Touches You escrita por lamericana


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oi, galerinha! Sei que hoje é dia de eleição (02/10) e queria que vocês votassem de forma consciente.
Valeu ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807415/chapter/26

Londres, 07:30PM, 24/11/2013

Samira lia calmamente ao lado da lareira enquanto esperava um dos filhos, Max, voltar do treinamento como medibruxo. Sabia que seu marido estava no escritório terminando de ler os intermináveis processos que pareciam nunca parar de chegar e que seu outro filho estava no quarto provavelmente lendo algum livro que tinha recebido da namorada ou ouvindo música.

Poucos minutos depois, ouviu o barulho de Michael descendo as escadas e levantou a cabeça, pronta pra fazer as perguntas costumeiras.

— Sua mochila está aberta. — Samira comentou quando viu o filho passar pelo corredor

— Obrigado. — o menino fechou o zíper — To indo passar a noite na casa da Astrid. A mãe dela me chamou pra jantar. Prometo voltar pro almoço de amanhã.

— Não faça nenhuma besteira.

— Como se eu fizesse besteira...

— Esse jantar tem algum motivo especial?

Miko sentiu o estômago apertar.

— Não, mas, bem, é que...

— O que você não está me contando, Michael? — vendo o grande nervosismo do filho, Samira mudou completamente a expressão no rosto — Você não engravidou a Astrid, não é?

— Por Alá, mãe! É claro que não! Que absurdo! Gosto muito da minha vida sem filhos pra fazer isso.

— Acho bom. Mas só por garantia, posso ver o que o senhor colocou na mochila?

— Fique à vontade. — Miko tirou a mochila do ombro e entregou à mãe

Samira revirou a bolsa do filho e não encontrou nada de especial. Uma muda de roupa, um par de chinelos, uma nécessaire com materiais de higiene... Nada do que não esperasse ver. A sua surpresa veio quando revistou o bolso que tinha mandado o filho fechar. Uma pequena e antiga caixa de joias estava no fundo, ao lado da carteira do menino.

— O que é isso? — Samira questionou, segurando o porta joias

— Você sabe, mãe.

— To começando a achar que quem não sabe o que é isso aqui é você. Filho, você tem ideia do que é um casamento?

— Mãe, por favor. Não vamos discutir isso. Já passei algumas noites em claro por conta disso, já falei com o papai... Só não quero ter que fazer um escândalo por causa de um pedido de casamento que eu nem sei se ela vai aceitar.

— Você falou com o seu pai?

— Falei e com o vovô também. Os dois entenderam meu ponto e me apoiaram. Depois, se você quiser, eu disserto sobre os meus motivos pra pedir a Astrid em casamento pra você e refaço o pedido aqui em casa com direito a um jantar e tudo mais que você quiser.

— Eu confio nas suas decisões, meu filho. Principalmente nas que você passa noites em claro por elas. Mas isso não significa que eu não queira um jantar aqui em casa.

Samira devolveu a mochila pro filho e o abraçou antes de deixa-lo partir.

— Boa sorte, Mike.

— Obrigado, am. (N/A: “Am” é “mãe” em árabe)

Miko andou até o ponto de táxi e entrou no primeiro da fila.

— Pra onde? — perguntou o taxista

— Stratford Road, por favor.

— Garoto, não é mais fácil você pegar um metrô?

— Mais fácil, é, mas eu teria que andar sozinho até a casa da minha namorada de noite, com chances de ser linchado. E apanhar não faz parte dos meus planos.

O taxista deu partida no carro.

— Estrangeiro?

— Não. Nasci aqui.

— Tem cara daqueles caras do Vietnam e um sotaque um pouco diferente.

— Normal a confusão. A minha mãe é saudita.

O taxista deu uma freada brusca perto do sinal.

— Desce. — o taxista mandou

— Hã?

— Desce, garoto.

— Porque?

— Não faço corridas pra terroristas.

— Eu não sou um terrorista. Sou tão terrorista quanto você.

— Desculpa, garoto, mas nenhum saudita me parece muito do bem.

— Eu não sou saudita. Quem vem de lá é a minha mãe. Eu sou inglês. Quer ver meus documentos?

Miko entregou o passaporte pro motorista, que olhou desconfiado.

— Stratford Road, não é? — o taxista perguntou, ainda olhando desconfiado pelo retrovisor, antes de devolver o documento pro garoto.

— Exatamente. Stratford Road.

Miko ficou o caminho irritado, imaginando quantas vezes a própria mãe não deve ter passado por uma situação dessas, ou até mesmo Astrid.

Quando o taxista parou na frente da antiga casa de Astrid, Miko pagou a corrida e entrou um pouco no terreno, como se quisesse ir para o quintal, antes de aparatar para Godric's Hollow. Assim que apareceu na “nova” casa da namorada, tocou a campainha.

— Já vai! — Astrid respondeu com o sotaque grosseiro que o garoto tanto gostava. Assim que viu o namorado, deu um abraço no pescoço dele — Oi. Chegou cedo. Minha mãe ainda está arrumando umas coisas.

— Sem problema.

— Você tá estranho. O que aconteceu?

— É que o taxista praticamente me negou a corrida em Londres. — Miko falou enquanto entrava na casa

— E por que ele faria isso?

— Ele me acusou de ser terrorista e só me deixou na sua antiga casa porque eu mostrei a minha identidade e insisti que sou tão terrorista quanto ele.

— Mas você é um terrorista. — Astrid disse enquanto sentava no colo do namorado — Pelo menos era quando fazia parte dos Marauders.

Miko revirou os olhos.

— Acontece muito com você? Os taxistas negarem corrida só por você ser alemã? — Miko perguntou a Astrid

— Não muito. Normalmente começam um discurso muito babaca de como a Alemanha conseguiu destruir a Europa, como o nazismo ainda é uma sombra maligna no mundo e que cada alemão é eternamente responsável por qualquer consequência do sistema.

Os dois ficaram em silêncio, até Sarah gritar da cozinha.

— Astrid, você terminou de se arrumar?

— Droga. — ela murmurou antes de responder à mãe — Ainda não, mas to praticamente pronta.

— Deixe de ficar se agarrando e vá terminar de se arrumar, ok? — Sarah brincou, indo pra sala — Tudo bom, Miko?

— Tudo ótimo. — o rapaz esperou a namorada sair da sala pra voltar a falar — Eu tenho uma coisa pra falar pra senhora.

— Pode dizer.

— Eu tava pensando em aproveitar o jantar pra pedir a Astrid em casamento. Acho que a senhora sabe do que tá acontecendo no mundo bruxo.

— Tenho ideia, Klaus me explicou a situação por alto. Se é isso que vocês querem de verdade, não sou nem vou ser contra. Mas você tem ideia do que isso implica?

— Tenho, sim senhora. Conversei com meu pai antes de tomar a decisão.

— Mãe! — Astrid gritou do andar de cima — Leslie mandou uma mensagem avisando que vai voltar só amanhã da casa de Oma Henderson. Parece que Opa caiu na cozinha ou alguma coisa do tipo.

— Só um instante, Miko. — Sarah falou pro genro — Vou ligar pra sua avó. Termine de se arrumar, pelo amor de Deus. Miko, vou ter que resolver isso. Mas você tem o meu apoio.

Sarah pegou o telefone e ligou para a mãe. No terceiro toque, Leslie atendeu.

— Alô?

— Ames? Sou eu.

— Oi, mãe. Vou ter que voltar amanhã. Opa caiu na sala e tia Veronica foi com ele pro hospital.

— Você sabe dizer se foi alguma coisa séria?

— Por enquanto, não sei dizer, porque tia Veronica ainda não deu resposta. Mas qualquer notícia eu ligo. E como estão as coisas aí?

Sarah olhou em volta e se certificou de que Astrid não estava por perto antes de responder.

— A sua irmã vai ser pedida em casamento. — praticamente sussurrou

— É O QUE? — Leslie gritou do outro lado da linha antes de dar uma sonora gargalhada — Não, Oma, não é a Veronica. É a mamãe. A Astrid vai ser pedida em casamento. — Leslie riu — Oma tá dizendo pra você tomar cuidado com a Asta, mãe.

— Como se eu já não tomasse.

— Por favor, assim que Astrid aceitar, me ligue. Quero saber qual a reação dela.

— Ligo sim. E você ligue assim que sua tia der notícias.

— Tá bom. Até mais, mãe.

— Até.

Sarah ouviu os passos na escada e supôs que fosse sua outra filha.

— Sua irmã não tem mais notícias. — falou

— Eu não tenho irmãs, Sarah. — Klaus respondeu

— Achei que era Astrid descendo.

— E a Leslie teria notícias sobre...?

— Meu pai. Ele caiu e foi pro hospital com a Veronica. — ela deu um suspiro — Miko está aí.

— Ele já chegou? Achei que ele fosse demorar mais um pouco. Astrid! Beschleunigen Sie da! Nur fehlt Sie bereit zu bleiben. (Tradução: Acelere o processo aí! Só falta você ficar pronta.)

— Kommen! Sie länger als zwei Minuten dauern nicht. Mutter, wo bist du... Macht nichts, habe ich gefunden. (Tradução: Já vou! Não demoro mais do que dois minutos. Mãe, cadê o... Esquece, já achei.)

Astrid desceu as escadas correndo.

— To pronta. — ela olhou a cara dos pais e estranhou — O que foi? Sei que Opa Henderson caiu, vocês estão preocupados e tudo mais, mas porque essas caras?

— Você demora demais. — Klaus falou

— Tu jura? — Astrid ironizou — Bem rápido, você, também.

— Sua mãe foi se arrumar antes de mim, engraçadinha.

— Vai culpar Onkel Leon também?

— Onde você escondeu aquela garotinha que não enchia o saco?

— Também te amo, pai.

Astrid foi meio saltitando meio andando de volta pra sala.

— Por que você não faz isso sempre? Tá mais linda que o normal. — Miko falou quase que miseravelmente

— Porque dá trabalho, é chato ter que passar mais e mais camadas de produtos na cara. Além do que, pra que cobrir a minha cara? Não sou uma boneca.

— Adorei a blusa, por sinal. — Miko falou, encarando e apontando pro decote que pendia na altura dos olhos — Principalmente a vista que eu tenho daqui.

— Meu pai tá aqui do lado. Não se esqueça que às vezes ele pode muito bem esquecer algumas leis e fazer de conta de que é um kaiser.

— Juro que sou um menino inocente.

— Quer deixar as suas coisas lá no quarto?

— Pode ser.

Miko foi em direção ao quarto da garota com a mochila pendurada em um ombro e, quando começou a subir as escadas, percebeu que estava sendo seguido pelo sogro, que se dignou a apenas fazer um aceno de que só iria falar quando chegassem ao piso superior.

— E aí, quais são seus planos? — Klaus perguntou assim que chegaram no andar de cima da casa e começaram a andar em direção ao quarto de Astrid.

— Justamente, eu queria falar com o senhor. Eu sei que não cheguei a falar com o senhor sobre o meu namoro com a Astrid, mas acho que deu pra perceber o quanto eu sou doido por ela. E, com toda essa história da guerra acontecendo, ter ficado um tempo afastado dela por ela estar na missão na Alemanha, me fez chegar à decisão de pedir a Astrid em casamento. Mas eu quero fazer do jeito certo, que é perguntando primeiro ao senhor.

— Duas coisas. Primeiro: se acalme. Você tá com cara de quem tá pra morrer assassinado. Eu não vou fazer nada com você, então não precisa ficar apavorado desse jeito. Segundo: eu queria discutir umas coisas com você antes de permitir ou não.

Miko concordou com a cabeça.

— Sei que você tá fazendo um curso do Ministério para o relacionamento com os Muggles. Mas você tem planos pra depois disso?

— Bem, eu já terminei o curso e pretendo assumir o cargo de Claudius Wood assim que receber as notas, já que ele só tá esperando a minha turma concluir o curso oficialmente pra se aposentar, além de já ter me oferecido o cargo. Com o salário do Ministério, tava pensando em alugar um apartamento pequeno no centro de Londres ou uma casa aqui mesmo em Godric’s Hollow.

— Acho bom que você já esteja mais do que bem encaminhado. Por mim, você tem mais do que o caminho livre pra Astrid, mas vamos deixar ela decidir, né? E, sendo bem sincero, eu realmente não acho que ela vá te dispensar. Por isso já vou adiantando: bem-vindo à família.

Miko voltou para a sala de jantar com Klaus. O menino reparou, pela primeira vez, o quanto a namorada parecia mais tranquila depois de ter voltado da curta temporada na terra natal.

— Miko, você se incomoda em ajudar a Astrid a colocar a mesa? — pediu Sarah

— Sem problema.

O menino foi para a cozinha e pegou a travessa com um prato que não identificou. Assim que chegou na sala de jantar, esbarrou em Astrid e, por pouco, não derrubou o prato que carregava.

— Ah, Biene? — ele perguntou incerto — Isso não tem porco, tem?

— Não, não. Troquei a carne de porco por vitela. O nome disso é Sauerbraten. E coloca logo na mesa porque vou precisar de ajuda com os copos e os talheres.

Voltando para a cozinha, Miko viu a namorada separar com cuidado os talheres que iriam ser usados.

— Posso te fazer uma pergunta? — ele falou e isso foi o suficiente pra a menina derrubar os talheres

— Mein Gott! Que susto! Não te ouvi chegando.

Miko se aproximou para ajudar a recolher os talheres e, discretamente, tirou a caixa de joias que tinha guardado no bolso e colocou ao lado de uma colher que havia caído.

— Ei, faltou isso aí, ó. — ele apontou se fazendo de desentendido.

A menina estranhou um pouco a presença da caixa, mas a apanhou mesmo assim. Quando abriu, não conseguiu evitar ficar mais vermelha que o porta joia.

— Astrid Sabine Hoff, quer casar comigo? — Miko pediu, enquanto se ajoelhava na frente da namorada

— Miko, nem sei o que te dizer.

— Por favor, diz “sim”. É que eu não sei com que cara eu olho pros seus pais depois de você me dizer não.

— Você pediu permissão pro meu pai? — ela perguntou incrédula

— Pedi.

— E o que ele disse?

— Que deixava o caminho livre, mas que preferia deixar você se decidir.

— É claro que eu aceito. Mas você sabe que eu não tenho tantas perspectivas estáveis no quesito trabalho pra te ajudar, né?

— E quem disse que eu acho isso impedimento pra casar contigo? Astrid, se você soubesse o quanto você me deixa doido...

A menina deu um abraço apertado no namorado. O garoto a abraçou pela cintura, tirando ela um pouco do chão.

— Eu te amo muito, menina chucrute. — Miko falou antes de beijar a menina, que retribuiu e aprofundou o beijo.

— É melhor a gente terminar de arrumar a mesa, ou então a minha mãe vai reclamar.

— Sim senhora, senhora Thompson.

— Ridículo — Astrid riu, dando um soco amistoso no ombro do garoto — Mas vou ter que me acostumar, né? Vou deixar de ser senhorita Hoff.

Miko ajudou a noiva a levar os talheres e copos para a sala de jantar. Quando a mesa estava posta, Miko percebeu que Astrid não estava usando o anel. Assim que chegou na cozinha para pegar a joia, viu a sogra de cabeça baixa, parecendo estar chateada.

— Hã, Sarah? — o menino perguntou incerto — Você tá bem?

A mulher se recompôs.

— Oi, Miko. To bem. Só to preocupada com meu pai, mas não é nada de mais. — ela tentou tranquilizar o genro — Falou com a Astrid?

— Falei. Ela aceitou. Só vim pegar o anel que ela esqueceu.

— Típico dela. Ah, só pra que você saiba. A Astrid pode não ter comentado isso com você, mas ela tem um orgulho maior que o mundo da família. Por isso, ela vai acabar fazendo umas burrices meio sem tamanho.

— Já percebi o quanto ela gosta de todos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Touches You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.