Nunca é tarde demais.- Drarry escrita por fox1


Capítulo 16
O jantar.




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Na manhã seguinte, Draco encontrou o sofá vazio. Harry apareceu quando ele estava acabando o café da manhã.

     — Eu ia deixar um bilhete, desculpando-me pelas minhas maneiras grosseiras —começou ele —, mas não pude pensar no que dizer. Então, apenas saí como um criminoso e fui para meu próprio quarto.

       — Não faça drama disso. — Draco sorriu. — Estarei pronto para irmos à mansão Lupin em uma hora.

       — Estarei esperando por você lá embaixo. E, Draco... obrigado por tudo.

       Harry não fez mais nenhuma referência à noite que haviam passado juntos, e de tudo que ele tinha dito e revelado.O trem os levou no trajeto de oitenta quilômetros para a estação perto da mansão, onde foram recebidos por , Parvati madrinha e irmã da noiva.

       Ela nunca tinha visto Harry, mas quando ouviu o nome “Potter” arregalou os olhos e exclamou:— Ei, você não é o homem que... — Então parou e ficou totalmente vermelho.

       — Sim, era eu — respondeu Harry com um sorriso prazeroso.   

       — Vamos?

     Assim que chegaram na casa, Edward veio correndo cumprimentá-los. Ele também se lembrava de Harry.  Quando criança costumava falar muito, mas agora que era noivo, aprendera a se controlar. Felizmente, foi mais discreto que Pavarti, e o momento passou sem problemas.

      A imensa casa logo estava repleta de convidados de fora da cidade que passariam a noite. Muitos deles lembraram-se de Draco e reconheceram Harry , mas era um escândalo antigo, e após alguns olhares curiosos, eles esqueceram o velho casal e se concentraram no noivo.

      Draco tinha relutado em voltar àquele lugar para o casamento, temendo que velhas lembranças o perturbassem. Mas de súbito, tudo parecia diferente. Estava lá com Harry, sabendo que era a pessoa cuja companhia ele queria. Quando todos se congregaram para a refeição daquela noite, ele desceu de braço dado com Harry.

     Passando pelo corredor, deu uma olhada nos dois em um longo espelho, e, mais uma vez, ficou impressionado pela bonita aparência de Harry, uma postura elegante e alegre que faria qualquer pessoa sentir orgulho de estar nos braços dele.

     Sua própria aparência também havia sofrido transformações. Não era mais o garoto desajeitado, sem autoconfiança e insatisfeito com seu visual e personalidade. Agora, com sua roupa de gala preta e verde, tinha o ar de um homem seguro, forte, que podia vencer qualquer obstáculo.

     Enquanto andavam, Harry virou-se de leve para olhá-lo. Não fosse pelo espelho, Draco nunca teria notado, mas viu o reflexo do rápido olhar de Harry, o pequeno sorriso nos lábios, a expressão de orgulho nos olhos enquanto o fitava. Então eles saíram de perto do espelho. E da próxima vez que ele o olhou, Draco estava mirando à frente, aparentemente distraído.

     Era um jantar tipo bufê, de modo que o pessoal da cozinha pudesse se concentrar nas demandas para o casamento no dia seguinte. Isso deixou os convidados livres para vagar como quisessem, e o tempo de Draco foi preenchido com a renovação de velhas amizades e conversas com os parentes.Lorde Remus estava particularmente curioso.

        — O que está acontecendo? — perguntou. — Vocês dois, aqui juntos?

      Ele era um homem charmoso de cinqüenta e poucos anos, com prematuros cabelos grisalhos nas têmporas que não atrapalhavam em nada sua boa aparência. Draco gostava dele, exceto que o considerava um pouco ansioso demais para tirar vantagens da família.

       — Remus — disse Draco agora. — Se você está pensando o que acho que está, pode esquecer.

       — Então, onde está a esposa dele? Escutei rumores...

       — Acabou. Eles estão divorciados.

       — E agora, ele está aqui com você. Hmm! Sei, sei.

       — Eu disse, esqueça isso.

       — Realmente, meu caro, você não pode esperar que eu ignore a chance de acrescentar um príncipe à família. Ele escorregou de meus dedos a última vez, mas...

        — Vou pisar nos seus pés em um minuto.

     Ele sorriu e mudou de assunto, mas alguns momentos depois, Draco o viu tentando se aproximar de Harry com conversas amigáveis. Apenas pôde esperar que ele não fosse tão rude quanto a isso.E não pôde deixar de notar que, quando lorde Lupin o deixou, Harry não estava muito à vontade. As pessoas ali o conheciam apenas em conexão com um escândalo passado, e ele detestava a sensação.

       Porém, tinha aceitado o convite para o casamento e enfrentado as conseqüências, apenas para estar com ele, Draco Lucius Malfoy.

       — Está ficando tarde — Draco disse-lhe finalmente. — Eu vou para a cama.

       — Eu também — murmurou ele enquanto outros convidados estavam começando a se despedir.

      Eles desejaram boa-noite a todos e subiram a escada, juntos.

       — Amanhã será um longo dia — comentou Draco.

       — E talvez um dia difícil.

       — Nós não deixaremos que seja —. prometeu Draco. — Boa noite.

     Draco o abraçou. Harry o abraçou de volta. E eles foram para seus quartos separados. No seu novo humor de contentamento, Draco adormeceu assim que a que a cabeça tocou o travesseiro, e dormiu a noite inteira, sem acordar uma única vez até quando o dia estava quase amanhecendo.

     Então foi acordado por alguém se debruçando sobre ele na cama. Mãos a sacudiram e uma voz desesperada falou:— Draco, acorde, por favor. Uma coisa absolutamente terrível aconteceu.

       — O que, meu Deus? O que aconteceu? — perguntou ele assustado e sonolento.

       — É terrível.

       — O que houve de tão terrível, Ted?

        — Simas pegou uma gripe.

        — Oh, céus! — exclamou Draco, não vendo grande problema naquilo. Simas era quem levaria a noiva ao altar.

       — Você faria isso por mim, por favor? Você é do mesmo tamanho e altura de Simas e o smoking lhe servirá.

       — Sim, sim, tudo bem — respondeu Draco meio dormindo.

       Ted deu-lhe um beijo estalado no rosto.

         — Obrigado. Volte a dormir.

      Ted saiu do quarto, deixando Draco de volta aos travesseiros, olhos já fechados. Ele acordou de novo poucas horas depois e sentou-se na cama imediatamente.

       — O que eu disse que faria? — Discou para o quarto de Ted do telefone da cabeceira. — Ted?

       — Sim.Venha já para cá e experimente seu traje. Mandarei servir seu café da manhã aqui.

       Draco vestiu um robe por cima do pijama de seda preta e foi para o quarto de Ted.

       — Eu imaginei coisas a noite passada?

       — Não, o pobre Simas está com febre. Está recusando todas as visitas até que o casamento acabe. Venha ver o seu traje.

      Os olhos de Draco se arregalaram com a visão do traje. Um lindo smoking preto acetinado com o colarinho e a gravata borboleta num tom um pouco mais negro aveludado. Completando o traje uma camisa branca e sapato social preto.

       — Serve perfeitamente — exclamou Ted de modo triunfante quando Draco experimentou o traje. — Você ficará maravilhoso. Já lhe falaram que preto é a sua cor? Realça a sua cor de pele e o platinado dos cabelos. Agora, tire-o para que possa tomar seu café.

      Meio atordoado, Draco voltou a vestir seu pijama e robe e beliscou o café da manhã, ouvindo diversas instruções, assentindo e tentando se concentrar.

        — Certo — murmurou finalmente. — Agora, eu vou para o meu quarto tomar um banho, e depois volto aqui.

        Draco saiu para o corredor tão preocupado, que no começo não viu Harry.  Foi o suspiro profundo dele que o alertou.

        — Oh, meu Deus — disse Draco, tocando-lhe o braço de leve.   

        Para a surpresa de Draco, ele recuou.

        — Eu ia procurá-lo — começou Draco — para dizer-lhe que não poderei ir para a igreja no mesmo carro que você.

        — Entendo. — A expressão dele era tensa e séria.

        — A razão é...

       — Você não precisa me dizer qual é a razão — replicou ele friamente. — Eu devia ter percebido.

       — Percebido o quê? — Draco exigiu saber, cada vez mais intrigado pela atitude estranha dele e pelo tom tão frio.

        Harry não respondeu, mas olhou para o robe dele de modo significativo.

      — Você saiu do quarto de alguém um pouco tarde — acusou ele. — Acredito que a discrição geralmente sugere uma partida bem cedo pela manhã.

       Subitamente, Draco entendeu o que ele estava pensando.

       — Você está dizendo que acha que eu... Harry , você sabe de quem é o quarto de que eu acabo de sair?

       — Não — respondeu ele quase de modo agressivo. — E nem quero saber. Você não me deve nenhuma explicação.

       — Certamente não devo. Mas você me deve um pedido de desculpas. Como ousa pensar... O que você está pensando? Deveria se envergonhar de si mesmo.

       — Draco... — murmurou ele incerto. Alguma coisa na explosão dele o atingira.

       — Você realmente pensou que eu...

        — Eu não sei o que eu deveria pensar.

       — Bem, na verdade, você não deveria pensar nada — retrucou Draco. — Porque a quem pertence o quarto de que estou saindo não é de sua conta. E isso é especialmente verdade quando você me insulta tirando conclusões precipitadas.

       — Eu não pretendia insultá-lo...

     — Oh, verdade? —  Draco foi cínico. — Então você pode me explicar exatamente o que pensou que eu estivesse fazendo aí dentro?

       — Não, não posso — disse ele, enrubescendo de leve.

       — Mas você tem uma imagem brilhante em sua mente, não tem? Duvido que possua alguma relação com a realidade.

        — Como você disse, não é da minha conta. Agora, se não se importa... — Harry começou a se afastar.

        — Mas eu me importo. Você não pode fazer acusações c simplesmente sair andando.

        — Eu não fiz nenhuma acusação.

        — Não fez? — Draco estava irado. — Então, o que foi aquela observação sobre partidas cedo na manhã? Isso vem de sua própria experiência? Quão cedo são suas partidas, Harry?

       — Não vejo necessidade de discutir isso.

      — Aposto que não vê. Mas, é claro, se ela ou ele tiver um apartamento em Roma, você não precisa sair tão cedo, precisa? Ou a pessoa tem vizinhos bisbilhoteiros? Você esconde o rosto quando sai da casa de um de seus amantes?

       Harry suspirou.

       — Que absurdo você está falando?

       — Vou lhe dizer o que...

       Mas não adiantava. Draco não pôde continuar. A situação era engraçada, e foi mais forte que a raiva. No próximo minuto, estava gargalhando tão alto e tão forte que teve de se segurar na parede.

       — Draco...

       — Que tolo você é! — murmurou ele. — Mas suponho que eu seja tolo, também. Apenas esqueça isso.

       — Esquecer? Você deixou muito claro o que pensa de mim, e devo esquecer? —questionou Harry.

       — Bem, você também deixou muito claro o que pensa de mim e eu o perdôo. —Um outro acesso de riso o invadiu. — Oh, meu Deus, eu vou morrer disso.

       De repente, o coração de Harry estava batendo como raramente tinha batido antes. De fato, não batia tão descompassado há doze anos. Ele desejou perguntar a Draco o quão errado estava, mas foi incapaz de pronunciar as palavras.Então, por detrás da porta, escutou um som que pareceu devolver-lhe a vida.

       No instante seguinte, a porta foi aberta e Ted apareceu.Por sobre o ombro, Harry pôde ver pelo menos mais três homens no quarto.

        — Draco, graças a Deus que você ainda está aqui. Eu queria que você... Oh, olá.— Ele viu Harry e explicou: — Draco está nos ajudando. Ele irá levar a noiva ao altar em vez de Simas, que pegou uma gripe. Você já explicou isso a ele, Draco?

       — Eu não tive a chance — replicou Draco. — Harry, eu ia lhe procurar e dizer que houve uma mudança de planos. Eu irei para a igreja com o noivo.

        — Obrigado por me avisar — disse ele com vigor.

      Ted olhou de um para o outro com expressão desconfiado, então se retirou. O rosto de Harry estava tenso e envergonhado, relembrando Draco do quanto ele podia ficar nervoso, e como, mais do que ninguém, sofria por isso. Era o último homem do mundo capaz de lidar com aquela situação.

       — Como você pôde? — perguntou Draco, divertido e repreensivo ao mesmo tempo.

       — Eu peço desculpas por... por...

       — Oh, cale-se! — Draco, respondeu — Eu vejo você na igreja. Com uma das mãos, Draco tocou-lhe a face, enquanto roçava-lhe um beijo na outra face. Então partiu sem olhar para trás.


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