Quase um mês escrita por annaoneannatwo


Capítulo 11
Capítulo 11




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Porra, ele quer muito ir embora.

Katsuki não devia nem ter deixado o Pikachu entrar quando o paspalho simplesmente surgiu na porta de sua casa de manhã, ele já devia ter imaginado que coisa boa não via por aí, mas quem abriu a porta foi o velho, que recebeu o imbecil com toda a cordialidade que ele não merece.

É domingo, por que raios o bestão foi encher o saco dele? O Pikachu é um tonto, mas Katsuki sabe que ele tem uma boa relação com praticamente todo mundo na sala, então por que raios não foi incomodar outra pessoa em pleno domingo de manhã? O Kirishima e o Fita Crepe, por exemplo, a Orelhuda, em quem ele fica babando em cima igual a um cachorro no cio, qualquer outra pessoa que não fosse Katsuki, que mais uma vez ficou com preguiça de sair muito cedo da cama, mas também não conseguiu dormir até mais tarde como gostaria. 

Ele já tava acordado quando o velho bateu bem leve em sua porta, informando-o para descer porque tinha visita. Katsuki já sabia quem era sem o velho nem ter falado, porque viu uma mensagem naquele grupo silenciado na qual se podia ler: "KACCHAAAAN, ACORDA QUE EU TÔ CHEGANDO!"

Imbecil do caralho. 

E por mais tonto que o Pikachu seja, ele ainda foi meio malandro por saber que tanto a velha quanto o velho já estariam acordados, os dois prontos pra ficar gastando sua orelha sobre ser gentil e hospitaleiro com o amigo da escola, o que impediria Katsuki de mandar o palhaço embora se quisesse ter paz. Não que ele tenha tido muita depois que o Pikachu chegou, de fato.

— Bora pra praia. — foi a primeira coisa que ele disse.

— Não, rala daqui.

— Ahhh, Kacchan, bora lá! O Sero foi comprar bebida, o Kiri foi buscar o cooler lá na U.A., já tá quase tudo fechado!

Quando o Pikachu disse isso, a primeira coisa que lhe veio na cabeça estranhamente foi a Uraraka. Ela estaria lá na U.A., hoje não viria trabalhar porque é domingo, então iria acabar encontrando o Kirishima. Será que eles conversariam? Katsuki considerou por um segundo perguntar mais tarde se o ruivo a viu, se ela tava se empanturrando com os picolés e a mousse que fez, mas logo sacudiu essa ideia pra longe, lembrando-se como terminou aquela palhaçada: a velha enchendo o saco e ele concordando em ir no tal festival de verão só pra fazê-la calar a boca, maldita! 

Não que seja culpa da Uraraka, mas ainda assim, ficar pensando nela o deixa incomodado, esquisito pra caralho! E acaba sendo um saco porque, por mais que não queira, a imagem dela com aquele rabinho de cavalo curtinho gemendo enquanto saboreava um picolé não lhe saiu da cabeça pelo resto da noite, foi até difícil dormir, inferno. 

Então não, ele não ia perguntar nada pro Kirishima, em que lhe interessaria saber o que a Cara de Lua tava fazendo? E de todo jeito, ela ia acabar falando no dia seguinte, mesmo sem ele ter perguntado. É, não tinha porque perguntar nada mesmo.

E acabou não fazendo diferença, porque como por invocação, o Kirishima mandou mensagem um tempo depois. Katsuki ignorou a princípio, muito ocupado em xingar o Pikachu pra ver se ele ia embora e parava de ficar implorando pra que o loiro explosivo os acompanhasse, tentando convencê-lo de que ele poderia levar o que quisesse comer — como se Katsuki fosse burro e não perceberia que o palhaço só tava querendo filar a comida dele como sempre faz.

Mas então o Pikachu ficou quieto por um segundo, e Katsuki o olhou em surpresa, porque poucas coisas nesse mundo são capazes de fazer o idiota calar a boca, a maioria delas é ligada à Orelhuda.

— Meninas. — o Pikachu disse, perplexo — O Kiri vai trazer meninas.

— Tsk, e daí?

— Não, você não tá entendendo, ele vai trazer a Jirou! A JIROU!

— Tá esperando o quê, então? Vai logo pra lá pra encher o saco dela como você sempre faz! 

Isso pareceu ser o argumento final, e Katsuki tava quase convencido de que isso o livraria do Pikachu. Ele já tava até largando o otário sozinho pra ele se mancar e meter o pé logo, puxando o celular e se dirigindo às escadas, mas então ele leu as mensagens do Kirishima no tal grupo: "descolei uns picolés, cortesia da Ura!", e em seguida: "ah, chamei ela, a Tsu e a Jirou pra vir com a gente, e elas toparam, beleza? Logo mais a gente se vê!"

Katsuki sabia que a mensagem foi no grupo, então não era especificamente pra ele, mas ainda assim o loiro ficou puto com a audácia do Cabelo de Ouriço filando os picolés da menina assim na cara dura e dizendo que logo eles se veriam, como se Katsuki sequer tivesse topado ir nessa palhaçada!

Ele gosta de praia, gosta de nadar no mar, tomar sol e sentir o calor energizar sua individualidade de um jeito que faz suas mãos se aquecerem de um jeito foda, mesmo que ele nem vá detonar explosão nenhuma, mas porra, ir à praia com esse bando de trouxa parece um pesadelo, nem fodendo que ele iria nessa merda!

Outra mensagem, dessa vez da Rosinha. "Aaai que delícia, eu queria ir com vocês, mas vou ter que me contentar aqui na Tailândia né? Fazeroq" e então uma caralhada de emojis e gifs inundaram a tela, ridícula. 

Mas o pior nem foi isso, foi o que ela mandou depois: "Kiri, eu tenho um monte de biquíni, a Ocha com certeza não tem nenhum e a gente veste o mesmo número. Se ela quiser pegar emprestado, abre meu quarto pra ela, porfa."

O Kirishima respondeu logo depois: "Opa! Eu falei isso mesmo pra ela!"

"Ai que lindo! Estamos conectados! Fala pra elas ficarem à vontade! Preciso ir, beijos e divirtam-se, não façam nada que eu não faria! ;)"

Katsuki não sabe o porquê, mas isso o incomodou mais que tudo. Os três idiotas na praia zanzando por aí com a Orelhuda, a Menina Sapo e a Uraraka. A Cara de Lua usando alguma roupa escandalosa daquela maluca... não parece o estilo dela, até porque ela meio que não tem estilo nenhum, só usando aquelas camisetas e calças jeans básicas sempre que vem trabalhar, mas... não parece ter a ver com ela, ainda mais os biquínis e maiôs que a Rosinha deve ter, não dá nem pra imaginar a Uraraka usando um negócio desses!

— Eu vou levar onigiri, salada de caranguejo e mousse de caqui, e ai se um de vocês reclamar da comida! Vou enfiar na sua goela! — ele ameaçou preguiçosamente ao passar pelo Pikachu, indo em direção à cozinha.

E foi assim que Katsuki terminou nesse circo. Tá um puta sol, se ele tivesse vindo sozinho, já estaria nadando e curtindo do jeito que gosta, mas como tem um monte de panaca junto, Katsuki tá organizando as bebidas no cooler antes de se recostar na cadeira que o Fita Crepe trouxe e colocar seus óculos escuros. Talvez ele acabe puxando um ronco quando os idiotas forem pro mar, o loiro tá meio cansado já que não dormiu bem mesmo, então pelo menos pra isso esse rolê ridículo vai servir.

— Kiri, meu mano, não tem jeito. Tu é o craque da rodada! — o Fita Crepe diz, atrapalhando os planos de Katsuki de já cochilar, já que se senta na toalha ao seu lado, os outros dois fazem o mesmo.

— Eu? 

— Convenceu três meninas a virem com a gente.

— Ah... seriam quatro se a Mina tivesse aqui. E ela viria, vocês sabem.

— Mas então, por isso mesmo, você convenceu elas sem a Mina! Que charme você jogou, hein?

— Nenhum, cara! A Tsu queria vir e convenceu a Ura, e as duas convenceram a Jirou, eu nem fiz nada.

— Tão humilde... — o Fita Crepe finge limpar uma lágrima de emoção, otário.

— Mas parando pra pensar, o Kiri é o que mais se dá bem com as meninas, né? — o Pikachu observa — Qual o seu segredo, hein?

— Hahaha nenhum, ué! Eu só não... crio muito caso por elas serem meninas. Tipo, acho que elas conseguem sentir quando os caras ficam muito bestas por elas só estarem perto, então... não pode tratar como se elas fossem de outro mundo, só tratar como se elas fossem... caras, eu acho.

— Pô, mas não tem como, cara! — o Pikachu bate a mão na areia — Elas são completamente diferentes dos caras!

— É, pois é, sem ofensas, mas acho que nenhum de vocês ia ficar bem de biquíni como elas. — o Fita Crepe debocha.

— Bom, é o que eu tento fazer, acho que só... respeitar e não ser bizarro perto delas já faz as meninas ficarem mais à vontade. — o Kirishima dá de ombros.

— Você falando assim parece que nem acha nada demais elas ali de biquíni. — o Pikachu comenta.

— É, tem umas coisas ali que são bem difíceis de ignorar. — ele diz enquanto vira a cabeça na direção de onde elas estão.

— Ihhh, deixa a Mina saber disso, hein? — o Fita Crepe ri.

— Ela não é trouxa de achar que eu não olho, né? Fora que a gente nem tá sério pra ficar se cobrando nessas coisas ainda.

— Hum... ainda.

— É, vâmo ver como desenrola quando ela voltar. — ele olha pra baixo. Esse idiota tá ficando sem graça? Que ridículo! — Quem sabe a gente não sai em encontro duplo, hein, Kami? Eu e a Mina, você e a Jirou.

— Ah nem sei. Vocês viram como ela nem olhou na minha cara direito desde que a gente chegou?

— Ela veio mais por causa das meninas, cara. Não começa com essa paranoia, vai.

— Sei lá.

— Não, mas eu sei. — o Kirishima rebate.

— Sabe o quê?

— Bom, na hora que eu cheguei lá na U.A., elas nem me viram e ficaram conversando, então... eu escutei umas coisinhas, meio sem querer...

— E meio de propósito.

— É. — ele coca a cabeça — Então, assim... pelo que entendi, a Jirou gosta mais de você do que ela dá a entender.

— Como assim?

— Só... não precisa ter medo, Kami, pode confiar.

— Hum... — ele retorce a boca — Tá, mas se eu tomar um toco, é você que vai me aturar na minha fossa.

— Claro. — ele abre os braços — Eu malho justamente pra ter braços fortes pra segurar meus bros quando eles precisam.

— Bestão. — o Pikachu joga areia nele — Ah lá, parou de bobeira, hein? Elas tão voltando.

As três correm até o ponto em que eles deixaram suas coisas. A Orelhuda não entrou na água, mas ficou á beira do mar conversando com as outras duas, a Menina Sapo torce os longos cabelos verde escuros pra se livrar do excesso de água e a Uraraka ajeita o cós do biquíni, o maldito biquíni preto com babados amarelo claros que só chamam mais atenção pras curvas dos quadris dela. O traje de herói que ela usa já dá uma boa ideia, e ele pode ter reparado um pouco na noite em que ela dormiu na casa dele e usou seu pijama, mas esse biquíni deixa ainda mais à vista, o contraste entre a cintura e o quadril dela quase parece de mentira.

Tem mesmo umas coisas ali bem difíceis de ignorar, ainda bem que ele tá de óculos escuros e olhando só de rabo de olho pra não dar na cara.

— Tá boa a água?

— Ótima, ribbit. Vocês não vão entrar?

— Já vâmo, a gente só tava organizando as coisas. 

— Se vocês quiserem revezar e irem lá enquanto a gente fica aqui, só falar. — a Uraraka sorri — Tem uma pedra grandona ali que faz uma sombra muito boa, é bem gostoso de ficar ali.

— Sério? Eu quero ver! — o Pikachu se levanta animadamente — Bora lá?

— Vão vocês e as meninas, eu e o Bakugou cuidamos das coisas por aqui. — o Kirishima balança a mão.

— Certeza, Kiri?

— Uhum, vão lá.

— O Bakugou-kun tá dormindo? — Uraraka se abaixa pra tentar olhá-lo, o que oferece uma visão ainda mais clara do decote do biquíni, ainda maior que o decote da regata que ela tava usando na chamada em vídeo.

— Aham, mas logo ele acorda. — o Kirishima responde e o olha. Mesmo de óculos escuros, tem como ele ver que Katsuki está de olhos abertos de onde tá sentado. Tsk, por que o bobão mentiu por ele?

— Ah, ok. Quando quiserem ir pra água, só gritarem a gente.

— Pode deixar. Vão lá!

O Pikachu e o Fita Crepe se juntam às meninas e saem correndo com elas até o mar. Katsuki se ajusta na cadeira, pensando em realmente tirar o cochilo que gostaria agora que tá mais quieto, mas antes disso, ele quer beber água, de repente ficou mais calor do que já tava, vai entender.

Quando ele se levanta para puxar o cooler, o Kirishima pega em seu braço.

— Que foi?

— Eu ouvi mais umas coisas que também podem te interessar.

***

Ochako fecha a torneira do chuveiro e joga os cabelos molhados pra trás, sorrindo em satisfação com a boa sensação de lavar a água salgada de seu corpo. Ela tá se sentindo completamente boba por ter cogitado não vir hoje. Tudo bem que seus motivos eram válidos, ela não tinha dinheiro pro ônibus e nem um traje de banho, mas... também foi bobeira sua achar que não poderia contar com suas amigas, a Tsu está sempre ao seu lado lhe ajudando tanto e a Mina, bom... ela não tá por perto fisicamente, mas não deixa de salvá-la mesmo estando a quilômetros daqui. Ochako dispensa as provocações que ela mandou por mensagem falando pra escolher o biquini mais sexy pois nunca se sabe quem estaria de olho, mas não pode reclamar da gentileza da amiga.

E o que ela escolheu é até bem modesto nas cores e no modelo, tem até esses babadinhos bonitinhos no cós que dão aquele charme, e claro, o que importa é ter algo apropriado pra entrar na água, mas Ochako não pode negar que está se sentindo bem fofa usando-o, a Kyouka e a Tsu aprovaram assim que viram, e os meninos também elogiaram, então sim, Ochako está um tanto contente!

Só tem uma coisa...

Por que o Bakugou concordou vir se desde a hora em que chegou, só se sentou na cadeira debaixo do guarda-sol e não saiu mais de lá? Será que ele não gosta de praia? Não parece ser tão improvável considerando como ele é ranzinza, mas... então por que ele se deu ao trabalho de vir? O Kirishima disse que foi um esforço conjunto de convencimento dele e do Kaminari, mas não dá pra imaginar o que eles poderiam ter dito para forçá-lo a vir a um lugar que não gostaria de estar. 

E ok, tirar um cochilinho na praia até é gostoso mesmo, mas ele praticamente apagou lá na cadeira! Se for pra dormir, é melhor dormir em casa!

Mas... por que ela se importa também, né? Ele faz o que quiser, não tem porque ela ficar tão preocupada com isso. O que Ochako esperava? Que ele se transformaria em uma companhia super disposta a correr pela praia e se divertir com ela e os outros a tarde inteira? Não é nem um pouco a cara do Bakugou, e... nem teria porque Ochako esperar isso dele. Mesmo se ele tivesse vindo pra se divertir, não seria na companhia dela, e sim na do Kirishima, que é seu amigo mais próximo.

Então, basicamente, Ochako não entende o porquê desse pequeno sentimento de frustração beliscando-lhe quando não faria nem sentido ela ter alimentado qualquer expectativa sobre encontrá-lo aqui hoje. Mesmo que algo esteja um pouco diferente desde a noite da chamada em vídeo, ainda não é como se eles fossem grandes amigos, ela... ela não deveria estar se sentindo assim.

E Ochako não vai. A garota corre até o guarda-sol, esperando encontrar todo mundo depois de ter saído para nadar mais um pouco — sozinha, já que a Tsu avistou um vendedor de bijuterias próximo à orla e quis ir dar uma olhada, Ochako não tem dinheiro pra comprar nada, então preferiu não se juntar à ela e à Kyouka. Ela achou que elas já estariam de volta, mas pelo jeito ainda não.

O único presente ali é o Bakugou mesmo, ele se levantou da cadeira e saiu de debaixo do guarda-sol, apoiando as mãos nos quadris e empurrando-os, como se estivesse alongando a coluna e o pescoço.

Ele também tirou a camiseta e o shorts, e agora está só de calção de banho, e isso imediatamente a faz lembrar do dia que o viu sem blusa na casa dele. Foi tão aleatório que ela nem soube como reagir direito, e agora ainda não sabe, sendo que faz perfeito sentido ele estar apenas de roupa de banho na praia. Seja como for, ela ainda se pega observando-o, imaginando o que pode estar passando na cabeça dele. Será que se arrependeu de ter vindo? Os meninos com certeza estão bem agitados por estarem aqui, e ele claramente não gosta de interagir muito com isso. Ou será que ele tá curtindo um breve momento sozinho, já que todo mundo foi sabe-se lá pra onde? 

Ele parece bem relaxado, de uma maneira que nunca costuma ficar. O som das ondas do mar tem um efeito meio tranquilizante mesmo.

— Ei, você! Loirinho! — uma voz feminina surge atrás dela, e Ochako se vira para ver uma moça de cabelos vermelhos escuros bem curtinhos e um maiô laranja cheio de recortes. Ela é bonita, deve ter pouco mais de 20 anos, ou pode ser mais, é difícil dizer sem poder ver os olhos, que estão cobertos por um par estiloso de óculos escuros.

Ochako a observa, e então se vira pro Bakugou, que parece nem ter ouvido. Ela o chama de "loirinho" de novo e anda na direção dele, e dessa vez ele olha.

— Que é?

— Nossa, como você é bravo! E não tem nada de loirinho, né? É loirão mesmo! — ela dá risada, o Bakugou segue com sua expressão costumeira — E aí? Tá sozinho aqui?

— Pra quê você quer saber?

— Ah, por nada! Eu... eu vim com uns amigos, mas não tô vendo eles, e... meu maiô tá desamarrando, não tenho ninguém pra me ajudar! — ela parece fazer uma expressão lamentosa — Você pode me dar uma mãozinha?

O Bakugou não responde de novo, mas ela se aproxima mais uma vez e dá as costas pra ele. A julgar pelo que Ochako viu quando a observou se aproximar, é uma visão bem... generosa a que ele está tendo agora.

Ok, ela tá flertando com ele, isso é bem óbvio. E não parece ser do tipo que se intimida pela expressão amarrada e tom de voz pouco amigável dele. Mas nossa... ela com certeza é mais velha que ele, será que não percebeu que ele é um menino do ensino médio? Bom, ok que não parece muito, o Bakugou é alto e musculoso, poderia passar por um rapaz de 20 e poucos anos, mas... ainda assim, essa moça não tem noção?

Ochako pensa em se aproximar e dizer algo, mas... o quê? Aliás, por que ela tá aqui parada observando isso? Não tem nada a ver com ela! O Bakugou é grandinho e nunca teve o menor problema em dar um chega pra lá em quem lhe incomoda... e ele... não fez isso ainda. Será que... não tá tão incomodado assim?

Nossa, será que ele gosta... de moças assim? Mais velhas e... estilosas e... que usam maiôs com cortes geométricos estratégicos que não revelam nada e, ao mesmo tempo, tudo? Ela é linda, e parece simpática e confiante, um tipo pelo qual é difícil não se atrair, então... provavelmente nem o Bakugou, que não parece ligar pra essas coisas, seria imune.

De repente, Ochako se sente meio boba com seu biquíni de babadinhos, ela nunca teria coragem de usar um maiô daqueles e, mesmo se tivesse, não saberia ficar confortável com ele, e isso é... por que ela tá pensando isso?

A garota sacode a cabeça, decidindo fingir que não viu nada e ir logo para o guarda-sol, alguém tem que tomar conta já que não tem mais ninguém e o dorminhoco que tava aqui de vigia resolveu acordar pra ir paquerar uma mulher mais velha e... 

Aargh, por que ela tá ficando com raiva do Bakugou? Que coisa ridícula, Ochako! A manipuladora de gravidade apenas aperta o passo na areia e vai em direção ao guarda-sol, recusando-se a dar mais forma pro pensamento espinhento que tá tomando seu cérebro.

— Uraraka. — o Bakugou chama, e ela para de andar, meio surpresa. Não que Ochako estivesse se escondendo, mas ela não achou que ele tinha visto ela ali.

— O-oi? — ela se vira e o olha.

— O maiô dela tá desamarrado, ajuda ali.

Seria cômico como tanto ela quanto a moça parecem ter a mesma reação, seus queixos caindo em surpresa. Só não é cômico porque Ochako está muito chocada, não sabendo se anda pra trás em direção ao guarda-sol ou pra frente, em direção à moça.

— A-ah, não... não precisa! Eu... eu acho que já achei meus amigos! Mas... hã... valeu, loirinho! Eu... tchau! — ela praticamente sai correndo dali, e Ochako olha pro Bakugou com olhos arregalados.

Aparentemente alheio ao espanto das duas, ele apenas se volta para debaixo do guarda-sol e se senta na toalha.

— Tá olhando o quê?

— N-nada! — Ochako corre pra debaixo do guarda-sol também, indo até o cooler atrás da cadeira, não é pra disfarçar, realmente não é, ela só sente uma vontade urgente de molhar a garganta mesmo.

— Os bobões fizeram a limpa nos seus picolés.

— Nossa, é mesmo! Só tem um! — ela dá uma risadinha nervosa — Você experimentou? O que achou?

— Não, eu não quis.

— Ah... ok. Eu... eu vou pegar o último, então. Tem problema?

— Foi você que fez, faz o que você quiser. — ele dá de ombros.

Ela poderia repreendê-lo pela grosseria, mas ainda está meio enervada, então prefere ficar quieta e só se sentar na toalha ao lado.

— Então... cadê os meninos? — mas Ochako também não consegue ficar em silêncio, sentindo que precisa preencher qualquer silêncio que possa haver.

— Foram pra lá, eles queriam surfar.

— Ah é? Eu não tinha visto que eles trouxeram prancha.

— Não trouxeram, eles vão tentar fazer o Kirishima de prancha.

— Qual... qual a chance de isso não terminar em um acidente?

— Vai saber.

— Você... você não quer ir lá ver se tá tudo bem? Eu posso ficar de olho nas coisas.

— Deixa eles. Se tivesse dado merda, a gente já tava sabendo.

— É, acho que sim. — ela lambe o picolé e olha pro mar, voltando-se pra ele logo depois — Mas se você quiser ir na água um pouco, pode ir, viu? Eu tô aqui agora, posso tomar conta das coisas.

— Pra quê você quer tanto que eu saia daqui? Tô te incomodando, por acaso?

— Quê? Claro que não! — ela franze o cenho — Só tô oferecendo porque você foi o que mais ficou de vigia e não aproveitou nada da praia, ué.

— Tsk, melhor mesmo. — ele olha pro horizonte— Eu vou quando tiver menos gente.

— Ah sim, agora tá meio cheio mesmo. — Ochako observa — Mas até que a gente conseguiu um canto mais tranquilo pra pôr nossas coisas, né?

— Hum. — ele segue olhando pro mar, ou será... que tá olhando pra outra coisa? Talvez tentando achar a moça de antes?

— Aquela... aquela ruiva bonita... acho que foi a primeira pessoa que veio pra esses lados desde a hora em que a gente chegou.

— Hum.

— Que... que coisa, né? — Ochako não sabe o que está tentando dizer, ela só sabe que tá muito curiosa pra perguntar o que ele achou da moça — Espero que ela tenha encontrado os amigos.

— Se não achar, logo o cara ali avisa que tem uma velha perdida. — ele aponta com o queixo para o salva-vidas sentado no alto de sua cadeira, a alguns quilômetros de distância deles.

— Velha?! Bakugou-kun, ela não deve ter nem 30 anos! — Ochako se recosta nos cotovelos enquanto chupa o picolé — Mas bom... ela também não parece ter percebido que você tá no Ensino Médio, então... vai saber.

— Tsk, me chamou de "loirinho", aquela maldita! Eu lá tenho cara de criança, porra?

— Hã... não? Ela provavelmente achou que você era mais velho, você... você parece mais velho, por ser... sabe, mais alto e... enfim. — ela corre os olhos pelos ombros largos dele rapidamente — V-vai ver ela até pensou que... que eu sou sua filha, por isso preferiu ir embora — Ochako dá outra risada nervosa.

— Hã?

— Ah, sei lá, já me disseram que eu tenho cara de criança e... bom, com esse biquini todo cheio de frufru, eu... devo estar parecendo meio criança. — ela dá um sorriso meio sem jeito.

— Não tá, não. — ele diz, resoluto.

— N-não?

— Não. — ele confirma depois de olhá-la rapidamente, o que a faz corar.

— B-bom, eu... fico aliviada. Mas enfim... acho que espantei a moça, né? — ela cogita pedir desculpas, mas... Ochako não tá realmente se sentindo mal por isso, e tecnicamente, foi o próprio Bakugou que a espantou.

— Ela me lembra minha velha.

E diante dessa, Ochako engasga com o picolé, sentindo o sabor doce no fundo de sua garganta, quase em seu nariz, enquanto tosse desesperadamente. Aquela moça... a mãe dele? De onde ele tirou isso? Ela não tem ideia, mas não consegue parar de rir enquanto tenta lutar para não se sufocar com o picolé.

— B-Bakugou-kun... por... por quê isso? — Ochako bate no peito, ainda tossindo e lacrimejando.

— Tinha uma época que ela me chamava de loirinho, até fazia a mesma gracinha falando que eu tava crescendo e agora era loirão, velha ridícula!

— Não fala assim, é sua mãe! — ela adverte fracamente, ainda tentando se recompor — E bom, você é loiro igual a ela mesmo, e daí? — sem pensar, Ochako se ergue e leva a mão ao topo da cabeça dele, bagunçando os fios cor de areia. O cabelo dele é surpreendentemente macio, ela imaginava que poderia ficar espetado daquele jeito porque ele usava gel, igual o Kirishima, mas não, é aparentemente espetado assim de maneira natural. O Bakugou olha pra ela de soslaio, e só então Ochako percebe o que está fazendo, retraindo a mão — D-desculpa.

— Não precisa ficar puxando o saco da sua chefe, ela não tá aqui! — ele estreita os olhos cobertos pelos óculos.

— Quê? Eu não falei por isso! — ela retruca e o olha feio, então faz biquinho e olha pro lado — Você fica muito na defensiva por causa de cada coisa boba, eu hein.

— Foda-se! E você fica aqui falando bobagem depois de ter pegado o último picolé, sua esfomeada!

— Quê? Eu te ofereci o último, e você não quis!

— E se eu tivesse mudado de ideia, hein? Me diz.

— Ah, que seja, então! Toma aqui! — ela aponta o picolé meio mastigado na direção dele e vira a cara, não entendendo como se deixou levar por essa discussão infantil e sem sentido, mas ainda bufando de raiva — Você é tão-

Ela não consegue terminar, porque no segundo seguinte, nota o Bakugou se inclinando e abocanhando o picolé na mão dela. Ochako se vira pra olhá-lo em espanto, sentindo todo o ar recém-recuperado depois de ter engasgado indo embora de novo, os óculos escuros estão apoiados na cabeça dele, não mais cobrindo seus olhos vermelhos sangue, que a encaram diretamente como se estivessem tentando perfurá-la. 

Quando ela ofereceu pra ele, não estava esperando que ele fosse comer em sua mão, isso somado ao fato de que o picolé está meio derretido, e a língua dele está a milímetros de encostar em seus dedos, a faz arrepiar e esquentar ao mesmo tempo, se é que é possível.

— Ficou muito doce. — ele diz, sua voz rouca e baixa — Mas tá gostoso.

E antes que ela possa dizer alguma coisa, Ochako ouve a voz da Kyouka se aproximando. O Bakugou se afasta logo depois, ainda mastigando um pouco do picolé e abaixando os óculos de novo.

A Tsu e a Kyouka chegam até o cantinho deles com alguns pacotinhos em mãos.

— Aqui, Ocha! Trouxemos uma pulseirinha pra você!

— Não... não precisava, meninas, eu... — ela desvia o olhar.

— A gente sabe que não precisava, mas quisemos comprar. Escolhemos algumas pra Yaomomo, pra Tooru e pra Mina também.

— A-ah, que legal! Eu... muito obrigada! — Ochako sorri, ainda sentindo seu coração tentando escapar pela boca.

— Você está tão vermelha, Ochako-chan, ribbit. — a Tsu inclina a cabeça para olhá-la — Será que não está com insolação?

— Você passou mais protetor? Já deve ter saído desde a hora que a gente chegou, né?

— Não, não passei. M-mas... tá tudo bem, meninas, não se preocupem!

— Mas tem que passar, ribbit. — a Tsu entrega os pacotinhos para a Kyouka — Fique de costas para mim, vou passar mais protetor em você.

— Não quero incomodar, Tsu-chan.

— Acho que o único incomodado aqui é o Bakugou, que tá com cara de quem queria passar o protetor pra você. — a Kyouka dispara com um meio sorriso.

— O q-

— VAI SE FODER, ORELHUDA! — ele se levanta e esbraveja — Tsk, eu vou atrás dos idiotas! — o Bakugou se retira chutando areia.

— E eu... eu vou... eu vou no chuveiro lavar a água do mar. — Ochako também se levanta apressadamente.

— Você não tinha ido antes de a gente ir atrás das bijuterias, ribbit?

— N-não, acabei não indo. — ela mente — Depois você passa o protetor, Tsu-chan. Obrigada, já volto.

E Ochako corre para o chuveiro, ela pode até ter mentido sobre já ter se lavado, mas é verdade que precisa de outro banho de água fria urgente, seu corpo parece pegar fogo quando ela se lembra do Bakugou olhando-a intensamente enquanto sua língua rolava pelo picolé em seus dedos.

O que... o que foi que acabou de acontecer?


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Notas finais do capítulo

E chegamos com o capítulo obrigatório de praia com um pouco de fanservice e uma pequena inversão de papéis, porque embora o clichê da mocinha sendo xavecada na praia por um carinha aleatório e o mocinho vindo salvá-la seja uma delícia, o mocinho sendo xavecado e usando a mocinha pra escapar de uma mina que lembra a mãe dele me pareceu mais divertido huahshuahs

Gostei de fazer esse capítulo, e combinou muito, já que tá um calor absurdo aqui onde eu moro, o que me lembra: já bebeu água hoje? Não se esqueça de se hidratar, hein?

É isso, nos vemos em breve! Beijos!



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