DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 13
Aliança-parte 02


Notas iniciais do capítulo

Enuma e o Santuário se apresentam como um oásis para os visitantes. Porém a mística do lugar está sofrendo algum tipo de influência derivada da presença de V dentro dos portões do farol.
Vergil se dará conta disso?



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O grupo comeu e conversou por um tempo, sempre com Dante contando as situações mais absurdas e divertidas pelas quais passou na Agência Devil May Cry. Maud também contou de suas viagens ao continente antes de estabelecer definitivamente em Enuma. Foi então que ela mencionou o dia que conheceu o Cavaleiro Negro Sparda.

            Todas as atenções se voltaram para a anciã. Até mesmo Vergil, à distância, ergueu os olhos para o jardim e esperou. Maud tomou outro gole do vinho e falou:

—Foi uma viagem longa após um tempo de luto pelo que passei. Precisava entender aquela nova fase de minha vida. Eu visitei uma cidade que fazia fronteira com a região desértica, no Oriente eu acho. Ali passava toda sorte de viajantes e também era ponto de comércio de mercadorias de todo o continente. Eu estava aprendendo sobre curas e terapias, assim poderia encontrar o que precisava nesse lugar diversificado. Foi então que uma caravana passou pelo centro. No carro principal viajava um homem elegante. Parecia pertencer a alguma família nobre e muitos se curvavam durante seu trajeto.

            Perguntei a um vendedor quem era o cavalheiro e o homem mencionou que o nobre era um guerreiro valoroso que lutou contra hordas de demônios. Seu nome era Sparda e uma lenda dizia que ele viera do submundo e passou a defender a raça humana.

            Maud suspira. Dante e V tinham os olhos pousados na mesa, pensativos. A Anciã sorriu de leve:

—Eu permaneci na cidade enquanto a caravana de Sparda esteve lá. Eu o segui em todos os lugares e descobri o que comprava, onde comia ou dormia, com quem falava. Por um tempo fiquei fascinada por sua figura enigmática, até que uma noite, enquanto eu caminhava de volta à estalagem onde me hospedei, fui abordada por ele. Devem imaginar o susto que levei, mas também fiquei exultante por ter chamado a atenção daquela importante pessoa.

            Caminhamos por um tempo, conversando sobre uma porção de coisas relacionadas à política dos continentes, ciências ocultas e sobre o mundo inferior. Ele perguntou se eu o temia e disse que não. Estava aliviada por saber que ele estava do nosso lado. Então ele mencionou uma mulher, Eva, que ele conheceu e a quem admirava. Pela primeira vez eu o vi sorrir. A caravana partiu ao amanhecer e eu segui meu caminho. Agora vejam só! Hoje eu estou jantando com seus filhos e neto, que foi cuidado em nossa querida ilha. A vida é algo fascinante!

            Dante ergueu o copo:

—Um brinde à Maud. Sua história ganhou...

            Todos ergueram os copos e o céu tremeu com um trovão. Maud suspirou:

—Ela chegou! Mas generosa, nos permitiu jantar em paz por um tempo precioso.

            Inanna se levantou e foi até a mãe:

—Vá descansar. Eu cuido da mesa e arrumo tudo na cozinha...

            Maud sorriu e beijou o rosto da filha:

—Meu tesouro mais precioso... Esta velha teve muita sorte de te conhecer.

            Todos saíram da mesa e Nico cutucou Nero:

—Acho que o vinho está fazendo efeito na Maud...

            Um sorriso bobo no rosto corado de Nero fez Nico cair na gargalhada:

—Minha nossa!

            O rapaz balançou a cabeça e foi até Kyrie. A moça riu ao ver o namorado um pouco alterado:

—Acho que é hora de você se deitar também!

—Estou muito bem, senhorita! Sou um Sparda! Acha que esse vinho fraquinho pode...

            Ele para de falar e boceja. Kyrie o abraça e o puxa na direção do farol:

—Fim de conversa!

            Dante apanha o caldeirão e leva de volta para a cozinha. Nico recolheu as tigelas e talheres e Inanna permaneceu, recolhendo os copos. V aproximou-se:

—Deixe-me ajudar você.

            Ela ergueu o olhar para ele:

—Oh! Por favor, não se incomode, Senhor V.

            Ele tomou a jarra de água e a garrafa de vinho da mesa e seguiu para a cozinha. Inanna limpou a mesa e foi em seguida. Dante estava parado junto à porta e bocejou:

—Acho que aquela cama está me chamando. Inanna! Você e sua mãe estão no topo da minha lista. Obrigado pelo jantar divino!

            Inanna sorriu e voltou sua atenção para o vasilhame a ser lavado. Dante olhou para V, ali parado em silêncio:

—Irmão... Que tal dar uma mão à nossa anfitriã? Afinal estamos bem alimentados e aquecidos por causa dela e sua mãe!

            V se aproximou da pia:

—Por onde começamos?

            Inanna viu Dante saindo rapidamente e bufou, mas a voz de V a trouxe de volta aquela situação. O homem ao seu lado arregaçou as mangas da blusa e começou a retirar o resto de comida das tigelas, jogando tudo no que parecia ser uma lixeira da cozinha. Inanna suspirou, derrotada, e começou a ensaboar os vasilhames, enxaguando e depois passando para V, que os enxugava. Era uma atividade rotineira para a jovem, mas a presença do homem ali a tornava algo incomum.      

            Vergil sentiu os primeiros pingos da chuva e voltou seu olhar para o farol. Seguiu pela trilha abaixo rumo à casa do pescador e foi recebido pelo homem, convidando a se recolher. No quarto agora ocupado apenas por Dante, o guerreiro se acomodou na cama e fechou os olhos.

            Dante falou com a voz pesada por causa do vinho:

—Se eu não o conhecesse o suficiente, diria que está provocando a moça...

            Vergil abriu os olhos:

—Não vejo nenhuma utilidade nisso.

—Você não... Sua metade humana. Ele está muito à vontade com isso, não acha?

            Dante se virou de lado e pouco depois, Vergil ouviu um leve ronco do caçador. Lá fora, a tempestade caiu com toda a força, onde trovões e relâmpagos faziam tremer a pequena ilha.

            Inanna guardou o último copo e voltou sua atenção para o homem parado à janela, observando a chuva torrencial. Ela aproximou-se e olhou para fora também. Então falou:

—Agradeço a ajuda.

—Foi um prazer.

            A jovem foi até a porta e ergueu a mão, deixando a água da chuva encharcá-la. O vento frio fustigava seu vestido e tranças, mas ela não se incomodou. Olhou o jardim logo abaixo e as árvores do pequeno pomar desaparecendo por trás da cortina espessa da chuva. V aproximou-se dela a poucos passos e falou:

— Acho que estou preso aqui até que essa tempestade passe... Isso incomoda você?

—Não. Fique à vontade. Talvez encontre algo que te distraia na biblioteca...

            O rosto de V se iluminou com um sorriso quase infantil. Ele curvou-se num comprimento:

—Então me despeço, senhorita. Obrigado pelo delicioso jantar. Boa noite...

            E subiu para o próximo andar rumo à pequena e preciosa biblioteca de Maud. Inanna permaneceu ali, olhando a noite escura que avançava e a tempestade que parecia ainda mais forte. Algo se agitava em seu interior.          

            Passava da meia noite quando a chuva reduziu seu volume, caindo suavemente. Inanna abriu os olhos e percebeu que estava sentada no chão, encostada ao batente da porta. Ela olhou o jardim e percebeu uma leve luminosidade entre as plantas. Levantou-se e caminhou devagar, a chuva fina umedecendo sua túnica.

            Na biblioteca, V estava deitado no chão, um livro aberto sobre o rosto e sua respiração profunda e contínua indicando que dormia. Ele moveu-se em pequenos espasmos. Um sonho tomando forma em sua mente.

            Inanna chegou até onde havia moldado as esferas de terra e percebeu que estavam destruídas. Uma estranha gosma luminescente escorria delas e a jovem tocou aquilo:

—O que...

            Então ela escutou o som de guinchos e trinados suaves vindo das folhagens mergulhadas na escuridão. Inanna recuou devagar e percebeu pontos brilhantes entre as plantas, mirando-a intensamente.

No farol, sonhando, V se viu sentado no jardim estendendo a mão para algo que se escondia. Ele viu pontos brilhantes e chamou:

—Venham!

            Ao mesmo tempo, Inanna percebeu pequenas formas se movendo para fora do escuro e encheu-se de medo. Virou-se para correr, mas algo segurou um dos seus pés e ela caiu sobre as folhagens. Ouviu o bater de asas como se algo tentasse levantar voo e virou a cabeça para trás. Seus pensamentos trouxeram a lembrança do parasita invasor que atacou Nero e ela invocou as raízes ao redor, mas nada aconteceu. Uma nova atividade surgiu na vegetação ao lado dela e Inanna abriu muito os olhos. Um único ponto lilás brilhante piscou para ela.

            V sorriu em meio ao sonho quando três formas familiares se aproximaram dele. Uma lembrava um pássaro, as outras um gato e um homúnculo.

            Na casa do pescador, Vergil abriu os olhos e sentou-se de uma vez na cama. Olhou ao redor e saiu do quarto para fora, para a chuva fina que caía. Seus olhos focaram no farol e ele murmurou:

—Porque está sonhando com eles? O que está acontecendo aqui?

            V acordou após sentir o alerta de sua outra metade. Ele pestanejou e levantou-se. O único som ao redor era o da chuva. Desceu à cozinha e não havia sinal de Inanna. Então ele viu um estranho movimento no jardim e ficou apreensivo:

—O que ela está fazendo?

            Ele correu e viu a jovem deitada, imóvel e encolhida em meio à terra encharcada. V aproximou-se, preocupado:

—Ei! Inanna?

            De repente, encolhidos entre os braços dela, totalmente aninhados a seu corpo, estavam três seres semelhantes à Griffon, Shadow e Nightmare, mas pequenos e pálidos, como filhotes. V caiu sentado no chão, assustado. Então Inanna virou seu rosto na direção do homem, os olhos dourados. A voz dela era como o som da chuva:

—Mi proponas sonĝojn anstataŭ tio, kio iam estis la kaŭzo de doloro. Ili proponis sin por via elaĉeto. Mi ne malŝparis tiun oferon.

*Eu ofereço os sonhos no lugar do que um dia foi causa de dor. Eles se ofereceram para sua redenção. Eu não desperdicei esse sacrifício.

            Lágrimas tomaram a face pálida De V e ele segurou o peito com força.  À porta da cabana do pescador, Vergil cobriu a boca, surpreso, sentindo o rosto e os olhos ardentes. Ele ouviu e compreendeu cada palavra naquela língua estranha, talvez esquecida no tempo e cujas origens se estendiam do firmamento às profundezas da terra.

            A claridade da manhã obrigou Inanna a abrir os olhos e ela sentiu o corpo aquecido. Piscou algumas vezes para melhorar o foco e notou braços ao seu redor. Deitado ao seu lado, abraçando-a por trás, V dormia. Ela moveu-se devagar, então notou que mais coisas se aninhavam junto a si.

Um pequeno pássaro branco leitoso, com penas finas que cobriam o corpo, ressonava na curva do seu pescoço. Junto ao peito, o que seria um filhote de gato robusto dormia com as patinhas para cima, totalmente aconchegado a ela. Um pouco abaixo, na altura do umbigo da jovem, encolhida estava uma criatura que não se parecia com nenhum animal. Parecia uma escultura grosseira de um homem corcunda, com membros inferiores e superiores desproporcionais.

            Atônita e presa àquela situação, Inanna tentou se levantar, mas V não se moveu. Ela virou a cabeça em sua direção. Os olhos dele pareciam levemente inchados e a moça franziu o cenho:

—Senhor Sparda?

            Ele gemeu baixo e afundou o rosto na nuca dela, entre suas tranças e ela sentiu o coração disparar:

—Quê? Oh, não! S-Senhor Sparda! V!

            O homem abriu os olhos devagar e suspirou. A primeira coisa que percebeu é que estava deitado no chão úmido. Que sentia um calor reconfortante em seu peito e estava envolvendo a cintura de um corpo pequeno e esguio com seus braços tão intimamente, que podia sentir os batimentos do coração da pessoa.

            V arregalou os olhos e abriu os braços, erguendo-se de uma vez e recuando para trás, ainda sentado no chão enlameado. Ele olhou ao redor e exclamou:

—O quê? O que estou... Oh!

            Inanna ainda permaneceu deitada de costas para ele, as mãos cobrindo o rosto. V aproximou-se devagar:

—Você está bem? O que aconteceu?

            Ela ergueu meio corpo e as figuras aninhadas a ela gemeram baixinho, reclamando. V exclamou:

—Não foi um sonho!?

            A jovem moveu-se devagar para não importunar as criaturas que continuaram dormindo. Ela voltou seu rosto na direção de V e seus olhos estavam castanhos, visivelmente cansados e ela falou com voz embargada:

—Vá embora...Por favor.

            Ele se levantou. As roupas sujas de terra e os cabelos grudados na testa e rosto davam a V a aparência de um náufrago. Inanna ajoelhou-se e afastou as criaturas amontoadas entre si buscando calor enquanto ainda permaneciam dormindo:

—Isso não foi um sonho meu... São... Lembranças suas! Estão se manifestando através de Enuma... Através de mim!

            Vergil surgiu na entrada. Seus olhos estavam mais brilhantes que o normal e ele encarou V:

—Hora de voltar.

            V cerrou os punhos e seus olhos se estreitaram, furiosos:

—Estou numa situação aqui... Eu decido quando voltar.

            Inanna ergueu o olhar, assustada ao presenciar o conflito entre eles. Ela levantou-se e avançou contra V, tentando empurrá-lo:

—Eu já disse! Vá embora! Volte de onde veio! Volte para sua...

            Sua voz morreu no meio da frase. Ela cambaleou, mas V a segurou pelos ombros:

—O que...

Continua...


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Notas finais do capítulo

*********Aviso de Spoilers******

Sim, meus caros.
Não resisti à tentação de trazer de volta os familiares mais queridos do jogo Devil May Cry 5. Eles se sacrificaram numa luta com Dante para que Vergil ficasse livre das memórias de tortura durante sua prisão com Mundus e seu tempo como Nero Angelo. Esse sacrifício, pra mim, foi prova de afeição desenvolvida por essas criaturas para com o humano V.
Nada mais justo que devolver a eles a chance de viver também livres das máculas que os tornavam uma essência derivada do mal.
Nesse momento eles são como recém nascidos e vão trazer muitas impressões a todos os presentes no Santuário.
Só pra finalizar, eu adoro esses familiares do game e a história deles fica melhor depois de ler o mangá "Visões de V".



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