Mirrorball escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 3
And I'm still a believer, but I dont know why




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Eles estavam sempre fugindo. Não de si mesmos, mas do olhar dos outros. Desde muito cedo, ninguém havia aceitado que estavam juntos. Tinha sido um choque para Hermione, especialmente quando o observava fazendo algo totalmente diferente do que associava a ele, como estar à vontade ao seu lado vestindo algo casual ou se deixando ser um pouco mais sensível e aberto sobre tudo. 

Draco foi se tornando parte de sua rotina, mas ninguém ao seu redor o conhecia como ela - algo que ele nem fazia questão - embora, todos tivessem uma opinião a respeito, mesmo aqueles que apenas acompanhavam de longe notícias sensacionalistas, que inventavam todo o tipo de rumor sobre o relacionamento deles, apesar de serem bastante discretos. 

Por isso, era comum que estivessem sempre viajando quando podiam, pois então não precisavam lidar com os olhares. Podiam conhecer outros lugares e ser eles mesmos, sem a pressão do título de ex-Comensal, primeiro herdeiro da antiquíssima família Malfoy a se relacionar com uma sangue-ruim; ou Hermione Granger, a genial heroína de guerra, que estava sendo manipulada pelo outro. 

Na riqueza histórica do sul da França, no outono perfeito da Rússia ou no interior da Irlanda, eles não precisavam carregar essa bagagem, eram apenas um casal. E mesmo que discutissem o tempo todo, era óbvio, para quem os observasse de fora jantando em um daqueles restaurantes caros de Berlim, o fascínio em seus olhos quando se olhavam ou a intimidade dos dedos juntos ao caminharem de mãos dadas. Hermione sempre adorava aquela familiaridade, pois ele fora o primeiro a entrelaçá-los em público, afirmando, sem qualquer palavra a mais, a solidez deles. 

Sentada sobre o tapete macio do closet deles, após um longo dia de trabalho, ela destrinchava diversos álbuns de fotografias, que mostravam diversos registros deles ao redor do mundo, às vezes em imagens de alta qualidade ou apenas polaroids rápidas, granuladas e mais íntimas, mas não totalmente amadoras. 

Draco amara a fotografia trouxa quando apresentou à ele todo o conceito e as possibilidades. Tinha uma coleção de diversas câmeras e até um estúdio na mansão, por isso, havia muitas fotos apenas dela. De perfil, passeando por pontos turísticos, de quando acabara de acordar, de quando se encontrava distraída conversando ou mexendo em algo, de partes específicas de seu corpo, como a curva do quadril contra o pôr do sol usando apenas uma calcinha de seda branca; da parte inferior de seu rosto junto ao ombro nu um tanto sardento; de seu busto especialmente decotado em um vestido vermelho combinando com os lábios da mesma cor, sob a pouca luz de um elevador antigo durante uma festa qualquer. Havia vários ângulos de como podiam ser. 

Seu dedo alisou cada uma daquelas imagens, recordando quase perfeitamente o momento em que foram eternizadas, desejando que seu marido soubesse que aquilo era um reflexo dele. Que tudo aquilo só existia, daquela forma específica e especial, por conta do casamento deles e de como eram um par e tanto juntos. Notou o bolo se formando em sua garganta e não demorou a perceber que Draco chegou, aproximando-se de maneira silenciosa do closet e estacando sob a porta de madeira branca dupla ao notar o que fazia. 

Viu as emoções percorrerem as feições pálidas em um segundo muito rápido, porque era especialista nele, mas logo em seguida, quando escondeu as mãos no bolso da calça social marrom, ainda de terno, tudo estava sob aquela feição cruel e o tom sem vida, ainda que baixo. Draco passou os olhos pelas fotografias espalhadas pelo tapete por um momento, então meneou a cabeça. 

— Tentando se lembrar porque se casou comigo, Hermione? 

O tom era de quem não se importava, mas sabia que ele o escolheu de maneira deliberada. Hermione apertou os lábios e fechou as feições de maneira repentina, pois ele sempre soube ser detestável quando queria. Com um gesto de varinha, fez todas as fotos voarem para a caixa, magicamente se acomodando em seus devidos lugares, enquanto cruzava os braços e se encostava encostava a um dos armários. 

— Até quando vai continuar me punindo? - Estava magoada e era sempre mais aberta do que ele. 

Draco, por sua vez, apenas acompanhou a caixa ser guardada, parecendo distraído e, com um meneio de cabeça, finalmente adentrou o closet, começando a se desfazer da roupa caríssima de trabalho. Primeiro a gravata com listras vermelhas quase imperceptíveis, depois os primeiros botões da camisa clara, duas mechas do cabelo loiro já caíam sobre a testa de maneira desleixada, como se houvesse passado demais as mãos por ali naquele dia, já que não usava mais tanto gel. 

Sob a iluminação amarelada do closet, observou a aliança dele brilhar no dedo anelar da mão esquerda ao retirar o terno e jogá-lo sobre uma poltrona qualquer. Também usava o tradicional anel de sua família no dedo mindinho e outro, de prata pesada, com a insígnia de uma serpente sobre uma base de ônix negro no dedo indicador. 

Hermione, simplesmente, amava as mãos dele.  Às vezes, se impressionava sobre como conhecia detalhes muito específicos sobre ele. E não queria passar a desconhecer nada. 

Ele se voltou às abotoaduras negras da camisa, retirando automaticamente e deixando sem cuidado sobre o móvel central do closet, antes de puxar a peça de dentro da calça. 

— Não estou te punindo. 

Ele disse em tom baixo, parecendo ter pensado sobre o assunto, mas ainda sem encará-la, mais concentrado do que de costume nos botões da camisa, que abria rapidamente e tirava antes de começar a desafivelar o cinto negro. 

— Se não está me punindo… Então é você quem está se questionando sobre nós. 

O viu interromper o gesto imediatamente e levantar os olhos para Hermione, ainda sem se mover, no mesmo lugar, ainda sem subir o tom, ainda sem acreditar no ponto que chegaram, mas também um tanto cansada de como tudo aquilo se prolongava e pesava como uma pedra entre eles. 

Sempre que brigavam, a casa parecia mais silenciosa, antiga e triste, mas naquela noite nunca pareceu tão… Dolorosamente sufocante. O viu apenas franzir o cenho e fechar as feições de vez… Não em confusão, mas como se tivesse o desvendado com mais facilidade do que esperava. 

Hermione meio que bufou e sorriu de maneira amarga, se levantando do chão do closet para deixá-lo só. 

And I’m still a believer, but I don’t know why


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Notas finais do capítulo

Eu, absolutamente, amo escrever crises em relacionamentos kkkkcry
Espero que estejam gostando de como estou explorando mirrorball, da Taylor Swift. Me deixem saber suas opiniões nos comentários!

Até mais ♥



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