DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 11
Conversa com Gaia-parte 02


Notas iniciais do capítulo

A presença de Vergil e sua dualidade afetam o equilíbrio de Enuma e Inanna. Sensível às ações do Sparda num passado recente, a jovem percebe mudanças em seu equilíbrio e teme o que isso possa fazer ao santuário. Nesse momento, ela busca o conselho de uma força maior que poderá interferir cada vez mais em Enuma.



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Era madrugada, pouco antes do amanhecer, quando Inanna acordou. Ela moveu-se e observou a medicastra imóvel ao seu lado. O ponto de ataque do ser maligno no peito da criatura se movia, onde um tipo de fibra regenerava a pele vegetal. A jovem se levantou e desceu as escadas, seguindo para o jardim.

            Ela havia tido um sonho onde coisas andavam entra as folhagens, revolviam a terra e espreitavam em silêncio, esperando por ela. Inanna estava atenta e foi até o monte de terra, quando viu três torrões escuros. Ela sentou-se e tocou-os, sentido que estavam mornos, quase quentes.

            Apanhou o primeiro e fechou os olhos. Como no sonho, a criatura tinha pequenas asas e se debatia. Inanna moldou a terra numa esfera e colocou de volta no chão. O próximo monte trouxe à sua mente a forma de uma criatura de quatro patas e ela repetiu a ação do anterior. O último monte de terra não trazia lembrança de alguma forma conhecida, mas uma criatura amorfa e curvada para frente, cujos membros eram desiguais em suas proporções. Nova esfera de terra e Inanna ficou observando o que havia feito.

            Ela não entendeu porque sonhou com aquilo e o que queria dizer, mas achou que era o correto a se fazer. Olhou-se e suspirou:

—Estou parecendo uma porquinha coberta de terra...

            Saiu dali e seguiu para um ponto do pomar onde poucas pessoas conheciam o caminho da nascente que ficava sob o farol. A decida de pedras havia sido suavizada para que Maud não caísse e o acesso era relativamente fácil. Inanna desceu e o local estava mergulhado na escuridão.

Ela despiu-se e entrou no poço de água cristalina, fechou os olhos e recostou-se na margem, ficando com a cabeça e parte dos ombros do lado de fora. Então uma leve luminescência surgiu entre as raízes que cobriam as paredes de rocha e algumas que entravam na nascente. Inanna abriu os olhos em transe e eles estavam completamente dourados.

Ela ouviu vozes sussurrando, lamentos e gritos ao redor. Ouviu risadas, gemidos e outros sons que somente seus ouvidos podiam captar. Uma voz profunda e retumbante ressoou dentro dela, fazendo vibrar a superfície da piscina natural:

Nantosuelta... Filino de mia kreaĵo. Mi sentas, ke estas fajrero de dubo kaj timo en via kuraĝa koro. Kiam ĝi estis semita kaj nun ĝi kreskas kiel fiherbo? (“Filha da minha criação. Sinto que há uma centelha de dúvida e temor em seu coração valoroso. Quando isso foi semeado e agora cresce como erva daninha?”)

            A jovem suspirou e fechou os olhos. A voz parecia o reverberar do solo como em um terremoto. Inanna falou:

—Eu sinto e temo um vento diferente que sopra sobre Enuma... Sobre mim. Sinto que minhas raízes estão fracas e posso cair.

Ĝiaj radikoj estas en mi. Mi apartenas al vi, kiel vi apartenas al mi. Alia vento povas ankaŭ disĵeti la semojn de mia kreaĵo. Supre kaj sube, miaj domajnoj povas atingi. Mia tutaĵo ne povas esti dividita. ("Suas raízes estão em mim. Eu te pertenço assim como me pertence. Um vento diferente também pode espalhar as sementes de minha criação. No alto e no abaixo, meus domínios podem alcançar. O meu todo não pode ser dividido.")

            A jovem mergulhou e ficou um tempo sob as águas frias. Ela podia sentir a vibração, a energia que atravessava sua pele e oferecia alento. Mais uma vez, a voz fez presença:

Mi ripozas sur la vojo, kie la perditaj sekvas. Mi proponas la kanton kaj la manĝaĵon. Ankaŭ tiuj, kiuj min subtaksas, servas al mi kaj finfine ĉiuj revenas al mi, vole aŭ ne. Mi proponas la semojn al vi, mia karega infano. Uzu ilin. ("Eu repouso no caminho por onde seguem os perdidos. Eu ofereço a canção e o alimento. Aqueles que me subestimam, também me servem e no final, todos a mim retornam, de bom grado ou não. Eu ofereço sementes a você, minha preciosa criança. Use-as.")

            Inanna se ergueu da água e inclinou-se:

—Eu vou meditar sobre isso...Obrigada.

            Ela saiu da piscina e vestiu suas roupas. Os cabelos agora caíam, pesados de água, até as panturrilhas e Inanna seguiu para fora da nascente. O frio da madrugada não a incomodava, então apanhou um cesto e colheu frutas diversas para o café da manhã dos hóspedes. Voltou para o farol e começou a preparar a ceia matinal.

            Maud foi a primeira a descer para o desjejum e encontrou Inanna trançando os cabelos ainda úmidos. A senhora aproximou-se e beijou-lhe a testa:

—Acordou mais cedo que eu?

—Não dormi muito. Adiantei a ceia e colhi algumas frutas. Nero vai sair do quarto hoje, não é?

—Sim. Ele está mais forte e corado. Vai fazer bem pra ele caminhar um pouco lá fora.

            Inanna vestia uma túnica longa até os tornozelos, deixando os ombros e o colo bronzeado a mostra. Maud perguntou:

—Esteve na fonte?

—Sim. Precisava me refrescar.  Eu... Tive um sonho estranho com ovos maiores que os de uma avestruz espalhados pelo jardim. Vi criaturas que se escondiam no santuário. Quando acordei e fui para o jardim, havia formas na terra semelhantes a torrões. Eu as remodelei... E ainda não sei por que fiz isso!

            Maud franziu as sobrancelhas, mas sorriu:

—Nossa velha ilha tem estado um tanto agitada nos últimos dias, não? Quando foi que tivemos tantas visitas?

            Inanna fez uma careta divertida:

—Durante a visita daquele fiscal do governo e seus policiais?

            A anciã riu muito e Inanna levantou-se da cadeira. As inúmeras tranças caindo-lhe pelas costas e ombros, partindo das laterais de sua cabeça harmoniosamente:

—Mãezinha... Aquele homem, V, é a metade humana do Sparda que o santuário não repeliu... Acha que devo permitir que entre aqui novamente?

—Isso é curioso... Mas se o poder do santuário não o percebeu como ameaça, não vejo mal algum em seu acesso. Além do que, ele pode ver Nero. Isso não podemos tirar dele como pai.

            Inanna ergueu os ombros e virou o rosto para a porta de saída:

—É uma coisa estranha, não? Uma pessoa odiar sua parte mais bonita...

            Maud sorriu:

—Acha a humanidade bonita, minha querida?

—Sim... Por ela podemos sentir as coisas de uma forma especial... os sons, sabores, cheiros, o frio, calor, prazer... Até a dor. É tão intenso! Eu não sei explicar, mas garanto que jamais abdicaria da minha pra ser outra coisa.

            A velha mulher sentiu o coração tocado pelas palavras de sua filha. Testemunha de todas as fases de vida de Inanna, Maud esperava ver a última fase de evolução daquele ser tão especial que amava com sua alma. Ano após ano, os poderes de Inanna alcançavam um nível mais alto. Ela não podia prever o que viria em seguida e de que forma isso mudaria Inanna, físico e mentalmente.

            Dante lavava o rosto numa cuba de pedra do lado de fora da casa do pescador. Ele olhou Vergil parado junto à porta, observando Nico, Morrison e as caçadores subirem a trilha rumo ao farol. A voz de Dante tirou o irmão de sua distração:

—Anime-se! Pelo menos o V pode passar pela entrada sem virar um novelo!

—Sabe que isso não seria capaz de me segurar...

—Eu sei. Mas também não gostaria de ter uma ilha inteira vindo pra cima de mim com tudo o que ela tem. Ia ser uma briga feia, Verge! Não viemos pra isso. Seu garoto logo vai voltar pra casa e poderá visitá-lo pelo tempo que quiser. Cabo de guerra no lugar que manteve seu filho vivo não é um bom jeito de agradecer.

            Vergil fez um som com a boca, evidenciando sua impaciência e falou:

—Vem ou não?

            Dante sorriu e jogou um pouco de água no gêmeo mais velho:

—A água está ótima! Pensei em tomar um banho de mar depois do café. O sol promete estar quente o bastante e olhe esse mar! Quando foi que passeamos na praia com nossos pais? Você se lembra?

—Tínhamos cinco anos. Você era o idiota que corria atrás das gaivotas.

            O caçador de demônios riu da lembrança e suspirou:

—Eu esqueci muita coisa daquele tempo...

            Vergil virou seu rosto para a direção do mar. O irmão viu um lampejo de dor brilhar nos olhos frios do guerreiro:

—Eu me recordo de cada momento...

            Então subiram em silêncio, lado a lado, até alcançarem a entrada do santuário.

            Nero vestiu uma camisa rústica de algodão com a ajuda de Kyrie. Ela ajeitou os cabelos dele e sorriu:

—Novo em folha.

            Ele suspirou:

—Meu pai está lá fora?

—Sim. Não saiu de lá desde que chegou aqui.

—Será que vou levar uma bronca? Do tipo: _Um Sparda nunca baixa sua guarda e permite o ataque inimigo! _ Ou...

—Nada disso... Agora vamos descer. Cansei de ficar presa nesse quarto!

            Ele piscou:

—Eu gostei muito de ficar aqui com minha namorada. Só nós dois e...

            Ela o virou e o segurou pelos ombros:

—Pra baixo!

            Empurrado por Kyrie, Nero desceu as escadas. Já na saída do farol, ele encontrou a equipe da Devil May Cry esperando e recebeu abraços calorosos de todos. Dante bagunçou os cabelos do sobrinho e Kyrie reclamou:

—Senhor Dante! Foi um custo domar esse cabelo rebelde!

—Terá tempo de arrumar de novo, querida! Deixe-me mimar o moleque!

            Nero riu e então voltou seu olhar para a entrada do santuário. Vergil estava parado, observando o grupo e então, seus olhos estavam em Nero. O jovem desceu as escadas devagar e saiu. A camisa cobria a ferida e Vergil se aproximou.

            Nero baixou o olhar e falou:

—Oi, pai...

            Vergil tocou o ombro do rapaz e avaliou-o dos pés à cabeça:

—Como se sente, Nero?

—Estou ficando mais forte... É bom te ver...

            Nero sentiu o rosto queimar e lágrimas encheram seus olhos. Ele avançou e abraçou Vergil, pego de surpresa com a reação efusiva do filho, para em seguida, fechar os braços ao redor dele. O momento é visto pelo grupo como algo totalmente inédito se tratando de Vergil, mas todos permaneceram em respeitoso silêncio, dando espaço para o encontro familiar.

            Nico enxugou os olhos e Kyrie a abraçou pelos ombros:

—É lindo, não é, Nico?

—É sim! Quem diria que o Vergil tem coração?

            Todos começam a rir e Nero se afastou devagar do pai, enxugando o rosto:

—Obrigado por estar aqui... Como soube o que aconteceu? Você e Dante estavam no submundo...

—Eu senti você me chamar...

—Sério? Eu fiz isso?

—Não se preocupe... Foi providencial. Dante pôde agir a tempo de evitar o pior...

            Nero sentiu a mágoa na voz do pai e olhou para a entrada:

—Porque está aqui fora?

—Esse lugar... Ele me impede de entrar. Longa história...

            Então Kyrie se aproximou, emocionada:

—Senhor Vergil! Bom dia!

            O guerreiro se inclinou para a nora e sorriu de leve:

—Senhorita...

            Ela tocou o rosto corado e Nero sorriu. A moça falou, entusiasmada:

—Vamos tomar o café da manhã do lado de fora, aproveitando o calor do sol e o frescor da brisa.

            Então, eles veem Maud e Inanna saindo do farol carregando bandejas cheias de guloseimas para o desjejum. Morrison e Lady correram para ajudá-las e seguiram para a mesa próxima ao jardim. Trish entrou com Maud para buscar o restante dos utensílios e alimentos, enquanto Inanna organizava a mesa.

            Dante aproximou-se da jovem e sorriu-lhe:

—Está diferente hoje! Gostei das tranças.

            Ela sorriu e continuou a organizar a comida. Dante suspirou:

—Eu... Queria me desculpar por ontem... A... medicastra...Quero dizer... Você... Aquilo foi tenso! Como sabia que daria certo?

—Eu não sabia... Tive uma intuição de que a coisa precisava se unir a algo pra ficar tangível. E o fato de que ela queria voltar para um corpo me fez pensar que, matando um hospedeiro, poderia levá-la junto.

—Isso foi arriscado!

—Mas eficaz... Fico feliz que entendeu minha ideia e isso foi crucial!

—Você... Está bem? Ficou ferida?

—Não.

—E a sua... Como devo chamá-la agora?

            Inanna podia sentir que Dante havia ficado muito impressionado com a medicastra:

—Rheia. Eu gosto de chamá-la assim.

            Ele pestanejou e riu:

—Quantos nomes você tem, afinal?

            Inanna riu:

—Senhor Dante... Aquele casulo está no terceiro pavimento do farol... Vá e mate sua curiosidade...

—Ah... Ela... Vai pular em minha garganta ou tentar me morder?

—É o que você quer?

            Dante ergue as mãos:

—Esqueça o que acabei de perguntar...

            A jovem sorriu e virou-se para a mesa, deixando o caçador seguir de volta para o farol, passando por Trish e Maud, que o olharam sem entender o semblante carregado do homem.

            Vergil observou a cena se desenrolar de onde estava. Ele avaliou o comportamento do grupo reunido e baixou o olhar. Nero percebeu e falou:

—Pai... Posso tomar o café da manhã aqui fora com o senhor e...

—Vá se sentar, Nero... Eu me junto a vocês dentro de alguns minutos...

            Kyrie puxou o namorado:

—Ouça seu pai! Vamos agora!

—Como assim? Ele não pode entrar e...

            Então Vergil desembainha a Yamato. Inanna viu o gesto e virou-se. O guerreiro encarou-a e mergulhou a espada no peito, fechando os olhos com força e caindo de joelhos.

            Inanna exclamou:

— O que... Oh!

            Nero entendeu a ação do pai e olhou para Kyrie, que sorriu e balançou a cabeça confirmando os pensamentos do jovem. Apenas Inanna, que não sabia do ritual de separação, desceu as escadas rumo à saída:

—Ei! O que está fazendo? Enlouqueceu?

            Então uma forma espectral surgiu frente a Vergil e materializou-se na forma humana de V diante da jovem. Ela recuou, assustada, mas pisou em falso no último degrau, desequilibrou-se e teve o corpo puxado de volta pelo homem.

            Ela bateu contra o peito dele, que segurou-a pelos ombros, fazendo a moça se manter de pé. A voz dele era mansa e grave:

—Desculpe o mau jeito... Machucou-se?

            Inanna encarou-o. Os olhos dela estavam muito abertos, como se tivesse visto um fantasma. Vergil se levantou e cruzou os braços, o rosto impassível.  Ela franziu o cenho e encolheu-se. Seus lábios tremeram e lágrimas se formaram nos olhos agora castanhos:

—O que você fez?

            Ela virou-se de uma vez e saiu escada acima, deixando V confuso. Maud tentou segurar a filha, mas ela afastou-se do seu toque, entrando no farol. Trish estava mais próxima da porta:

—Eu falo com ela.

            O grupo assistiu a cena sem entender e Nico apontou para V:

—Alguém está encrencado...

            V seguiu até a mesa e Nero aproximou-se:

—V!

            Nero o abraçou e o homem sorriu genuinamente:

—Oi de novo...

—Ei! Eu pensei que quando um está, o outro...

—Não me pergunte como estou aqui ao mesmo tempo em que minha outra parte... Mas se isso me permite entrar nesse lugar, não me importo.

            Nero sorriu e recebeu um aperto no ombro do alter ergo de Vergil. V saudou Kyrie e ela sorriu de volta, confusa com tantos acontecimentos ao mesmo tempo. Naquele momento, no segundo pavimento do farol, Trish encontrou Inanna sentada no chão da pequena biblioteca, contígua ao quarto, as pernas esticadas e os braços apoiados no colo, com os olhos úmidos e fechados:

            Trish sentou-se ao lado dela e falou:

—O que te assustou desse jeito?

—Aquele homem...Ele não tem ideia do que está fazendo?

—Como assim? Está se referindo ao ritual de separar-se de sua metade humana? Ele fez isso há um tempo, quando o demônio Urizen foi criado. Vergil se separou de V porque estava morrendo. Depois V voltou a unir-se com ele porque estava morrendo... Ah! É muito complicado!

            Inanna enxugou o rosto bronzeado e respirou fundo:

—Tem uma coisa... Eu nunca contei isso pra ninguém. Nem para Maud! Eu fico com medo que ela se preocupe demais e adoeça por minha causa...

            Trish ficou emocionada por Inanna confiar nela para algo que a incomodava. A jovem olhou as mãos:

—Quando a Qliphot nasceu, eu senti sua chegada. Eu senti as pessoas que foram sacrificadas quando essa aberração do submundo buscou sangue humano para crescer. Suas raízes malditas romperam a terra inocente e mesmo aqui em Enuma, eu podia ouvir os lamentos! Eu senti Urizen... Quando ele se alimentou do fruto maldito à custa de tantos inocentes. Quando eu disse que Vergil Sparda não pode entrar aqui, isso não é um capricho... O poder da própria Terra rechaça sua presença nesse santuário.

            Trish balançou a cabeça em entendimento:

—Mas porque V consegue atravessar, se faz parte do Vergil?

            Inanna limpou o rosto:

—Eu não sei... Mas esse ritual de separação é algo terrível! Ele... subverte um princípio de existência. Algo assim só ocorre quando existe morte.

            Trish abriu muito os olhos:

—Você quer dizer quando... Alguém morre e sua alma sai do corpo ou...

            Inanna concordou:

—A matéria morta não pode mais conter a essência que lhe deu vida... Chame de alma, espírito, ânima... Eu consegui ver esse fio se rompendo quando Vergil se empalou com sua espada.

—Mas V não é um fantasma...

—Não.

            Ambas de calaram, pensativas. Enquanto no pavimento superior, Dante estava sentado ao lado da medicastra. Ele havia rompido parte do casulo que cobria o rosto dela e observou o rosto pálido e delicado, mas completamente desprovido de alma. O momento em que a atravessou com Rebellion ainda queimava em sua mente e ele suspirou, derrotado:

—Não sei se fico aliviado ou se me sinto um completo idiota... Até o Vergil conseguiu fazer uma piada comigo!

            Ele se inclinou sobre a criatura:

—Eu ia me desculpar... Mas já fiz isso com Inanna...

            Dante se levantou e desceu as escadas. No trajeto viu Trish e Inanna sentadas no chão. Ele ergueu uma sobrancelha:

—Conversa de garotas?

            Trish sorriu e ergueu a mão. Dante puxou-a e depois ofereceu a mão para Inanna. Ela balançou a cabeça:

—Obrigada... Vou ficar por aqui mais um pouco. Vão comer! A ceia está uma delícia. Fui eu quem preparou...

            Trish segurou Dante pelo braço:

—Vamos, caçador! Quero provar a comida feita por nossa anfitriã!

            E saíram do farol, deixando a jovem sozinha. Ela levantou-se e apanhou um livro da prateleira, sem prestar atenção no título. Sentou-se de volta no chão e olhou a capa, uma biografia de Paracelsus já bem desgastada pelo tempo. Ela abriu uma página aleatória e enquanto lia, não percebeu passos se aproximando pela escada. 

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

A pequena ilha Enuma será palco de muitos acontecimentos. Devagar e sem perceber, todos ali vão sentir mudanças em seus relacionamentos interpessoais, principalmente Dante e Vergil. A entidade que falou com Inanna se apresenta como uma força elementar, ativa e poderosa. Muitos a tem como uma divindade e a reverenciam e respeitam.
Quando quis dar voz a essa criatura, pensei qual seria a língua mais interessante e que tivesse um som legal. Pesquisei a língua celta, alguma élfica e até pensei em criar um idioma pra ela, mas ia dar trabalho. Lembrei de uma palestra há uns 200 anos atrás que assisti e tive contato com o Esperanto, uma língua planejada criada em 1887 por um médico polonês. A ideia do Esperanto era se tornar a língua universal auxiliar, já que é a mescla de uma porção de outros idiomas. Achei que usar essa linguagem tinha tudo a ver com a entidade, que representa a natureza na trama.

Até o próximo capítulo.



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