Touches You escrita por lamericana


Capítulo 39
Capítulo 38




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Godric’s Hallow, 03:06PM, 25/12/2018

— Astrid! Você pode descer, por favor? Eu e seu pai só estamos esperando por você pra poder ir na casa da sua avó buscar as coisas! — reclamou Sarah, no pé da escada

— Quer que eu vá ver o que está acontecendo? — ofereceu Miko — Quando eu desci, ela ainda estava se arrumando.

Franz passou pelos dois, com os olhos vidrados na mãe e no cunhado.

— O que aconteceu, mamãe? — perguntou o pequeno

— Sua irmã tá demorando. Mas vou ver o que é. — explicou Miko

— Posso ir com você?

— Melhor não, Franz. Mas qualquer coisa eu falo contigo, tá certo?

O pequeno acenou em concordância. Miko subiu as escadas até o antigo quarto da esposa e bateu na porta.

— Biene? Tá tudo bem? — perguntou enquanto entrava

Ele ouviu um barulho vindo do banheiro e seguiu para lá. Assim que abriu a porta, viu Astrid de cabeça baixa sentada no chão, parecendo devastada, muito diferente do humor que apresentava quando ele saiu de lá.

— Ei, meu amor, o que aconteceu? — ele perguntou, se sentando ao lado dela

Astrid soltou um suspiro longo e o entregou um bastão.

— Tô grávida. Eu sei que não era o que a gente queria, mas aconteceu — as lágrimas começaram a cair dos olhos dela

Miko passou o braço por cima dos ombros dela e a abraçou. Entendia um pouco do desespero que a jovem sentia, mas sabia que, naquele momento, tinha que ser mais forte.

— Vai dar tudo certo. Vamos conseguir dar um jeito. Ainda não sei qual, mas vamos.

— Miko, eu não tenho como levar essa gravidez adiante. Os duendes não vão mais me querer sabendo que eu to grávida.

— Você já falou com eles sobre isso?

— Não, mas nunca vi uma mulher grávida trabalhando em qualquer setor do banco. Quem dirá como caça-recompensas, que é um dos cargos que envolve mais riscos.

— Isso não significa que você não possa ser a primeira. E a gente não precisa contar pros seus pais agora. Mas vamos descer. Se você quiser, a gente pode falar primeiro com a sua avó antes de contar pro resto da família.

— Pode ser. — ela ficou um tempo em silêncio — Minha mãe já tá com raiva por eu não ter descido, né?

— Um pouco. E seu irmão está preocupado com você. Até queria vir junto.

Astrid riu, enxugando as lágrimas.

— Franz é um amor. Vou terminar de me arrumar. Me ajuda?

Miko acenou com a cabeça e levantou, ajudando Astrid. Quando os dois finalmente chegaram na sala, Sarah levantou a sobrancelha em direção à filha. Astrid acenou com a mão, tirando o atraso por menos. Sarah e Klaus aproveitaram que a filha tinha descido e foram para a casa da mãe de Sarah. Franz, assim que viu a irmã, saiu de perto da árvore e a abraçou nas pernas.

— Tudo bom, Asta? — ele perguntou

— Tudo sim, querido. Você ainda não me mostrou o que Papai Noel te deu de presente.

— Vem ver! É um livro!

O menino ficou ultra animado, puxando a irmã pela sala. Ele tagarelava sobre como queria que ela o ensinasse a ler runas para entender o livro.

Astrid sentou no sofá e botou o irmão no colo.

— Eu vou te ensinar a ler as runas desse livro, mas com uma condição. — ela barganhou

— Qual?

— Quando você entrar em Hogwarts, você vai estudar as outras.

— Tá certo. Mas como é que faz com esse livro?

Astrid pegou o exemplar e tentou explicar de uma forma simples ao irmão como decodificar as runas e entender o conteúdo. O menino prestava atenção, e a cada dúvida que surgia, perguntava. Quando terminaram o primeiro capítulo, Constanze chegou.

— Oma! — Franz gritou, quase pulando do colo da irmã — Olha o que eu ganhei de Papai Noel.

O garoto levantou o livro para a avó ver.

— Já aprendeu a ler? — perguntou

— A Asta tá me ensinando.

— Que bom, querido. Onde estão seus pais?

— Mamãe foi buscar o lanche na casa de Oma Henderson e papai foi com ela.

— E você deixa eu falar com a sua irmã rapidinho?

— Deixo. — o menino aproveitou para ir atrás do cunhado — Miko, você sabe ler runas?

Enquanto Miko assumia o lugar da esposa, ensinando runas a Franz, Constanze e Astrid seguiram pra cozinha, para que o menino não ouvisse a conversa das duas. As duas ficaram num silêncio meio tenso antes de Constanze começar a falar.

— Eu tenho uma proposta pra você. Pode parecer meio estranha, mas espero que você esteja disposta a me ouvir e que ouça tudo antes de fazer alguma pergunta.

— Pode falar.

— O filho de um antigo mecenas meu entrou em contato querendo que eu retomasse os serviços. Mas, como você bem sabe, a minha idade deixa tudo mais complicado. Perguntei a ele se poderia, eu mesma, arranjar uma substituta e indicar para ele. Pensei em você. Mathias Kramer disse que estava disposto a pagar bem, num salário estável, mesmo que não houvessem missões. O trabalho vai ser bem menor, mas vai dar para você aproveitar mais seu tempo com seu marido. Tem um ponto que, hoje, pode ser um problema. Ele quer que você vá para Berlim a cada duas semanas. Pra mim, se você for aceitar esse emprego, o melhor seria voltar para a Alemanha de vez. Miko poderia assumir um cargo no ministério alemão equivalente ao atual dele.

Astrid assentiu.

— Oma, antes de dar o veredito, eu queria te contar uma coisa e que você desse a sua opinião sincera.

Os olhos da jovem voltaram a marejar e sua mão trêmula desceu para a barriga e sua avó entendeu o que ela queria dizer. Constanze abraçou a neta, que recomeçou a chorar.

— Mein lieber... Seus pais sabem? E seu marido?

— Miko sabe — Astrid respondeu entre soluços — Mas ainda não contei pro papai e pra mamãe.

— Então você vai fazer o seguinte: amanhã mesmo, você pede demissão do Gringotts. — Constanze secou as lágrimas da neta — Eu sei que você gosta de lá, mas também sei que, como mãe e caça-recompensas, que você não vai ter como trabalhar num banco e manter uma gestação, principalmente nesse começo, de uma forma saudável. Então aceite a oferta de Mathias.

— E como eu conto pra eles?

— Assim que eles chegarem, eu solto a deixa e você fala como achar que deve. Mas, conhecendo seu pai como eu conheço, acho melhor você jogar a bomba de uma vez.

— Que bomba? — Sarah perguntou enquanto entrava na cozinha com os pacotes.

Logo atrás dela, Klaus chegou. O medo de Astrid foi substituído por nervosismo.

— Mãe, pai, coloquem os pacotes no balcão. Eu preciso contar uma coisa séria pra vocês.

Com isso, Sarah e Klaus ficaram tensos. Astrid não tinha o costume de anunciar coisas sérias. Essa missão normalmente ficava com Leslie.

— O que foi, Asta? Algum problema com o banco? — Klaus questionou preocupado

— Não, não tem nada a ver com o banco. É que... Eu to grávida. Demorei pra descer porque tinha acabado de fazer um teste. — a jovem despejou tudo de uma vez e entendeu o silêncio dos pais como desaprovação e as lágrimas voltaram aos olhos — Eu não queria, mas aconteceu. Desculpa. Eu...

Sarah abraçou a filha, dando um enorme sorriso.

— Filha, isso é uma ótima notícia que você está nos dando.

— Vocês não estão com raiva? — a jovem perguntou, se soltando do abraço da mãe

— Raiva? — Klaus questionou — Astrid, como a sua mãe disse, essa é uma notícia maravilhosa. Não tem como a gente ficar com raiva disso. Mas não vou mentir que estamos preocupados com o seu emprego.

Astrid trocou olhares cúmplices com a avó.

— Bem, sobre isso, Oma acabou de me fazer uma oferta que eu não tenho como recusar.

A garota explicou para os pais que iria pedir demissão do banco e iria trabalhar para um antigo mecenas da avó.

— Ainda vou conversar com Miko sobre os detalhes disso tudo. — Astrid concluiu

Klaus e Sarah se entreolharam e a mulher concordou com a cabeça.

— Mãe, você pode ficar com o Franz e pedir pra que o Michael venha, por favor? — Klaus pediu

Constanze atendeu o pedido do filho. Astrid ficou tensa, já que não tinha a menor ideia do que o pai tinha em mente. Assim que Miko entrou na cozinha, Klaus voltou a falar.

— Miko, a Asta acabou de nos contar a notícia do bebê. Estamos muito felizes com isso. Mas temos que conversar sobre outro assunto. Asta?

— Minha avó acabou de me repassar uma oferta de emprego que vai me pagar mais que o Gringotts e vai me dar mais tempo livre, mas, em compensação, vou ter que passar muito mais tempo na Alemanha. Em Berlim, pra ser mais exata.

— E qual a dúvida nisso? Até onde eu te conheço, sei que você já aceitou isso. — Miko apontou

— Eu queria fazer os acordos de como vai ficar a nossa vida com esse novo emprego. Porque também vai afetar meus pais e meus irmãos.

— Eu tenho meu emprego aqui, Biene. Por mais que eu queira, não posso simplesmente largar o Ministério assim, de um dia pro outro. Fora que eu não sei falar alemão decentemente.

Astrid revirou os olhos com a última parte.

— O alemão você aprende. E eu já te ensinei o suficiente pra você se virar sozinho, como você mesmo pode atestar na lua de mel. E a gente não precisa se mudar amanhã. — ela deu de ombros — Posso ir na frente pra arrumar um lugar pra gente ficar e ajustar os detalhes com Mathias Kramer pra trabalhar lá.

— Se vocês forem para a Alemanha, nós temos um pedido para vocês. — Klaus interrompeu — Que o Franz também vá. Está cada dia menos seguro viver aqui. Já que vocês têm essa possibilidade de ir e ficar em segurança, podendo garantir que Franz também fique, seria bom.

— Tudo bem, pai.

A jovem suspirou.

— Vamos dizer que eu vá para a Alemanha com você e a gente fique por lá. — Miko começou — No que eu iria trabalhar?

— Mesma função, outro ministério. — Astrid pontuou

— Ou então pode conseguir uma vaga parecida com a minha. Teller tá precisando de um assistente. Posso falar com ele. — Klaus pontuou

— Seria ótimo. Acho que a gente consegue resolver a maior parte das coisas já essa semana. — Miko comentou

— Seus pais sabem? — perguntou Sarah

— Ainda não. Queria que a Asta se sentisse segura do que iria fazer antes de qualquer coisa.

Astrid deu um sorriso agradecido ao marido.

— Quando, como e quanto dessa história a gente conta pro Franz que ele vai com a gente? — ela questionou — Porque eu não quero ter que mentir pra ele dizendo que a gente vai fazer uma viagem de bate e volta quando a gente está se mudando pra outro país.

Sarah e Klaus se entreolharam. Era uma pergunta pertinente, mas nenhum dos dois sabia uma resposta para dar.

— Acho que vamos ter que discutir isso. Mas a gente te conta. Pode ser? — Sarah sugeriu

— Tá. Pode ser. Mas eu preciso saber logo, tá certo?

— Asta! — o menino entrou correndo e gritando pela cozinha — É verdade o que a Oma disse?

— O que que a Oma te disse?

— Que você trabalha como caça-recompensas.

— É verdade sim. E sabia que Oma Hoff também trabalhou como caça-recompensas?

— Sério?! Que legal! Quando eu crescer, posso ser caça-recompensas também?

— Pode sim. Mas vai ter que estudar, viu? Porque eles só aceitam caça-recompensas que falam pelo menos três línguas.

— Você fala quantas?

— Três e to aprendendo uma quarta.

— Quando você tiver uma missão, você pode me levar junto?

— Franz... — Klaus repreendeu — É o trabalho da sua irmã. E é muito perigoso.

O garoto revirou os olhos.

— Mãe, vai precisar de ajuda pra arrumar a mesa antes de Onkel Leon chegar? — Astrid se ofereceu

— Você fica com seu irmão. Mas eu vou querer a ajuda de Miko para arrumar as coisas.

Miko começa a ajudar a sogra a arrumar a mesa da sala enquanto Astrid, Constanze e Klaus tentam convencer Franz de que ir junto a uma missão de Astrid seria perigoso, mas que podiam fazer uma versão simulada e com menos riscos para ele conhecer.

— Papai?

— Oi, Franz.

— E o que você faz? Porque a Asta e a Oma são caça-recompensas, Ames trabalha com desenhos e mamãe é advo... Sei falar o resto não.

Astrid segurou o riso.

— Franz, sabe o que papai faz?

— O que?

— Promete que vai guardar o segredo?

— Prometo.

— Promete mesmo?

— Claro que eu prometo, Asta!

— Ele faz negócios.

— Então ele é um empresário!

— Errou. Vem cá pra eu te contar no ouvido.

Quando Astrid ia contar, a campainha tocou e o garoto pareceu esquecer do que estava conversando com a irmã e saiu correndo para abrir a porta.

— Onkel Leon! — Franz gritou feliz antes de se virar pra prima — Anke, vem ver o que Papai Noel trouxe pra mim. Oi, Tante Claire. — o menino puxou a prima até a cadeira em eu deixou o livro que o cunhado e a irmã começaram a o ensinar a ler.

Astrid cumprimentou os tios e foi até a cozinha ajudar a mãe a esquentar os pratos e colocar na mesa. Entre a arrumação da mesa e esquentar os pratos, Sarah interrompeu a filha.

— Será que você vai poder vir pro Natal do ano que vem com seu filho?

— Mãe, não é um pouco cedo pra pensar nisso não? Não sei nem se essa gravidez vai vingar, quanto mais se vou poder vir no Natal ano que vem. Vamos dar um passo de cada vez?

Sarah levantou os braços em rendição.

— Mas teve algum enjoo com comida? Ou...?

Astrid inspirou fundo sentindo o cheiro do peru que tinha acabado de sair do forno.

— Não. Nada de enjoo com comida. Mas o cheiro de pasta de dente é infernal, principalmente de noite. É incrível como uma coisa tão inofensiva pode me deixar tão mal. Mais mal que peixe.

As duas começaram a rir como duas crianças ao lembrarem do episódio parecia ter acontecido séculos antes até serem interrompidas por Leon.

— Do que as duas estão rindo feito hienas? — ele questionou

Sarah foi mais rápida em recuperar o fôlego.

— Nada demais. Filha, vai logo pra mesa e tenta fazer seu irmão se sentar. Eu levo o peru.

Astrid concordou e foi até a sala, tentando fazer o irmão se concentrar nela o suficiente para se sentar na mesa. Leon tentou impedir a cunhada de sair da cozinha.

— O que aconteceu com a Asta? — ele questionou

— Como assim? Ela tá bem. — Sarah respondeu efusiva

— Ela podia estar rindo com você, Sarah, mas ela tava com o olho inchado. Assim como você, eu me preocupo com aquela pirralha.

Sarah suspirou. Sabia que o cunhado não ia desistir.

— Posso garantir a você que ela está bem. Se quiser mais detalhes, pergunte a ela.

— Sarah, pelo amor de Deus, ninguém com aquele olho inchado está bem.

— Sua mãe ofereceu um emprego novo pra Astrid. Um que paga melhor que o banco e faz ela ficar mais tempo na Alemanha. Satisfeito?

— Minha mãe, oferecendo emprego pra Asta?

— As duas trabalham com a mesma coisa. Não sei pra que a surpresa, Leon. Agora, se não se importa, só falta o peru pra completar a mesa.

— Sim, claro. Depois de você. — Leon abriu o caminho pra cunhada

Sarah colocou o frango na mesa, onde todos esperavam. O cheiro do peru com os temperos usados por Deana Henderson incensou a sala de jantar. Klaus começou a fatiar a ave, colocando as fatias em cada prato que lhe era entregue.

— Asta, parabéns pelo emprego novo — Leon congratulou a sobrinha — Já sabe quando começa?

— Obrigada, Onkel. — a jovem sorriu — Acho que em janeiro. Pelo menos pra completar o mês no Gringotts.

— Emprego novo? — Claire perguntou — Isso é bom, Astrid. Parabéns.

— Obrigada, Claire.

Sarah lançou um olhar significativo pra filha, que logo entendeu o que ela queria dizer.

— Franz, o que você acha de um sobrinho? — Astrid perguntou pro irmão

O menino estranhou a pergunta e olhou para a irmã como se ela tivesse endoidado.

— Sei lá, Asta. Você vai ter um bebê? — a inocência era clara na voz dele

Astrid baixou os talheres e começou a chorar pelo que parecia a milésima vez só aquela noite. A jovem acenou a cabeça em concordância. Claire e Leon pareceram entender a situação, os dois com as bocas abertas. Miko segurou a mão da esposa, tentando tranquilizá-la.

— Chora não, Asta. — Franz falou ainda com o tom inocente — O bebê vai poder ficar comigo!

Todos na mesa riram, com exceção das crianças.

— Mas o que você acha de ir morar com a sua irmã na Alemanha, filho? — Klaus perguntou

Franz fez uma cara pensativa para a pergunta.

— Vou poder ficar com o bebê da Asta e do Miko? — ele devolveu a pergunta

— Você vai morar com a gente. — Miko afirmou

— Eu vou poder ir também? — Anke perguntou

— A gente pode ver isso, Onkel. — Astrid intercedeu — Nem que sejam só as férias.

O debate continuou até tarde, com a relutância de Leon e Claire em deixar Anke fazer a viagem de ida e volta até Berlim sozinha. Tentando apaziguar os ânimos do filho e da nora, Constanze intercedeu e prometeu que, caso os dois quisessem, ela mesma iria acompanhar a neta no trajeto.

Astrid olhou pro marido e percebeu que, independente do arranjo que fosse feito naquela mesa, os dois estariam felizes em Berlim.


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