Quase um mês escrita por annaoneannatwo


Capítulo 16
Cap 16




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Ochako ainda não sabe o que fazer com a informação de que o Bakugou vai acompanhá-la até a U.A. 

Claro que tem uma parte de si que ficou um tanto… empolgada com a ideia. Ela disse em alto e bom som que queria ficar com ele por mais tempo, e bom… isso com certeza é mais tempo. Só que é mais tempo a sós, à noite, depois de eles terem despejado sentimentos bem intensos um na cara do outro e concordado silenciosamente que só vão manter o que sentem em palavras, sem pular pra ações, pelo menos enquanto ela for funcionária da mãe dele. Ochako sabe que está fazendo a coisa certa, que é o melhor pra todo mundo envolvido, e até pra que não está diretamente envolvido, como o senhor Masaru, mas mesmo assim, fazer a coisa certa está lhe parecendo um tanto difícil agora.

Porém, se serve de consolo, há algo um pouquinho pior prestes a acontecer: ela está voltando para encontrar seus amigos, amigos esses que viram ela mal terminar de receber o chaveiro que ganhou na barraquinha de tiro e procurar pelo Bakugou pra ver a reação dele e, ao não encontrá-lo, perguntou para o Kirishima pra onde ele havia ido, saindo na direção apontada logo depois. Ela acenou apressadamente para o Iida para assegurá-lo de que estava tudo bem, e bom… agora realmente tá, mas… seus amigos não sabem de todos os detalhes que permeiam o… envolvimento atual dela com o Bakugou, e mesmo que não saibam, não deve ser difícil de imaginar o que pode ter acontecido. Há muitos casais nesses festivais, e mesmo que alguns aqui nem tenham interesse nisso, com certeza já ouviram falar sobre pessoas escolhendo eventos exatamente como esse para se declararem.

E isso faz Ochako parar de andar, perplexa diante do que acaba de se dar conta.

Ela se declarou pro Bakugou! Quer dizer, as palavras “gosto de você” não saíram exatamente assim, mas foi mais ou menos essa a ideia, e ele… se declarou de volta! Não explicitamente, não que precisasse também. Por mais escandaloso que ele possa ser, o loiro também consegue passar uma mensagem bastante clara por meio de ações ao invés de palavras.

Então tá, rolou uma confissão encubada por parte dos dois, e todos seus amigos vão perceber na hora que teve algo nesse sentido assim que eles os encontrarem.

— Ah, lá estão eles! — o Deku aponta e acena animadamente. É uma recepção calorosa e gentil como só ele conseguiria, mas Ochako não sabe se consegue lidar com isso agora, talvez fosse mais fácil encarar a Kyouka com a sobrancelha erguida em curiosidade ou até mesmo algum comentário irônico do Monoma, sabe-se lá o porquê.

— Tudo certo, Ochako-chan? — a Tsu pergunta.

— Uhum. E por aqui? — ela dá seu melhor para soar casual enquanto tenta evitar que o inevitável seja questionado.

— Tudo certo, ribbit. Os fogos foram tão lindos!

— Ah sim, eu vi. — ela sorri — A gente viu.

— Imaginei mesmo, ribbit.

— É, pois é… — Ochako dá uma risadinha sem graça e olha para o Bakugou vindo logo atrás dela, sua expressão tem quase nenhuma diferença de quando eles chegaram. Incrível como não fica escrito na cara dele tudo o que se passou, o que ela tem certeza que não é o caso dela.

— Ah é? Vocês viram? Então quer dizer que não ficaram de olhinho fechado? — o Sero pergunta.

— Não dá pra ver os fogos de olhos fechados. —  o Todoroki aponta.

— Tão inocente! Por favor, Todoroki, nunca mude. — o Sero diz dramaticamente.

— Tá bom.

— Mas é sério, gente. — o Sero se aproxima e leva o braço ao ombro dele — Rolou mesmo?

— Sero-kun, não sejamos indiscretos. — o Iida repreende, ajustando os óculos.

— Não tô sendo indiscreto, só tô sendo curioso mesmo. E ó, não sou só eu não, hein? Todo mundo aqui tá querendo saber.

— Problema de vocês por serem um bando de enxerido do caralho! — o Bakugou se desvencilha do amigo de cabelos pretos.

— Ah qual é, Bakubro! Já não basta o Pikachu e a Jirou, que sumiram! Vocês também vão ficar de segredinho?

— Eles não voltaram? — Ochako pergunta. Com toda a questão com o Bakugou, ela tinha se esquecido da amiga quase querendo evitar a confissão do loiro elétrico, que tudo indicava que não passaria de hoje. Pelo visto, não passou mesmo.

— Ainda não.

— O merdinha da B e o sinistro de cabelo roxo não tão aqui também. — o Bakugou observa — Você deu um soco na cara daquele cretino, Kirishima?

— Claro que não, pô! Eu não ia arrumar confusão assim, né?

— Mas queria, se não desse em nada depois.

— Não falei isso! — ele balança a cabeça energicamente — De todo jeito, ele e o Shinsou deram perdido um pouquinho depois dos fogos acabarem.

— Tsk, eu já achava o sinistrão esquisito, mas daí pra ter rolo com aquele idiota já é caso de internação mesmo.

— Pois é, tem gosto pra tudo mesmo. — o Kirishima dá de ombros. Nossa, ele realmente odeia o Monoma! Ochako está chocada em como nunca havia percebido antes.

— Bom, acredito que cumprimos com todos os requisitos necessários para que esse evento fosse proveitoso. — o Iida decide de repente — O motorista de minha família virá me buscar, alguém deseja uma carona?

— O motorista do meu pai ia vir, mas eu aceito a carona, Iida. — o Todoroki responde.

— Eu quero andar de limousine. Bora lá, gente! — o Sero diz animadamente.

— Bora! — e o Kirishima concorda empolgadamente.

— Não é uma limousine, minha família jamais a usaria fora de eventos de gala. — o Iida diz como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Gente burguesa é outra coisa mesmo. — o Sero assobia — Midoriya, cê vai também?

— Ah, eu tô tranquilo, obrigado! — o Deku recusa educadamente — Tsu-chan? Uraraka-san? Kacchan?

— Eu aceito. Minha casa não é tão longe, ribbit, mas andar de getas é um tanto desconfortável.

— Você quer um curativo, Tsu-chan? Eu devo ter na minha bolsa pra alguma emergência.

— Obrigada, Ochako-chan, ribbit. Quando estivermos no carro, eu pego.

— Ah, o carro… — ela tosse em constrangimento — Eu… a U. A. não é tão longe daqui, eu vou a pé mesmo.

— Tem certeza, Uraraka-san?

— Uhum, tá tudo bem, Deku-kun.

— Bom, então podemos ir juntos até a rua de baixo, é o mesmo caminho, né? Você também já vai, Kacchan?

Ochako sente que está prestes a pisar em ovos aqui. O Bakugou parece ter entendido que, qualquer que fosse o papel do Deku nessa história, com certeza não era nem perto de ser algo parecido com um “rival” ou algo do tipo, mas não tem certeza se o loiro vai levar a presença do garoto de sardas na boa. Ela não se importa, na verdade, até agradeceria, pois a presença do melhor amigo tiraria um pouco da tensão que circula entre ela e o Bakugou como  nuvens carregadas, prontas para despejar uma tempestade a qualquer segundo.

— Eu ia ficar fazendo o quê aqui sozinho? — ele responde depois de alguns segundos, e Ochako percebe como ele evita olhá-la depois dessa.

— Ah certo! Então vamos!

— Vocês não querem só dar uma ligadinha ou mandar uma mensagem pro pessoal que sumiu pra saber se está tudo bem? — Ochako sugere.

— O Shinsou-kun me enviou uma mensagem minutos atrás. — o Iida informa — Ele está se dirigindo para a casa do Monoma-kun com o próprio.

— Gente, eles são sérios assim? Não sabia. — o Sero analisa.

— O Kami não me respondeu ainda. — o Kirishima avisa.

— Ei, olha eles ali! — Ochako aponta, corando quando vê que o Kaminari vem vindo com a Kyouka ao seu lado… de mãos dadas. 

Por um segundo, ela pensa como o  Bakugou teria reagido se Ochako tivesse sugerido algo do tipo para eles… nah, isso tá fora de questão! Contraria tudo o que eles discutiram anteriormente. Fora que… ele nem iria querer, provavelmente. Ou ia? Ela iria gostar se ele quisesse, mesmo sabendo que não é certo.

Aargh, isso é tão confuso e frustrante! Seu cérebro parece estar pesando o dobro de tanto que ela pensa nisso!

— Ei, e aí, gente? — o Kaminari abre um sorriso meio envergonhado, mas visivelmente contente.

— Ótimo! O Monoma já foi embora! Isso já tá 90% menos vergonhoso! — a Kyouka suspira e leva a mão livre à testa.

— Posso ficar com os 10%, então? — o Sero ri zombeteiramente — Juro que nem vou falar nada além de “até que enfim, hein?” Então… até que enfim, hein?

— Qual é, cara! — o Kaminari fica vermelho — Bom, então… hã… eu vou levar ela em casa, a gente… já tá indo. O último ônibus deve passar daqui a pouco.

— Ah, vocês não vão querer andar de limousine?

— Limousine?

— Sero-kun, reitero que não iremos de limousine.

— Eu sei, presida, relaxa aí. Bom, então… os solteiros vão de limousine, os dois pombinhos aqui vão de ônibus, e os dois pombinhos ali vão a pé com o Midoriya de vela. É isso, então?

— Ao que parece, sim. — o Todoroki concorda.

— N-não, eu não… eu não tenho essa intenção! — o Deku se alarma.

— Cala essa boca, nerd! Vambora logo! — o Bakugou diz, já se virando para ir na direção contrária. Coitado, ele deve estar com tanta fome! 

Depois de se despedirem de todos, Ochako segue com o Bakugou e o Deku, e é bastante tranquilizante como ela pode contar com seu melhor amigo para realmente desanuviar o clima pairando entre ela e o loiro. O Bakugou não diz nada, apenas respondendo monossilabicamente quando ela ou o garoto de cabelos esverdeados conversam com ele, em geral deixando que ela e o Deku conversem animadamente sobre o festival, pelo menos a parte em que estavam juntos antes de ela ir correndo atrás do loiro rabugento que faz seu coração bater mais forte.

— Bom, agora eu viro aqui. Boa noite pra vocês! — o Deku sorri e acena ao se despedir, deixando Ochako um tanto surpresa. 

Ela não se lembra de ter comentado que o Bakugou a acompanharia, ele provavelmente supunha que o loiro ia embora com ele, do mesmo jeito que veio.  Ou então… o Deku só conhece ambos o suficiente para saber que eles ainda iriam passar mais algum tempinho juntos, não questionando nada, como o ótimo amigo que ele é e ela adora.

E assim que o Deku dobra a esquina e some do campo de visão deles, Ochako sente a quentura de alguns dedos encostando nos seus.

— Bora, tô com fome. — ele a puxa suavemente.

E de mãos dadas, eles vão na direção contrária à do Deku.

 

***

 

Katsuki ainda tá tentando entender que zorra toda foi essa. 

Há pouco mais de uma hora, ele tinha certeza de que a Cara de Lua tava doida pra mandá-lo à merda por ele ter tomado liberdade demais e só não tava achando o jeito certo de falar. Mas como praticamente tudo que envolve essa bochechuda, não era o que ele esperava e, de novo, ela o contrariou. 

Só que dessa vez, foi diferente, e agora Katsuki sente essa vontade insana de não desgrudar os olhos dela pelo resto da noite, é uma sensação mais forte até que a fome que tá sentindo, como se desviar os olhos fosse transformar tudo de novo, e ele não quer que nada mude depois do que eles conversaram na escada.

Quer dizer, ela podia não ser tão pé no saco de ficar lembrando da velha toda hora, mas Katsuki não tá exatamente surpreso, é a cara dela se preocupar com isso, e, se é pra ser honesto, ele gosta desse jeito dela de ser firme nas coisas que acha importante, de se agarrar ao que considera certo com tanta força quanto agarrou sua mão na escada. 

Uraraka é teimosa e frustrante, mas Katsuki não iria querer que ela fosse minimamente diferente. Ele gosta dela do jeitinho que ela é.

Ugh, ele gosta dela! E nem teve culhões de dizer isso com todas as letras! Só respondeu ao que ela disse. E ok, pela reação dela, foi uma boa resposta, mas porra… ele precisa ter mais atitude e não deixar ela tomar toda a iniciativa desse jeito!

E não deixou. Assim que o nerd sacou o que tava rolando e meteu o pé, Katsuki pegou na mão dela como queria ter feito desde a hora em que eles decidiram voltar pro bando de malucos com quem vieram. Eles tão em público, mas não tem muita gente andando na rua a essas horas. De qualquer jeito, Katsuki não aperta a mão dela com força, deixando-a livre pra se soltar caso ache que seja demais.

Pro alívio dele, ela não solta nem por um segundo.

— A Tsu-chan disse que tava desconfortável com os getas, e você? Tá machucando?

— Não, mas é um pé no saco andar com essas coisas.

— Ah, imagino! Eu até tenho um par, era da minha mãe, mas tenho quase nenhuma prática de usar, ia ficar andando igual a uma pata se tentasse.

— Sem contar que só usar geta sem um yukata não tem nada a ver.

— É, tem isso também. Minha mãe tem um, mas tá lá na nossa casa em Mie. A Mina-chan chegou a oferecer um emprestado, mas eu achei melhor não.

— Por que não?

— Ah, ela já tinha me emprestado o biquíni que eu usei na praia, não quis ficar abusando da gentileza dela.

— Você sabe que ela não ligaria nem um pouco de te emprestar, né?

— Sei, sim. Por isso mesmo.

— Hum?

— Eu… eu já tô com o notebook da Yaomomo, peguei o biquíni emprestado, a Tsu e a Kyouka-chan vieram me visitar nos dormitórios esses dias, sei lá… acho que as meninas se preocupam muito comigo nas férias, por eu ser uma dos poucos alunos que não vai pra casa ver os pais e tal.

— Tsk, é mesmo uma merda sentir que as pessoas tão com dó de você.

— Ah, eu não acho que seja dó, bom… pelo menos não acho mais, sei que elas são minhas amigas e querem me ver feliz porque sabem que eu fico com muita saudade dos meus pais. só isso. Mas…

— Mas o quê?

— Não sei… — ela dá uma risada sem graça.

— Não sabe o quê? Ué, se você sabe que elas não têm dó, então não precisa ficar assim. Elas gostam de você porque é impossível não gostar, porra, entáo para de frescura e só aceita!

Ela o olha com olhos arregalados, mas ele também não sabe qual é a dessa reação. Pronto, ele disse que gosta dela. Ainda não foi tão direto como deveria, mas agora tá mais claro.

— Eu não sei lidar com você falando desse jeito. — ela diz quietamente, apertando a mão dele um pouco mais.

— Problema seu, vai se acostumando. — ele responde, sentindo as bochechas esquentarem ao ver o jeito como ela o olha.

— Eu… eu tenho uma dúvida, se você não se importar em responder.

— Que é?

— É que… você pegou na minha mão assim que o Deku-kun foi embora.

— E daí?

— Eu só fiquei surpresa, não achei que… você fosse querer isso.

— Tsk, surpreso tô eu que você não me deu um chega pra lá assim que eu encostei em você.

— P-por que eu faria isso?

— Não foi você que falou que não iria querer esse bando de enxerido sabendo dessas coisas? Igual seus pais fizeram no trampo deles?

— Como você s- — ela franze o cenho, mas então parece se lembrar — Ah, verdade, eu te disse isso aquele dia da chuva.

— É.

— E você lembrou. — ela sorri.

— Por que eu não lembraria? Tá achando que eu tenho uma memória de merda?

— Não, com certeza não. — Uraraka dá uma risadinha — Bom, chegamos.

E só então Katsuki se dá conta de que eles tão de frente pro portão da U.A. Ele nem tinha se ligado o quanto eles tavam perto, só veio conversando com ela e agora já chegou.

Tsk, sua memória pode até estar boa como sempre, mas sua percepção de tempo e distância tá meio esquisita. E ele tem certeza que a culpa é dessa baixinha que fica rindo pra ele e deixando-o desnorteado.

— Até que enfim. — ele resmunga, meio sem saber o que falar.

Os dois avançam pelo campus, que parece outro lugar assim tão vazio. Katsuki até tá acostumado em ver o espaço assim à noite, ele costuma sair pra correr em alguns dias da semana quando tem aula, mas mesmo assim, nunca tá tão quieto e vazio. É esquisito, e não dá pra ver bem a cara dela nesse escuro, mas ele sabe que pra ela isso já é normal. 

Como será que é chegar do trabalho todo fim de tarde e encontrar o Heights Alliance sem ninguém? Katsuki acharia um paraíso, mas pra ela…

— Eu não deixei nenhuma carne pra descongelar porque ia jantar no festival, então não tem nenhuma pra você fazer.

— Eu me viro, pode deixar. — ele pressiona a nuca e gira o pescoço, a tensão nessa área finalmente se dissipando depois de tantas horas. Ou tantos dias — Vou só trocar e já venho.

— Ah, ok. — ela sorri, e quando Katsuki solta a mão dela e se vira pra ir até o elevador, ela o chama — Bakugou-kun?

— Hum?

— Eu sei que… você só veio pra comer alguma coisa, mas… eu tô bem feliz que você tá aqui, eu… tô feliz de ter companhia. A sua companhia.

Sério, ela é frustrante demais! Como Katsuki vai se aguentar por uma semana pra não tacar um beijo na boca dessa maluca?

— Tsk, você é muito besta se acha que eu vim aqui só pra comer. — ele murmura antes de se dirigir ao elevador.

 

—-

 

Katsuki acorda de repente, as letras rolando pra cima na tela da TV meio embaçadas antes de ele esfregar os olhos. O loiro também se move para alongar os braços, mas então sente um peso em seu peito, e aí se lembra de porque está na sala de estar dos dormitórios, mesmo estando de férias.

Depois de ter feito um jantar improvisado e lavado a louça, ele se organizou pra ir embora, o que deixou a Cara de Lua surpresa. Ele nunca disse que ia dormir lá e não entendeu porque ela estranhou, mas aí… ele já tinha tirado o yukata, já tava meio com sono depois de ter filado uma janta e bateu uma preguiça de ir pra casa a pé. Não tinha mais ônibus, ele podia até pegar um taxi ou um Uber, mas… pra quê? Ele tem pijama e sua cama aqui também, não tinha pra quê se dar a esse trabalho todo.

Fora que a ideia de acordar de manhã e encontrar a Uraraka ao invés da velha chata na cozinha lhe pareceu muito convidativa, e aí ele acabou desistindo de ir embora, jogando papo fora com a Cara de Lua quando ela voltou pra sala depois de ter escovado os dentes e botado pijama — que incluía um par de luvas cor de rosa, provavelmente pra não sair flutuando por aí. 

Não foi muito diferente da noite da tempestade, tirando o fato de que tudo mudou desde aquele dia. Hoje tá um puta calor, o pijama dela é uma regata cinza e shorts rosa escuro, um pouco mais curto do que os do pijama do All Might que ele emprestou pra ela, e… bom, Katsuki não tava a fim dessa menina ainda.

Ele acabou por sugerir pra verem um filme, desesperadamente tentando se distrair da proximidade dela no sofá, e funcionou por um tempo. Ou ele acha que funcionou, Katsuki não tem certeza, pois dormiu em algum momento antes do filme — cuja história ele já não lembra porra nenhuma — e só acordou agora, com os créditos subindo, e a Uraraka enrolada ao seu lado, apoiando a cabeça em seu peito e ressonando baixinho.

Seu reflexo imediato seria acordá-la e afastá-la, mas ele não faz isso, segue imóvel e olha o topo da cabeça dela, pensando se dá pra fazê-la se soltar e carregá-la pro quarto dela, igual fez naquela noite. Não vai ter como sem acordá-la, e diferente da noite da tempestade, quando ele preferia que ela tivesse acordado pra eles não terem que passar por isso, agora Katsuki só não quer que ela acorde, percebendo que… é gostoso ficar com ela assim.

Então ele boceja e só aceita que vai dormir nesse sofá hoje. Sua perna vai ficar dormente, talvez ele fique até com torcicolo de manhã. Se Katsuki tiver sorte, Uraraka vai dormir a noite inteira, e só vai morrer de vergonha disso aqui amanhã de manhã, mas agora nada disso importa.

Uma semana, só uma semana.

Mas até lá, ele se vira com o que tem. Não que seja ruim também.


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Notas finais do capítulo

Oioi! Aqui estamos com mais uma att, eu planejava dar uma corrida nesse capítulo, mas aí uma cena que eu queria muito colocar ia acabar saindo no cap 17, bom... eu não gosto desse número, e o motivo é o que você provavelmente tá pensando mesmo hauhaushush. Então é isso, se esse capítulo é meio sem sal e não agrega muito ao avanço da história, a culpa é do inelegível lá hudhduhsds, agora vocês tão sabendo que o cap 18 vai ter uma cena que eu tô ansiosa pra escrever hihi

Obrigada por ler, espero que esteja curtindo!



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