DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 20
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Quando o Guerreiro Demônio Sparda se uniu à humana Eva, talvez já tivesse destinado sua prole a ser a próxima geração que levaria o legado de sua luta contra as forças do Submundo, almejando dominar o mundo dos homens.
Agora essa mesma geração segue criando novos caminhos, novas alianças e mudando ambos os mundos.



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Inanna estava no jardim, cuidando do canteiro de ervas curativas e Maud estava preparando o almoço com um pescado trazido por V. Lukas brincava com os familiares perto da mãe, distraída com sua tarefa.

A criança ensaiava os primeiros passos, balbuciando em sua língua de bebê, enquanto oferecia folhas e galhinhos para as criaturas que estavam ao seu redor. De repente, Lukas ergueu as mãozinhas miúdas e raízes se ergueram do solo, subindo acima da cabeça do pequeno. O simulacro de Griffon exclamou:

—Pequeno mestre! Pequeno mestre!

            Inanna virou-se e viu Lukas abraçado ao feixe de raízes que serpenteava ao seu redor. Ele sorriu e olhou a mãe, que cobriu a boca:

—Oh, meu querido!

            Inanna aproximou-se e tocou as raízes. Elas se encolheram e depois sumiram no solo macio, levando o menino a revirar a terra atrás delas com suas mãozinhas.

            Naquela tarde, V chegou do continente e desceu da balsa. Inanna estava na praia, sentada na areia esperando por ele. O homem trazia um baú e alguns sacos de tecido rústico. Seu rosto corado pelo sol e os cabelos já caindo sobre os ombros fizeram a jovem mulher sorrir:

—Bem-vindo! Achei que não voltaria até amanhã.

            Ele deixou as coisas no chão e foi até ela, erguendo-a nos braços:

—A balsa ainda não partiu! Eu posso voltar e...

            Ela sorriu ainda mais e falou:

—Você não vai a lugar nenhum, senhor Sparda!

            Inanna roubou-lhe um beijo e desvencilhou-se de seus braços, seguindo até a pilhas de coisas no chão e apanhando um dos sacos:

—Oh! Que tem aqui?

—Algumas encomendas do pessoal da vila. Deixe aí. Logo o Nightmare vem pegar tudo!

            Ela olhou o homem parado ali contra o sol do entardecer. Naquele momento, ele realmente parecia um pirata dos livros e Inanna corou ao pensar nisso. Percebendo o rubor na jovem, V sorriu e falou:

—Que tal se... Eu cortasse meus cabelos? Cresceram muito desde a minha chegada na ilha, não acha?

            Inanna se aproximou:

—Não. Eu... Acho que você fica bem com eles assim.

            Os olhos do homem se estreitaram e ele levantou uma sobrancelha:

—Porque sinto que tem algo mais nessa frase?

            Ela abraçou-o pela cintura:

—Deve estar cansado e faminto. Vamos subir? Tem um menino cheio de novidades pra contar ao pai.

            O sorriso de V à lembrança de Lukas aqueceu o coração de Inanna e seguiram pela trilha até o farol, onde encontraram Maud sentada à mesa do jardim oferecendo frutas para a criança.

           Ao ver o pai, Lukas agitou-se no colo da anciã e ela o colocou no chão com cuidado. Num instante, os familiares se aproximaram e ficaram perto do menino, o que chamou a atenção de V. Nisso, Lukas ergueu-se do chão e meio cambaleante, andou até o pai com passinhos curtos. Os cabelos prateados formando uma franja rebelde sobre a testa.

            V se ajoelhou:

—Oh, meu menino!

            Recebeu a criança nos braços e beijou sua fronte até o garoto começar a reclamar. V olhou para os familiares e em seguida para Inanna:

—Desde quando ficaram tão protetores com Lukas?

—Desde que ele começou a dar seus primeiros passinhos. Tem outra coisa também...

            V libertou o filho, que logo se agarrou ao pescoço de Shadow e passou a morder sua orelha, fazendo o felino ronronar. Inanna aproximou-se do companheiro e falou:

—Ele manipulou raízes no jardim hoje de manhã...

—Quer dizer... Ele fez com que se movessem ou...

—Elas cresceram do solo. Nosso pequeno tem o talento.

            V sorriu e coçou a nuca:

—Vamos ter que ficar de olho! Vou colocar uma proteção no último pavimento do farol. A menos que Lukas aprenda a voar no futuro, não vamos arriscar!

            A jovem mãe riu e foi até o filho:

—Hora do banho, filhote!

            Naquele momento, Nightmare entrou com um baú grande no santuário e deixou-o perto da mesa do jardim e recebeu de V alguns tapinhas nas costas:

—Valeu, meu amigo!

            O golem encolheu os ombros largos e saiu do santuário, enquanto Maud olhou com curiosidade para o objeto e V falou:

—Trouxe alguns livros novos pra sua coleção e sementes que com certeza vai gostar. Tem outra coisa que Nico me disse pra comprar e acho que Inanna vai enlouquecer quando ver...

            V abriu o baú e tirou o que havia comprado. No meio daquilo, uma caixa de metal fez a anciã franzir a testa:

—O que é?

—Um rádio transmissor a bateria e dínamo. Vamos poder contatar a van de Nico.

            Maud bateu palmas e sorriu:

—Bravo! Vamos poder falar com sua netinha Eva!

            O homem sorriu ainda mais. Abriu a caixa e retirou o equipamento:

—Vou montar isso. Tem um tipo de antena que vou instalar... Onde acha que podemos colocar o aparelho?

—Na biblioteca? Acho que lá ficaria bem acessível a todos.

—Bem pensado, minha velha!

            V deixou Maud com o restante das compras e subiu ao farol. Inanna apareceu no pomar com Lukas enrolado numa toalha. Ela viu a caixa e olhou ao redor:

—Onde foi o V?

—Vá na biblioteca. Deixe o pequeno comigo!

            Pouco depois, Inanna alcançou o último degrau da biblioteca e viu o companheiro pregando algo na parede:

—O que...

            Ele virou-se e apontou:

—Logo vamos poder usar isso...

            Ela cobriu a boca e pulou nos braços de V:

—Nero e Kyrie não vão acreditar! Vamos poder falar com Eva! Com todo mundo! Oh, meu querido!

            O beijo de Inanna tomou o homem de surpresa. Ele apoiou a testa na dela:

—Fico feliz de te ver assim, animada... Isso é importante pra mim.

            Ela sorriu:

—O que vai ser preciso pra esse aparelho funcionar totalmente?

—Algum código de reconhecimento da Devil May Cry... Nico vai saber como fazer isso direito. Mandei uma mensagem pra eles quando fui ao continente. Agora temos que esperar.

—Perfeito! Obrigada.

            V apanhou um tipo de manual que vinha com o aparelho. Ele olhou a mulher ao seu lado:

—Vamos aprender como mexer nessa coisa. Depois vamos ensinar a Maud.

            Quase uma semana depois da instalação do rádio transmissor, Maud lia na biblioteca, quando o aparelho começou a fazer um som intermitente. Ela exclamou e correu até a varanda do farol, gritando para Inanna, que alimentava Lukas na mesa do pátio, no jardim:

—O rádio!

            A jovem ergueu-se rapidamente, trazendo o filho no colo e subiu para a biblioteca. Apanhou o comunicador e lembrou-se do que V ensinou. A voz de Nico soou, divertida:

—Terra para Enuma! Terra para Enuma! Câmbio!

—Nico! É Inanna! Finalmente, podemos falar com vocês!

            Nico riu e Inanna pode escutar o resmungo de Nero ao fundo. A artesã falou:

—Ok! Vou te passar o rádio! Cabeçudo!

            Inanna sorriu ao ouvir a voz do jovem caçador:

—Ei! Até que enfim meu pai fez alguma coisa pra resolver nossas distâncias! Como vão as coisas? E meu irmãozinho?

            Inanna e Maud alternaram-se no rádio comunicador com Nero, Kyrie e Nico. V estava com os pescadores em alto mar e só chegaria ao entardecer, o que deixou Nero chateado, apesar de saber que poderiam se falar tão logo o pai voltasse da pescaria.

            Ao entardecer, V chegou cansado, mas satisfeito com o resultado da pescaria. Para sua alegria, soube do contato da Devil May Cry pelo rádio comunicador e ligou imediatamente para falar com o filho mais velho.

            Desde o nascimento de Lukas, V passou a viver no farol com Inanna. O último pavimento do farol foi adaptado para o casal e deixaram o quarto de Inanna para Maud e ampliado para Lukas. Naquela noite, já deitados em sua cama, V mostrou um saquinho de juta, amarrado com um cordão de seda vermelha e a jovem o recebeu, curiosa:

—O que é?

—Um presente...

            Inanna abriu e em sua mão caíram pérolas, o que fez a mulher exclamar. Ela voltou os olhos para o companheiro e V sorriu, amoroso:

—Os pescadores me mostraram onde encontrá-las e eu mergulhei para buscar...

—São perfeitas... Deve ter sido muito perigoso!

—Pra quem enfrentou alguns demônios, o fundo do mar não chega a ser tão assustador! Um ou outro tubarão talvez, mas...

            Inanna pulou nos braços do homem e apertou-o contra si:

—Eu adorei o presente, mas não quero que se arrisque! Meu presente são você, Lukas e Maud. Eu não preciso de mais nada nesse mundo!

            Aquecidos pelo que sentiam, V e Inanna se entregaram um ao outro, lenta e silenciosamente. No pavimento abaixo, Maud cobriu Lukas e sorriu, feliz por sua filha e seu genro. Ela acariciou os cabelos do menino e sussurrou:

—Quem sabe... Vem aí uma irmãzinha?

            Na semana seguinte, a van da Devil May Cry apareceu na balsa que visitava Enuma. Surpresos, V e Inanna chegaram ao ancoradouro e receberam Nero, Kyrie, Nico e as crianças. Dante pousou um pouco depois, em sua forma Devil trigger, o que deixou V preocupado:

—Dante? O que...

             Kyrie e Inanna se abraçaram, as crianças em seus colos se olharam curiosas, erguendo as mãozinhas. Nero abraçou o pai e falou:

—Achei melhor trazer todo mundo pra cá. Vamos estar um tanto ocupados em Red Grave...

            Dante abraçou Inanna e V:

—Um idiota acreditou que era um grande feiticeiro e fez uma evocação... Agora temos que limpar a sujeira do cretino!

            Nero aproximou-se de Inanna e fez um carinho em Lukas:

—Ele cresceu bem, hein? Já faz alguma mágica?

Inanna olhou Kyrie e esta sorriu:

—Nossa menina está agitada ultimamente... Acho que alguma coisa está acontecendo!

            Nico aproximou-se e socou o ombro de V:

—Ei, poeta! Essa ilha está fazendo bem a você, hein?

            V riu e balançou a cabeça:

—Nico e seus elogios...

            Inanna sorriu:

—Nico!

—Ei, menina! E o filhote? Cada vez maior! O que andam dando de comer a ele?

            Nisso, as crianças do orfanato correm até a trilha que subia na direção do farol. A medicastra descia calmamente e recebeu os pequenos com um sorriso gentil. Maud estava logo atrás, surpresa com a visita inesperada.

            Dante baixou o olhar e suspirou. Rheia aproximou-se, beijando a testa de Lukas, Eva e saudando os visitantes:

—Fico feliz que tenham trazido Kyrie e as crianças para Enuma. Elas ficarão seguras aqui.

            V encarou Dante:

—A coisa é realmente feia?

—Nada que já não tenhamos enfrentado antes, mas foi magia da pesada...

            Nero esticou os braços:

—Vai ser bom pra esquentar os músculos! As coisas têm andado meio tediosas nos últimos meses!

            Kyrie exclamou, aborrecida:

—Nero!

            Ele sorriu e piscou para a esposa. Nisso, uma fenda brilhante se abre no céu acima do grupo e a forma escura e alada de Vergil salta para a areia da praia. Todos ficam surpresos e o demônio caminha, altivo, na direção deles.

            V se adiantou e ambos se encararam por alguns segundos. Dante se aproximou e falou, animado:

—Ora! Quem é vivo, sempre aparece! Como está o clima do outro lado?

            A forma demoníaca de Vergil falou com voz gutural:

—Ainda o falastrão de sempre, irmão...

—Faço o que posso! Soube das novidades?

—Eu senti os efeitos do ritual... Pra variar, os humanos não sabem quando parar...

—Por isso, estamos aqui, não? Você vem?

—Pode ser divertido...

            Inanna olhou para Vergil e ele curvou-se, educadamente, fazendo a mulher sorrir. Lukas encarou o Sparda e resmungou algo, fazendo Vergil se aproximar. Ele ofereceu um dedo para o menino, que o segurou, curioso e sem temor:

—O filho de minha humanidade parece bem...

            Inanna olhou o filho com carinho:

—Ele é saudável e feliz.

—Isso é bom...

            A jovem ergueu o olhar para Vergil:

—Eu não pude me desculpar por ter sido tão rude e agradecer por... Permitir que eu e V...

—Foi o melhor a ser feito. Não se incomode com isso.

            Dizendo isso, Vergil seguiu até Kyrie e Nero. Eva ficou agitada e ergueu os bracinhos na direção do demônio, o que fez o grupo ficar surpreso. Dante riu:

—Ei, mano! Acho que mais alguém não ficou com medo da sua cara feiosa!

            Vergil bufou e tocou as mãos da menina, que sorriu e balbuciou algumas palavras. Os olhos de Eva eram violeta e os cabelos lisos denunciavam que ela era realmente uma Sparda.

O guerreiro falou para Kyrie:

—Esteja atenta... Sua criança vai se manifestar ainda precoce... O poder de Sparda é forte nela, assim como em Nero.

            Kyrie concordou:

—Estamos esperando por isso...

            Rheia sorriu suavemente quando o guerreiro demoníaco inclinou-se para ela:

—Deusa.

—Saudações, Vergil.

            Nico foi até a van, ainda estacionada na balsa, tocou a buzina e gritou:

—Certo! Certo! Chega de reuniões familiares! A balsa não vai esperar pra sempre e temos muitos traseiros demoníacos pra chutar! Vamos, cambada!

            Nero se despediu e saltou para a balsa, Vergil o seguiu.  Dante ficou um pouco mais, falando com V:

—Lady e Trish estão esperando na sede em Red Grave. Eu o convidaria para ir conosco, mas com seu alter ego aqui, acho que podemos deixar essa turma aos seus cuidados!

            V sorriu e falou:

—Não nego que gostaria de ajudá-los nisso, mas fico em boa companhia... Essas damas vão proteger esse poeta de se meter em encrencas!

            Dante sorriu e afastou-se. Então viu Rheia, parada ali, olhando para ele. Desde a chegada dela, o caçador evitou se manifestar, ainda sensibilizado pelo último contato que teve com a Deusa.

            Maud piscou para Inanna, V e Kyrie e se afastaram para a trilha rumo ao farol. Dante percebeu aquele movimento e falou, mãos cruzadas atrás da nuca, olhando para lugar nenhum:

—Pelo que vejo, Enuma tem se tornado seu habitat permanente, não?

            Os olhos dourados da entidade se voltaram para o farol:

—De todos os lugares no mundo todo, minha força aqui se renova. É caloroso e agradável... Há muita vida aqui.

—Somente isso?

            A Deusa voltou sua atenção para Dante e ele sorriu:

—Preciso ir, Deusa... É bom vê-la de novo. Adeus.

            Dante se virou e caminhou para o ancoradouro. A balsa já se afastava da praia, ganhando o mar aberto. Rheia colocou a mão sobre o peito e baixou o olhar, afetada pela presença do caçador.

            Quando estava pronto para assumir sua forma devil trigger, Dante ouviu:

—Cuide-se, caçador! Volte bem...

            Dante virou um pouco a cabeça. Sua visão periférica captando a imagem esguia e suave da entidade ali parada:

—Você vai estar aqui?

            Rheia ergueu o olhar, surpresa. Um sorriso sutil tomou sua face pálida:

—Sim.

            Sorrindo, Dante caminhou para a borda do ancoradouro:

—Eu volto.

            Ele mergulhou no mar e sumiu sob as águas. Num segundo depois, a forma demoníaca do caçador subiu do mar para o céu com um grito animado que foi ouvido por quem estava na encosta da ilha e na balsa.

Vergil e V tiveram o mesmo pensamento e sorriram:

—Jackpot!

            Fim.


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Notas finais do capítulo

Enfim, o fim!
Nem vou contar quantas vezes li e revisei esse texto. Nem vou repetir que foi desafiador encontrar o tom dessa história. Corria o risco de fazer um final um tanto novelesco, mas me lembrei que se trata de Devil May Cry e nunca pode faltar um pouco de luta, afinal esses rapazes são guerreiros e amam uma boa briga.
Achei que o malvado favorito Vergil tinha que dar o ar de sua graça, então ele apareceu.
Adorei escrever a Nico e Dante. Acho que eles são os personagens mais vivos do game, sempre com suas tiradas, não se levando a sério e não esquentando a cabeça com nada no geral.
V é humano aqui. Apesar de sua ligação mental e espiritual com sua metade demônio, é o Vergil quem domina os poderes de Sparda e não quis colocar o poeta com "poderes" só pra "boizar".
Os familiares renascidos do sonho de V não pertencem a ele totalmente, também são parte de Inanna e agora quem vai mandar neles é Lukas.
Eu poderia estender a fic, mas acho que parar por aqui é o mais sábio a fazer.
Críticas, opiniões e ideias são bem vindas e espero que todos tenham se divertindo lendo minha história. Como sempre, é um prazer escrever para vocês e uma forma de manter a mente ativa num mundo cada vez mais exigente e desgastante que é o real. A fantasia é o oásis para a almas cansadas!
Fiquem bem e obrigada por sua preciosa atenção.



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