INDESTRUTIBLE • Gaara No Sabaku escrita por tessascopelli


Capítulo 4
O Sequestro




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Tudo que desafia, acaba nos encorajando a ser mais do que a gente já é. E se você tem a coragem, não há mais a que recorrer.


O dia amanheceu chovendo. Raramente chovia naquela parte da Aldeia. Morar na parte mais quente do mundo, tinha lá suas vantagens. Até quando chovia, na parte da tarde toda a água dos telhados já tinha secado. O sol sempre foi muito cruel, quando o assunto era a Vila Da Areia, no deserto mais longo e escaldante. Algumas pessoas gostavam muito do sol.

Até mesmo Gaara.

O Kazekage gostava de onde morava. Ele gostava de saber que tinha uma família para chamar de sua em Suna, mesmo que fosse uma família como a dele. Irmãos, amigos. Por isso Gaara gostava da chuva. E quando a primeira gota da chuva caiu no telhado, Gaara abriu os olhos e saiu da cama. Ele encarou Sunagakure pela janela e soube que aquela seria uma noite interessante: uma noite com chuva e uma noite em que ele se sentiria mais desgastado que o comum.

Estava no telhado da casa, pensando em como a vida de Naomi mudaria. Não que ele soubesse como era a vida dela antes, mas perder toda a sua família tinha um peso muito grande na balança da vida. E tudo que era ruim, certamente podia piorar.

Ele se lembrou de como foi para ele, quando sua vida caiu na escuridão. Quando seu pai o transformou naquele monstro descontrolado do qual todos tinham medo, ele suportava. Suportava mesmo que doesse muito. Mas quando seu tio morreu, quando ele o matou... Gaara não conseguiu sobreviver a isso. Estava disposto a suportar tudo, menos a solidão que o abraçou quando ele se foi. E ele via isso em Naomi quando olhava para ela.

Toda a tristeza que ela guardou no sorriso que deu para Temari. Gaara não queria espionar, mas ele não sabia como consolar alguém. Ele mal sabia se consolar.

Fechou os olhos quando a primeira gota caiu no seu rosto. E ouviu um grito, seguido de barulho de algo caindo. Alarmado, Gaara se levantou e deu a volta no telhado, bem a tempo de ver a garota de joelhos em cima do telhado. Ela tinha se desequilibrado e estava se segurando na janela.

— Naomi? — Ela ergueu a cabeça, os cabelos dela estavam caindo sobre os olhos.

— Me desculpa, eu não estava tentando ir embora. Eu só queria ver a chuva, não sabia que o senhor estava aqui. Eu não queria atrapalhar.

— E como você caiu?

— Eu tentei voltar sem que o senhor me percebesse. Me desculpe.

— Tudo bem, me deixa ajudar você. — Gaara pegou na mão dela, e Naomi agradeceu ganhando o equilíbrio de volta. — Senta.

— Obrigada, Kazekage, outra vez.

— Você gosta da chuva?

A chuva caía sobre eles, molhava tudo, mas nenhum dos dois parecia estar incomodado. Na verdade, Naomi até mesmo imaginou que estivesse em casa outra vez. E que estivesse no telhado da sua casa, conversando com seu único amigo. Aquele que havia partido.

Lembrar disso a fez olhar para o lado, lugar que agora Gaara ocupava.

— Eu não gostava da chuva, sempre choveu na minha aldeia. Minha vida toda era debaixo d'água. Mas a chuva para mim tem um significado único.

— Eu sinto muito que você tenha perdido tudo.

— Você passou por isso, não foi?

Ninguém tinha dito. Naomi tinha um radar épico para fisgar histórias. E a forma com que Gaara estava se empenhando para fazê-la se sentir acolhida. Temari lhe oferecendo tanto carinho, a hesitação de Kankuro. Tudo contra ela. E mesmo assim, Gaara não a rejeitou. Não a condenou. Ela poderia estar mentindo para ele, não havia como saber. Ao invés de condenar, ele socorreu.

E ninguém faz isso, a não ser que conheça o sentimento.

Gaara não sabia que conseguia sorrir com a lembrança. Mas conseguiu.

— É tão óbvio? — Questionou.

— Na verdade, eu sou habilidosa com certas coisas.

— Você está certa, algo aconteceu comigo também. Por isso estou te ajudando. Não quero que se sinta desamparada. Mas também, Naomi, espero que entenda qual a minha posição.

— Você é o Kazekage.

— Sendo assim, não posso arriscar. Então... você precisa levantar dessa queda o mais rápido possível. Porque as nações querem respostas e só você pode nos dar elas.

— Como eu te disse, eu não sei onde estive nas últimas duas semanas. O que você diz que aconteceu há duas semanas atrás, para mim foi ontem. Eu sinto muito.

— E você não faz idéia de quem possa ter feito isso?

— Eu sinto muito, Kazekage. Eu não tenho as respostas.

— Eu temia que dissesse isso, porque nós precisamos delas. E vamos ter que conseguir. — Naomi engoliu a seco. — Você entende?

— Eu entendo e irei colaborar com tudo.

— Que bom, Naomi. Então vamos nos entender. — Gaara se ergueu, Naomi ficou onde estava. — Fique mais um pouco, lembrar de casa não vai ser ruim.

Ela assentiu. Ficou sentada lá quando ele partiu.

Naomi tinha que admitir que Gaara estava tentando muito ser o melhor que podia para ambos os lados. Para a Vila e para a garota quebrada. Naomi sorriu, se levantou e no momento seguinte uma criatura voou bem na sua frente. Um pássaro branco tão grande, e montado nele um garoto. Talvez nem tão garoto, mas a assustava com toda certeza. E determinada a correr, ela se desequilibrou e caiu do telhado. Agradável queda até o solo, mas não foi assim que aconteceu. O pássaro a pegou no ar e levantou vôo.

— KAZEKAGE!

— Ôh não grite, por favor. — a voz se fez presente acompanhada de risadas.

— O que quer de mim? — questionou assustada.

— Eu nada, mas com certeza alguém vai querer.

As palavras soaram assustadoramente tenebrosas, o que fez a garota perder toda e qualquer vestígio de coragem que pudesse vir a ter.

— GAARA! GAARA! GAARA!

O Rapaz que até então mantinha toda sanidade se irritou mediante o chamado do líder da aldeia. Agarrou o pescoço da garota e Naomi começou a sentir o sangue ferver enquanto o ar faltava. Seus olhos fecharam no momento que começou a aceitar a morte. Não queria desistir assim, mas ao que tudo indicava seria seu fim. Pelo menos era o que achava até ouvir o seu sequestrador gritar de dor e soltar seu pescoço. Sangue escorria de seu braço, e o pássaro fez um giro. Naomi não teve tempo de pensar, apenas sentiu seu corpo cair pelo ar. 

Gaara fez um movimento premeditado e quando deu pelo momento, Naomi caia pelo ar. Droga! Tentou concentrar o máximo de chakra possível pra pegá-la no ar. Observou o momento em que ela procurou por ele no meio da confusão, e quando encontrou seus olhos demonstravam tamanho alívio.

— Quanto tempo, hein Gaarinha? — Deidara se aproximava ficando próximo do ruivo.

— O que você quer Deidara? Já resolvemos tudo que tínhamos para resolver quando você me tirou o Shukaku.

— Passado é passado, Gaarinha. O que eu quero agora é sua hóspede.

Gaara olhou para Naomi, e ela tinha um olhar suplicante de socorro. Não soube definir se era preocupação ou qualquer outra coisa, mas foi combustível o suficiente para querer torrar aquele loiro.

— Você quer brincar?

— Você que,  Gaarinha?

O ruivo sorriu mediante o olhar do loiro. Deidara foi o primeiro a se afastar, e Gaara seguiu-o com o olhar. Os finos flocos de areia começaram a se espalhar pelo ar, Gaara continuava parado no mesmo lugar apenas formulando seu ataque. Deidara sorriu debochado no instante em que se curvou ao soltar um espirro que trouxe com si dezenas de mini bombas. A barragem de areia surgiu bem na sua frente a tempo de não atingir o ruivo, e no momento seguinte Gaara estendeu a mão na direção do inimigo.

— Suna no dōkutsu!

Duas mãos se fechando apareceram na direção do loiro que prontalmente desviou de ser esmagado.

— Oh, você faz melhor que isso Gaarinha. — Deidara riu o provocando.

— Suna no dōkutsu!

Novamente o mesmo truque, porém Deidara se afundou no solo indo aparecer do outro lado. Droga! Gaara juntou todas suas forças e usou para prender o loiro, mas Deidara estava pronto para correr novamente. Só não contava com uma rajada de vento que o atingiu forte. Gaara sorriu ao vê-lo no chão, e novamente fechou suas mãos prendendo o Akatsuki.

— Esmaga. — seus olhos tremeram de ódio ao ver a argila vazando pra fora da crosta. — Onde está o verdadeiro?

— Bem aqui, Gaarinha.

Deidara sorria maroto enquanto apontava uma kunai para o pescoço de Naomi, que nesse momento se tremia inteira.

— Me diz se ela não é uma gracinha?

— Oras seu...

Gaara avançou, desta vez sem nenhuma de suas técnicas. Apenas com seu ódio. Deidara sorriu da forma mais amarga que pôde e jogou Naomi para cima, bem a tempo do seu pássaro saltar e pegá-la no ar. Desta vez foi diferente, Deidara não estava no pássaro para agarrar ela, então a ave teve que prende-la com as garras. E suas garras eram afiadas demais. E foi o corte que Naomi sentiu se pregando em sua pele quando foi segurada por aquele bicho. Ele voou com ela, enquanto a menina sentia as garras cada vez mais fundas em sua pele cortando a sua carne.

A garota percebeu o momento em que sua visão começou a ficar turva. A cabeça doeu para confirmar o que já sabia. O sangue escorrendo de seu corpo.

— Socorro, Gaara....

O pássaro cantou alto demais, Deidara sabia que alguma coisa estava extremamente errado. Ele observou o pássaro voando cada vez mais baixo, até soltar a garota. Deidara notou o sangue nas garras e percebeu como a menina estava fraca. Ela estava ferida. Levá-la neste estado não seria nenhuma vantagem. Precisava dela inteiramente bem para o propósito inquirido. Por hora, sua unica opção era deixa-la sobre os cuidados dos mèdicos de Suna, para que cuidassem dela.

Gaara assistiu Deidara se afastar. Tinha duas opções: ir atrás daquele sádico e o decapitar como sonhara diversas vezes, ou ajudar a menina que agora estava destruída. Por mais tentador que fosse esmagar Deidara, o Kazekage se viu pegando a garota nos braços e correndo.

— Naomi! — Temari se juntou a eles correndo. — Você vai ficar bem, eu prometo.

— Chame um médico, Temari.

Temari assentiu seguindo acompanhada de alguns guardas atrás da médica. Gaara colocou Naomi no sofá, e se levantou para pegar água quente, porém teve seu pulso segurado pela garota.

— Kazekage, por favor... não me deixe sozinha.

— Estarei aqui quando acordar. Eu prometo.

Foi somente terminar suas palavras para os olhos da garota se fecharem em agonia.


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