Daniel Valencia - presidente (Betty a feia) escrita por MItch Mckenna


Capítulo 4
Capítulo 4




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E na portaria, estavam Hugo acompanhados de modelos e uma assustada Aura Maria.

—Aura Maria, ajude aqui!

—Ai, a moça que veio para a entrevista. Mas o que aconteceu?

—Vai ver que desmaiou ao se olhar no espelho! Tomara que o novo presidente proíba que mulheres feias entrem nesta empresa. –disse Hugo uma piada que fez com que as modelos rissem debochadamente.   Mas Armando não achou graça, estava preocupado com a tal moça.

—Cale a boca! E se não é para ajudar não atrapalhe!

—UI! Que agora além de pegar uma feia nos braços, ainda a defende? Cuidado para não ser enfeitiçado. –Hugo faz som de cobra e entra no elevador com as modelos a tira-colo.

—O que aconteceu com ela? -perguntou Aura Maria.

—Não sei. Passou mal e tive que segurá-la.  Onde está Freddy?

—Vou chamá-lo.

—Pronto, doutor.

—Segure aqui. –disse ajeitando o terno.   -Coloque-a sentada.

—A moça desmaiou de emoção ao vê-lo, doutor? Passa também com as feias?  –perguntou Freddy.

Armando olha feio.

—Aura Maria, vai buscar ajuda.

Aura Maria convocou um 911 e logo as meninas vieram por Betty.

—Fiquem com ela. Tenho que terminar de pegar umas coisas, venha comigo, Freddy.

Armando pega as coisas, encontra com Mário, aguenta a cantilena de Marcela e desce de novo à recepção.

—Ai, don Armando. Preciso voltar para minha mesa, se seu Daniel me ver.- disse Sandra.

—Vão todas vocês! Não vi, Mireya, queria me despedir dela.

—Não sabe? Ela aceitou a demissão! Não suportou ficar um dia sem o senhor e ter que aguentar don Daniel.

—Pobrezinha.

—Ela aceitou sua carta de demissão e se foi!

—Por isso, doutor Valencia está selecionando secretária! –disse Sandra.

—Bem, podem subir. 

—E o que vai fazer com ela, doutor? -perguntou Aura Maria, apontando para Betty que estava desmaiada em uma cadeira.

—Não sei.

—Ela não está bem.

—Vou levá-la à clínica!

—De carro?

—Não de bicicleta. É lógico que de carro, Freddy!

—Vai levar a uma feia em seu carro?

—E o que você tem com isso, idiota?

Assim, Freddy colocou Betty dentro do carro de Armando sobre protestos da mesma.

—Eu estou bem, moço! 

—Não, não está! Ninguém desmaia assim.

—É que, é que... –Betty soluçava e parecia que estava chorando.

Armando procurou um lenço e vendo que não tinha nenhum, deu a flanela limpa que estava no porta-luvas.

—Para onde está me levando? Pode me deixar no próximo ponto de ônibus.

—Calma, não fique assustada. Eu não vou fazer nada de mal, só vou levá-la a uma clínica para que a examinem.

—Não, moço. Como lhe ocorre? Melhor que volte a minha casa.

—A senhorita não está bem. Comeu algo? 

—Saí de casa cedo, pois moro longe e não queria chegar atrasada para a entrevista na empresa, não deu tempo de comer.

—Pode ser isso. Olha, vamos tomar algo. Eu tampouco comi.

Assim os dois entraram em uma lanchonete, não muito chique, mas também não era um botequim.

—Dois cafés bem fortes, bolinho, pão de bono. Quer mais alguma coisa, senhorita?

—Não obrigada. Não precisava se incomodar.

Após comerem alguma coisa, Betty finalmente, pode ver que quem está diante dela é um homem muito bonito, o mais bonito que tinha visto na sua vida.

—Está melhor?

—Sim. Acho que era fome mesmo. Oj oj oj

—E o que aconteceu naquela empresa?

—Bem, e que...   Sou economista, com pós-graduaçao em Finanças.

—Sim? Interessante!   Não sabia que Ecomoda estava procurando economistas.

—E não está! Fui pela vaga de secretária!

—Como? Não entendi.

—É que estou procurando um emprego há tempos. E como não tenho muita experiência na área, apenas meu estágio no Banco Montreal.

—Com Manoel Bezerra?

—Sim, o conhece?

—Sim, ele é bem exigente!

—Sim, mas gostei de trabalhar lá. Como disse não tenho muita experiência. Então, me inscrevi para a vaga de secretária da Presidência e para minha surpresa fui selecionada junto com outra moça. Fiquei super-feliz.  Hoje me apresentei para a entrevista com o presidente.

Armando já previa o que Betty ia falar.

—Assim que entrei, o presidente me olhou de baixo para cima, perguntou o que estava fazendo ali. Eu lhe disse que vim para vaga de secretária, que tinha entrevista com o presidente. Precisava de ver como me tratou. Que não poderia ser a moça do currículo, que eu nunca poderia ocupar uma vaga tão importante como esta. Que se tivesse colocado foto, teria poupado-lhe o esforço e evitado que lhe danasse a retina e nem me teria chamado para entrevista.

Betty seca as lágrimas na flanela que Armando lhe deu.

—Vindo de quem é, não me admira!  Daniel Valência é esnobe, classista. Um tipo horroroso.

—O conhece?

—Sim, tive o desprazer de conhecê-lo a vida toda. Se eu tivesse sido eleito presidente, com o currículo que me disse que tem faria ao menos um contrato de experiência contigo, senhorita.

—Mas como assim, se tivesse sido eleito presidente? Acaso tem algo com a empresa?

—Desculpe, não me apresentei. Sou Armando Mendoza, sócio-acionista de Ecomoda e ex-vice presidente.

—Mendoza? A empresa é Mendoza & Valência Associados, não?

—Isso mesmo, senhorita!

Betty pediu licença e saiu correndo dali.

Armando pagou a conta e foi atrás dela.

—Como que sai assim e me deixa ali?

—Desculpe, mas não quero contato com sua gente. Foi um erro. Meu pai me disse que deveria procurar de economista e se souber que fui humilhada ao procurar de secretária, me matará!

—Senhorita.  -segura os braços dela.

—Me largue! Não tem vergonha de um tipo tão bonito vir  perseguir uma mulher tão feia nas ruas?  Sua gente se diverte assim?

—O que está dizendo, senhorita? Acaso, não sou igual a Daniel!

—Ah não? O que faria?

—Se tivesse a chance de ter uma economista como minha secretária, a contrataria como assistente. Se fosse presidente precisaria de uma mulher competente para ser meu braço direito.

—É? Mas o presidente não é o senhor e ele preferiu uma mulher bonita, do tipo modelo como aquela.  Se o principal critério para a vaga fosse esse, deveria ter especificado e pouparia o meu esforço!

—Calma, senhorita! Não fui eu que coloquei o anúncio!

—Juro que me contrataria?

—Sim, ao menos faria uma experiência.

—O senhor não iria se arrepender! Sou muito dedicada e competente em tudo que me proponho fazer!

—Disto tenho certeza, senhorita. Agora, entre no carro, por favor. Se sente melhor?

—Sim.

—Se não precisa que a leve à clínica, deixe que a leve para casa. Me sinto culpado, pois você foi humilhada em minha empresa.

—Está bem!  Mas te levo à sua casa!

—Não é necessário.  É um bairro meio perigoso.

—Mais um motivo.

—É verdade que concorreu como presidente da empresa?

—Sim, mas como sempre meu pai apoiou Daniel e foram na dele. Até minha ex voltou no irmãozinho.

Armando conta tudo, enquanto dirige. Betty acha um absurdo, os pais dele não o apoiarem, pois apesar de todos os defeitos, seu pai cuida e a apoia com unhas e dentes.

Agora, consegue se lembrar de onde o conhece. Das revistas Jet Set que sua mãe lê, onde fala das celebridades, lá leu sobre a sucessão da presidência da empresa. Lamentou que o Valência tivesse ganho a eleição para presidente e não aquele homem à sua frente, um tanto nervoso, mas gentil e educado à primeira vista.

Armando sentiu-se à vontade de falar um pouco de sua vida e de suas ambições como presidente de Ecomoda pela primeira vez em sua vida. Apesar daquela moça ser uma estranha, era muito inteligente e sensível.  Beatriz mostrou-lhe mostrou seu currículo.

—Mas você realmente tem esta formação?

—Sim, tenho.

—É que parece tão jovem.

—Tenho 25 anos.

—Realmente jovem.

Betty pediu que a deixasse no centro da cidade, não queria que seu pai a visse chegar no carro de um desconhecido. Disse que iria ficar procurando algum trabalho, distribuindo currículo pelo centro da cidade.

—Deixe um comigo, senhorita. Com uma hoja de vida destas, garante que consegue algo e como assistente ou até economista.

—Acredita mesmo, senhor? Pois não creio que possa conseguir.

—Por quê? Pela falta de experiência, mas com a sua formação, experiência no Banco Montreal e uma boa indicação, creio que consegue algo.

—Crê mesmo, senhor?

—Por que duvida tanto? Qual motivo teriam para não contratá-la?

—Por qual seria, doutor? Por ser feia, muito feia!

Agora finalmente reparava detalhadamente em sua aparência. A moça tinha razão, realmente aquela vestimenta, aquele penteado, mais a franja, aqueles óculos e aparelhos, realmente, contavam ponto negativo para ela em um mundo dominado pela aparência física, ele mesmo era um desses que a primeira coisa que olhava em uma mulher era a beleza, mas não deixou de sentir ternura por aquela mocinha frágil e delicada.

—Vou ver com uns conhecidos, senhorita e qualquer coisa, te ligo.

—O.K. Ah, sobre o plano de negócios que apresentou, o senhor teria uma cópia? Gostaria de analisá-lo, por curiosidade.

—Pode ficar com esta cópia! –pegou na pasta –tenho no computador. Mas parece que está ruim.

—Me pareceram boas as ideias à primeira vista, mas a questão dos custos,  gostaria de verificar.

—Ok. Tome meu cartão.

Ao descer do carro, Betty suspirou. Que homem tão bonito e sofisticado. Um verdadeiro príncipe, tão diferente do eleito para a presidência de Ecomoda.

Betty logo pegou outro ônibus e foi para casa. O sorriso daquele homem não saía de sua cabeça.

 

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