Quase um mês escrita por annaoneannatwo


Capítulo 19
Capítulo 19




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— Obrigada. — Uraraka diz com um sorrisinho minúsculo e rapidamente corre pra dentro da casa dele, antes que os pingos de chuva a alcancem.

— Chegou mais rápido do que eu tava esperando.

— É, peguei o metrô mais cedo porque fiquei com medo da chuva aumentar e a estação parar. —  ela explica, tirando os sapatos e se levantando — E aí, como você tá?

— Normal, ué.

— Hum, entendi. 

Uraraka olha ao redor, ele sabe que ela não tá procurando pela velha, já que ela avisara mais cedo que ia ao escritório levar as peças e depois passar no banco pra pegar o dinheiro da Cara de Lua. Foi justamente por causa dessa informação que a Uraraka mandou mensagem pra ele de manhã perguntando se poderia ir um pouco mais cedo do que o horário que combinou com a velha pra conversar com ele, porque, segundo ela, não dava pra falar disso por mensagem.

Embora ele não tenha plena certeza de que entende o que é o tal “disso”, Katsuki só imagina que é sobre o que eles fizeram no ateliê antes, ou melhor, o que tavam fazendo segundos antes da velha chegar. Basicamente, o que não era pra eles estarem fazendo, não naquele momento, e com certeza não naquele lugar. 

Uraraka deixou claro que, se às vezes se afastou ou impôs limites, não foi porque não gosta dele, foi pelo bem de ambos. Teve um ponto em que Katsuki achou que era só em prol dela mesma, mas ontem, depois que o beijou no impulso e se arrependeu quase um minuto depois, ele percebeu que é sim uma preocupação pelos dois. Ela sabia que tava fazendo coisa errada, mas Katsuki não permitiu que a Uraraka corrigisse o que fez, apenas a afundou ainda mais no erro, devolveu o beijo com no mínimo o dobro da intensidade, Naquele momento, ela o beijou por gratidão em relação a algo do trabalho dela, e Katsuki a beijou só por puro desejo mesmo, esquecendo de toda a questão com a velha até o momento em que ouviu a voz dela ecoando pelo corredor.

E a pior parte é que ele nem se arrepende. Quer dizer, o loiro ficou com uma sensação esquisita, meio que uma certa apreensão ao se lembrar do que fez bem embaixo do nariz da velha, mas não é bem culpa, até porque sempre que pensa no tal beijo. — e desde ontem, ele pensou nisso uma caralhada de vezes — seu corpo ferve, lembrando e ao mesmo tempo desejando sentir de novo a maciez da pele dela, o gosto de seus lábios, ouvir a respiração dela ficar pesada e os barulhinhos baixos que ela fez contra sua boca.

Mas ele sabe que não vai rolar de novo, agora não tem mais clima. Uraraka tá se sentindo culpada de verdade, e não é nem que Katsuki tenha percebido, a própria disse isso por mensagem assim que saiu da casa dele ontem. Ela tá se sentindo culpada, e quis vir mais cedo hoje pra conversar com ele antes de ver sua mãe.

Talvez ela não contasse com a chuva que começou a cair um pouco depois do almoço, o que poderia ter lhe atrasado. É verão, do nada vêm umas chuvas esquisitas que só servem pra deixar o clima ainda mais úmido e abafado. 

Um clima de merda, perfeito pra essa conversa que ela quer ter e que ele não vê como sendo minimamente agradável.

— E seu pai?

— Foi resolver umas coisas, não deve demorar.

— Então a gente também não pode demorar, né?

— Ele não ia ficar bisbilhotando a conversa.

— Eu sei, mas… depois de ontem, eu só… prefiro não arriscar. — ela se justifica com um sorrisinho sem graça.

— Tá. Não fica parada aí, vâmo entrando. — Katsuki sai andando, e Uraraka o acompanha logo em seguida. 

Se fosse da vontade exclusivamente dele, essa conversa seria em seu quarto, ele se sentiria mais à vontade lá. Mas a Uraraka teria um piripaque se ele sequer sugerisse isso, então ambos caminham em direção à cozinha. Talvez seja melhor mesmo, no fim das contas.

— Você tinha planos de sair? Hoje é o último dia das férias, né?

— Não, é o penúltimo. O último é amanhã, esqueceu?

— Ah, é que domingo não conta muito. Bom, pelo menos não pra mim.

— É, é mais pra se preparar pro próximo dia do que pra aproveitar.

— Isso, exatamente! — ela sorri, mas logo parece decidir que não deveria, e se apruma enquanto apoia as mãos na bancada — Bakugou, eu queria falar-

— É, eu sei. Você quer falar de ontem.

— Não exatamente. Então, se você puder não me interromper, eu agradeço.

— Tá, falaí. — ele contém a surpresa rapidamente, sentando-se na cadeira perto da bancada.

— É que eu não acho que tem muito o que falar sobre ontem, já foi. Nós dois passamos um pouco do ponto, e eu comecei, então… desculpa. Eu sei que te disse que a gente não podia, mas fui lá e te beijei mesmo assim, você deve ter ficado confuso.

— Já tô acostumado. — ele dá de ombros.

— Oi?

— Com esse seu jeito. Você sempre faz o que eu não tô esperando, então não foi novidade.

— Ah, mas… mesmo assim, eu… — ela cora, claramente também sendo pega de surpresa pelo que ele disse.

— Só tô falando que, se você só queria pedir desculpa, não precisa. Eu nem fiquei tão confuso, você… você viu minha reação. — agora quem se sente ruborizar é ele, que merda! 

— Bem mais do que ver, né? — ela desvia o olhar, e ele não contém uma risada seca — Bom, mas eu… não queria só pedir desculpa. Também quero falar sobre sua mãe. A gente se deixou levar, e eu não vou dizer que me arrependo nem nada, mas eu sei que foi errado.

Ah, então ela também não se arrepende. Mesmo que o foco não seja esse, Katsuki sente uma onda de satisfação lhe percorrer.

— Hum. — ele acena para que ela continue.

— E… bom, eu quero contar pra ela. 

— Você ia contar mesmo se não tivesse rolado aquilo ontem. — ele conclui, de novo nem um pouco surpreso.

— Sim. Mas é que é um pouco diferente dizer que eu e você ficamos flertando por aí, até porque antes do domingo passado, tudo que a gente fez nem foi aqui na sua casa. — mas isso o surpreende um pouco, porque ele nem tinha se dado conta — Agora, a gente se beijando… no ateliê dela… é bem… 

— Antiprofissional. — ele diz com um revirar de olhos, lembrando imediatamente do velho.

— Sim. — ela concorda — Então, só pra você saber, eu vou contar e me desculpar. E fica tranquilo, tá? Eu vou falar que nós dois erramos, mas você é filho dela, então ela tem que te perdoar. Se ela quiser ficar com raiva, pode ser só de mim, eu… vou entender. —  e então o olha decididamente.

— Tsk, fez aquele drama todo por mensagem pra no fim me falar o que eu já sabia. — ele esfrega um dos olhos, sentindo-se subitamente aliviado, sabe-se lá o porquê.

— Eu não ia te dizer isso por mensagem, né? É um assunto importante, Bakugou.

— Eu sei, Carinha de Lua.

— Ué, então por que você ficou assim? — ela franze o cenho, então inclina a cabeça — Será que…?

— O quê? — e ele a olha com desconfiança. Então ela se inclina contra o balcão, aproximando-se — Q-que foi? Sai fora.

— Você tá com umas olheiras enormes.

— E daí?

— Daí que você dormiu mal. Eu sei porque também dormi. Não consegui parar de pensar em você… e- e na… na Mitsuki-san! E… eu… fiquei preocupada também.

— Com o quê?

— Se você tava bravo comigo, e se… se você não… não quisesse mais falar comigo.

Ah, então é isso. É por isso que de repente ele se sentiu mais leve. Katsuki chegou a cogitar se essa conversa que ela queria ter era pra meter um pé na bunda dele de uma vez por todas. Ela teria uma certa razão em não querer mais saber disso, de concluir que essa história deu uma puta dor de cabeça e seria melhor pular fora.

Mas Katsuki tá feliz pra caralho que não é nada disso.

Ele também gosta de perceber que aquela frieza que ela ostentou na barraca de tiro não é uma constante. Uraraka tem uma postura diferente quando a situação pede, mas também mete os pés pelas mãos às vezes e se condena por isso. Eles não são tão diferentes assim, e isso traz mais alívio do que ele poderia imaginar.

— Tsk, como você é tonta!

— Ei, não fala assim! Foi difícil ser sincera sobre isso e você me trata assim? — ela o olha indignada, e ele só consegue abrir um meio sorriso diante das bochechas infladas dela — Você-

— Oooooi, voltei! — a voz da velha ressoa pelo corredor, e dessa vez nenhum dos dois entra em pânico como ontem, mas ambos instintivamente ajeitam suas posturas.

— Quanto antes eu fizer isso, melhor. — Uraraka parece dizer mais pra si mesma do que pra ele, e acena com a cabeça antes de ir receber a velha.

— Peraí. —  Katsuki se levanta e vai até ela, parando ao seu lado. Então, ele leva sua mão ao cotovelo dela, apertando com segurança.

— B-Bakugou-kun?

— Precisa de duas pessoas pra ter um beijo. — ele a encara — Você achou mesmo que eu ia te deixar ir sozinha?

Ela o encara, seus olhões brilhantes parecem estar diante de um alienígena.

— Pior que não achei mesmo. — Uraraka admite com um sorriso doce.

E os dois vão receber a velha,

 

***

 

Como é adoravelmente terrível ser jovem.

Mitsuki sabe que foi uma adolescente difícil. Ela era desbocada, impaciente com os outros e consigo mesma, intransigente em muitos aspectos. Mas o pior mesmo era a certeza. A certeza plena e irredutível que ela tinha de tudo. Só um tipo de música era bom, todo o resto era coisa de gente superficial e sem conteúdo, certas roupas nunca deveriam ser usadas por certos tipos de pessoas, um garoto que não tomava iniciativa jamais deveria ser levado a sério… pra tudo ela tinha uma resposta pronta, carregada de uma certeza forjada em experiências de vida mínimas, mas que ela jurava serem muitas e, portanto, capazes de torná-la muito mais sábia que as outras meninas de sua idade. 

Ela não era como a Inko, sempre disposta a olhar as coisas por outro ângulo, sempre paciente e disposta a dar segundas chances e, pelos três anos que estudou com ela no mesmo colégio, Mitsuki realmente acreditou que conseguia ver além, que tinha todas as respostas e que nada a abalaria.

E olha pra ela hoje, trabalhando na principal linha de roupas para mulheres de meia idade, na qual o que conta não é só conforto, mas também o que cai bem, porque qualquer mulher de qualquer idade tem o direito de se senti bonita. Olha ela, casada com um homem em quem deu em cima pouquíssimos meses após de conhecer no trabalho — nem isso, deve ter sido no máximo quase um mês.

Aos 18, Mitsuki não queria ter filhos. Ela gostava de crianças, mas não tinha muita paciência, especialmente pras que eram muito respondonas e mimadas, como a filha de uma prima de sua mãe que volta e meia aparecia em sua casa. Mas se por acaso eventualmente acontecesse, ela criaria sua criança com o máximo de liberdade possível, a liberdade que ela nem sempre teve, seus pais eram meio antiquados às vezes, não entendiam muitas das coisas do mundo dela e nem se esforçavam pra entender, ou pelo menos é o que ela pensava, hoje em dia sempre contando para seus funcionários como a primeira máquina de costura que teve foi um presente do pai, dado em um dia completamente aleatório, nem era aniversário dela nem nada.

Então agora olha pra ela, e olha pra esse rebento que ela arrumou. O Katsuki também se acha muito esperto, muito dono da verdade, às vezes olha pra ela e parece se questionar como é possível que ela seja sua mãe, essa mulher maluca que não entende nada do caminho que ele escolheu pra si e o quão duro é, essa chata que não sabe de nada e só briga com ele por causa de idiotice, essa mala que com certeza preferia ter parido uma menina, e por isso agora implica tanto com ele. 

Ela sabe disso tudo porque já foi assim também, Mitsuki também caçava inimigos dentro de casa, um motivo pra sempre estar frustrada e com raiva, qualquer coisa que a fizesse se sentir intelectual e moralmente superior, como se ela soubesse de coisas do mundo que seus pobres pais, ingênuos e conformados, não sabiam. Se ela se encontrasse com sua versão adolescente, provavelmente a odiaria, mas então se lembraria de que ela era só uma garota, só mais uma dentre tantas que achava saber como segurar o mundo em suas mãos. 

E por mais que não seja mais uma surpresa, ainda sempre a impressiona o quanto o Katsuki se parece com ela nessa idade. Fisicamente, claro, mas também em personalidade. E sim, ele é um moleque petulante que se acha muito esperto, mas no fim, é só um garoto, só mais um dentre tantos que pensa ser muito mais do que só um garoto.

Mas também é engraçado como ela consegue ver um pouco de si na Ochako nesse momento. Mitsuki não tinha um pingo da responsabilidade e do bom senso que essa menina parece ter, mas compartilha com ela o desejo de pertencer, de ser alguém em quem dá pra confiar. Se ela tivesse sido mais como a menina Ochako, teria se ferrado bem menos, com certeza. Mas também teria se divertido menos, não teria aprendido a crescer com as próprias cagadas, teria sofrido muito mais.

Ou ao menos sofrido como essa menina parece estar sofrendo diante dela, quando se ajoelha diante dela e estende o envelope com o dinheiro, fruto de seu trabalho aqui em sua casa durante todo esse mês. Um mês de férias, as últimas antes de sua formatura no ensino médio. O que Mitsuki tava fazendo em suas últimas férias antes da graduação? Provavelmente alguma burrada. E ok, Ochako parece ter feito uma também, mas ela não deveria estar se martirizando desse jeito. Ela é tão jovem, e portanto tonta e dramática. Provavelmente acha que tudo precisa ter uma solução extrema e definitiva, Mitsuki sabe porque também já pensou assim um dia. Ochako pode não ser tão inconsequente quanto ela um dia foi, mas parece ser tão apegada a suas convicções quanto sua versão mais jovem. E isso é tão adoravelmente terrível que a faz querer rir.

Jovens são ingênuos, mesmo os que passaram por coisas suficientes para não serem mais. Não adianta, é como se tivesse uma partezinha no cérebro não totalmente formado deles que os fazem sempre ter aquela pontinha meio simplória, que os fazem ver em preto e branco e ignorar as muitas áreas cinza da experiência humana. 

É muita ingenuidade da menina Ochako achar que sua chefe já não sabia o que estava acontecendo entre ela e seu filho. O Katsuki não fez a mínima questão de tentar ser sutil desde o último domingo, que foi quando ela percebeu de fato. Já Ochako tentou, mas pôs tudo a perder ontem, seu nervosismo e lábios inchados lhe entregando praticamente no minuto em que Mitsuki pôs os olhos nela. 

Então ela se encurvar sobre o chão enquanto confessa ter beijado seu filho nesse espaço como se estivesse anunciando o maior dos pecados é tragicamente hilário. O jeito como pede desculpas pela falta de profissionalismo e implora pra que ele não sofra nenhuma represália é a coisa mais ridiculamente de jovem que ela já viu em anos. Que garota adorável é Ochako, não é difícil entender porque o Katsuki se encantou por ela, ele também é chegado em reações exageradas e melodramáticas. Um par caótico e que surpreendentemente tem alguma lógica, assim como ela e o Masaru, de certa forma.

— Levanta a cabeça, Ochako. — Mitsuki pede, e ela obedece alguns segundos depois de hesitação — Como você é boba.

— Aí, velha! Vê lá como fala com ela!

— Cala essa boca, garoto, nem tô falando com você! — ela vocifera antes de se voltar para a garota — Você não ia mandar esse dinheiro pros seus pais?

— Sim, eu… eu ia.

— E como você acha que eles vão reagir se você disser que ralou pra no fim não receber nada só porque beijou o filho da chefe?

— Eu… eu nem sei como eles reagiriam.

— Pelo que você me contou, eles parecem confiar bastante em você, não acho que ficariam bravos.

— Não, não ficariam mesmo. Eles só ficariam surpresos.

— Porque você é responsável e nunca fez nada desajuizado desse jeito.

— Eu… sim. —  ela abaixa a cabeça de novo — Mas foram eles que me ensinaram a ser honesta, então… não posso aceitar o salário.

— Tsk, você não me disse que ia fazer isso. — o Katsuki resmunga.

— E você, moleque?

— Eu o quê?

— Você não tá querendo só brincar com os sentimentos dessa menina não, né? Ela tá querendo abrir mão do salário por sua causa!

— HÃ? Quem você pensa que eu sou, sua velha maldita? — os olhos dele brilham em irritação — Eu lá faço alguma coisa só por brincadeira? 

Não, não faz. Nunca fez. Ele puxou isso tanto dela quanto do Masaru, outro que devia ser chato pra caralho quando era adolescente. Mitsuki provavelmente teria descido a porrada nele se o tivesse conhecido alguns anos antes. Ainda bem que as coisas têm uma época certa pra acontecer.

— Sei.

— Sabe do quê? Eu gosto dela, e se você não der o dinheiro dela, foda-se! Eu cubro!

— Ah é?

— B-Bakugou-kun, não-

— Eu não disse que não ia te deixar sozinha nessa, porra? — ele se vira pra ela, seu tom de voz é feroz como sempre, mas algo no olhar dele muda ao olhá-la. Não deixa de ser feroz, mas… é também um pouco terno.

E a Ochako cora e olha pra baixo. Ela quer muito se manter na postura de triste e arrependida, mas ele tá tornando isso bem difícil. Esse moleque!

— Toma aqui, Ochako. — ela coloca o envelope no topo da cabeça dela e sorri.

— Mas, Mitsuki-san-

— Você fez seu trabalho. Pode ter… se distraído um pouquinho ontem, mas o que eu te disse pra fazer até o fim do expediente tava feito, assim como foi todo dia. Não tenho do que reclamar do seu serviço. — ela olha pro Katsuki — Pode não ser tão bom quanto o do meu assistente anterior, mas você se esforçou. 

— Tsk, sua velha maldita. — agora é ele que abaixa o olhar, encabulado.

— Olá, cheguei. Dei uma passada no mercado depois que a chuva acalmou e- —  o Masaru para na porta e observa a cena diante de si com olhos espantados — Mitsuki, o que…

— Imagino que você queira pedir desculpas pra ele também, Ochako-chan, foi ele que botou na nossa cabeça que a gente tinha que ser profissional.

— Sim. — ela concorda e, ainda de joelhos, se vira para a porta e se curva — Sinto muito, Bakugou-san.

— O que… o que está acontecendo? — ele arregala os olhos — Não me diga que…

— Aham. — Mitsuki confirma com um sorriso triunfante.

— Uraraka-san, você está… você está grávida?

— O QUÊ? —  ela pergunta junto dos dois adolescentes em incredulidade.

— DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO, VELHO? FICOU GAGÁ?

— NÃO FALA ASSIM COM SEU PAI, MOLEQUE ATREVIDO! — e então se volta pra ele — FICOU GAGÁ, MASARU? DE ONDE VOCÊ TIROU ISSO? OLHA A CARA DA OCHAKO!
— Eu… eu não… eu não… — ela balança a cabeça em movimentos travados, como se não conseguisse se mexer direito.

— M-ME PERDOEM! Eu só achei só só poderia ser algo assim pra vocês estarem sérios desse jeito! O Katsuki vem agindo estranho há dias, e ele e a Uraraka-san… ME PERDOEM! ME PERDOEM! — agora é ele que se curva exageradamente.

E enquanto assiste à essa cena bizarra onde seu filho berra desesperadamente, seu marido pede desculpas de maneira profusa e sua futura nora parece ter entrado em estado catatônico, Mitsuki só consegue sorrir.

Sua versão mais jovem ficaria horrorizada com o que ela se tornou. Uma crise de burnout que a  afastou do trabalho, um filho de gênio difícil, um marido doce e meio atrapalhado… ela não iria querer nada disso. Mas sua versão mais jovem era só isso: jovem. Ela não sabia de nada. 

E talvez continue não sabendo nem nunca saberá, mas hoje ela está feliz, e essa é a coisa que sua versão mais jovem queria mais que tudo.


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Notas finais do capítulo

Oioi! Voltei com essa fic que já tá em seu finzinho u.u

Tecnicamente, o fim é esse mesmo, mas eu quero um epílogo, só os dois se curtindo um pouquinho (ou um poucão), então é isso que vem aí!

Vou fazer o possível pra terminá-la semana que vem mesmo, fui mordida por um bichinho de inspiração pra uma fic todochako (cujo primeiro capítulo até já escrevi) e não vejo a hora de focar nela. Essa última semana foi bem maluca e nada boa, mas de certa forma eu consegui fazer o primeiro capítulo da todochako e esse dessa fic aqui, e achei ambos... muito bons, de verdade, faz tempo que não curto tanto algo que eu fiz. Se eu estiver enganada, por favor não me digam, me deixa curtir esse raro momento de satisfação total huahushus

Obrigada por ler! Espero que esteja curtindo!



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