Touches You escrita por lamericana


Capítulo 25
Capítulo 24




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Londres, 07:30 AM, 19/11/2013

Ivan fez questão de demorar um pouco mais no café da manhã. Quando Samira começou a reclamar da hora, ele se ofereceu para arrumar as coisas antes de ir pro Ministério.

— Michael, você me ajuda aqui? — ele perguntou, usando um tom de voz que deixava claro de que aquilo não era um pedido

Miko, que ainda estava sonolento, ficou na cozinha enquanto a mãe e o irmão se despediam do restante da família.

— Filho, você não tá bem. — Ivan começou — O que está acontecendo?

— Um monte de coisa, pai. Pra começar, tem toda essa história da guerra acontecendo, Astrid estando no meio, o fato dela ser mestiça, um monte de trabalho final no curso...

— Você sabe que a Astrid é grandinha o suficiente pra saber se cuidar sozinha, não sabe?

— Saber, eu sei, mas eu tenho medo por ela. Eu sei que ela é capaz de bolar mentiras convincentes a todo instante, mas quanto tempo ela pode comprar com isso? Uma semana? Um mês?

— Eu não sei, filho, realmente não sei. Mas o que você tá pensando com isso?

— Justamente, ainda não cheguei numa decisão. Com essa possibilidade de ela ser assassinada a qualquer momento, pensei em talvez pedir ela em casamento. Numa situação normal eu não estaria nem cogitando essa possibilidade, mas do jeito que as coisas tão indo...

— Michael, você tem certeza de que quer ir por esse caminho?

— Pai, eu realmente não sei qual outro eu tenho. Porque eu nunca me senti assim por alguém. De verdade. Nem a Rachel me deixou assim.

— Rachel? Aquela garota de Manchester que você trouxe pra passar as férias aqui há uns quatro anos? — Miko concordou com a cabeça — Filho, como pai eu tenho que te explicar algumas coisas. Casamento é um compromisso muito sério. Não é só dar uns amassos de vez em quando. Você passa a ter que dividir contas, dar satisfação a sua mulher, não mais a mim e a sua mãe, além de ter outras responsabilidades que você não tem enquanto é um homem solteiro.

— Por isso que eu to em dúvida se peço ou não a Astrid em casamento. Eu sei que vou passar a ter que assumir responsabilidades diferentes, mas, por outro lado, tenho a sensação de que vale a pena fazer isso pela Astrid, mesmo tendo só 18 anos. Por incrível que pareça, isso tá me tirando o sono.

— Percebi que você não tá dormindo direito. Anda mais distraído que o normal.

— Sobre o pedido de casamento, o que você acha que eu devo fazer?

— Ligue pro seu avô. Ele vai poder te ajudar melhor que eu. Ele era pequeno na época da guerra Muggle, mas a irmã dele foi pedida em casamento na época.

— Tá certo. Vou terminar uns projetos pro curso mais tarde e depois falo com vovô.

Ivan abraçou o filho e saiu para o trabalho. Miko aproveitou que estava sozinho e foi correndo pro quarto, separando os trabalhos já terminados dos que ainda precisavam de algum ajuste.

Faltando pouco pra terminar o último trabalho, o telefone de casa toca.

— Michael Thompson falando — atendeu.

— Mike, sou eu. — falou sua mãe — Eu esqueci de trazer a chave do estoque. Você poderia passar aqui pra deixar? Tá na mesa da sala.

— Tenho que terminar só mais esse projeto e levo pra você a chave antes de ir pro Ministério. Pode ser?

— Pode sim. Até mais, filho.

— Até mais, mãe.

Miko terminou o projeto e vestiu a roupa quase que padrão que o Ministério exigia dos alunos dos cursos. Ele saiu de casa da maneira Muggle, lembrando de pegar a chave que a mãe tinha esquecido. Ao passar pela loja que sua mãe trabalha, foi recebido com um sorriso simpático do dono.

— Michael! Quanto tempo! — falou sr. Hamieh, o senhor beirava seus 80 anos — Nunca mais veio aqui.

— É que entrei num curso e acabo tendo bastante coisa pra fazer. Prometo vir fazer uma visita quando estiver mais livre.

— Venha mesmo, viu?

— Mãe, eu trouxe. — o jovem falou, levantando a chave em direção à mãe

— Agora vá pro seu curso. Qualquer coisa, pode ligar. E não se esqueça de que o jantar é por sua conta hoje. — Samira lembrou

— Pode deixar. Até mais tarde, mãe. E até a próxima, senhor Hamieh.

Os outros dois se despediram do garoto, que foi andando até a estação de metrô. No caminho, ligou para o avô paterno.

— Vô George? Aqui é o Michael. — Miko falou assim que seu avô atendeu

— Oi, menino. Pela hora, achei que fosse seu pai ou sua mãe. Pode falar.

— O senhor lembra da Astrid?

— Aquela sua namorada chucrute? Lembro sim.

— Então, tava pensando em pedir ela em casamento e queria a opinião do senhor.

O velho riu pelo telefone.

— Você é besta com mulher que nem o seu pai. Dois bobos. — riu o avô do menino — Faça o seguinte: vá jantar na casa dela na presença dos pais dela. Tente falar em particular com o pai dela. Se ele não te deixar em picadinhos, chegue na sua namorada, ofereça a aliança e pergunte se ela quer casar com você. Simples assim. Sem maiores dramas.

— Vô, ela é mestiça e o senhor sabe o que tá acontecendo.

— Então quem é que é Muggle nessa conversa? O pai ou a mãe dela?

— A mãe.

— Então explique rapidamente pra mãe dela a situação no mundo bruxo. Ela já deve saber, a essa altura do campeonato, onde a filha estudou e no que tá metida.

— Obrigado pela ajuda, vô.

— Ah, antes de desligar. Você vai pro seu curso agora?

— Vou. To a caminho, inclusive. Porque?

— Passe aqui na volta e almoce aqui. Ainda tenho guardado o anel que eu dei pra sua avó quando pedi ela em casamento.

Miko agradeceu e desligou. Fingiu que iria embarcar no trem como todos os outros e aproveitou a confusão para atravessar a passagem secreta que leva para o Ministério. Estava ansioso para terminar aquele curso. Os projetos que tinha para entregar eram os últimos antes de, finalmente, conseguir o emprego.

Andou apressadamente pelos corredores atrás das salas dos cursos.

— Ei, Thompson! — chamou Arthur Weasley, um colega seu que era poucos anos mais velho e sempre estava muito entusiasmado e que já estava no Ministério havia algum tempo

— Oi, Weasley. E aí? Como vão as coisas?

— Vão bem. Só queria passar um aviso de Claudius Wood. Ele já tá perto de se aposentar e falou com Fudge que, assim que a sua turma se formar, ele quer que você assuma o cargo dele.

— Isso é ótimo! Obrigado, de verdade. Como está a Molly e o bebê?

— Estão bem. É incrível como as crianças crescem rápido.

— Boa sorte com as coisas. Olha, se tiver uma nova reunião da Ordem, pode me avisar. Acho que a Astrid também vai querer ir.

— Aviso sim. Até mais.

— Até!

Miko continuou até as salas de aulas do Ministério e encontrou apenas mais dois colegas esperando. Pela aparência dos dois, eles estavam tão ansiosos com o fim daquele curso quanto ele. Quando um dos rapazes finalmente notou a presença de Miko, abriu um meio sorriso.

— Como vai, Thompson?

— Vou bem, McNamara. E você? Melhorou da luxação da semana passada?

— Bem melhor, mas ainda não to zerado. Soube que você tá com a alemã, filha do Hoff de relações exteriores.

— Ah, a Astrid. Estamos juntos sim. Faz tempo.

— Não sabia que ela era seu tipo. Pensava que você gostava de garotas mais tranquilas.

— Não que a Astrid não seja tranquila. O Prophet às vezes erra a mão na hora de descrever as coisas.

— Mas parece que uma caça-recompensas tá tendo problemas com ela.

— Quem? Cartman?

— Ela mesma. Parece que estão deixando de passar missões para Cartman porque a Hoff apareceu.

— Sinceramente, acho que só tão fazendo isso porque Astrid é neta de Constanze Wertherberg. Quando perceberem que tão dando coisa demais pra ela, vão voltar a repassar missões pra Cartman.

 A porta foi batida ao lado dos jovens.

— Jovens, por favor, entrem. — o professor falou — Antes que entreguem seus trabalhos, tenho alguns avisos para os senhores. Primeiro, alguns de vocês já possuem vagas disponíveis, que só poderão assumir no caso de passarem e entregarem os projetos de forma adequada. Segundo, não teremos aula a partir de amanhã, uma vez que os trabalhos finais serão entregues hoje. As aprovações e reprovações devem ser anunciadas no final da semana.

O professor começou a explicar o último conteúdo que restava, prendendo a atenção dos poucos alunos que estavam presentes. Assim que o assunto foi explorado pelo tempo que o professor achou necessário, Miko se levantou para entregar logo os trabalhos. Os outros alunos simplesmente prometeram que iriam mandar por coruja.

— Thompson. — o professor falou numa voz quase entediada — Não me surpreende você ser o primeiro a entregar absolutamente tudo. Claudius Wood já falou com você?

— Não, mas Arthur Weasley já falou comigo.

— Então, assim, cá entre nós, acredito que você vai ser o primeiro de turma. Desse jeito, Fudge pediu pra avisar que os primeiros de turma de cada curso iriam receber uma quantia, que ainda não sei qual é, pela dedicação. — o professor baixou a voz — Se quer um conselho, como amigo, eu usaria o dinheiro pra arranjar um lugar pra morar. Não acho que você queira morar na casa dos seus pais pelo resto da vida.

— Obrigado.

Antes que Miko voltasse para a sua cadeira, o professor falou de novo.

— Quem era aquela moça que veio com você na última reunião geral? Porque ela não me é estranha.

— Ela é a minha namorada. Astrid Hoff.

— Ah, a filha do Hoff de relações exteriores. Ela é tão esquentada quanto dizem?

— Por incrível que pareça, não. Ela se estressa muito com coisa que não deveria, mas não é escandalosa.

— Então vá se encontrar com ela. Aproveite.

Miko pegou a mochila e saiu da sala. Aproveitou que ainda tinha o resto do dia e aparatou diretamente no apartamento do avô.

— Michael? — perguntou o velho

— Sou eu, vô! — o garoto respondeu, entrando no pequeno apartamento de uma área bruxa

— Como vai, menino? — George deu um abraço no neto

— Vou bem. E o senhor?

— Dentro dos padrões de velho. Cheio de dor, mas nada de preocupante. Mas me fale mais da sua ideia de casar com a menina chucrute enquanto almoçamos.

Miko contou pro avô o pouco que tinha em mente. O velho ouviu seu neto pacientemente.

— Michael, um conselho. Fale com a sua namorada, mas antes, peça permissão pro pai dela. É mais garantido que os pais dela tenham boa vontade contigo se você falar com eles antes.

— Não que eu não tivesse isso em mente. Até porque os pais dela são até bem abertos comigo. O meu ponto é que eu não sei como chegar em Astrid, entendeu? O meu problema é ela.

— Ela tem histórico de dar foras por besteiras?

— Não, mas tem um histórico nada simpático de bater em mim quando tá com raiva. Apesar de já ter evoluído bastante desde que nos conhecemos.

George riu.

— Mudando de assunto, o que você quer com o curso? Porque sei que você não vai ser medibruxo como o seu irmão.

— Realmente, esse tipo de coisa é melhor pra ele e pro senhor.  Não me dou muito bem com coisas de saúde. Vou assumir o cargo de Claudius Wood, lá no Ministério assim que as notas saírem.

— E fazer o que, exatamente?

— Vou ter que lidar com o controle de materiais mágicos em áreas Muggle, pra que não sejam vistos.

— Chato e burocrático como o trabalho do seu pai. Mas sempre precisamos de burocratas. E a sua menina? Vai fazer o que?

— Caça-recompensas do Gringotts, se tudo der certo. E eu acho que dá, porque ela é neta de Wertherberg e todo mundo parece estar num furor por causa disso.

— Wertherberg? Seria Constanze?

— É. Porque? Conhece?

— Tive que atender ela quando ainda tava na Rússia. Ela chegou com um sangramento que ela não conseguia estancar.

— E o que era?

— Um problema na placenta. Constanze tava grávida e não sabia.

Neto e avô ficaram conversando o resto da tarde até que Miko lembrou que teria que fazer o jantar para a família. Antes de chegar em casa, o celular do garoto tocou.

— Miko? — Astrid perguntou

— Oi, Asta. Tudo bom?

— Tudo certo. É só que a minha mãe quer fazer um jantar aqui em casa por eu ter conseguido voltar inteira da Alemanha e pediu para que eu te chamasse. Se quiser, pode passar a noite.

— Claro que eu vou. No sábado?

— É. Vai ser aqui mesmo em Godric's Hollow. Mas venha pela minha casa antiga, só por segurança. Consegui negociar no Ministério pra transformar a casa num lugar para aparatação.

— Tá certo, então. Eu vou aí no sábado. Te amo e tava com saudades.

— Também tava com saudades, menino do deserto. Até sábado. E também te amo.

Miko chegou em casa agradecendo aos céus. Iria conseguir manter o pedido de casamento uma surpresa para a namorada.


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