Crepúsculo dos Marotos escrita por Bruna Rogers


Capítulo 5
Capítulo 5




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— Filho da puta — Remus murmurou para si quando a porta do restaurante se abriu, cerca de dez minutos depois que ele chegou, e Sirius Black entrou ao lado de James Potter.

O garoto de óculos estava sorridente como sempre, falando sobre algo que a mente de Remus não entendeu muito bem, pois está completamente focado em como Sirius ficava tão bem nos jeans skinny que ele estava usando, passando a mão pelos fios negros de seu cabelo sorrindo lindamente. Parece tão saboroso quanto uma barra de chocolate.

No entanto, Remus não precisava de seu cérebro completamente funcional para entender o buraco fundo onde se enfiou sem saber. Sirius era a matéria de James, o que não deveria surpreender Lupin, é tão comum fazer matérias curtas sobre os novos alunos — os que aceitavam é claro —, quanto dos jogos e eventos da escola. O que demorou mais para clicar no cérebro de Remus, culpa completa da visão diante dele, é que ele teria que tirar fotos de Sirius e editá-las para o jornal.

Ele se conteve de bater a cabeça na mesa apenas por ter muitas pessoas ao seu redor. Remus não precisa que as pessoas começassem a falar sobre o quão estranho o filho do Doutor Grindelwald era. Já basta todas as suas cicatrizes para isso.

Remus respirou fundo para acalmar seus nervos, porém quando ele estava inspirando, o cheiro de Sirius o invadiu, estapeando seus sentidos e a capacidade verbal de Remus por alguns segundos. Sirius inclinou a cabeça e seus olhos se encontraram, como um raio atingindo Remus, fazendo seu coração acelerar e o lobo uivar em seu ouvido.

Fingindo distração analisando o menu, como se ele não conhecesse cada prato servido naquele lugar a anos, ele esperou que os dois se sentassem à mesa sentindo o rosto se aquecer.

[...]

Esse dia pode se classificar como Bom, ele não brigou com sua mãe — principalmente porque não falou com ela —, a escola foi chata, mas não terrível, ele fez um amigo engraçado em apenas algumas horas. Teve aquela coisa com Remus, seja lá o que foi, mas Sirius estava disposto a não pensar nisso,  e não deixar o garoto alto criar um triplex em sua mente. E Sirius estava indo muito bem nisso, se concentrando nas aulas — mais ou menos —, e então no caminho até o Cabeça de Javali para comer e fazer uma entrevista.

Todo o esforço em ser indiferente ao belo rapaz que fugiu dele como se Sirius fosse uma praga caiu por terra quando ele entrou no restaurante.

Ele estava conversando com James sobre algo, fugiu completamente de sua mente quando ele notou o loiro sentado em uma mesa perto da janela. Os olhos castanhos dourados e cinzas se encontram por um segundo antes de Remus olhar para o menu como se não estivesse olhando para Sirius antes, a única prova contra o loiro é o tom rosado subindo por suas orelhas.

Adorável. Sirius pensou sorrindo de leve.

 

 

 

[...]

Remus não tem certeza de quanto tempo se passou desde a chegada de James e Sirius, os dois estavam conversando sobre coisas que a mente de Remus não conseguia se concentrar.

Sirius jogou o cabelo para trás, tirando as mexas escuras para longe do rosto, expondo a pele pálida do pescoço, com isso o cheiro dele ficou mais forte. Não que o próprio e James pudessem notar, mas era uma surra para os sentidos aguçados de Remus. Aquilo era tortura, pura e simples.

Lupin sentiu a saliva se acumular em sua boca, o forçando a engolir para não começar a babar na mesa como um cão. Isso nunca aconteceu antes, é uma reação ao qual ele nunca experimentou e não tinha ideia de como reagir. Mas aquela faixa de pele parece ser tão tentadoramente deliciosa, como uma barra de chocolate na prateleira da Dedos de Mel.

Macio ao se morder, com os dentes afundando fácil na pele macia e então ele poderia lamber, da clavícula até a orelha e então de volta, sentindo o sangue correndo forte na jugular sob os lábios de Remus.

 

Céus, estou virando um cão ele pensou assustado, engolindo uma quantidade assustadoramente vergonhosa de saliva.

— Licença — ele diz se levantando sem esperar uma resposta e foi em direção ao banheiro.

Assim que ele estava fora da vista dos seus colegas ele se virou em direção a cozinha e correu pela porta de serviço ignorando os olhares estranhos dos poucos funcionários do local.

Ele respirou o ar meio poluído enquanto corria sem rumo para longe da tentação de dilacerar aquele homem.

 

[...]

Remus correu, pateticamente, de volta para casa. Seu coração a milhão, mas ele simplesmente não conseguia parar até estar na segurança de seu quarto, ignorando o olhar de todas pessoas por quem ele passou, inclusive de seus pais adotivos.

No segundo em que ele pisou no refeitório da escola pouco após às dez da manhã ele sentiu aquilo. Mas como o burro teimoso que tende a ser, ele só ignorou, porque não é a primeira vez que o lobo se interessava em alguém, em dilacerar e se banhar em seu sangue. Nada é mais sanguinário do que as vontades dele, mas por doze anos Remus tem cuidado para controlá-lo e não se deixar levar.

E ali estava ele, aos dezessete anos, se enterrando em sua cama apenas tentando ignorar o cheiro que de alguma forma se impregnou nele durante o dia.

Aquele cara novo era uma coisa ruim só de se olhar. A típica aparência de Bad Boy escolar, com uma pitada de Playboy estupidamente rico. Claro que o fato dele ser um Black, entre todas as famílias naquela minúscula cidade, contribuía para o fator problema que sua aura transmitia.

Se ao menos isso só tivesse acontecido apenas enquanto ele estava no refeitório, com mais de dez metros de distância e outras pessoas para se focar. Oh, como Remus tentou se concentrar em qualquer coisa naquela hora, Lily reclamando de Potter, e assustadoramente concordando com suas irmãs. Se ele pudesse apenas distrair sua mente, mas não, Remus tinha que ter olhado para a direção dele sem nenhuma razão, e o notou, o garoto Black de olhos cinzentos sexy.

Mas é claro que não poderia ter sido apenas um tropeço momentâneo, não, ele tinha que ser seu novo parceiro nas aulas de biologia. Pela primeira vez em séculos Remus desejou que Severus não tivesse faltado, não que os dois fossem parceiros na matéria normalmente, porém, apesar do Remus e de seu lobo interior não morresse de amores pelo projeto de morcego magricelo, era muito mais fácil lidar com Snape do que com Black.

Com o cheiro de açúcar, asfalto molhado, couro, shampoo de baunilha e fumaça. Uma combinação estranha que por alguma razão parecia combinar perfeitamente com o cara.

Cobrindo o rosto com seu travesseiro, Remus soltou um grito enquanto algo no seu subconsciente dizia o quão delicioso o garoto Black parecia ser, e não era apenas seu lobo com desejos sanguinário, oh não, é muito pior para o horror de Remus.

Uma batida sobressaiu em seus ouvidos, acima das batidas de seu próprio coração.

Remus puxou o travesseiro de seu rosto ao se sentar no colchão, ele encarou a porta por alguns segundos tentando entender se tinha alguém do outro lado. Ele pode sentir o cheiro de pêlo de animais se impregnando em seu nariz mesmo com a porta fechada.

— Pode entrar Ted — ele disse. Tentando voltar a compostura normal enquanto seu irmão mais velho abria a porta lentamente para apenas colocar a cabeça dentro do cômodo.

— Tudo bem ai? — ele perguntou com um sorriso, mas claramente preocupado.

Edward Tonks, ou Ted como todos chamavam, é o mais velho entre os filhos adotivos de Gellert e Albus, apesar de ter a mesma idade da esposa, Andrômeda, ele está na matilha a mais tempo, e por isso ele também é o que sempre vai atrás dos outros quando algo parece estar errado com alguém na matilha.

Isso e o fato de Remus quase ter atropelado Ted durante sua fuga ao chegar em casa, o fez aparecer ali para interromper o surto dele.

Não, não, ele não estava surtando. Estava tudo bem...quase. O suficiente, e ele lidaria com isso — ele se repreendeu por se deixar levar pelas emoções tão facilmente.

Por mais que ele pudesse culpar a Lua Cheia que terá seu início em três dias, e alguns ainda se convencessem que essa é a verdade. Mas ele podia sentir que não havia nada haver.

— Estou bem — diz Remus com um sorriso, que provavelmente é mais uma careta, se a expressão de descrença no rosto de Ted era um indicativo.

— Posso entrar ou você quer mais um momento sozinho? — ele perguntou.

— Um momento — ele pediu e o outro assentiu sorrindo — obrigado Ted.

Sem mais além de um sorriso solidário, Tonks saiu fechando a porta. Ele ouviu de longe a voz de Ted falando com Albus:

— Ele não parece ferido — Ted falou, havia uma pouco de preocupação em sua voz — só, bem, agitado.

Eufemismo Remus pensou passando a mão pelo rosto.

— Pode ser a proximidade da lua.

Remus nunca se sentiu tão aliviado com a chegada da lua cheia, ter uma desculpa razoável para seu comportamento estranho sem realmente ter que lidar com seus sentimentos é ótimo.

[...]

O dia tinha sido um tanto estranho, de uma forma não comum para um primeiro dia de aula, mas Hogsmeade e Hogwarts não eram lugares exatamente normais.

Seu segundo encontro com Lupin, no entanto, o distraiu de seu plano de não pensar no garoto mais alto. Seria mentir para si mesmo dizer que Sirius não estava interessado no garoto loiro, mas as reações do mesmo eram tão estranhas, contraditórias e desanimadora.

O modo como Remus o tratou foi um tanto fria e distante, não completamente mal-educado, mas também não exatamente amigável. Ao mesmo tempo, Sirius percebeu o olhar que o outro lhe deu pouco antes de pedir licença e sumir. Era como um homem faminto. Como se tivesse passado dias no deserto, e Sirius fosse um oásis, a única fonte de água por quilômetros.

Ou talvez, Regulus estivesse completamente certo todas as vezes que chamou Sirius de Idiota Dramático.

Sirius estava bem dividido entre essas opções.

— No final é provável que você esteja com tesão. E isso está te fazendo ver coisas.

— Talvez eu esteja só com saudade de você — Sirius diz com o tom mais doce que pode.

— Nah, você já disse que ele é adoravelmente bonito — Regulus disse com o tom de desdém que reserva para todas as pessoas que Sirius já se interessou — pobre coitado, ter que te aturar com tesão é uma merda.

— Também te amo, peixinho.

— Vai a merda — o mais novo rebateu, Sirius pode até vê-lo fazendo beicinho pelo telefone — eu tenho que ir, o jantar está quase pronto. Se cuida seu mané.

— Você também, e se algo acontecer — Sirius fica sério — me liga, eu volto na hora.

— Eu prometo, Sirius — Regulus começa a rir baixo ao falar — Seu idiota dramático.

 


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