DEVIL MAY CRY 5-Devil Never give Up escrita por Daniela Lopes


Capítulo 10
Conversa com Gaia-parte 01


Notas iniciais do capítulo

A verdade sobre Inanna e a medicastra é revelada aos caçadores de demônios. Apesar de jovem, a moça domina um poder surpreendente e isso impressiona os visitantes. O contato com V deixa algumas impressões em Inanna, mas ela também vai descobrir os segredos envolvendo Vergil Sparda.



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Inanna observou os dois homens conversando. Era estranho vê-los conversando e perceber que tinham trejeitos muito parecidos. V acenou para ela e avançou para Vergil. Uma explosão de luz se formou ao redor de ambos e V desapareceu.

            Inanna achou que fossem brigar a princípio, mas quando restou apenas o guerreiro, ela desceu as escadas e olhou ao redor. Saiu da estrutura e seguiu até a trilha:

—Onde...

            Vergil suspirou, aborrecido:

—Preciso que saiba de uma coisa...

            Ela se virou:

—Fez algo com ele?

—Sim. O trouxe de volta.

—De volta pra onde? Foi um portal?

—Não. De volta pra dentro de mim. Eu posso me dividir.

            Ela recuou. Vergil se sentou numa pedra próxima e olhou a moça:

—V e eu somos a mesma pessoa. Ele é minha porção humana... Herança materna. Foi ele quem me resgatou de Urizen e me trouxe de volta. Algo parecido com você e a medicastra. Dante me contou que ela é como um alter ego seu. Ela é sua porção mágica, não é?

            Inanna retornou para a estrutura. Incomodada, não quis continuar a conversa com Vergil. Ele balançou a cabeça:

—Está aborrecida porque consegui entrar em seu santuário?

            Ela parou no caminho para o farol e olhou para os pés:

—Não somos nada parecidos... Eu não descartei minha humanidade.

            Ela se afastou e sumiu pela entrada do farol. Subiu até a cozinha onde Maud preparava o jantar para elas, Nero e Kyrie. A anciã sorriu:

—O senhor gostou das roupas?

—Sim.

—O jantar está quase pronto. Colhi cogumelos saudáveis perto da nascente. Ficarão macios e suculentos. Acho que nossos hospedes vão gostar.

            Inanna apanhou um copo de água e ficou bebericando, pensativa. Maud tocou seu rosto:

—A presença do senhor Vergil ainda a incomoda. Devia relevar essa condição. E o outro cavalheiro? Parece uma boa pessoa, não?

Inanna suspirou:

—Sparda e ele são parte da mesma pessoa.

—Como?

—Ele é a metade humana de Vergil Sparda. Eu ainda não sei toda a história, mas o que aconteceu com eles foi uma coisa impensável.

            Maud cobre a boca:

—Então aquilo que me disse como medicastra... A fissura, a sombra que o acompanha.

—Ou outra coisa que foi libertada também. Estou com medo, mãe...

            A anciã sorriu tentando confortar a filha adotiva:

—É só uma impressão ruim de algo do passado, querida. Temos o senhor Dante e as caçadoras conosco. Se houver algum perigo, eles vão intervir, com certeza!

            Inanna assentiu e subiu as escadas para o quarto. Lá viu Nero e Kyrie abraçados, dormindo profundamente. A visão de ambos, envoltos nos braços um do outro, acalmou o coração de Inanna e ela sorriu. O poder que fluía na jovem partia do princípio da criação, da abundância e fertilidade. Cada ser vivo estava apto para ser uma força motriz da vida, da evolução. Ela aproximou-se e acariciou os cabelos de Kyrie e depois de Nero.

            Sorriu mais uma vez e soprou sobre eles. Ambos sorriram ao mesmo tempo, como se estivessem embalados por um sonho agradável e assim, Inanna afastou-se para o pavimento acima. Ela seguiu por entre raízes que se espalhavam da parede ao chão e ganhou um espaço aberto onde jazia o casulo em que a medicastra repousava.

            A criatura estava imóvel, como se dormisse. Inanna sentou-se ao seu lado e tocou no rosto dela por sobre a fina rede de raízes. Ela observou que seu alter ego se regenerava devagar. Nunca haviam enfrentado algo parecido e Inanna tocou o próprio peito, ainda sentindo a pressão do ataque do ser maligno.

            Se essa era a realidade da equipe da Devil May Cry, então eles corriam risco de vida todo o tempo, enfrentando e se ferindo constantemente. Como conseguiam viver daquele jeito? Ou talvez sua condição não oferecia escolha.

            Inanna inclinou-se e apoiou a cabeça no peito da medicastra. Fechou os olhos e murmurou:

—É solitário aqui em cima, não é?

            A jovem tocou o próprio peito e suspirou:

—É solitário aqui dentro também...

            Adormeceu em seguida, abraçada à criatura. Enquanto, no andar abaixo, Nero abriu os olhos e observou o rosto da namorada próximo ao dele. Sorriu e sussurrou:

—Kyrie...

            Ela pestanejou e moveu-se, sentindo-se presa ao abraço dele:

—N-Nero!

            Ela sentou-se de uma vez e olhou ao redor:

— Onde está! Oh, céus! Aquela coisa em seu peito! Aquele monstro terrível!

            Ele puxou-a de volta para a cama:

—Se foi. Destruído por Dante e pela medicastra... Eu estou bem e à salvo agora.

            Lágrimas quentes rompem dos olhos doces da jovem e ela se lançou nos braços do namorado:

—Pensei que havia perdido você! Eu o amo, Nero Sparda! Nunca mais faça isso comigo!

            Ele se inclinou sobre ela e acariciou seu rosto quente e molhado de lágrimas:

—Nunca mais...

            Ela sorriu e fechou os olhos quando o sentiu se aproximar. O beijo veio suave, como o pouso de uma ave em seu ninho. Quente, receptivo, reconfortante.  As mãos deles desceram para sua cintura e ele puxou-a ainda mais forte para si, enquanto os braços dela o apertavam nos ombros.

            Maud parou a meio caminho da escada com o jantar ao ver os jovens entregues àquele ato de carinho e cumplicidade. Retornou à cozinha e sorriu. Preparou uma bandeja com frutas, comida quente e um copo de água fresca.

            Saiu para o jardim e viu Vergil sentado na beira da encosta, entretido com o crepúsculo que se afastava, dando espaço à escuridão da noite. Ela saiu do santuário e falou:

—Se recusar meu jantar, ficarei ofendida. Desde que chegou, não bebeu ou comeu coisa alguma... Sua metade Sparda pode não ter essas necessidades, mas o seu lado humano ainda carece de nutrição.

            Vergil recebeu a bandeja em silêncio e comeu uma fruta. Em seguida ele apanhou o prato e comeu devagar, ainda olhando para o horizonte. Maud esperou algum tempo, então falou:

—De novo, peço que desculpe minha filha. Ela é muito protetora quando se trata desse lugar. Nós nunca saímos daqui e não porque não podemos, mas porque não sentimos necessidade disso. Os pescadores e suas famílias são livres aqui. Têm seu sustento e seguem o ritmo que a vida oferece. Sem mais ou menos do que é preciso pra se viver...

            Vergil terminou de comer e colocou o prato de volta na bandeja. Maud viu que ele comeu tudo e sorriu:

—A ideia da medicastra foi de Inanna quando tinha 15 anos. No início eu achei que era apenas um capricho. Uma menina criando sua própria boneca. Mas então veio um enfermo do nosso vilarejo e Inanna pediu que fosse ao farol. Lá estava a medicastra, viva, encantadora e ativa como eu ou você. E quando o paciente foi embora, ele estava maravilhado e pronto para espalhar que havia uma mulher de cura atendendo em Enuma... Depois dele vieram dezenas e dezenas de pessoas de todo o canto, carentes de atenção e cuidado. Essa foi a forma de Inanna proteger seu segredo e poupar forças para realizar sua missão.

            Vergil olhou a mulher ali, próxima dele, contando algo tão íntimo. Ela falava com carinho na voz e um brilho de orgulho no olhar. Vergil recordou-se de sua mãe, firme, mas amorosa, sábia e espirituosa. Ela o incentivava sempre a desenvolver seus dons, as coisas que aqueciam seu coração quando criança. Mas isso ficou no passado, com os sonhos e a inocência roubados. Permitiu-se odiar tanto a ponto de negar que foi um homem, preferindo ser como aqueles que lhe roubaram a família.

            Maud percebeu que ele estava perdido em pensamentos e falou, gentilmente:

—Nero está se curando. Se quiser vê-lo amanhã, pode enviar seu... Sua outra persona. Só peço que não se aborreça com Inanna. Ela se preocupa com todos aqui. O mal que fere a Terra, a fere também...      

            O guerreiro apanhou o copo d’água e bebeu de um só gole. Colocou de volta na bandeja e agradeceu. Maud levantou-se da pedra e Vergil falou:

—Dante me falou sobre a natureza de sua filha adotiva... Nunca teve medo de todo esse poder? Dela sair do controle?

            Maud sorriu e balançou a cabeça:

—Porque eu temeria uma força que se propõe à vida?

            A anciã deixou a trilha e voltou para o farol. Encontrou Kyrie na cozinha esperando por ela:

—Querida! Acordou finalmente! Está com fome? Deixei a bandeja pronta pra você e Nero!

            A jovem corou ao ouvir o nome do namorado. Maud entregou-lhe a comida e a jovem subiu para o quarto. Nero estava sentado na cama, examinando o curativo no peito:

—Não sinto nenhuma dor... Isso parece um bom sinal.

—Sim. Dante e a medicastra foram muito corajosos. Eu... Vi a coisa que saía de você... Por um momento, pensei que era o fim... Que ia te perder!

            Ele sorriu:

—Eu voltaria do inferno pra ficar com você...

            Os olhos amorosos de Nero aqueceram o coração da jovem. Ela falou, suave:

—Maud fez um jantar maravilhoso pra nós... Vamos comer antes que esfrie!

            Sentados juntos, eles saborearam a comida e se sentiram afortunados. De onde estavam, era possível ver o vilarejo e o mar no horizonte. Kyrie apoiou a cabeça no ombro do rapaz:

—Sinto falta das crianças... Elas iam amar esse lugar.

—Quem sabe possamos trazê-las um dia? Um passeio? Conhecer esse lugar!

—Seria perfeito, Nero...

—Está acertado então! Voltando pra Fortuna, vamos agendar um passeio com as crianças! Bem... Claro que temos de pedir licença para a Maud...

—Ela vai concordar. Com certeza.

            Kyrie bocejou e Nero sorriu:

—Ainda cansada?

—Um pouco. Acho que fiquei tensa demais.

            Ele pousou a bandeja numa mesa próxima à cama e puxou a moça para junto de si:

—Vem aqui...

            Aninhada ao rapaz, ela fechou os olhos e adormeceu. Pouco depois, foi a vez do caçador mergulhar num sono repousante e tranquilo. Silenciosamente, Maud subiu e recolheu a bandeja.

            Nico estava sentada à porta da van, fumando um cigarro, pensativa. Vergil passou pela trilha rumo à casa do pescador e ela o viu. O homem andava com os olhos voltados para o chão, pensativo. Dificilmente ela o veria dessa forma, sem a altivez e arrogância que eram sua marca.

            Vergil bateu à porta e o pescador apareceu:

—Oh! Senhor Sparda! Seu irmão me avisou que poderia vir! Entre, por gentileza!

            Vergil acenou e entrou. A casa era toda de madeira. Tinha muitos apetrechos de pesca e navegação decorando as paredes. Era simples, mas acolhedora. O homem indicou uma das portas que certamente era do quarto e o guerreiro foi até ela. Entrou e se deparou com uma cama beliche, onde Morrison ocupou o espaço de cima e Dante na parte debaixo. Uma terceira cama jazia no canto oposto e Vergil sentou-se nela.

            Dante falou:

—Decidiu se juntar aos mortais?

—Tive uma tarde curiosa...

—Fico feliz por você, irmão! Agora vou dormir e se fosse você faria a mesma coisa...

            Dante se calou e Vergil se deitou na cama, colocando os braços cruzados sob a nuca, como apoio. Sua mente se agitou com todas as conversas que teve durante aquele dia e principalmente com Maud. 

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

A postura fria e sisuda de Vergil é confrontada pelas ações pacíficas e acolhedoras de Maud e Inanna. Impressionado com o poder dela, o guerreiro fica pensativo sobre as palavras da jovem e a visão que ela tem de quem ele é.
Mais conflitos podem surgir desse contato.



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