DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 19
This is your legacy


Notas iniciais do capítulo

V adaptou-se a sua nova vida em Enuma.
Contra todas as probabilidades, a parte humana do guerreiro Vergil aceitou viver um relacionamento com a jovem Inanna e isso deixou Dante e os demais felizes pelos dois.
Amadurecidos os sentimentos, a família Devil May Cry fortaleceu seus laços e era inevitável que também crescesse em número.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807779/chapter/19

V foi convidado a morar na casa do pescador viúvo e seu filho. Mesmo que Maud o tenha convidado a viver no farol, o homem não achou correto. Também passou a sair para pescar com os moradores do vilarejo e aprendeu a tarefa rapidamente. Dividia seu tempo com a biblioteca, a pescaria e Inanna, com quem saía a passeios pela praia ao entardecer ou dividia as tarefas do jardim, aprendendo sobre o que sua amada fazia.

Mostrou-se um entusiasta dos estudos de Maud e Inanna, contribuindo com a missão delas na ilha. Seus familiares haviam crescido a olhos vistos. O trio de seres possuía a coloração diferente de seus antecessores, que passava do branco perolado e marfim ao azul muito claro. Eles eram amistosos com os moradores da ilha, mas preferiam ficar perto de Inanna, como se fossem seus guardiões. V ficou satisfeito por saber que sua companheira era protegida e não se incomodou quando qualquer um dos familiares o ignorava por causa dela.

Tirava algumas horas do dia para levá-los à praia e treinar com eles, como nos tempos da Qliphoth, mas as criaturas não apresentaram nenhum poder semelhante aos antecessores demoníacos. V supôs que sua nova natureza teria mais a ver com a ilha e só o tempo mostraria do que eram capazes. Pensava em dar novos nomes para as criaturas, mas sentiu que não poderia chamá-los diferente do que conhecia.

Em Enuma, vez e outra, a balsa que vinha do continente trazia pessoas em busca de ajuda. Naquele momento, V permanecia ao lado de Inanna, concentrada em controlar a medicastra que administrava bálsamos aos pacientes. A lenda da curandeira da ilha se perpetuava.

Dentro de um ano e meio após a partida de Enuma, a equipe da Devil May Cry visitou a ilha por duas vezes. No aniversário dos gêmeos, algo combinado por Kyrie e Nero, que descobriram a idade de Dante. Nessa visita, todos os presentes perceberam como V estava mais encorpado, musculoso e a antiga palidez havia dado lugar a um bronzeado leve e saudável. Isso não passou despercebido por Nico, Trish e Lady que não perderam a oportunidade de provocá-lo, assoviando e piscando, deixando o homem constrangido.

Dante bebeu, dançou e cantou, animado como nunca os amigos o haviam visto antes. Morrison e Trish observaram o caçador e sua interação com V e Nero. A caçadora enxugou lágrimas discretas e comentou com o agente:

—Ele parece feliz...

—Sim. Estar rodeado de pessoas que ama é um bom motivo.

            Trish sorriu e balançou a cabeça. De repente, Dante veio até ela e puxou a mulher pelas mãos:

—Vamos dançar, Trish! Esse velhote aqui ainda tem muita energia pra gastar!

            O vilarejo de pescadores foi animado por música, boa comida e bebida até o dia amanhecer. Maud e as crianças do orfanato de Kyrie foram dormir mais cedo, deixando a festa para aqueles mais resistentes. 

Na segunda visita a Enuma, alguns meses depois, V recebeu a notícia da gravidez de Kyrie. Era uma menina e Nero contou que o nome da filha seria Eva, em homenagem à avó. Dante aplaudiu:

—Imaginem só! Uma caçadora Sparda!

            V ergueu uma sobrancelha:

—Eu sou o avô aqui! Ela não vai chegar perto de nenhum demônio!

            A discussão parou assim que a figura da medicastra surgiu na porta do farol. Dante olhou para Inanna e ela sorriu, balançando a cabeça negativamente. Não estava no controle da criatura, o que surpreendeu a todos.

            O caçador caminhou na direção da entidade e sorriu:

—Rheia!

            Ela ofereceu um sorriso suave ao homem e seguiu na direção de Kyrie. A jovem encarou a criatura de olhos dourados e esta tocou a barriga da moça:

—Ela é especial. Eu senti sua presença assim que chegou e não resisti ao desejo de vir conhecer sua criança. Convido que o parto seja em Enuma! Eu quero estar presente se estiverem de acordo...

            Nero abraçou Kyrie pelo ombro e ambos sorriram:

—Ela vai se chamar Eva. Será uma honra ter nossa menina aqui!

            Rheia ficou algum tempo entre os presentes, ouvindo em silêncio a reunião familiar. Ela percebeu a satisfação naqueles rostos que passou a querer bem. Num dado momento, levantou-se da mesa e acenou para todos, despedindo-se.

      Caminhou de volta para o farol, enquanto Dante coçava a nuca, visivelmente desapontado. V aproximou-se do irmão e sussurrou:

—Você nunca se deteve antes...

            O caçador balançou a cabeça e correu rumo a entrada do farol. Podia ver a ponta da túnica de Rheia sumir escada acima e respirou fundo, murmurando para si:

—Eu devo estar maluco... Com certeza vou ser amaldiçoado, mas que se dane!

            Subiu os degraus rapidamente e viu a entidade seguir até a escada para o próximo pavimento. Ela parou e Dante pigarreou. Sua voz saiu rouca e baixa:

—Eu estive pensando em você desde a nossa partida...

            Ela virou-se devagar e analisou o rosto do caçador. Ele tentava sustentar o olhar dela, mas de alguma forma o intimidava:

—Acho que não herdei o gene do bom senso ou algo do gênero e...

            Rheia se aproximou. O perfume que vinha dela estava mais forte e Dante balançou a cabeça. A entidade falou calmamente:

—Estou curiosa... Está me cortejando?

            Ele sorriu sem graça:

—Se isso significa que vão brotar galhos das minhas narinas e dos meus ouvidos, a resposta é não...

            Ela sorriu. Sua voz soou como se estivesse ao redor do caçador:

—Estou lisonjeada por sua atenção, Dante.

            O caçador suspirou:

—Eh! Acho que mereço levar um fora. Desculpe minha ousadia e...

            A medicastra segurou a face de Dante entre as mãos, os olhos dela se fixaram no rosto forte e franco do homem:

—Estou realmente comovida. Se houvesse escolha para mim, eu aceitaria seu coração, mas o que vê agora é apenas uma forma que contêm minha essência...

            O caçador tocou as mãos dela ainda em seu rosto. Ele fechou os olhos e sorriu:

—Entendo. Mas se um dia mudar de ideia...

            Rheia aproximou-se mais de Dante e seus lábios tocaram os dele gentilmente. O caçador não esperou muito para estreitá-la nos braços e aprofundar o beijo. O poder que emanava dela envolveu-o, enchendo seu coração e ele sentiu-se flutuar no nada, a mente esvaziada de qualquer pensamento. Era assustador e inebriante.

            Ele afastou-se devagar, ofegante e a medicastra fitou-o mais uma vez. Ela sorriu e fechou os olhos e Dante percebeu o corpo dela esmorecer em seus braços:

—Adeus outra vez, Deusa...

            Ele pousou-a com delicadeza no chão, acariciou-lhe a face pálida e saiu dali rumo à saída do farol. Os olhares se voltaram para ele, que sorriu, resignado:

—Acho que vou tomar um porre de Sundae de morango...

            O restante do dia foi do folguedo das crianças do orfanato de Kyrie brincando com os familiares, uma conversa animada da equipe Devil May Cry, Inanna, Maud e V e por fim a despedida ao entardecer.

            Dante ficou junto do irmão enquanto os demais seguiam para a balsa. O caçador olhou o homem ao seu lado e falou:

—Sente falta de ser o Vergil de antes?

—É estranho ainda compartilharmos alguns pensamentos. Sei que ele está à vontade no submundo. Ele assumiu sua devil trigger em tempo integral... Sua verdadeira essência. Quanto voltar a ser como antes? Não... Eu não trocaria esse momento por nada.

—Então está realmente apaixonado...

            V sorriu. Seus olhos pousaram imediatamente em Inanna, a alguns passos dali, distraída enquanto abraçava as crianças de Kyrie:

—Agora posso imaginar como Sparda se sentiu ao conhecer nossa mãe.

            Dante voltou seu olhar para o farol e V percebeu uma sutil mudança:

—Dante. Você e Rheia...

—Eu posso dizer que dei um passo maior que minhas pernas. Mas acho que ela gosta de mim também... Certo! Quem disse que o amor é fácil?

            V riu muito e abraçou o irmão. Dante o abraçou de volta. Um contato que passou a se tornar mais fácil entre eles:

—A família está crescendo, hein, Verge? E vocês dois? Quando virão mais sobrinhos?

            V afastou-se e Dante viu o rosto bronzeado do homem corar sutilmente. O caçador apontou:

—Nunca deixe uma dama esperar muito...

            Dizendo isso, ele seguiu até o ancoradouro e abraçou Inanna, cochichou alguma coisa no ouvido dela e a moça corou, voltando seu olhar para V, que franziu o cenho, preocupado por Dante sempre colocá-lo em situações constrangedoras.

            A balsa partiu e V subiu a trilha de braços dados com Maud e Inanna. O sol se punha lentamente e a anciã se espreguiçou:

—Ah, meus queridos... Eu vou me recolher mais cedo hoje. Essa velha está um caco, mas muito feliz! Boa noite aos dois...

            A jovem beijou o rosto da mãe e V abraçou a mulher, agora muito mais próxima a ele que antes:

—Obrigado por tudo, Maud... Durma bem. Até amanhã.

            Ela sorriu e entrou no farol. V sentou-se na escadaria e Inanna permaneceu de pé, olhando a balsa que já era um ponto distante no mar azul cobalto. V respirou fundo e falou:

—Dante disse  alguma coisa que não devia sobre mim, estou correto?

            A moça colocou os braços para trás como sempre fazia quando precisava falar sobre algo que a incomodava:

—Seu irmão é... Muito direto com as palavras. Isso é uma coisa boa! Sempre se pode esperar isso dele, não é? Franqueza total!

            V se levantou e aproximou-se da jovem:

—Quer me contar? Devo ficar preocupado?

            Ela baixou o olhar e mordeu o lábio inferior:

—Ele me disse que você quer... Ter muitos filhos comigo.

            V engasgou e desviou o olhar, esfregando a nuca completamente encabulado. Inanna percebeu isso e afastou-se devagar, mas V segurou o braço dela:

—Não! Não se afaste...Por favor.

            Ela voltou-se para o homem e ele segurou-a pela cintura. Seus olhos fixos naquele rosto querido:

—Aquele maluco não mentiu...Eu...

            Ele baixou o olhar e sorriu, como se puxasse da memória algum evento. Inanna acariciou o peito dele sobre o tecido da camisa, esperando. V apertou de leve sua cintura:

—Sempre fui o mais introvertido dos dois... O mais silencioso e quieto. Minhas experiências de interação são um tanto... Decepcionantes.

            Inanna sorriu e apoiou a testa no ombro do amado:

—Você teve Nero...

            V riu e abraçou-a. Ele beijou-lhe a testa e suspirou:

— Sim. E isso me dá a sensação que foi há mil anos atrás!

            A jovem mulher ergueu o olhar para V. Ele podia ler no rosto dela um fio de ansiedade e isso o entristeceu. A mão dele segurou-lhe o rosto:

—Eu amo você... Não duvide disso. Eu desejo você e isso é muito forte pra mim. Tenho medo de...

            Inanna fechou os olhos e inclinou-se na direção do homem:

—Eu o amo... E não tenho medo de nada...

            V beijou-a e seus braços a envolveram com força. Inanna sentiu a urgência dele naquele contato e deixou-se levar. Nada no mundo a tiraria daquele abraço e nada mais importava a não ser o que sentia. V ergueu-a nos braços e seguiram para uma parte mais afastada do jardim. Ele deitou-a devagar na grama fina e macia. Suas mãos buscaram despir-se, enquanto se entregavam a beijos e carícias ainda mais apaixonados. E quando veio o amanhecer, colheu os amantes ainda adormecidos.

Um ano depois do nascimento de Eva, filha de Nero e Kyrie, a ilha de Enuma recebeu seu mais novo habitante, Lukas Sparda, filho de V e Inanna.

Rheia mais uma vez surgiu para abençoar a criança e enquanto a segurava nos braços do corpo da medicastra, a entidade falou com voz pausada e suave a todos ali presentes:

— “Sem Contrários não há progresso. Atração e Repulsão, Razão e Energia. Amor e Ódio são necessários à existência” …

            V, abraçado à sua companheira, sorriu ao ouvir aquilo. Ele conhecia a fonte daquelas palavras e concordava com elas.

Rheia continuou:

— “Há uma montanha no submundo, quase tocando o firmamento negro e sem estrelas. Lá nasceu uma grande árvore, cujas raízes estão profundamente enterradas no solo, se alimentando de fontes ocultas, que fortalecem seu tronco largo e alto. Sua copa se espalha e suas folhas se agitam com os ventos áridos que sopram sobre essa montanha. Através dessas folhas, o vento se acalma e se esfria, tornando-se brisa. Sob essa árvore foi colocado um trono. Sentado nele, está um guerreiro que outrora fora um homem. Do alto de sua montanha, ele observa todo o reino que um dia queria tomar à força e hoje lhe pertence por causa de seu sacrifício.

Esse rei recebeu um presente que nasce a cada ano. Um pomo sagrado que cresce na grande árvore e que o mantêm ainda mais firme em seu propósito. Um presente que fortalece a aliança entre dois mundos, unidos apesar de separados, homem e demônio.”

Cada uma das pessoas que ouviu Rheia sentiu-se tomada por uma estranha sensação de abandono da realidade. O poder da entidade estava presente ali ainda mais forte por causa dos recém-nascidos, Eva e Lukas, a próxima geração dos descendentes de Sparda que foi recebida e abençoada pela manifestação da Terra viva, enquanto o novo Rei do submundo assumiu o legado do Cavaleiro Negro, mantendo a promessa de proteger o mundo humano.

Vergil, em sua forma devil trigger, observou o horizonte do alto da montanha onde plantou a semente de Gaia. O reino que fora de Mundus agora estava sob sua responsabilidade, mantendo os seres infernais sob controle e fechando cada portal encontrado.  Ele sabia que Demônios e espíritos invasores sempre procurariam um caminho para fugir do inferno e invadir a terra, mas a equipe Devil May Cry daria um jeito de mandá-los de volta.

Vergil sorriu. Estaria esperando por esses rebeldes.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim!
Bebês à bordo!
Acho que seria legal que a família Sparda aumentasse, principalmente Nero e Kyrie, que são um casal muito apaixonado e fofo. (Gente do céu! Eu falando em fofura!)
A parte de Dante e Rheia me deixou tentada a render um romance, mas gostei da forma como eles estão próximos. Ela é uma entidade, um ser cósmico e não corpóreo por assim dizer, então sua interação com o caçador de demônios se dá pelo corpo artificial da medicastra criada por Inanna. Parece algo triste, mas teve um sabor diferente pra mim. Como Dante é um guerreiro meio demônio ultra-mega-foda e totalmente irresponsável com sua vida particular, não se envolvendo romanticamente com ninguém, esse sentimento em relação à Rheia surge como maturidade. idem para Rheia, que foi "sensibilizada" por causa da equipe de caçadores e de Dante.
Próximo capítulo, final da fic.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.