As Folhas de Sicômoro escrita por Mayara Silva


Capítulo 2
No Limiar da Floresta


Notas iniciais do capítulo

Oooie gente ♡ ♡ ♡

Sem avisos enormes hoje, estou mais calminha [já tomei meu rivotril uahsausa]
Tô postando pela madru porque vou passar o dia todo fora. Até mais tarde e boa leitura ♡ ♡ ♡



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Escola St. Johnson, Indiana (3 dias para o halloween) – 12:06 hrs

 

— As luminárias precisam ser laranja e rosa. Laranja, rosa e amarelo. Uma de cada, né?

 

Luna tinha escolhido um lugar a céu claro para discutir com alguns dos demais auxiliares da festa sobre a decoração que estava pensando. O pátio secundário da escola parecia uma boa opção; cercado por folhagens agradáveis, com uma sombra natural à disposição, ela se acomodou em uma mesa redonda e pontuou todas as suas observações em um bloquinho de notas.

 

— Isso não deixa as coisas femininas demais?

 

— Você vai deixar de ser homem se tiver rosa na festa?

 

Indagou a garota, com aquele olhar de desprezo que fez o rapaz titubear. Ele engoliu suas palavras.

 

— Eu vou ver se o organizador aprova isso.

 

— Se ele não aprovar, então eu nem sei por que chamou uma galera de auxiliar.

 

Sem responder ao seu questionamento, saiu como se estivesse levando os sopapos por outra pessoa. Luna suspirou, por um momento se sentiu cruel e quis se desculpar por descontar suas frustrações sobre o organizador em outro auxiliar, mas, num segundo após a saída do garoto, Bunty apareceu das sombras e se acomodou de frente para ela sem pedir permissão.

 

— Quero te fazer um convite.

 

Luna custou a reagir, mas sorriu casualmente instantes após.

 

— Ei, Bunty! Qual é a nova?

 

— Quero te chamar pra me acompanhar até a casa abandonada. À noite.

 

Disse, direto ao ponto. A garota a olhou por alguns instantes, tentando entender se tinha ouvido direito.

 

— O… o quê?

 

— Acho que você toparia. Você ou seus amigos, mas eu não me sinto confortável estando sozinha com meninos, então te chamei primeiro.

 

— Mas por que você quer voltar lá? Não tem nada de interessante pra ver lá…

 

A loira suspirou, parecia abatida.

 

— A história do Prince é verdadeira… mas ele não contou tudo.

 

Com aquela confissão, os grandes olhos azuis da morena se acentuaram. Ela ficou sem palavras.

 

— Ah… mas… se você quer contar o resto, por que tem que ser lá?

 

Bunty parecia ter o olhar vago para a mesa, mas despertou com a pergunta da garota e passou a mão pelos próprios cabelos, se recompondo.

 

— Porque foi lá onde tudo começou. E eu achei… que vocês gostassem de uma aventura.

 

Luna parecia indecisa.

 

— Ahn, não sei não…

 

— Olha… — a garota se levantou —  conversa com eles. Vai ser hoje à noite. Se toparem, eu estarei lá. Se não forem, eu irei sozinha. Me confirmem até às oito, você já tem o meu número.

 

Dito isso, a loira saiu e seguiu seu caminho para um dos prédios da instituição. Quanto à Luna, ficou com seus próprios pensamentos. Era uma loucura voltar para aquele lugar velho à noite, o que poderia ter de drogados e assassinos se abrigando naquela casa não estava escrito…

 

… mas ela não podia negar que havia um quê de sobrenatural nessa história, e tudo isso era muito intrigante.

 

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Portões principais – 16:02 hrs

 

O sol já estava preparando para se pôr quando Luna terminou suas atividades do dia. Aguardou nos portões por alguns instantes, estava esperando Michael, o único dos dois que também não tinha nenhuma aula programada para aquele horário. Ele não demorou e, uma vez juntos, seguiram pela floresta em direção à cidade, percorrendo um caminho oposto ao da bifurcação do dia anterior.

 

— Você viu a mensagem que eu te mandei?

 

— Sim… — murmurou o garoto, já incomodado com aquela conversa — essa Bunty é maluca. Se aconteceu mesmo alguma coisa naquela casa, isso é mais um motivo pra não estar lá.

 

Luna aquiesceu.

 

— Prince também não quer ir, ele disse que isso é coisa de idiota. Mas, sei lá… eu tô achando que ele só disse isso pra me contrariar…

 

Michael a encarou.

 

— Como assim? Espera… você quer ir?

 

— Quero, né? Na verdade, não quero… — ela suspirou — mas Bunty disse que ia com ou sem a gente, e eu não quero que ela vá pra aquele lugar sozinha. Se alguma coisa acontecer com ela, como eu fui a única a saber, vou me sentir muito culpada…

 

— Mas o que ela quer fazer lá sozinha? Eu até entendo que ela quer contar a história pra gente, mas se não formos… ela vai fazer mais o quê?

 

Ela mordeu os lábios.

 

— Não faço ideia… Olha, eu não quero envolver vocês nisso, então não precisam ir se não quiserem…

 

— O quê?

 

Michael parou de caminhar e a encarou. Com as duas mãos, segurava as alças da própria mochila nas costas, tinha uma expressão decidida no rosto e, quando Luna enfim virou o olhar em sua direção, notou como havia uma luta interna dentro do coração dele e como estava se esforçando para manter o medo do desconhecido guardado a sete chaves. Michael estava fazendo aquilo por ela.

 

— Você não vai sozinha. Não vai mesmo. Eu vou com você.

 

Luna ficou em silêncio.

 

— Você não quer isso, não é?

 

Michael suspirou.

 

— Você se preocupa com ela. Eu me preocupo contigo.

 

A garota sorriu e passou a levar aquela conversa em um tom mais leve.

 

— Você enfrentaria os monstros por mim?

 

Ao ouvir a palavra "monstro", Michael deixou um discreto sorriso estampar o seu rosto.

 

— Até mesmo os de verdade.

 

A garota gargalhou e voltou a caminhar, um pouco menos apreensiva.

 

— Só você pra me fazer rir, hein? Eu tô furiosa com esse organizador. Estou quase mandando ele ir à merda. E depois, esse convite da Bunty…

 

— Não esquenta com isso. Deixa o organizador pra depois, vamos focar na Bunty. Posso ir na sua casa e te ajudar com os preparativos pra hoje à noite…

 

— Está apressadinho demais, viu?

 

Ela brincou, rindo mais uma vez. Michael retribuiu sua risada e passou a mão na nuca, desconcertado; não podia negar que tremeu por dentro, temia ter dito alguma besteira.

 

— E-eu...  disse alguma coisa?

 

— Talvez um dia você possa ir na minha casa… quando não tiver ninguém.

 

Ela lhe deu uma piscadela e, num segundo, vários pensamentos inundaram sua mente, todos concentrados em descobrir que tipo de sinal foi aquele.

 

— Eu…

 

— Eu vou te ligar pra dizer o que é que eu vou levar, ok?

 

— Eu tô sem telefone, mas… eu posso te ligar de uma cabine.

 

— Beleza. Você já tem o meu número.

 

Dito isso, a morena sorriu uma última vez antes de separar-se do amigo. Michael seguiu por outro caminho, pensando várias e várias vezes nas palavras dela, e tentando adivinhar com sua mente ingênua se estava tomando as decisões certas. Um sorriso bobo se formou em seu rosto; mesmo uma casa abandonada ou uma história mal contada não inundariam os seus pensamentos como Luna fazia consigo.

 

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Casa abandonada, floresta dos sicômoros – 20:35 hrs

 

Pouco antes das 20h, Bunty recebeu uma ligação confirmando a aparição dos 3 jovens, e os aguardou no limiar da floresta. Munida apenas de uma bolsa com acessórios, seguiu junto ao trio em direção à casa, que já exibia sua torre alta e imponente, pacientemente esperando por eles. As árvores gritavam com o barulho do vento, as folhas esvoaçavam e se agarravam às roupas dos andarilhos, e o frio agradável de fim de tarde, agora, era apenas uma corrente gélida e desconfortável de ar a subir pelas espinhas de cada um naquele lugar.

 

Luna havia ligado para Prince e revelou sua aventura; que estava disposta a ir e que Michael havia topado. Com a dupla confirmada, o rapaz se sentiu culpado por abandoná-los naquela situação e resolveu ceder à curiosidade. Prepararam, cada um, mochilas com comida e materiais que julgaram importante; se não houvesse nada de interessante naquela casa, ao menos não ficariam com fome.

 

Seguiram em silêncio. Ninguém ousou questionar Bunty do porquê de estarem indo explorar aquele casarão velho, e mesmo ela não estava disposta a dar nenhum detalhe no momento. Caminharam até encontrarem o portão velho e parcialmente destruído por Luna, que ainda jazia no chão dos sicômoros, e passaram pelo seu arco. Uma vez novamente no terraço do lugar, entrariam definitivamente pela primeira vez.

 

A madeira do piso rangeu com a presença de seres mais pesados que os bichinhos que ali viviam. Dentro, a casa não passava de um breu sujo e abandonado, e não havia nenhum móvel à vista. Alguns espelhos quebrados, algumas molduras velhas de quadros e mesinhas de decoração rústica, não havia nada mais que isso.

Descobriram, caminhando por pouco tempo, que o quintal da casa estava aberto. Não precisaram andar muito, apenas sair da sala de estar e seguir em frente. Após um corredor, a luz da lua invadiu o cômodo que parecia ser uma cozinha; todo o fundo da casa estava exposto.

 

— Parece um bom lugar pra ficar… Tem teto e iluminação.

 

— Não vamos ficar seguros se algum bicho resolver invadir esse pedaço.

 

Disse Prince, porém foi retrucado pela loira.

 

— As coisas da floresta são menos preocupantes que as coisas daqui de dentro.

 

Ele a encarou com uma sobrancelha arqueada e as mãos na cintura, como se não comprasse a sua ideia. Bunty bateu na madeira por alguns instantes e olhou para o alto, reparando no tanto de andar que aquela casa possuía.

 

— Nós vamos ficar. Por favor… obrigada.

 

E se acomodou. Michael encarou Luna por uns instantes, estava começando a achar tudo aquilo muito esquisito. A morena, por sua vez, apenas se acomodou ao lado dos amigos e os ajudou a fazer uma fogueira para aquecer. Sentaram todos no chão empoeirado do local, sem direito a reclamar, pois era o cantinho menos asqueroso daquela casa. Após acenderem uma fogueira, Michael abriu um pacote com marshmallows e eles passaram a dividir, precisavam daquele escape para aguentar o que viria a seguir.

 

Bunty iniciou.

 

— A história que o Prince contou não é uma lenda. Aconteceu. Foi aqui… há alguns anos atrás.

 

Disse ela, e, num instante, o seu olhar vagueou lentamente por cada canto daquela sala. Os outros se sentiram instigados a fazer o mesmo, admirando cada fresta, observando cada inseto surgindo da madeira velha. Eles retornaram a atenção à loira.

 

— O casal não desapareceu. A menina fugiu. A menina sou eu…

 

Os três pareciam ter feito uma expressão de surpresa ao mesmo tempo, mas cada um à sua maneira. Bunty prosseguiu, mantendo seu cenho melancólico.

 

— Nós não fomos atrás de aventura. Estávamos voltando de viagem, nosso voo desembarcou ao fim da tarde. Tomamos um carro alugado e estávamos indo para o hotel. Mas passamos por perto da casa… — pausou por alguns segundos; tinha o olhar baixo, fixo na fogueira. As lembranças passaram a permear a mente dela, que precisou daquele momento de silêncio para reorganizá-las — alguma coisa… estava me chamando. Eu não lembro o que aconteceu… eu perdi o controle… tinha alguma coisa nas folhas, me chamando… E então, quando eu já estava perto, quando senti as folhas tocarem os meus joelhos, ele me puxou para longe. Demos um giro, e eu ouvi um disparo.

 

Naquele instante, tudo ficou em silêncio. Ninguém ousou respirar, tinham uma expressão estática, apreensão em cada músculo do corpo. Bunty, ainda olhando para a fogueira, prosseguiu.

 

— O sangue dele tocou as folhas. Quando eu despertei daquele transe, vi um… monstro… — ela deixou uma lágrima silenciosa escapar de seu rosto. Naquele momento, não conseguiam descredibilizá-la — horrível… Era abominável como um cachorro possuído por demônios, mas tinha um corpo parecido com o de um humano. Eu gritei, porém ele não me ouviu, estava ocupado demais destruindo o que havia restado do meu namorado — disse a última frase com desprezo à criatura, tinha fúria em suas palavras. — Eu fugi. Eu escondi tudo isso comigo. Eu estava sozinha, em um país que não era o nosso, eu seria facilmente declarada louca e internada num hospício, então guardei essa história no meu coração — ela levou as mãos ao peito e mordeu os lábios. — Eu ainda consigo ouvi-lo me chamar… aqui, nessa casa. Eu não tenho mais medo dessa casa, porque o monstro que eu vi já não vive mais aqui. Ele aprisionou o meu amor… no seu próprio inferno.

 

Após finalizar o seu relato, todo o ambiente retornou ao profundo silêncio. Todos pareciam refletir sobre o que ouviram, sobretudo Michael, que havia fixado o olhar nas labaredas da fogueira, vagueando nas palavras da garota.

Prince, por outro lado, balançou discretamente a cabeça em negação e deixou um sorriso de canto estampar o seu rosto.

 

— Querida… seja sincera. Você não usou nada antes de vir aqui, não é?

 

— Prince! — exclamou Luna, disparando-lhe um olhar de repreensão.

 

— Desculpa, amor. É que… eu sou o único que está tentando ver a história por um lado lógico? As coisas estavam divertidas até hoje mais cedo, mas é falso, tudo aquilo foi inventado pela galera da república. Por favor… não tem nada disso nos jornais, a história é uma lenda.

 

Antes que pudesse prosseguir com seus argumentos, uma folha de sicômoro foi posta diante do rapaz. Bunty havia pego durante a travessia; e ainda estava madura, ainda tinha o caule esverdeado, embora a extremidade já estivesse alaranjada. Todos se encararam, imaginando o que viria a seguir.

 

— O seu sangue na folha. Se não acredita em mim, imagino que isso não vá te assustar.

 

Prince arqueou a sobrancelha e a encarou com desconfiança. Bunty, por outro lado, estava impassível.

 

— Se realmente existir um monstro, não acha que pôr todo mundo em risco apenas para provar a veracidade da sua história é ridículo?

 

— O monstro vai apenas te atacar. Se estivesse prestando atenção na minha história, saberia disso.

 

— Gente, já chega. Bunty, se isso aconteceu mesmo, eu sinto muito. Eu… eu não sei nem o que falar. Mesmo que isso não fosse um monstro, mesmo que fosse um assassino disfarçado ou coisa semelhante, ainda é muito cruel e desumano. Eu…

 

— Não era um humano, Luna, era um monstro. Coloca o sangue na folha — ela olhou para os três em sequência. — Nenhum de vocês acredita em mim, então coloquem o sangue na folha. Só precisa de pouco, bem pouco.

 

Luna franziu o cenho.

 

— O quê? Nem pensar! Eu não quero me meter nessas coisas…

 

— Eu não vou também… — murmurou Michael.

 

— Bunty, isso é ridículo.

 

— Nenhum de vocês quer acreditar, mas ninguém quer dar o braço a torcer. Se colocarem…

 

— Ninguém vai, Bunty…

 

— Coloquem! Deixem de ser covardes!

 

— Arh! — exclamou Luna, impaciente. Tomou a folha em mãos e puxou um estilete. — Dá isso aqui, droga!

 

Michael não conseguiu disfarçar o seu olhar assombrado ao perceber que a menina estava realmente pensando em testar a veracidade do relato da loira. Gostava de ter os pés no chão, mas tinha medo. Depois de tantas insistências… e se houvesse, de fato, alguma faísca de seriedade naquela história?

Sem dizer uma palavra, puxou o estilete da garota, o que acabou consequentemente cortando sua própria palma. Michael soltou um gemido baixo de dor e, diante dos olhares chocados dos seus amigos, lentamente abriu a mão ensanguentada.

 

Lá estava a solitária folha de sicômoro, com suas notas de vermelho intenso, próxima ao pequeno corte do rapaz. Bunty encarou o machucado, em seguida desviou o seu olhar azul para os olhos castanho-escuros dele.

 

— O quão longe você vai por amor, hein…?

 

Murmurou, e fora tão baixo que os demais à sua volta não compreenderam o peso daquelas palavras no coração do garoto. Michael não teve reação, e a loira, fazendo uma expressão surpresa, rapidamente tirou um lencinho do bolso e o cedeu.

 

— Toma. Estanca isso logo, pode infeccionar nesse lugar.

 

— A brincadeira foi longe demais, bunny… — murmurou Prince, agora mordendo os lábios.

 

Ao ouvir suas palavras, Luna os encarou com surpresa, seguida de raiva.

 

— Espera… isso foi uma brincadeira??!

 

— Mais ou menos…

 

— Quem ia prever que você ia trazer um estilete?? — disse Prince. — Por favor, Luna, um monstro? Você é mais esperta que isso. Eu esperava uma besteira até mesmo do Michael…

 

— Quê? — indagou o moreno, franzindo o cenho.

 

— Gente, para! Brincadeira ou não, se a gente continuar gritando assim, vai atrair coisas que realmente existem! — assim que os meninos se calaram, Luna encarou a loira, que tinha um olhar inocente e parecia arrependida. — Vai falando.

 

Bunty suspirou.

 

— Eu falei com o Prince antes de falar contigo. Eu percebi que ele tinha conhecimento sobre a lenda e passamos a tarde conversando sobre isso. Incrementei algumas coisas e… foi isso. Me desculpem…

 

— E-por-quê?!

 

— Porque ele queria se divertir e eu queria uma companhia pra vir pra essa casa! Essa casa é incrível! Quantas pessoas não vêm aqui por causa das histórias? Pelo menos vamos ter alguma coisa pra falar no dia da festa…

 

Luna suspirou.

 

— Droga… a festa. Se não fosse a brincadeira idiota de vocês, eu poderia ter ficado em casa cuidando dos detalhes.

 

— Pessoal… — murmurou Michael, enrolando o lencinho que ganhou em sua palma até que o sangue estancasse — vamos voltar? Eu estou… eu não me sinto bem.

 

— O que foi, Michael? — perguntou Luna, preocupada, mas o rapaz apenas balançou a cabeça negativamente.

 

Bunty suspirou.

 

— A gente devia ficar aqui.

 

— Obrigada pelo conselho, mas atualmente você e o Prince estão proibidos de falar.

 

— Nhé nhé nhé… — murmurou o moreno — ela tem razão, Lulu. A essa hora, deve ter gente na floresta desovando corpos ou usando drogas. Simplesmente ninguém tem coragem de ficar nessa casa, eu duvido que vão importunar a gente aqui.

 

— Provavelmente o Michael vai perder a mão e você tá falando pra ficarmos nessa casa velha?

 

— Ei! Não, não vou perder não… Eu só… eu só tô cansado. Eu quero dormir um pouco.

 

— Está tarde mesmo… — disse Prince, procurando em sua mochila alguma coisa para se cobrir — vamos voltar quando o céu começar a clarear. Quem concorda?

 

— Eu — disse Bunty, também buscando um cobertor.

 

Michael olhou para Luna uma última vez antes de dar ombros e sorrir.

 

— Vai dar tudo certo — sussurrou.

 

Luna retribuiu o sorriso ao ver que ele parecia bem.

 

— Bobo… você me deixou preocupada. Não faz mais isso, hein?

 

— Eu vou tentar… — ele brincou, rindo baixinho em seguida.

 

Mantiveram a fogueira acesa e se acomodaram para dormir. Não era um ambiente agradável para uma boa noite de sono, por isso cada um silenciosamente torceu para que o dia chegasse logo.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

Michael olhou para um lado, para o outro, e não identificou ninguém naquela sala. Estava sozinho.

— Prince…? Luna…?

Murmurou, levantando-se. Era estranho como se os três tivessem o abandonado ali e fugido no meio da noite. [...]

Subiu as escadas, e não se importou com o barulho ameaçador que faziam. Seguiu freneticamente pelos corredores empoeirados daquele lugar. Não sabia se era a sua mente recém acordada pregando peças, mas jurou ter ouvido uma risada; uma risada agradável, contagiante, humana… [...]

Um homem. [...]

— Quem… é… você?

As palavras saíram com dificuldade de seus lábios. Precisava falar, mas não era o que queria; queria continuar ali, olhando para ele.
O desconhecido sorriu.

— Vamos brincar?



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