Daniel Valencia - presidente (Betty a feia) escrita por MItch Mckenna


Capítulo 3
Capítulo 3




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Havia passado uma semana e Armando estava como desaparecido desde aquele dia de reunião. Nem mesmo ficava em seu apartamento. Só Caldeirón sabia onde estava, mas fingia não saber. Marcela estava desesperada. Aproximava-se o último desfile da gestão de Roberto e esperavam que por conta do amor dele por Ecomoda aparecesse, o que realmente aconteceu.

—Armando, que bom que colocou a cabeça no lugar e resolveu aparecer.

—Não é para o que pensa, mamãe. Vim na qualidade de acionista, como membro da diretoria. Não poderia deixar de vir.

—E o que pretende fazer com sua vida?

—Não sei, pode ser retomar minha carreira de Engenheiro!

—Mas por que não segue sendo vice-presidente de Ecomoda? Aqui é seu também!

—Não sei ainda, mamá! Posso ser como Maria Beatriz ou como Daniel tem sido. Posso fazer outra coisa e receber de Ecomoda o cheque que me é devido.

—Se te afastares de Ecomoda logrará não ser mais que um estúpido!

—Grato, papai.

—Nunca pensei que teria tanta vergonha de você! Não passa de um mimado egocêntrico!

—Não fale assim com ele, Roberto!

—Não tem importância, mamãe! Papai queria que fosse como o brilhante Daniel, mas não sou!

Armando sob os olhos recriminadores de seu pai sai da sala de reuniões, onde já haviam saído os Valencia. Marcela o esperava do lado de fora.

—Posso falar contigo, meu amor?

—Diga o que quer, Marcela.

—Está com raiva de mim porque não lhe dei meu voto?

—Não, como pensa isso? -perguntou, irônico.

—Não subestime minha inteligência. Não entende que não poderia apoiá-lo contra meu único irmão?

—Sim, entendo.

—Sei que te propus trocar o voto pelo noivado e marcação de data de nossa boda, mas foi um momento de desespero!

—Sim, Marcela.

—Sabe que nos amamos e estamos juntos.

—Você sabe o que seu irmão vai fazer com Ecomoda, não sabe? Vai dividi-la entre as famílias, vender suas ações, acabar com o trabalho de nossos pais.

—Sabe que isto não é assim. Daniel não faria isso!

—Como pode ter tanta certeza?

—Ele me prometeu!

—Ah tá! –riu com deboche

—E estamos aqui para defender os empregados. Ele prometeu a Roberto também, ele não trairia a confiança dele, é quase um pai para ele.

—Está bem, Marcela.

—E o que vai fazer?

—Ah aí estão vocês! –disse Margarita  –Estão perguntando por vocês.  Vamos!

Alguns jornalistas fofoqueiros destas revistas de celebridades, não estavam ali para saber da nova coleção, mas sim para saber a quantas andava o noivado de Armando e Marcela. Armando não estava nem um pouco a fim de responder aquilo. De passo, que fugiu quanto pôde e começou a beber.

—Vai devagar, irmão ou vai fazer uma besteira.

—Não posso. Não suporto isso mais um minuto.

—E o que pretende fazer?

—Nada, se nenhum jornalista se acercar mais a mim!

—Armando, não pega bem ficar bebendo tanto assim!  –disse Marcela.

—O quê? Vai me controlar até nisso? 

—Armando, somos da Jet Set. –disse um jornalista, tirando uma foto  -Quando vai ser o casamento?

—Ainda não pensamos na data. –respondeu Marcela.

—Quer saber? Pensamos sim.

Marcela sorri.

—Será em 31 de fevereiro, anote aí!  -disse Armando.

—Quê? Você não tem direito de fazer isso comigo!

—Como posso me casar com uma mulher que não confia em mim?

—Não é bem assim!

Armando sai dali para não discutir mais.

—_______

Enquanto isso...

Beatriz estava cansada, era de noite, havia rodado a cidade inteira.  Já havia feito mais de 20 entrevistas e apesar de seu belo currículo, ninguém queria lhe dar uma chance. Resolveu que, apesar de ser pós-graduada em Economia e ter experiência como economista no Banco Montreal, iria procurar vaga como secretária, quem sabe, teria chance de mostrar suas habilidades?

Dizia isto depois de ver o anúncio “Renomada empresa de modas procura secretária executiva para compor seu quadro diretivo. É necessário saber manejar o computador, Sistema operacional Windows, fazer planilhas, relatórios, rotina de escritório... ter entre 20 e 30 anos.” Aquele anúncio fez os olhos de Betty brilharem. Pelo endereço conhecia que era uma grande empresa de modas. Está bem, era para secretária, mas pretendia mostrar suas habilidades e crescer na empresa. E moda, não era seu forte, mas iria trabalhar no administrativo e não como modelo.

—Oj oj oj eu modelo? Só se modelo de feiúra!

Assim, logo cedo deixou seu currículo. Muitas moças bonitas estavam fazendo o mesmo. Achou que poderia ser um casting para modelo. E realmente naquele dia, estavam selecionando algumas. Assim, Beatriz desanimada deixou seu currículo exemplar. Não esperava ser selecionada.

Mas qual não foi sua surpresa ao receber uma ligação de que seu currículo havia sido selecionado e deveria se apresentar para uma entrevista com o presidente da empresa no dia seguinte?

Assim foi. Colocou seu vestido preto de babados, a roupa mais nova que tinha, colete, arrumou sua franja e se apresentou pontualmente em Ecomoda.

O presidente Daniel havia pré-selecionado cinco currículos e destes dois. Uma de uma moça loira que tinha dois anos de experiência como secretária e outro dela, Beatriz Pinzón S. pois a moça era formada em economia com Pós-graduação em Finanças, além de outras especializações. Havia trabalhado para o banco Montreal por um ano. Falava três idiomas.

—Mas que currículo interessante, Gutiérrez! E a foto?

Estranhamente não tinha foto e era isso que o deixava mais intrigado.

—Uma mulher com um currículo desses procurando emprego de secretária? E não colocou foto! Ou ela se esqueceu ou você que perdeu! Gutiérrez, chame estas duas para uma entrevista.

Assim foi tal como conhecemos, Betty entrou, Aura Maria lhe indicou o elevador e ela deparou com mulheres que seguiam para um caminho que levou ao ateliê de Hugo que a expulsou, depois seguiu, falou com Bertha. Daniel passava pelos corredores. Estava irritado por ter mulheres falando e passando por todas as partes.

—Pode-se saber a que se deve esta bagunça?

—Seu Hugo está selecionando modelos!

—Que selecione no ateliê dele e não no meio do andar.

—Estas vieram pelo emprego de secretária.

—Dispense-as! Já selecionei dois currículos e devem estar por chegar.  Quando estiveram, passem à minha sala de reuniões.

—Sim, doutor Valência.

—Bom dia! Me chamaram para uma entrevista com o presidente. –disse Betty à Bertha.

—Você?  -disse Bertha olhando-a de cima abaixo.

—Para a vaga de secretária.

—Pois sim.

—Vim para a vaga de secretária. –disse a outra moça.

—São as selecionadas!  Esperem aqui.

Bertha avisou Daniel que estava na presidência com Olarte e as fizeram entrar.

Quando entraram, Bertha já sabia quem ficaria com a vaga. E dito e feito. Quem ficou foi a outra moça. Não era tão experiente quanto Beatriz, não tinha tão boa formação, mas era jeitosa e apresentável.  O que não imaginava é como a moça morena e pouco favorecida seria tratada.  Daniel pisoteou, maltratou e humilhou Betty por sua aparência física, duvidou que uma mulher como ela poderia ter um currículo como aquele. Betty não se lembra de ter sido tão maltratada na vida. Nem na escola, nem na vizinhança, nem na universidade. Não aguentou as lágrimas e saiu chorando. Neste momento,  Armando passava pelo corredor, após sair da sala de Mário.

Armando era do tipo que só olhava para mulheres bonitas, mas o jeito que aquela mulher saiu da sala de presidência o deixou perturbado.

—Senhorita, algum problema?

Mas Beatriz nem ouvia.

—Moça?

—Beatriz chorava esperando o elevador.

—O que houve? -perguntou Armando à Sandra.

—É uma das selecionadas do doutor Valência. –respondeu Bertha   -Chamou-a para uma entrevista, mas não sei o que houve, mas só se ouvia gritos dele com ela.

—Estranho.  Ei!

Armando logrou alcançar o elevador antes de Beatriz descer por ele.

Ao ver que alguém mais entrava no elevador,  Beatriz ficou sem jeito e virou-se para o lado para esconder suas lágrimas e sua aparência.

—Moça, o que acontece?

—Para quê quer saber? Também vai tirar sarro de mim ou fazer comentários maldosos?

—Por que faria isso?  Nem a conheço!

—E por que conheceria? Um homem de sua posição jamais daria chance de conhecer uma mulher como eu.

—Foi entrevistada por Daniel?

—O conhece?

—Infelizmente, muito bem!

Beatriz não se encontrava bem e com o balanço do elevador, sentiu que tudo rodava e antes que caísse no chão, viu que os braços fortes daquele homem a segurava.

—Moça, moça!   –batia em sua face, enquanto a segurava no colo. Era só o que faltava. As portas se abriram no andar da recepção.


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