DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 18
Calmaria


Notas iniciais do capítulo

O tempo da equipe da Devil May Cry em Enuma chegou ao fim. Despedidas sempre são difíceis.
Com a cura de Nero, era hora de retomar as atividades em Fortuna City e Red Grave City, mas não sem antes de acertar as decisões para o futuro de todos, principalmente Nero, Dante e V.
Com a descoberta de sentimentos por Inanna, o poeta faz uma escolha para seu coração.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807779/chapter/18

A luz do sol aqueceu o rosto de Inanna e ela pestanejou. O ressonar suave ao seu lado mostrou a ela que o que havia acontecido na noite anterior fora real. V estava abraçado a ela e dormia. Ela examinou aquele rosto querido e acariciou sua face pálida. Os cabelos brancos caíam sobre os olhos e ela soprou as mechas, fazendo-o franzir as sobrancelhas.

            V abriu os olhos e olhou a jovem:

—Bom dia...

            Ela sorriu e aproximou-se para beijá-lo no rosto, mas foi tomada de surpresa por um beijo longo e quente, quando ele inclinou-se totalmente para ela. Quando afastou-se, olhou ao redor e sorriu:

—Um milagre que ninguém tenha vindo até aqui para...

            Então V olhou para a trilha e viu Dante descendo. Ele estava carrancudo e parecia um sonâmbulo e, enquanto andava pela areia, começou a despir-se, deixando uma trilha de roupas pelo caminho. Quando Inanna ergueu-se a meio corpo, Dante estava apenas com a roupa de baixo e já se movia para tirá-la, quando V tapou os olhos dela e inclinou-se para ocultar a jovem da visão do irmão nu.

            O caçador mergulhou no mar e apareceu metros à frente da orla, exclamando de prazer do contato com a água fria. V manteve a mão sobre os olhos de Inanna que começou a rir. O homem gritou para Dante:

—Perdeu o juízo? Tem uma dama presente, seu irresponsável!

            Dante jogou água para cima e falou:

—E privar a moça de uma visão como a minha? Não seja egoísta, irmão!

            V bufou e virou-se para a jovem:

—Se não fôssemos gêmeos, teria certeza que meus pais o adotaram!

            Ela mirou o rosto zangado de V e sorriu:

—Tudo o que quero ver está bem aqui...

            Ele estreitou os olhos e balançou a cabeça:

—Vamos fugir antes que ele saia da água!

            Eles se levantaram e seguiram para trilha. Antes, V apanhou algumas roupas de Dante, deixando apenas as botas e a roupa íntima. Pouco depois, quando todos estavam reunidos na mesa para o desjejum, ouviram um assovio e viram Dante de botas e cueca, parado à porta do santuário.

            Maud cobriu a boca, enquanto Kyrie, Nico e Inanna começaram a rir. Nero, que viu as roupas de Dante dobradas sobre o banco, apanhou-as e levou para o caçador:

—Devia ser mais cuidadoso, tio Dante! Meu pai achou suas roupas por aí!

            Dante começou a vestir-se, os olhos brilhando de raiva e a boca apertada:

—Já cumprimentou seu pai?

—Já! Por quê?

—Porque vou mandá-lo de volta para o submundo! Em corpo e alma!

            Nero se voltou para a mesa e notou o sorriso de V. O rapaz começou a rir ao perceber que seu pai tinha armado para o irmão. Nico ergueu um polegar:

—Dante! Obrigada pelo show matinal! Até a Maud ficou impressionada!

            Kyrie exclamou:

—Nico!

            Então todos começaram a rir e Dante suspirou:

—Bem! Pelo menos Rheia não está aqui pra me ver passar esse vexame...

            Inanna balançou a cabeça:

—Ela nunca partiu... Está em todo lugar em Enuma. Ela vê, ouve e sente tudo que acontece aqui!

            O rosto de Dante corou violentamente:

—Então...

            V se levantou e abraçou o irmão pelo ombro:

—Vamos comer em paz! Você já teve o suficiente por hoje.

            Após comerem, Inanna se ofereceu para limpar tudo e V a ajudou com os vasilhames. Dante observou o casal rumar para a pequena cozinha e Maud se aproximou dele:

—Posso ver que está feliz...

—Nunca vi o Vergil assim, Leve e descontraído. Imagino se sua outra metade se permitiria vivenciar isso. Acho que separar-se de sua porção humana foi uma forma de recuperar o tempo perdido.

            A anciã concordou e se afastou para o pomar, deixando o grupo da Devil May Cry ainda sentado à mesa do jardim. Nico olhou para o farol:

—Nosso tempo aqui está no fim. Com a total recuperação de Nero, temos um negócio para retomar...

            Kyrie falou:

—As crianças devem estar morrendo de saudades! Não vejo a hora de abraçá-las!

            Dante olhou ao redor:

—Foi uma aventura e tanto. Espero voltar aqui numa outra ocasião e ver o que o meu irmão vai aprontar.

            Nero baixou o olhar:

—Ele... Não virá com a gente, não é?

—Não, garoto. Vergil precisa disso. Ele já esteve sozinho tempo demais e, além disso, poderemos vir aqui pra visitar Inanna e a Maud! Pelo visto, você terá uma madrasta!

            Todos riram e pouco antes do horário do almoço, Dante deu a notícia ao irmão que estavam de partida. O vilarejo de pescadores veio se despedir e presenteou o grupo com pescados, a bebida que agradou Dante e Nico e caixas com frutas colhidas no pomar do santuário a pedido de Maud.

            Nero havia trazido o livro que Vergil deixou com ele antes de partir para o submundo. Ele apresentou o objeto para seu pai e V tocou a capa com um olhar saudoso:

—Cuidou bem dele...

—Você me pediu, se lembra?

            V recebeu o livro e abriu algumas páginas, sussurrando trechos e sorrindo. Seu coração acelerou ao se imaginar lendo para Inanna aquelas palavras preciosas.

A balsa vinda do continente já surgia no horizonte e a artesã manobrou a van pela trilha que levava ao ancoradouro. Para a surpresa de todos, o homúnculo de V seguiu até a estrutura de madeira e entrou no mar, posicionando-se debaixo dela, dando suporte para que a van seguisse em segurança até entrar na balsa.

            Quando a van deixou o ancoradouro, todos aplaudiram e o familiar saiu da água, recebendo um afago de Inanna:

—Muito bom! Muito bom!

            A criatura encolheu-se e fechou o único olho, satisfeita com o carinho recebido.

V olhou o jovem caçador e sua noiva e disse:

—Foi um tempo precioso que passamos, meu filho... Quero visitá-los em breve, mas por agora, venham aqui...

            O homem abraçou o filho, afagando-lhe as costas com carinho. Nero fechou os olhos e sorriu. Depois Kyrie recebeu o abraço de V e ele falou:

—Obrigado por fazer meu filho tão feliz. Ele é um homem afortunado.

            Se separaram e logo veio Maud que abraçou Kyrie e Nero. Então foi a vez de Nico se despedir da anciã:

—Obrigada por cuidar de nós! Venha conhecer nossa casa em Fortuna!

—Será um prazer, Nico.

            Inanna se aproximou das moças e Kyrie sorriu ao abraçá-la:

—Você está radiante, Inanna! Estou tão feliz pelo que aconteceu!

            Nico abraça a jovem em seguida:

—Não sei como vai fazer isso, mas mantenha contato conosco, garota!

            Inanna sente lágrimas nos olhos e quando Nero se aproxima, ela o abraça:

—Vou sentir tanta falta de vocês!

            Ele a aperta contra o peito:

—Estaremos em Fortuna, mas quero voltar aqui e trazer as crianças para conhecer você e meu pai. Obrigado por tudo. Te devo a minha vida.

—Não me deve nada e serão sempre bem-vindos! Enuma é sua casa também!

            Nero beija a testa da moça:

—E Obrigado por amar meu pai... Ele precisava disso.

            Ela sorriu e se afastou. Naquele momento, Dante se aproximou e segurou a jovem mulher pelos ombros:

—Agora que é da família, vai ter que pagar a pizza na primeira visita que nos fizer em Red Grave!

            V exclamou:

—Dante! 

            O caçador riu e abraçou Inanna:

—Tô zoando, menina! Mas o lance da família é sério! Ser uma Sparda não é uma tarefa fácil, ainda mais se seu par é o Vergil!

            V se aproximou e puxou a jovem do contato com Dante:

—Tenho que vigiar você o tempo todo?

            Os homens se encararam em silêncio. Dante suspirou e baixou o olhar:

—Estranho olhar pra você e ainda conseguir ver o Vergil.

—Gentileza sua dizer algo do tipo...

            Dante avançou e abraçou o irmão. V o abraçou de volta e disse:

—A gente se vê, caçula. Sabe onde me encontrar de agora em diante.

—O mesmo pra você, Verge. Mas acho que vai ficar bem ocupado por aqui, então quando tiver uma pausa, dê uma passada em Red Grave. Cerveja e Pizza por minha conta.

—Vou cobrar.

            Eles sorriram e se afastaram. Dante se aproximou de Maud e segurou suas mãos:

—Até logo, Maud! Acho que finalmente sua ilha terá um pouco de paz, mas não se livrou totalmente da Devil May Cry! Capisci?

—Espero que não, Dante! Sempre será bem vindo aqui! Obrigada por tudo!

            Ele acenou e rumou para a balsa, seguido dos outros. Dante se aproximou da amurada e gritou:

—Ei, V! Ensinei algumas palavras para seu familiar voador! Acho que ele tem potencial!

            Os olhos de V se abrem muito e ele volta sua atenção para a ave pousada no ancoradouro. Os olhos inocentes do familiar se encontraram com os do homem e ele abriu o bico:

—Idiota!

            Inanna e Maud começaram a rir e V inclinou a cabeça para trás, derrotado:

—Eu devia saber...

            Subiram a trilha na direção do farol enquanto a balsa se afastava. Dante observou a ilha pela última vez, sentindo um tipo de nostalgia. Foi quando percebeu, na encosta que finalizava aquela parte de Enuma, uma figura de pé, observando a balsa se afastar. Ele estreitou os olhos e reconheceu a medicastra lá, mão erguida em despedida. Os cabelos e a túnica ao vento, os olhos dourados, a pele pálida e suave emprestando à figura um ar místico.            

            Dante ergueu uma mão. Ele sabia que era Rheia e ficou feliz por ela aparecer para se despedir dele. Sentiu-se tolo, mas seu coração ansiava por vê-la novamente um dia e com isso, ele virou-se e seguiu para a van, pronto tirar um cochilo até chegarem ao continente.

            Nas semanas que se seguiram, a Devil May Cry recebeu uma série de chamadas sobre presenças demoníacas surgindo em locais variados da cidade de Red Grave, mas nenhuma era uma ameaça que rivalizasse com a equipe de caçadores.

Dante pensou em Vergil muitas vezes depois dos eventos de Enuma. Pensou na sua metade demoníaca e o que estaria acontecendo com ela no submundo. Sabia que o que V sentia era compartilhado com a outra porção, então poderia dizer que Vergil estava feliz vivendo duas vidas que sempre desejou.

 

Continua...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O título Calmaria é totalmente o que vem a ser o capítulo.
Após todas as dificuldades, descobertas e escolhas, resta agora entender o que ficou decidido e seguir com suas vidas. Os personagens precisam desse momento para acertar as arestas, fortalecer os laços familiares.
Diante de uma profissão tão perigosa e cercada de horrores, a equipe de caçadores de demônios merecia um lugar para repor as forças e descansar a mente e o espírito. A oferta de Rheia, Maud e Inanna é providencial e Enuma agora se torna o refúgio dos heróis.
O romance entre V e Inanna se constrói devagar e gosto de pensar que o homem Vergil merecia isso. Como eu disse no capítulo anterior, Vergil Sparda é frio, sombrio e poderoso. Não consigo imaginá-lo "perdendo" tempo com coisas como um relacionamento amoroso.
E, Mea culpa, acho o personagem V muito legal pra ficar nas sombras pra sempre, como sugere o game.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.