como se o mundo estivesse prestes a desabar. Talvez estivesse.

Ela não sabia como sentia isso, mas sentia.

E acometeu de novo esse sentimento, quando ela acordou. Os olhos doíam, tinha uma luz muito forte sobre a cabeça dela e aquele lugar com o qual se deparou, ela não o reconheceu. Estava longe de casa, era o que sentia. Acordou em um quarto estranho.

As paredes pareciam de barro molhado, e estava calor demais. O suficiente para fazê-la transpirar. Sua respiração também estava dificultosa. Naomi percebeu que havia muitas ervas no quarto, o cheiro disso era forte. A acalmou quando pensou que entraria em desespero.

E foi nesse momento que a porta se abriu.

— Olá. — Era uma mulher. Seus cabelos eram marrons e seus olhos cor de creme, e ela tinha um olhar sereno que demonstrava certa comodidade. — Se sente melhor?

— Sim, mas... — ela revistou o cômodo com os olhos. — Que lugar é esse? Onde está a minha mãe?

— Você não se lembra?

Ela pensou em perguntar exatamente do que ela deveria se lembrar. Mas pensou direito e acreditou que era melhor não perguntar isso.

— Onde eu estou?

Os olhos negros fitaram a mulher com nítida confusão. A doutora dissera que chegou aqui sozinha, mas não poderia. Primeiro por não saber exatamente onde seria aqui.

— Onde eu estou? — a pergunta saiu de sua boca novamente, e no estante seguinte a garota se colocava sentada a cama.

— Vila Oculta da areia, Sunagakure.

Isso sim é uma surpresa. Como poderia viajar de um País ao outro sem sequer ter uma lembrança. O que estava havendo?

— Preciso falar com o Kazekage do País.

— Gaara-Sama falará com a senhorita assim que se sentir melhor.

A garota assentiu embora atordoada. A sensação de que alguma coisa estava errada não lhe abandonara por nada, e quando decidiu se levantar da cama não pudera evitar uma careta de dor ao sentir a fisgada no tornozelo, e seu corpo logo despencou no chão. Porém, o que devia ser uma queda dolorosa até o chão, se tornou um calor avassalador quando seu corpo fora abraçado por um grandes par de mãos que a seguraram firmes.

Instantaneamente ao olhar pra cima, encontrou orbes verdes mar a fitando com intensidade. Os cabelos vermelhos caindo sobre os olhos, a boca reta numa linha fina.

— Não tenha pressa. — disse o rapaz, seu olhar era gelado, morto, tal como o de seu pai.

Naomi logo tratou de empurrar as mãos do rapaz, e se apoiar na cama voltando logo a se sentar.

— E quem seria você? — questionou-o de imediato.

— Sabaku no Gaara, o Kazekage.

O Kazekage.

Sua postura era ereta, firme como a de um rei. Seus olhos fundos contrastavam com a sombra preta estava a seu redor. Não era mentira que fosse bonito aos olhos, porém todo o resto parecia tão morto dentro se si. O movimento dos pés do rapaz se afastando para trás fez Naomi o encarar nos olhos, e perceber que o rapaz lhe analisava da mesma forma que fazia com ele.

— Quero que me diga como vim parar aqui. — Naomi o intimou.

— Gostaria que você me dissesse isto, senhorita.

— Eu não sei. — Gaara estalou a língua no céu da boca, e seu instinto fez Naomi encarar seus lábios.

— Não se lembra de nada? — o Kazekage a questionou, e a garota desviou o olhar de volta a seus olhos.

— Nada que seja realmente útil, Kazekage. — deu ênfase na última palavra, e tratou de continuar. — Me chamo Naomi Gremory. Estava a beira de um casamento quando fui interrompida. De resto não me lembro nada. Somente de acordar aqui.

— Gremory?

— Sim, do País do redemoinho.

A expressão morta no rosto do ruivo, deu lugar a uma penúria. Seu olhar se dirigiu ao canto inferior da sala, onde uma cortina flutuava conforme o vento passava por ali. Naomi o mirou por segundos, e logo voltou a dizer.

— Saberia me dizer algo?

Gaara voltou a fita-la, porém com um olhar mais perdido. Demorou um tempo para responde-la. Sim, ele tinha informações. Informações que foram passadas a ele por vilas aliadas durante toda essa semana, porém não sabia como a garota reagiria. O fato que acabará de acordar e totalmente sem lembranças era preocupante, no entanto alarmante também. Devia estuda-la antes de decidir se a garota seria uma vítima, ou uma assassina.

— Não. — respondeu em fim, e tratou logo de se retirar da sala.

Naomi sabia que esse "não" tinha muitos significados, mas nenhum deles era não. O coração dela começou a doer quando viu as costas do Kazekage sumindo da vista dela. Naomi se sentou na cama, a enfermeira disse alguma coisa também e saiu em seguida.

"Respire fundo", Naomi disse a si mesma tentando não pensar numa das piores coisas que poderia ter acontecido. Mas o peito dela começou a arder. "Você consegue", ela respirou fundo e deitou de volta na cama quando as forças faltaram.

A última vez que sentiu uma mágoa tão grande dentro do peito, ela se lembrava bem. Foi no dia em que foi abandonada por ele. Suna era extremamente quente e a solidão lhe era tão familiar. Tão amiga, em muitas das vezes. Porém todo esse silêncio lhe lembrava alguem que não queria ser lembrado.

Alguém que não via a algum tempo, e não sabia se veria alguma outra vez.

"— Pense nisto como uma promoção. Agora você comanda seu destino, mesmo que ainda precise de muita prática.

— Você prometeu que ficaria comigo. Eu não sei como prosseguir sem você. As pessoas ao meu redor, elas não me entendem como você.

— Eu não entendo, eu só tento ser o melhor para você.

— Você é meu amigo, eu não quero ficar sozinha.

— Amigos podem seguir caminhos diferentes, eles não deixam de ser amigos" 

Foi a última vez que ela o viu. Nunca se sentiu tão sozinha como quando aquele garoto partiu. Embora não fosse nacional de sua Vila, ele sempre a visitava as escondidas. Era seu melhor amigo. A única pessoa que conhecia e que não era corrompido por alguma coisa. Ele era único. Ele a abandonou. Assim como tudos em sua vida.

"Respire, Naomi".

Ela te tentou, mas doeu seu peito mesmo assim e a garota descansou, sentindo que poderia desaparece.

Não foi necessário uma noite inteira de sono para descobrir que não conseguiria pregar os olhos. Naomi passou aquela próxima noite pensando na sua família. Sabia que Kumo deveria estar espumando de raiva com seu desaparecimento. E provavelmente Leona devia estar preocupada, com os nervos saltando do corpo. Irritada, com toda certeza. Sua mãe estaria nadando em tensão.

Mas esses pensamentos não duraram muito, pois a garota logo tentou se convencer que se ela estava ali, certamente coisa boa não tinha acontecido a eles. A Vila do Redemoinho era longe de Suna, o deserto quente extremamente cruel.

Como ela tinha vindo parar aqui?

Não conseguiu ficar sentada ignorando seu sentimento de preocupação por muito tempo. Se alguém tinha algumas respostas, esse alguém era o Kazekage. O olhar que ele lançou a ela quando a ouviu dizer de onde veio, entregou tudo. Nada passava batido por Naomi Gremory.

Pelo menos, quase nada.

Naomi saiu da cama e percebeu que os corredores estavam vazios. Não sabia exatamente que horas eram, mas pela falta do sol lá fora, deduziu que era madrugada. Esse lugar sem dúvidas, é um hospital. Naomi percebeu enquanto caminhava se arrastando pelos corredores. Quando deu por si, estava em algum tipo de recepção. Não havia ninguém. Estranhamente abandonado.

A garota respirou e passou por lá, mas antes que deixasse de vez o lugar, percebeu que na parede havia um desenho estranho. Na verdade, não era um desenho apenas. Eram linhas que demarcavam pontos e também estavam nomeados.

— Hospital... Escritório do Kazekage... Centro de treinamento... Escritório do Kazekage. — Repetiu a si mesma.

Era lá que precisava ir.

Anotou na mente como deveria chegar lá. Mas assim que abriu a porta para estar livre daquele prédio, deu de cara com shinnobis. Seguranças, provavelmente. Eles olharam para a garota com cautela, Naomi travou como se estivesse prestes a explodir. Toda aquela gente. Aqueles homens. Não havia um olhar terno ali.

— Por que está fora do seu quarto? — Um deles veio a frente e questionou. Ele era alto, Naomi começou a tremer. Os cabelos escuros como se o sol os tivesse torrado. — O gato comeu a sua língua?

O gato poderia facilmente fazer isso.

Ela deu um passo para trás, e o homem foi mais rápido e segurou o pulso dela. Aquilo ativou seus maiores medos. Naomi prendeu a respiração e abaixou o corpo. O guarda na esperava por isso. Quando o corpo dela baixou, o pé subiu. Um chute bem dado no rosto o fez se afastar. E Naomi Gremory correu.

— Não! Me solta.

Ou, pelo menos, tentou correr.

Alguém a segurou, e ela foi lançada no chão com uma brutalidade assombrosa. Naomi sentiu quando uma força estranha a pressionou contra o chão, e de repente as lágrimas queriam cair. Mas ela não ia chorar na frente daqueles homens estranhos. Ela se sacudiu, ou achou que estivesse fazendo isso.

Kankuro nunca tinha visto isso. Uma pessoa tão auto destrutiva, quando tudo que eles fizeram foi resgatá-la de ser morta pelo sol maçante do deserto. Quando o Gaara a achou, ele a salvou. Por que ela está fugindo?

Kankuro mexeu os dedos e seu fantoche puxou a garota para cima. Naomi ficou de frente para ele, percebeu como o olhar dele não era vazio, era curioso.

— Por que está fora do seu quarto? — Kankuro questionou novamente. Ela pensou em responder, mas não confiava nele. Então ela cuspiu na cara dele. — É sério isso, sua maluca? Eu vou...

— Não faça isso! — Gaara precisou respirar fundo para não perder o controle ao ver kankuro levantar a mão. — Nem ouse fazer isso.

— Você está atrasado, irmão. — O informou.

— Solte-a agora mesmo, Kankuro. Não vê que a está ferindo? — A contragosto, o irmão mais velho soltou a garota. Naomi caiu de joelhos. — Você está bem?

— Ela estava tentando fugir! — Kankuro respondeu no lugar dela.

— Não estava, eu garanto. — Naomi diretamente para o Kazekage. — Eu queria encontrá-lo, Kazekage. Eu queria respostas. E eu sei que pode me dar as que eu preciso.

"E dizer o que a ela?", Gaara se questionou. O Kazekage estendeu a mão para a garota, Naomi aceitou a ajuda. Ficou de pé e olhar diretamente para os olhos dele. Sentiu uma dor percorrer toda sua espinha. Gaara negou com a cabeça como se não soubesse por onde começar.

— O que aconteceu, Kazekage, por favor. Eu preciso saber.

— O Clã Gremory foi extinto, Naomi. Faz duas semanas que o clã queimou até as cinzas. — Gaara observou a boca dela secar. Os olhos tremerem.

— E a minha família?

— Não sabíamos que havia uma sobrevivente até você aparecer e me dizer quem era.

— Isso não é possível, eu ia me casar ontem.

— Isso foi a duas semanas.

— Você... você está errado, Kazekage. Está errado.


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