Quase um mês escrita por annaoneannatwo


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oooi, antes de começar o último capítulo, deixa eu só me gabar de mais um presente?

Eu queria colocar a imagem no capítulo, mas parece que o Nyah não aceita Gif, então vou deixar o link do Twitter vulgo X de uma arte lindíssima que ganhei da Mileninha_Fics. Contemplem! (E sigam a artista que tá com comissões abertas pra pixel arts lindas como essa que eu ganhei

https://twitter.com/Miba_Art/status/1683592632486723584?t=nubUmoSkGuyQglJkLAET-A&s=19

Beleza, agora vamos pro final!



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Domingos são uma merda.

O último domingo antes das férias terminarem, então, é ainda pior. Não dá pra fazer nada que seja minimamente agradável. Katsuki normalmente usa a manhã desses dias que são véspera de fim de férias ou recesso pra organizar suas coisas e já retomar seus hábitos de dias úteis, que ficam sim meio largados em dias de descanso, mesmo que ele evite ao máximo que isso aconteça.

Mas dessa vez tem algo diferente, e Katsuki não quer passar o domingo meio na preguiça, meio na pira de se preparar pras aulas que voltam amanhã. A Uraraka saiu correndo da casa dele ontem, assim que a chuva parou. Ele queria que ela passasse a noite, assim como fez no dia da tempestade, mas acabou que a chuvinha de verão foi só isso mesmo, e o céu se limpou no fim da tarde, então nem tinha como usar a chuva como desculpa pra segurá-la ali. Vai ver foi melhor mesmo, ficou um puta clima esquisito depois que o velho explicou de onde tirou a ideia bizarra de que a Cara de Lua tava grávida e seguiu se desculpando como um boneco de corda que se curva e se levanta sem parar. Tsk, a imaginação desse velho! Os dois mal trocaram um beijo, e o cara lá pensando que eles já tinham chegado… nesse ponto! Katsuki sentiu o rosto esquentar de raiva e vergonha pelo resto da noite sempre que se lembrava disso. 

Foi bom a Uraraka ter ido embora, não tinha a menor condição de ele ter uma conversa normal com ela debaixo do mesmo teto que esses dois. Pelo menos eles ainda teriam o domingo, não era muito, mas já era alguma coisa se ele fosse pra U.A. logo depois do café da manhã, aí teria como já se adiantar na organização pro último trimestre e ainda passar um tempo com ela, igual no dia em que ele dormiu lá no sofá com ela e eles ficaram de bobeira por quase toda a manhã.

Ou pelo menos era esse seu plano, mas claro, a Uraraka tinha que dar um jeito de mais uma vez contrariá-lo, mesmo que sem querer dessa vez. Quando Katsuki pôs o pé na sala de estar dos dormitórios, ele mandou mensagem pra ela avisando que já tinha chegado, ela respondeu prontamente, dizendo que não podia descer e perguntando se ele queria subir pro quarto dela.

Foi uma luta alinhar suas expectativas com o fato de que provavelmente nenhuma delas se realizaria. Não rolaria nada demais no quarto dela, no máximo uns amassos mais nervosos se ele tivesse sorte. Katsuki se repreendeu mentalmente por pensar assim, sabendo que amassos nervosos já seriam algo bom pra caralho, e ele não é nenhum cachorro no cio pra ficar querendo mais. Nem ele mesmo sabe se quer mais agora, eles ficaram nesse vai-não-vai por quase um mês inteiro e só se beijaram pra valer dois dias atrás, então mesmo se os dois quisessem muito, nada aconteceria. 

E quando Katsuki pôs o pé pra dentro do quarto dela, ele quase deu um tapa na própria cara por ficar refletindo tão fundo sobre essas coisas como se tivesse se esquecido de com quem tá lidando. Uraraka Ochako, aquela que parece funcionar sob uma lógica completamente inversa à sua. Se Katsuki achou que só ia vir pro quarto dela e ficar de bobeira pelo resto do dia, lógico que ele se enganou. 

Uraraka abriu a porta pra ele e não fez mais do que lhe dar um rápido abraço, nem permitindo que ele abraçasse de volta antes de voltar pra sua escrivaninha, ele se aproximou, meio surpreso com a naturalidade dela em só deixá-lo entrar sem ficar toda sem graça e cheia de risinhos. Foi só quando viu o que ela tava fazendo que Katsuki entendeu o porquê.

— Você não terminou ainda?! — ele perguntou em indignação ao reconhecer os enunciados das perguntas nas folhas do dever de casa.

O dever de casa que aparentemente ela nem encostou durante a porra das férias inteiras e deixou pra fazer hoje.

Maldita Cara de Lua!

— Eu sei, eu sei, ok? — ela choramingou — Aaargh, todo fim de férias eu faço isso!

Por um lado, ele ficou aliviado em saber que não foi o responsável direto por ela ter deixado o dever de lado, ela só é irresponsável desse jeito por natureza mesmo. Por outro, Katsuki ficou puto. Com ela, mas mais consigo mesmo por ter pensado tanto no que faria no último dia de férias ficando sozinho com essa desmiolada por algumas horas quando devia mesmo era ter perguntado se ela terminou a porra da tarefa!

E tem muitas coisas que ele poderia ter feito depois dessa, voltado pra casa, ido pro seu quarto pra dar uma geral e adiantar a organização que tava planejando fazer à noite, saído pra fazer uma caminhada pelo campus, qualquer coisa. 

Mas não, Katsuki só coçou a cabeça e suspirou.

— Senta ali que fica mais fácil pra eu te ajudar, Bochecha. —  ele disse, apontando pra mesinha de chá que ela tem no quarto que nem quis apresentar pra ele. Se ela não tivesse com pressa e focada no dever, Katsuki sabe que Uraraka teria feito questão de mostrar onde dorme com pompa e nervosismo desnecessários. Ele tá meio aliviado que não vai ter que passar por isso, mas… estranhamente, também tá sentindo falta do que era pra acontecer.

E aí aqueles olhões brilhantes cravaram nele cheios de adoração, como se Katsuki fosse uma divindade, e logo ele esqueceu de seu incômodo, decidido a fazer com que ela terminasse essa merda o mais rápido possível.

E o negócio rendeu surpreendentemente bem pelas duas horas seguintes. Ela tava concentrada de verdade, e Katsuki gostou de ver como ela pode até demorar pra pegar no tranco, mas depois que começa, não fica de gracinha e trabalha sério, o que já a torna alguém muito melhor pra tutorar que o Kirishima e aqueles outros paspalhos. Ela não ficou contrariando-o como normalmente faz, escutou tudo que ele disse com seriedade e calma, e… ok, não é como o loiro tá acostumado ou como gosta que ela age, mas… foi meio sexy também.

Eles acabaram de almoçar, e depois que ela terminou de lavar a louça, — não deixando que ele encostasse um dedo na pia, pois disse que ele já tinha feito demais cozinhando o tal almoço — já voltaram pro quarto dela. Katsuki sugeriu que ela desse mais um tempo, mas Uraraka não quis, dizendo que faltava só umas questões de uma página e logo acabaria.

E foi aí que o negócio desandou pra ele, porque ela inventou de prender o cabelo naquele rabinho de cavalo maldito, e Katsuki imediatamente não conseguiu prestar atenção em mais nada.

Então agora Uraraka segue concentrada lendo o texto pra responder às questões, e ele tá concentrado nela. No jeito que franze o cenho, como leva a lapiseira aos lábios enquanto pensa, no pescoço exposto agora que o cabelo dela tá preso. Ela é bonita quando tá rindo, mas tem algo de mais atraente em quando tá séria, é quase irresistível.

Quase porra nenhuma, é irresistível, e Katsuki não se contém, levando os dedos a uma mecha do cabelo que não tá presa e cobre parte desse rosto redondo. Ele brinca com os fios grossos e sedosos despreocupadamente.

— Que foi? — ela tensiona e se vira pra olhá-lo.

— Nada, ué. — ele sorri ardilosamente quando ela dá de ombros e volta a atenção à folha na mesa. 

Katsuki se inclina um pouco mais, pegando um lápis na mesa e brincando com ele antes de levá-lo aos fios de cabelo soltos, usando o objeto pra guiá-los pra trás da orelha dela. Ele a vê olhando-o de rabo de olho rapidamente, e Katsuki aproveita que agora tem mais pele descoberta pra se aproximar e sentir o cheiro do cabelo dela, um pouco abaixo da orelha e perto da nuca.

— B-Bakugou?

— Foco no dever, Cara de Lua. — ele rosna baixinho, notando como ela se arrepia — Eu já te falei que gosto quando você prende o cabelo assim?

— N-não… nunca falou. — ela engole em seco.

— É? Então tô falando agora. — ele sussurra na orelha dela — Fica mais gata ainda.

Querendo arriscar mais, Katsuki encosta os lábios no pescoço dela e, diante da falta de uma reação, abre a boca e deixa a língua deslizar por sua pele suave antes de fechá-la em um beijo que faz um barulho molhado.

— Ah, Bakugou! — ela pula de surpresa e se afasta, levando a mão aonde ele beijou e olhando-o em indignação, as bochechas dela completamente vermelhas.

— O quê? — ele limpa a boca com as costas da mão, tentando segurar a risada.

— Você… por que você fez isso?

— Não gostou, Cara de Lua? — ele desafia.

— O que- eu… não é isso. Eu só… — ela desvia o olhar — Eu já tô acabando, ok?

— É, você já falou.

— É, então… você pode… esperar só mais um pouquinho? Depois eu te dou toda a atenção que você quiser.

— Tsk, e quem falou que eu quero atenção? — ele a olha feio.

— Só mais um pouquinho, tá bom? — ela pega na mão dele e sorri, acenando com a cabeça — Pode… pode me esperar ali, se você quiser. — Uraraka aponta vagamente pra trás.

— Ali onde? — ele sabe o que ela quer dizer, mas mesmo assim quer que ela fale.

— Ah, só… por favor, Bakugou. Eu não tô conseguindo me concentrar. — ela praticamente implora com o rosto vermelho igual a um tomate, e ele acaba por ceder, indo se deitar na cama da qual ela não quis falar.

Katsuki se joga na cama com lençóis lilases e encara o teto. De novo, ele luta pra alinhar suas expectativas, sabendo que não vai rolar nada do tipo e que, tecnicamente, ele nem quer. Ainda não.

E talvez seja o barulho do ventilador, que parece meio velho e range quando gira, talvez seja o cheiro bom do travesseiro dela, ou talvez seja o fato de que Katsuki finalmente pode relaxar porque tá tudo certo, tanto a velha quanto o velho fazem gosto do que quer que esteja começando a rolar, ela parece tranquila e nem de longe estressada e culpada como tava ontem quando chegou em sua casa. O que quer que seja, Katsuki tá se sentindo em paz de um jeito que é raro.

Tão em paz que suas pálpebras pesam e ele acaba por pegar no sono.

Mas não chega a ser por muito tempo, pois o loiro prontamente acorda quando sente um peso ao seu lado. 

Ele abre os olhos e a encontra sorrindo, acariciando-lhe os cabelos. Katsuki abre um sorriso preguiçoso e enrola o braço na cintura dela.

— Já não era sem tempo. — ele resmunga.

— Quer parar? Eu acelerei um monte pra não deixar o bonito esperando, antes que ele desse um chilique por atenção.

— Tsk, já te falei que não tô querendo at-

— Bom, mas eu quero. E aí? — ela é rápida em se soltar para deitar em cima dele.

Katsuki a encara em surpresa, mas logo dá uma risada seca e afasta os cabelos dela de novo, beijando-a quando respira fundo e seu corpo faz com que o dela se afunde contra o seu.

E é, ela segue sendo quem toma a iniciativa melhor, e domingos seguem sendo uma merda.

Menos esse.

 

***

 

— Bom, vamos lá? — Ochako respira fundo e olha pra ele, sorrindo.

— Tsk, quem olha pra essa sua cara pode achar que a gente tá indo atrás de algum vilão.

— Um vilão seria mais fácil, eu acho.

— É. — ele concorda depois de pensar um pouco.

A descida do elevador nunca pareceu tão longa, e olha que Ochako faz isso literalmente todo dia. Mas bem, é a primeira vez que ela vai até o andar da sala de convivência com o garoto por quem se apaixonou em quase um mês, com quem passou boa parte do dia anterior enfurnada em seu quarto. Não era o jeito ideal de terminar as férias, e ela sabe que o Bakugou ficou tão frustrado quanto ela, se não mais. Mas deu tudo certo, a ajuda dele a manteve nos trilhos por um tempo considerável, e ainda sobrou tempo para eles ficarem agarradinhos em sua cama, não fazendo muita coisa além de se beijarem e só… curtirem a presença um do outro sem preocupações com o que os pais dele pensariam. Ochako não é mais funcionária da senhora Mitsuki, o Bakugou voltou a ser só seu colega de classe, apesar de ser uma coisa a mais que eles ainda não decidiram. Era até uma coisa que ela queria discutir com ele ontem, mas ao tê-lo beijando-a e acariciando-a em sua cama, ela acabou esquecendo. Eles vão ter tempo pra conversar depois.

É, mas mesmo assim, talvez tivesse sido melhor estabelecer pelo menos algumas coisas, porque ela não estranhou nem questionou quando ele mandou mensagem depois de acordar querendo saber que horas ela iria descer para tomar café, Ochako respondeu e nem chegou a se surpreender quando ele disse que a esperaria no elevador para eles descerem juntos, se ela quisesse.

E ela quis.

E agora eles estão aqui, meio sem jeito enquanto ela olha pra parede do elevador e ele pro zíper da mochila. Não é um clima tenso em nenhum sentido, mas ainda é meio esquisito, provavelmente porque é uma volta à realidade e eles ainda não sabem como vao funcionar na frente de seus colegas.

Ochako não falou nada pras meninas, nem pro Deku, pro Iida e pro Todoroki, mesmo que tenha jantado com eles ontem quando todo mundo começou a chegar aos dormitórios. Mas meio que não faz diferença falar, porque a sensação é de que todo mundo já sabe, muitos de seus amigos acompanharam pedaços do que foi o desenrolar com o Bakugou durante essas semanas, eles só não sabem no que deu. Bom, Ochako também não sabe muito bem, então faz um certo sentido que seja assim.

Mas ela sabe que, assim que esse elevador se abrir e todo mundo vir eles juntos, será necessário dizer alguma coisa, qualquer coisa. Sempre dá pra contar com o Bakugou e sua já conhecida hostilidade pra afastar todo mundo no primeiro “cuidem da sua vida, porra!”, mas… isso não seguraria as pontas por muito tempo, nem mesmo até o fim da primeira aula, ela tem certeza.

Mas então… talvez eles não precisem dizer nada. Ochako contou a ele naquela noite chuvosa que preferiria ser discreta se porventura um dia passasse a namorar alguém da sala, o Bakugou pareceu não concordar com a visão dela, mas ela sabe que ele também não quer ser bombardeado por olhares curiosos e muitas, MUITAS perguntas. Então sim, eles podem não falar nada e cada um ir pro seu lado como se tivessem se encontrado por acaso no elevador.

Mas não é o que ela quer, por algum motivo. E sinceramente? O próprio Bakugou disse que nunca ficaria com alguém da sala, então se ele pode se contradizer, ela também pode. Nem seria a primeira vez, e ele disse já estar acostumado às suas ambiguidades.

Então quando o painel eletrônico indica que eles estão no segundo andar, apenas um acima de seu destino final, Ochako pigarreia e estende a mão para ele.

Bakugou a olha em confusão, então ela estende a mão mais energicamente.

— Só se… se você quiser. Eu não vejo problema.

— Tem certeza?

— Todo mundo já deve estar sabendo mesmo. — ela sorri — E também, eu… eu quero.

— Tá melhorando nesse negócio de falar o que quer, Bochecha. — ele dá um meio sorriso e pega a mão dela decididamente.

Ela ri e se aproxima, apoiando a cabeça no ombro dele brevemente. Bakugou se vira para olhá-la nos olhos e, depois de uns breves segundos se encarando, eles se beijam rapidamente, soltando-se assim que ouvem o “ding” do elevador anunciando que chegaram ao andar onde devem ir.

As portas se abrem. E eles saem de mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

E é isso hauhaushus

Mais uma vez agradeço à @harunozprinkz lá no Wattpad pela ideia pra essa fic, não imaginei que a história renderia 20 capítulos nem que demoraria... quase um ano? pra acabar huahuahush, mas taí

Não sei quando voltarei a escrever kacchako, eu digo que não sei mais desenvolver esse ship como costumava, sinto que perdi a mão, mas acabo sempre voltando pra ele em algum ponto. Ainda tem a repostagem de Eu no seu Lugar rolando mais ou menos até novembro, mas não sei quanto a fics novas deles ainda. Em se tratando de kacchako, prometo não prometer nada huahuhsush

O que eu posso garantir, porém, é que minha próxima fic é todochako, minha primeira long fic deles, e eu tô animada. Então pra quem gosta do ship, ou pra quem nem gosta tanto assim, mas curte acompanhar minhas piras nascidas de escapismo da realidade, é o que tem pra daqui pra frente. Devo começar a postar semana que vem, depois que eu arranjar um título pra história :'))

Obrigada por ler e acompanhar essa fic! Espero que tenha curtido! Nos vemos em breve!



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