Crepúsculo dos Marotos escrita por Bruna Rogers


Capítulo 6
Capítulo 6




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O começo da sua segunda semana de aula de Sirius começou com a ansiedade por um jogo de lacrosse contra outra escola, a maioria dos alunos estavam mais ansiosos pela festa que vai acontecer no fim da próxima semana mesmo sendo segunda feira.

Tudo correu o mais normal e quase insípido por quase todo o dia, ele entrou em uma briga sobre quem tinha o melhor cabelo da escola com Lucius Malfoy quando o encontrou ao voltar para casa depois da aula. Mas além disso nada realmente importante aconteceu.

Na terça-feira ele deu uma carona para James depois do treino, pois o carro do moreno estava na oficina. Eles passaram pela Dedos de Mel, a loja de doce da cidade, antes de irem para casa.

— Molly — James chamou a ruiva que estava no fundo da loja.

Sirius não pode deixar de pensar que James tinha um tipo muito óbvio. Mas quando a mulher se virou, ele percebeu que essa era bem mais velha que eles, quase dez anos se Sirius estivesse chutando.

— Potter, oi — ela se aproximou com um sorriso quase maternal.

— Essa é Molly, ela foi minha babá quando era criança — James explicou — esse é Sirius, ele é novo.

— O sobrinho do xerife Black, eu ouvi dizer — ela estendeu a mão para ele — é um prazer.

— Isso, o prazer é meu — Sirius retribuiu.

— Eu ia perguntar, o Remus tá melhor? — James perguntou — ouvi Dorcas dizendo que ele está meio doente.

Sirius ficou em silêncio, ele não ficou sabendo disso, talvez seja essa a razão dele ter sido tão esquisito naquele dia na semana passada. E o sumiço dele durante todos esses dias.

Sirius escolheu imaginar que o garoto mais alto fosse simplesmente negligente com a escola, aparentemente ele estava bem errado.

— Oh, sim, mais ou menos — ela se atrapalhou, mudando a cesta com chocolate e outros doces de uma mão para a outra — ele teve uma recaída nos últimos dias, mas já está se recuperando.

— Recaída? — a pergunta deixou os lábios de Sirius, antes que ele pudesse pensar realmente nisso.

— Sim, o pequeno Remus sempre teve uma saúde frágil — Molly explica, descartando a possibilidade do uso de drogas ou bebidas como um vício — é uma doença rara, mas ele é forte e ficará bem. Grindelwald disse que ele estará bem para voltar à escola em alguns dias.

— Que bom, mande melhoras para ele, por favor — James disse claramente aliviado que o colega estava melhor.

 

[...]

A lua cheia ainda é visível no céu mesmo algumas horas depois do nascer do Sol, o grupo de escoteiros se preparavam para explorar a floresta. O plano da turma composta por crianças de doze anos, é subir pela trilha seguindo o caminho contrário do rio até a base da montanha, onde eles iriam acampar perto do descampado que existe em uma das faces da montanha.

O grupo se reuniu cedo, e após um bom e reforçado café da manhã às sete crianças e o chefe do grupo começaram a sua caminhada pela trilha que se afunila à medida que sobem.

Duas horas e meia depois do início da caminhada, Carter — o chefe — notou algo estranho. Em uma das árvores há uma mancha de sangue seco, muito sangue, o que deixou o homem preocupado.

— Fiquem aqui — ele mandou enquanto se afastava lentamente do grupo, vendo que aquela árvore não era a única com sangue, mas que havia um rastro enorme que levava para a parte mais fechada da mata.

Foi quando ele achou um dedo ensanguentado sobre o mato esmagado, não mais de dez metros de distância da trilha. Recuando alguns passos, ele retira de sua bolsa uma bandeira amarela e preta, cravando ali para marcar o local.

[...]

— Isso é horrível — o Xerife diz.

O lenço cobrindo o nariz e boca não faz grandes coisas para evitar o cheiro de sangue e morte de lhe atingir.

— O que acha que fez isso? — o homem da lei perguntou ao legista.

— Algo grande e feroz — o homem mais velho respondeu — ele foi retalhado, e há muitas marcas de mordidas e garras, seja o que for, é um grande animal. Talvez, mais de um, ele esteja aqui por pelo menos dois dias.

— Sim. Bem, vou avisar as cidades vizinhas, e vamos preparar um grupo de caça.

[— Já fazem dias — Ted diz no tom mais casual que pode enquanto tira um gato da transportadora]

— Já fazem dias — Ted diz no tom mais casual que pode enquanto tira um gato da transportadora.

— E?

— Bem, a lua cheia já passou, você deveria voltar para a escola — ele continuou sem olhar para cima, apenas ouvindo seu irmão se movendo pela sala.

— Pai Albus, disse que eu não preciso voltar até me sentir melhor.

— Sim, bem, Remus, se você não está se sentindo bem para voltar não precisa — Ted sorriu olhando finalmente para o irmão por um segundo — mas é claro que o Pai Grin vai querer fazer exames se você continuar tão indisposto.

— Não franze a sobrancelha assim, tá parecendo a Andy — Remus resmungou estendendo as mãos com luvas sobre a mesa fria para segurar o gato alaranjado.

— Só estou dizendo isso porque estamos preocupados, faz mais de uma semana.

— Eu estou perfeitamente bem.

— Então porque não só volta, encara o que quer que seja — Ted continuou a tratar o animal com cuidado enquanto examinava o gato — Remus se alguém fez algo ou você precisa de ajuda sabe que pode me falar certo?

Remus curvou os ombros, ainda segurando firme o gato, é difícil ficar bravo com Ted, mesmo em seus momentos de intromissão o mais velho sempre parecia alguém acolhedor, que só quer fazer as coisas melhorarem o máximo que pode e nunca julgar.

— Eu sei — ele disse mais baixo.

O nó se formando em sua garganta foi difícil de engolir.

A lua cheia tinha se passado a três dias, e foi uma das mais piores que ele já teve desde sua chegada a Hogsmeade, quando Albus e Gellert adotaram ele, e Remus finalmente não estava apenas trancado num porão sozinho durante uma noite toda, rasgando sua própria pele como um animal louco.

Ele levou os últimos seis anos tentando aceitar o fato que ele não era um monstro. Um animal raivoso que seus pais ficaram com muito medo de manter, e apenas deixaram no acostamento de uma estrada qualquer. Não, ele é Remus Lupin Grindelwald, um homem, um humano, com sentimentos, memórias e traumas, mas que sempre poderá evoluir e se tornar alguém melhor.

Mas, porra, ele ficou muito assustado com si mesmo quando começou a ter ideias de morder alguém, algo que ele prometeu a si mesmo nunca fazer. Nunca condenar uma pobre alma ao que era sua vida.

Sim, fazem dias, mas ele não se sente pronto para encarar o ser de sua ambição ? Desejo? Loucura? Nem ele tem certeza.

— É serio Remus, somos irmãos, eu faria qualquer coisa por você.

— Eu sei Ted, eu também — Remus deu um sorriso fraco.

— Tudo bem garota — Ted se voltou para o gato — agora é a hora da vacina.

O gato se agitou nas mãos de Remus, suas garras e mini presas prontas para machucar quem chegasse perto. E o dedo de Remus estava bem perto.

— Tinha mesmo que avisá-la? — Remus resmungou aumentando levemente seu aperto sobre a pequena fera revoltada.

— Você gostaria de ser furado sem aviso?

— Ted, ninguém gosta de ser furado, com ou sem aviso.

[...]

Sirius gostaria de negar que ficou preocupado com o Remus, eles se viram apenas duas vezes, em um dia, e nas duas o outro fugiu. Mas ele também estava acostumado com o quão mal-humorado alguém pode ficar quando doente, Regulus era terrível na infância quando a anemia voltava. Um pequeno gremlin apenas para Sirius, nem em sua tenra idade os irmão Black tentaram qualquer tipo de atenção de seus pais, nunca era bom no fim.

Com isso, Sirius ficou intrigado com o que quer que Remus tenha e que pode o derrubar por tanto tempo. Ele disse a si mesmo para parar de pensar no loiro, não havia qualquer razão para ficar pensando nisso.

Sem sono ele desceu as escadas para pegar um copo d'água, ou talvez fazer um chocolate quente poderia ajudá-lo a dormir.

Quando chegou à cozinha ele ouviu a porta se abrindo. Bisbilhotando pelo canto do corredor ele viu Cygnus entrando.

— Ainda de pé garoto — Cygnus diz deixando seu casaco no cabideiro.

— Sem sono, e o senhor — ele escorou no batente da porta.

Cygnus soltou um suspiro cansado, já havia passado da meia noite, e ele tinha saído para o trabalho cedo naquela manhã.

— Estive no hospital.

— O senhor está bem? — Sirius perguntou preocupado, ele não sabia que seu tio estava doente.

— Sim, sim, estou — ele disse tranquilizando o mais novo enquanto entra na cozinha, abrindo a geladeira — é um corpo que foi encontrado na cidade vizinha — ele tirou um prato de comida embrulhado da prateleira de cima da geladeira e o levou ao micro-ondas — parece ataque de animal, um urso talvez. Ou um leão da montanha — com a comida quente, ele se sentou a mesa — De qualquer forma foi falar com o doutor Grindelwald, ele vai fazer a autópsia.

Mais tarde Sirius diria a si mesmo que deveria ter se concentrado na parte importante, alguém morreu e tem um animal perigoso a solta na floresta. Não que ele fosse do tipo vida na natureza, mas a cidade e a escola eram muito perto da floresta, praticamente rodeia a escola. Mas não foi nisso que ele se concentrou, oh não. Porque ele já havia ouvido o nome Grindelwald antes.

— Doutor Grindelwald?

— Sim, ele é o médico do St. Mungus, e por causa da falta de pessoal, ele trabalha no necrotério às vezes — Cygnus explicou — você deve conhecer um dos filhos dele, ele tem vários que estudam com você.

— Acho que sim — Sirius respondeu distraído — a escola é meio grande.

Ele não sabia que o pai de Remus era médico, bem, isso é uma coisa boa considerando que o loiro tinha alguma doença rara. Isso tranquilizou um pouco Sirius.

Não que ele fosse admitir isso para si mesmo. Ou para aquela vozinha que se assemelha muito a Regulus que dizia: Está pensando muito nele para quem não está interessado.

Ele não está interessado, por que ele estaria interessado no garoto estranho? Que nem ao menos foi legal com ele?


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