Amor Além da Fama escrita por TG Marques


Capítulo 2
Capítulo 2




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Avistei os primeiros raios de sol pela janela do ônibus. Era uma viagem de quinze horas de Toledo, capital de Topália, até a cidadezinha de Vila Aurora, então preparei a almofada de pescoço e meus fones de ouvido, pois sabia que seria um grande percurso. Pensei numa estratégia para tentar fugir das câmeras: estou de boné, óculos escuros e um moletom com touca. Em Toledo funcionou parcialmente, precisei dar alguns autógrafos para as funcionárias que estavam trabalhando no momento, mas não havia repórteres, creio que devido ao horário. Tínhamos acabado de cruzar a placa de “Bem-vindo/Volte Sempre a Toledo” quando peguei o celular para avisar meu agente sobre a minha decisão.

 

“05:16 Oi Tyler, bom dia! Você provavelmente ainda está dormindo, mas já vou deixar você avisado. Decidi tirar uns dias de folga, minha cabeça está a mil, e eu preciso MUITO descansar.

Sei que você estava planejando outro ensaio para essa semana, mas vou te pedir para remarcar, tudo bem?

Estou saindo da cidade e vou tentar ficar longe do meu celular, então não se preocupe se não tiver notícias minhas por uns dias :)

Está tudo bem, só preciso desse tempo para mim.

Bjs,
Bella”

Reli a mensagem algumas vezes e apertei o botão de enviar. Pronto, está feito. Fiz questão de não dizer para onde estava indo, não quero que ele venha desesperado me procurar, e também seria muito desagradável chegar com vários paparazzi me seguindo a cada passo. 

 

Ajeitei-me na poltrona e aumentei o volume da música que estava tocando. Relembrei a conversa que tive com meus pais na noite anterior. Antes de dormir, liguei para eles e informei para onde estava indo e o que pretendia fazer, assim eles não ficariam preocupados, mas pedi sigilo absoluto, o que eles prontamente concordaram. Eles sabem o quanto minha rotina é corrida e que eu realmente precisava de uns dias para espairecer.



—---

 

Eram quatro horas da tarde, fizemos uma parada para tomar um café e usar o banheiro antes de prosseguir viagem. A chegada estava programada para as oito horas da noite. Enquanto comia um sanduíche natural com suco de laranja, repassei mais uma vez o plano na minha mente: amanhã bem cedinho vou caminhar pela praça e analisar cada pessoa que eu avistar para ver se consigo identificar a Alice. Vai ser um pouco difícil, já que a última vez que nos vimos foi há quase vinte anos.

 

Terminei a refeição e logo retornei ao ônibus, fui colocar uma nova música quando vi a mensagem do Tyler:

 

“09:36 Oi Bella, como assim??? Você precisa me avisar com antecedência quando quiser tirar férias. Modelo não tem tempo para férias, garota!!!

 

09:50 E outra coisa, para onde você vai, hein? Preciso saber exatamente o local e quantos dias a senhorita pretende ficar fora. As coisas não funcionam como você quer, não!!

 

13:48 Isabella Marie Swan!!! Me responde!!!!!”

 

Suspirei lendo cada frase. Era exatamente por isso que eu precisava de um tempo longe, sem ninguém, sem celular, sem nada. Até pensei em responder algo para deixá-lo “tranquilo”, mas notei que meu celular estava sem área de serviço. Ótimo! Não preciso mais me preocupar!

 

Eram sete e vinte da noite quando o ônibus estacionou no terminal de Vila Campos, cidade vizinha de Vila Aurora. Eu já estava com o traseiro quadrado de tanto tempo sentada! Peguei minhas malas e tentei pedir um motorista de aplicativo, mas o celular continuava sem sinal, então fui seguindo as placas para encontrar o local dos táxis. Puxei mais a touca do moletom e tirei os óculos escuros para não chamar atenção, pois já estava de noite, e fui rapidamente para a calçada. Ninguém me reconheceu, acho que estou fazendo um ótimo trabalho!

 

Embarquei no primeiro veículo disponível e começamos a viagem até Vila Aurora, quase uma hora de estrada. A paisagem aqui era muito linda, mesmo de noite pude perceber o quão belo é o interior de Topália. Várias árvores cobriam o horizonte e o chão estava coberto de folhas, anunciando a chegada do outono. O motorista era um senhor de meia-idade super simpático, durante todo o trajeto ele foi falando sobre como o outono era uma estação muito querida pelos cidadãos de Vila Aurora, pois é a época que simboliza o período de colheitas. Há diversas fazendas na vila (ele me explicou que Vila Aurora, na verdade, é uma vila mesmo, e não uma cidade) e cada uma delas é especializada em algum tipo de plantação, todo o seu sustento vem da venda de hortaliças para as grandes cidades, então é um momento muito esperado e comemorado. 

 

Eu estava tão imersa nas suas histórias que nem percebi o tempo passar, somente quando avistei a placa de “Bem-vindo a Vila Aurora” que notei o horário: oito e quinze da noite. Uau! Não consegui notar muito bem como era o local, pois já estava muito escuro, as ruas eram iluminadas por poucos postes que projetavam uma luz amarelada, que dava um charme de “interior”. Estacionamos na frente da pousada, paguei o motorista e agradeci pela viagem, e saí para pegar minha bagagem. 

 

Entrei na pousada e um homem estava sentado próximo a uma mesa na recepção. Ele tinha cabelos na cor loiro escuro, quase puxando para um bronze. Imediatamente me chamou atenção, pois nunca havia visto cabelos daquela cor. Ao me aproximar, notei que seus olhos eram verdes e seu maxilar era bem desenhado. Estava usando uma camisa xadrez e eu sorri por alguns segundos, sem saber direito o motivo. 

 

Aproximei-me do balcão e o rapaz sorriu e falou educadamente:

 

 ― Boa noite! Preciso do seu nome e carteira de identificação, por gentileza. ― Fiquei olhando para ele por alguns segundos, sem pronunciar uma palavra sequer. Acho que meu disfarce estava muito bom! Tirei a touca e sorri para ele, que me encarou de forma confusa. ― Senhorita? Preciso da sua carteira de identificação para encontrar a sua reserva, por favor.

 

Continuei o encarando e dessa vez eu que estava confusa. Como assim? Ele só podia estar brincando, certo?

 

― Você não sabe quem eu sou? ― pronunciei a pergunta um pouco impaciente. Os olhos dele brilharam em compreensão e ele disse:

 

― Ah, claro! Você é a camareira que contratamos para nos ajudar nesse período de festival. Está atrasada! ― Meus olhos se arregalaram. Estou aqui na pousada, quase oito e meia da noite, cheia de malas e ele tem a audácia de me confundir com a camareira? Ele deve ter notado a minha irritação, pois logo emendou ― Calma, estou brincando! Claro que eu sei quem você é ― Ufa! Já estava ficando preocupada. ―, você é a moça que ligou ontem a noite e reservou o último quarto disponível. Aqui no meu sistema consta como ― ele olhou para a tela do computador mais estranho que eu já havia visto, era um daqueles bem antigos com monitor de tubo, tinha uma cor cinza amarelado mostrando o quão velho era. Depois, checou novamente num caderno de registros preto, bem grande. ― Isabella Marie Swan, está correto? ― Acenei com a cabeça, confirmando ― Certo, senhorita Isabella, mesmo assim eu preciso do seu documento para me certificar de que realmente é a senhorita. É procedimento da pousada, tudo bem? 

 

― Ah, claro. Aqui está ― peguei a identidade dentro da bolsa e mostrei para ele, ainda meio atônita. Ele realmente não me reconheceu?

 

― Tudo certo, senhorita Isabella, seu quarto é o número 08. É só subir as escadas, o seu vai ser no último andar. Tenha uma ótima estadia, e se precisar de alguma coisa, é só ligar aqui na recepção! ― Ele me deu um sorriso gentil e eu olhei o crachá na sua camisa, notando pela primeira vez o seu nome escrito ali.

 

― Obrigada, Edward. ― pronunciei um pouco tímida, enquanto pegava a chave que ele ainda segurava estendida na minha frente. Olhei para as três malas à minha volta e imaginei como faria para subir as escadas até o terceiro andar. ― Você… poderia me ajudar a subir com a bagagem, por favor?

 

― Claro! ― ele disse e se levantou da cadeira. Pude notar que ele era alto e tinha um corpo definido, era visível mesmo através da sua camisa. Ele pegou uma em cada mão, eu peguei a última, e o segui pelas escadas. Foi um trajeto difícil para mim, mas Edward parecia já estar acostumado. Abri a porta do quarto e quando virei para agradecer, ele já estava descendo as escadas. 

 

Que estranho. Estou vendo que esses dias em Vila Aurora serão bem interessantes. Estava colocando a última mala para dentro quando Edward retorna:

 

― Ah, já ia me esquecendo! Amanhã à tarde terá uma competição de tortas de abóbora, e a melhor vai levar um prêmio. Sem querer me gabar, mas a torta da nossa pousada é a melhor que existe! ― ele disse com um sorriso alegre e continuou ― Estamos convidando todos os hóspedes para nos prestigiarem, e claro que você está mais que convidada para aparecer por lá. Se a gente vencer, todo mundo vai ganhar um pedaço de torta ― disse e deu uma piscadinha.

 

― Claro, estarei lá! ― respondi e sorri de volta. Edward ficou me olhando por alguns segundos, antes de murmurar um “boa noite” e seguir seu caminho. Fechei a porta com um sentimento diferente surgindo em meu peito, parecia um prelúdio de que algo muito bom estava prestes a acontecer.


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Notas finais do capítulo

E aí!! O que acharam desse primeiro contato Beward??
Ansiosas para o próximo? *-*
Me conte nos comentários!



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