Millennium Odyssey: Réquiem do Último Solstício escrita por Aquele cara lá


Capítulo 8
Até estrelas são capazes de chorar




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O grupo está caminhando por Ekoir.

"Mas eu ainda acho isso esquisito." - Cirius diz.

Mira solta um suspiro. "Lá vamos nós de novo… Desde criança, ele é assim."

"É porque a verdade tem de ser revelada !" - Cirius diz. "Por que você bota uma calça e calça uma bota ? E por que é que existem caminhos sem saída, se você pode sair por onde entrou ?"

"Cirius, não acha que temos coisas mais importantes para discutir ?" - Èris pergunta.

"Agora que marido parou pra dizer isso..." - Luna diz, pensativa.

"Olha só o que você fez !" - Mira diz, brava.

"O que é que eu fiz de errado ? É importante pensar sobre essas coisas !" - Cirius diz.

"Isso pode ser muita coisa, mas importante não é uma delas !" - Mira diz.

"Quer um tópico sério ? Se você tivesse de comer carne humana, o sabor seria bom ou ruim ?" - Cirius pergunta.

"E-Eh !? O que marido quer dizer com isso !?" - Luna pergunta, surpresa.

"Tá ficando maluco ?! Quem é o idiota que puxa um assunto desses assim, do nada ?!" - Mira pergunta, brava.

"Calma lá ! Me escuta por um segundo !" - Cirius diz. "Se você ficasse perdida, eu morresse e não tivesse mais comida por perto, me comeria ou não ?"

"Claro que não !" - Mira diz.

"Digamos que eu morri, e você não tem comida NENHUMA por perto." - Cirius diz. "Tem certeza que prefere morrer de fome, do que me usar pra sobreviver ?"

"Cirius ! Isso é uma coisa totalmente fora de questão !" - Èris diz.

"Luna não comeria marido." - Luna diz.

"Ah, qual é, gente ! Não deve ser tão diferente assim de um frango, ou alguma coisa parecida." - Cirius diz.

"Marido está completamente errado." - Luna diz. "Humanos devem ter gosto ruim."

"Já comeu um ?" - Cirius pergunta.

Luna nega com sua cabeça.

"Então não pode provar nada." - Cirius diz.

"Ok. Então quer dizer que você me comeria, se eu caísse dura no chão aqui e agora ?" - Mira pergunta.

"Se esse fosse o ÚNICO jeito de sobreviver, sim." - Cirius diz.

Mira dá um tapa em seu rosto, inconformada com o que acabou de ouvir. "Só pode ser brincadeira…"

"Mas o corpo não deve conseguir comer carne humana." - Luna diz. "Luna já tentou comer uma coisa que Luna não gostava e Luna vomitou. Então, carne humana deve ser o mesmo."

Cirius levanta uma sobrancelha. "VOCÊ não gosta de comer alguma coisa ?"

Luna começa a contar em seus dedos. "Luna não gosta de saladas, comidas muito salgadas, comidas frias…" - Ela se perde nos pensamentos.

"Mas até que a Luna tem razão." - Mira diz. "Você não consegue comer pelos, penas e essas coisas. É exatamente por isso que tiramos elas dos animais, antes de prepararmos eles."

"Mas os outros animais comem. Por que eu não posso também ?" - Cirius pergunta.

"Agora que você mencionou, eu lembrei de algumas coisas sobre meu treinamento em culinária." - Èris diz. "Seres humanos só comem animais herbívoros e onívoros. Animais carnívoros e onívoros que preferem mais carne têm um gosto ruim porque eles se alimentam principalmente de carne. Isso dá um gosto ruim para a carne deles."

Cirius põe a mão em seu queixo, pensativo. "Hmm… Saquei. Então, a dieta do bicho muda o gosto da carne." - Ele dá um leve soco em sua mão, tendo uma ideia. "Isso significa que pessoas que comem mais vegetais e saladas devem ter um gosto bom !"

"Esse, uh, não era bem o ponto que eu queria provar..." - Èris diz.

Cirius se vira para Mira. "Ei, maninha. Não é você quem mais come salada aqui ?"

Mira dá um soco forte na cabeça de Cirius. "Chega disso, idiota !"

"Ugh ! Pra que agredir ?!" - Cirius pergunta, bravo.

Luna termina de contar. "E Luna também não gosta de frutas muito doces." - Ela nota Cirius. "O que aconteceu com marido ?"

Marco murmura para si mesmo. "Vocês são um bando de incompetentes."

"Finalmente abriu a boca pra falar alguma coisa, otário !" - Kaito diz, bravo.

"Se parasse de me encarar, essa viagem seria menos excruciante." - Marco diz.

"Eu vou ficar de olho em você, esquisitão ! É melhor dormir com um olho bem aberto !" - Kaito diz.

"Kaito ! Pare de ameaçar nosso amigo !" - Èris diz.

"Eu não sou amigo de nenhum de vocês." - Marco diz. "Vocês é quem estão à minha mercê. Sem mim, não saberão por onde devem passar."

"Então fala aí, senhor bússola ambulante, onde é o vilarejo mais próximo ?" - Kaito pergunta.

"O vilarejo mais próximo não é na rota do seu destino." - Marco diz.

"Como é que sabe disso ? Não sabe nem pra onde estamos indo. Só estamos seguindo o cristal." - Kaito diz. "Além disso, diferente de certos animais, eu preciso descansar, comer e ter meu querido sono da beleza."

"Sono da beleza ?" - Marco pergunta.

"Exatamente. Esse rostinho lindo aqui precisa descansar pra se manter desse jeito." - Kaito diz.

"Por acaso, anda sofrendo de insônia ?" - Marco pergunta.

O grupo começa a rir.

Kaito se enfurece. "Ah, qual é, gente ! De que lado vocês tão, hein ?!"

Algum tempo depois. O grupo vê uma muralha, na distância.

"Finalmente, comida e descanso !" - Kaito diz.

"É só nisso que você pensa ?" - Mira pergunta.

"E o que mais um homem simples pode pedir ?" - Kaito pergunta.

"Você é um homem simples sim. Simplesmente milionário." - Mira diz.

Kaito limpa sua garganta. "Detalhes."

O grupo se aproxima da muralha e vai até o portão, que está aberto. Há várias casas de aparência chique feitas de madeira, com paredes brancas, tetos verdes e chaminés, ruas feitas de pedra e postes com lamparinas. O vilarejo é bem populado, com pessoas usando roupas também de aparência chique.

"Esse lugar é… diferente." - Èris diz.

"Parece um pouco com Artemis, só que sem ouro pra todo lado." - Kaito diz.

"Aqui é Lockheed, um vilarejo feito por humanos de Alphiden." - Marco diz.

"Gente de Alphiden, huh." - Cirius diz.

"Devem ter feito uma cidade aqui para que as pessoas de Alphiden que viajam para Uniloth tenham um lugar onde possam se sentir em casa." - Èris diz.

"Luna ia gostar de se sentir em casa." - Luna diz.

"Bom, conhecendo esse povo, devem começar a rodear a gente rapidinho." - Kaito diz. "Gente de Alphiden adora dizer que não somos 'civilizados o suficiente para a civilização civilizada deles'."

"Até agora, nada." - Cirius diz.

Eles começam a caminhar pelo lugar.

"As casas daqui parecem diferentes das casas que Luna vê em Uniloth." - Luna diz.

"Se você fosse pra Alphiden, ia ficar surpresa com as diferenças." - Cirius diz. "Parece até uma Bastion Spei completamente diferente."

"Geologicamente, culturalmente e estruturalmente é um lugar completamente diferente." - Èris diz.

"Luna não faz a mínima ideia do que essas palavras significam." - Luna diz.

"Só vamos dizer que é bem diferente." - Mira diz.

"Hora de arranjar um lugar pra ficarmos e comermos alguma coisa." - Kaito diz.

"Se estão procurando uma pessoa, não têm tempo para parar." - Marco diz.

"Duvido muito que alguma coisa derruba aquela brutamontes." - Kaito diz.

"Nah. A gente tem tempo." - Cirius diz.

"Humanos incompetentes. Nem mesmo com uma calamidade acontecendo conseguem se importar uns com os outros." - Marco diz.

"Falou o marrentão que tentou matar a gente." - Kaito diz.

"Fique sabendo que nós, Korgen, ainda possuímos nossa honra e orgulho, diferente de vocês humanos !" - Marco diz, bravo.

"Sem brigas, gente !" - Èris diz.

Mira se aproxima de um homem. "Com licença."

"Deixa eu adivinhar, querem saber onde a pousada e o bar mais próximos ficam." - O homem diz.

Mira se espanta. "C-Como sabia !?"

"Julgando pelas suas roupas e as dos seus amigos, é claro que não são daqui. Então, seguindo a mesma linha de raciocínio, querem um lugar para ficar." - O homem diz.

Mira passa a mão em sua nuca. "B-Bom, falando assim, é meio óbvio mesmo. Ehehehe..."

"Para chegarem na pousada, vocês só precisam ir até o final dessa rua, virarem a direita e vão ver uma casa verde. Esse é o local." - O homem diz. "Se quiserem comer, só precisam pedir para a dona cozinhar algo. Ela e a neta sempre gostam de cozinhar para estrangeiros."

"Obrigada." - Mira diz. Ela volta ao grupo. "Já achei um lugar pra ficarmos."

"Comida ?" - Kaito pergunta.

Mira solta um suspiro. "Comida..."

"Aí sim !" - Kaito diz, animado. "Simbora, rapaziada !"

O grupo vai embora. Em questão de minutos, eles chegam na frente de uma casa verde com um letreiro escrito "Pousada".

"Era bem óbvio que aqui é uma pousada..." - Mira diz.

"Vamos entrar ! Quero comer !" - Kaito diz.

O grupo entra no local. Há uma senhora não muito velha com um sorriso convidativo, cabelos grisalhos, olhos pretos, vestindo um vestido verde, sapatos marrons, usando óculos e um manto roxo atrás de um balcão.

"Olá. Gostariam de alguns quartos ?" - A senhora pergunta.

"Sim, por favor." - Èris diz.

"Quantos ?" - A senhora pergunta.

Luna agarra o braço de Cirius. "Luna quer dormir com marido !"

Cirius se solta de Luna. "Nem vem !"

"Mas e se Luna tiver um pesadelo ?" - Luna pergunta.

"E que droga eu vou fazer, se você tiver um pesadelo ?!" - Cirius pergunta, bravo.

"Fazer carinho em Luna, até Luna dormir !" - Luna diz.

"Mas nem ferrando !" - Cirius diz.

A senhora dá uma leve risada. "Quartos separados, então." - Ela pega algumas chaves, sai de trás do balcão e vai para um corredor. "Por aqui, por favor."

O grupo segue a senhora.

"Olha, cara, eu tenho de dizer, engulo minhas palavras." - Kaito diz. "Pensei que vocês iam apedrejar a gente, mas até que são bem legais."

"Tudo bem, querido. Sei que o povo de Alphiden e Uniloth não têm o melhor histórico de amizade, mas isso está mudando." - A senhora diz. "Com esses tempos perigosos, as pessoas finalmente estão começando a perceber que não são tão diferentes assim umas das outras, independente de onde venham."

"Isso é maravilhoso." - Èris diz. "O sonho da minha mãe sempre foi um mundo onde todos podiam trabalhar em conjunto e aceitar uns aos outros."

"Parece uma pessoa muito sabia." - A senhora diz. Ela para. "Chegamos. Esse é o corredor em que vão dormir." - A senhora entrega uma chave para cada. "Escolham seus quartos e sintam-se em casa."

Marco entra em um quarto e tranca a porta.

"Ele é assim mesmo." - Èris diz.

"Que quarto marido vai escolher ?" - Luna pergunta.

"Um que fique bem longe do seu." - Cirius diz.

"Isso não é justo ! Luna quer ficar com marido !" - Luna diz.

"Eu quero distância de você ! Lembra do que aconteceu da última vez que dormimos juntos ?! Eu conseguia sentir todos os ossos do meu corpo se quebrando !" - Cirius diz, bravo.

"Mas isso foi há um ano atrás !" - Luna diz.

"E já foi o suficiente pra me deixar traumatizado !" - Cirius diz.

A senhora dá uma leve risada.

Mira solta um suspiro. "É sempre assim..."

"Ela me lembra minha neta. As duas são bem energéticas, sorridentes e despreocupadas." - A senhora diz.

"A pessoa que nos indicou aqui disse que a senhora tinha uma neta." - Mira diz.

"Ela saiu para fazer compras. Eu não pedi, mas aquela jovem não parava quieta, então tive de dar alguma distração para ela." - A senhora diz.

"É. Definitivamente se parece com a Luna." - Kaito diz.

Luna bate seu pé no chão. "Ei ! Luna consegue ouvir Kaito !"

"Ela se esforça tanto por mim, mesmo eu não sendo sua avó de verdade..." - A senhora diz.

"Você não é ?" - Èris pergunta.

"Nós duas não temos nenhuma relação sanguínea." - A senhora diz. "Ela chegou no vilarejo ano passado, no começo do Holocausto. A pobrezinha estava tão machucada e faminta, que decidi acolhê-la. Honestamente, depois que ela me contou sobre tudo que passou, eu fiquei surpresa por ela ter confiado em mim."

"Alerta de história triste, pela milésima vez !" - Kaito diz.

"E o que foi ?" - Luna pergunta.

"Ela me disse que nasceu de um relacionamento proibido e, por causa disso, o pai dela largou sua mãe, fazendo a mulher levá-la para o vilarejo mais distante que conseguisse ir e abandoná-la no local." - A senhora diz. "Minha querida neta disse que cresceu sobrevivendo do que conseguia encontrar no lixo, até que chegou aqui."

"Isso é..." - Mira diz, triste. "Whoa… Isso é deprimente pra caramba…"

"Todos deviam ter o direito de saber qual é a sensação te receber um abraço caloroso de sua família. Não pude deixar ela continuar a se sentir daquele jeito, por isso, decidi acolhê-la como minha neta." - A senhora diz. "Um ano depois, e é como se ela fosse a neta que nunca tive. Ela alegra todas as minha manhãs e é uma ajuda e tanto para a pousada."

"Infelizmente, ela não é a única." - Cirius diz. "Enquanto existirem pessoas, vai existir sofrimento. Esse é o jeito que o mundo funciona, aparentemente."

"Ainda bem que existem mais pessoas boas do que ruins." - Luna diz.

A senhora sorri. "Bom, eu vou preparar a comida. Caso queiram comer, só precisam seguir o cheiro. Estará pronto daqui uma hora." - Ela vai embora.

"Pode deixar que a gente vai comer !" - Kaito diz.

Mira se vira para Cirius. "Você tá bem ? Sei que não gosta de ouvir essas coisas…"

"Eu ainda não consigo entender isso, cara. Por acaso, esse povo não sabe o quão bom é ter uma família pra te acolher ? É tão difícil assim ter um pouco de decência ?" - Cirius pergunta. Ele dá de ombros. "Bom, viva, sofra e descubra, eu acho."

"Eh ? O que marido quer dizer com isso ?" - Luna pergunta.

"Esse é o ditado da Demiurges e o bordão de Ignis." - Cirius diz. "Ainda não faço a mínima ideia do que significa, mas não consigo parar de pensar nisso."

"Simples: é pura maluquice." - Kaito diz. "Vai mesmo tentar entender alguma frase que saiu da boca daquela coisa ? S-Sem ofensas, é claro."

"Nah. Eu não sou nenhum filósofo. Nem ligo pra essas coisas." - Cirius diz.

O barulho de uma porta se fechando pode ser ouvido, distante.

"Oh. Que bom que voltou. Temos convidados." - A senhora diz, distante. "Esqueci de perguntar se eles eram alérgicos a alguma coisa. Pode fazer isso por mim, querida ?"

"Claro, vovó." - Uma voz feminina jovem diz.

"Espera um segundo aí…" - Kaito diz.

Passos podem ser ouvidos, se aproximando do grupo. De repente, no corredor, aprece Stella, vestindo um vestido bege, com um buraco para sua cauda, um colete marrom, usando uma meia calça, botas com salto e luvas, todas pretas, um manto branco, com detalhes dourados, e usando uma boina também marrom e com buracos para suas orelhas de gato. Todos se espantam, quando se vêem. Menos Luna, que fica confusa.

"S-Stella !?" - O grupo diz.

"Quem é essa garota ?" - Luna pergunta.

"Pelo amor dos Dez... Eu não aguento mais isso…" - Stella diz, inconformada.

"Algum problema, querida ?" - A senhora pergunta, distante.

"N-Nenhum, vovó ! E eles não são alérgicos a nada !" - Stella diz. Ela se vira para o grupo. "O que vocês estão fazendo aqui, suas pestes ?! Será que não podem me deixar em paz-" - Stella se interrompe. "Vamos para fora. Agora." - Ela vai embora.

O grupo se olha e segue Stella. Eles saem do vilarejo.

"Pra que trouxe a gente aqui ?" - Mira pergunta.

"Nyahahaha ! Como eu esperei por esse momento… O momento em que eu finalmente poderei ter minha vingança pelo que fizeram comigo !" - Stella diz.

"Uh… O que, exatamente, fizemos com você, ô garota gato sequelada ?" - Kaito pergunta, confuso.

"Destruíram Ignis, deixaram Demiurges brava, e, o pior de tudo, me separaram do MEU querido príncipe !" - Stella diz, brava.

"Pô, é verdade. O Claude tá devendo essa. E eu vou cobrar, hein." - Kaito diz.

"Falando nele, tem alguma notícia sobre o Claude ? Não nos vemos faz um ano, e temos… coisas para fazer." - Mira diz.

"Graças a vocês, não !" - Stella diz. "Eu me sinto mal só de pensar no sofrimento que ele está passando por não me ter por perto. Oh ! Consigo ouvi-lo todas as noites clamando pelo meu nome: 'Stella. Oh, minha querida Stella ! Onde estás, luz que ilumina meu escuro caminho noturno ? Não sei o que será de minha pessoa sem ti, donzela do meu coração... Pilar que sustenta meu castelo... Deusa na terra... Personificação da beleza…'"

"Ok, temos dez deuses. Conhecemos quatro. Dois deles não gostam de Ignis. Um deles não falou nada a batalha inteira. E a outra estava ajudando Ignis." - Kaito diz. "Quantos deles vocês acham que conseguem aturar essa garota ?"

"Talvez só a Arda Locria." - Mira diz.

"Certeza ? Eu nunca vi essas duas perto uma da outra." - Cirius diz.

"Eu tô bem aqui..." - Stella diz. "Sabem que consigo ouvir vocês, né ? E prestem atenção, quando eu estiver falando !"

"Foi mal aí." - Kaito diz. "Onde você tava mesmo ?"

"Quer saber ? Pra mim, já deu !" - Stella diz, brava. Ela põe as mãos na frente do corpo. Algumas cartas aparecem entre os dedos dela. "Eu vou resolver isso agora."

Cirius nota algo. "Eh… ?"

"O que foi ?" - Luna pergunta.

"Nada…" - Cirius diz. Ele põe a mão no ombro de Luna e sussurra algo para ela.

Luna inclina sua cabeça, confusa. "Marido tem certeza ?"

Cirius concorda com sua cabeça. Luna dá de ombros e vai para a frente.

"Heh, vejo que finalmente criou coragem para enfrentar sua arqui-inimiga." - Stella diz, com um sorriso confiante. "Pois bem ! Luna, princesa dos Mamori, vamos terminar nosso duelo de uma vez por todas !"

"Agora é Whash." - Cirius diz.

Luna pega suas manoplas. Ela corre na direção de Stella e a soca.

Stella pula para trás, desviando do soco e fazendo Luna acertar o chão. "Não irei ter piedade, só porque, um dia, foi minha princesa !" - Ela joga uma carta em Luna.

A carta acerta a cabeça de Luna, que imediatamente cai no chão. Silêncio toma o local.

Stella encara o corpo de Luna. "Uh… Eh ?"

"O que foi ? Você venceu. Derrotou ela." - Cirius diz.

"Eu… venci ?" - Stella pergunta, confusa. "Aha… Ahaha…" - Ela se anima. "Nyaaahahaha ! Eu sabia que conseguiria vencer Luna, a princesa dos Mamori-" - Cirius interrompe ela.

"Whash." - Cirius diz.

"Tanto faz. Finalmente tive minha vingança, depois de todos esses anos ! Hah... O delicioso saber de uma vingança planejada há décadas…" - Stella diz.

"Meus parabéns." - Cirius diz.

Stella põe as mãos na cintura e levanta sua cabeça, orgulhosa de si. "Isso mesmo ! Comece a me reverenciar, como a divindade que sou !"

"Claro, ó Stella, a toda poderosa !" - Cirius diz.

Silêncio toma o local.

Stella limpa sua garganta. "Uh… E agora ?"

"E agora o quê ? Você venceu." - Mira diz.

Um silêncio desconfortável toma o local.

O silêncio é quebrado, quando Stella se desespera. "E-Essa não ! Eu não sei mais o que fazer !"

"Tá de brincadeira, né ? Sua vida inteira se resume a vencer a Luna ?" - Kaito pergunta.

"Sim ! Eu não pensei em mais nada, depois desse ponto !" - Stella diz.

"Isso é, uh, meio idiota." - Èris diz.

"Deprimente, eu diria." - Kaito diz.

Stella começa a hiperventilar. "O que eu faço ? O que eu faço ? O que eu faço ? O QUE EU FAÇO ?"

"E é agora que as coisas começam." - Cirius sussurra.

Luna se levanta do chão com um pulo. "Que tal ser amiga da Luna ?"

"A… Amiga… ?" - Stella pergunta, confusa. "Mas nós somos rivais."

"Não mais. Você venceu ela. Logo, não são mais rivais." - Cirius diz.

"Hmm… Faz sentido." - Stella diz.

"Então tá esperando o quê ?" - Kaito pergunta.

"…Como… Como se faz um amigo... ?" - Stella pergunta.

"Como é que alguém consegue ser tão idiota e triste ao mesmo tempo ?" - Kaito pergunta.

Stella fica vermelha. "É que eu nunca tive um, ok ?! Minha presença é magnífica demais para os outros Mamori !"

"Whash." - Cirius diz.

"Tanto faz." - Stella diz.

"Aham. Sei~" - Mira diz, com um sorriso presunçoso.

"Bom, agora que somos amigos, vai me dizer por que estava tremendo ?" - Cirius pergunta.

"Eu não estava-" - Stella diz, sendo interrompida por Cirius.

"Não adianta mentir." - Cirius diz.

Stella hesita, mas desiste. "Eu… estava desesperada, ok ?"

"Eh ? Por quê ?" - Luna pergunta.

"Como já devem ter percebido, eu sou uma astróloga." - Stella diz.

"Não faço a mínima ideia do que é isso." - Cirius diz.

"É mais comum lá pra Alphiden." - Kaito diz. "É tipo a minha alqui-magia, só que com cartas e estrelas. Astrólogos acham que aqueles pontos brilhantes ali em cima significam alguma coisa e podem 'dar poder para as pessoas'."

Cirius inclina sua cabeça, confuso. "Mas não tem nenhuma estrela no céu há um ano…"

"É por isso que eu estava desesperada." - Stella diz. Ela segura seu manto com força. "Minhas únicas companheiras desapareceram e eu não pude, e ainda não posso, fazer nada para impedir…"

Luna põe suas mãos nos ombros de Stella e olha firmemente nos olhos dela. "Isso não é verdade !"

"…Eh... ?" - Stella diz, confusa.

"Luna e amigos são amigos de Stella ! E, mesmo que pareça diferente, o céu ainda é o mesmo de antes !" - Luna diz. "Se o céu está escuro, Stella só precisa fazer suas companheiras brilharem mais forte ainda para clareá-lo !"

"Luna, eu-" - Stella diz, sendo interrompida por Luna, que abraça ela.

"Se Stella ficar com medo, ela só precisa se lembrar que tem os Whash como família. Juntos, vencemos qualquer coisa." - Luna diz.

Stella começa a chorar. Ela abraça Luna de volta com suas mãos trêmulas. "Obrigada, Luna... Muito obrigada…"

"Todo mundo adora um final feliz." - Mira diz.

"Ok, ela É irritante. Mas até que não é tanto assim." - Kaito diz.

"Como sabia que era disso que ela precisava ?" - Èris pergunta.

"Experiência própria. Quando você fica muito tempo sem ninguém com quem pode contar, a única coisa que quer é uma pessoa que esteja lá por você." - Cirius diz. Ele olha para Mira. "Sorte a minha, eu ter encontrado essa minha pessoa rápido."

Mira sorri. "O mesmo, maninho."

Luna se solta de Stella. "Se Stella quiser viajar com a gente, Stella pode vir."

Stella enxuga suas lágrimas. "Muito obrigada, Luna, mas vou ter que negar."

"Eh !? Esse é nova…" - Cirius diz, surpreso.

"Normalmente, você segue as pessoas sem ser chamada." - Kaito diz.

"Eu adoraria viajar com meus novos amigos, mas não posso." - Stella diz. "A vovó já deve ter terminado a comida. Vai ser melhor se conversarmos lá dentro."

Algum tempo depois. Todos, menos Marco, estão sentados à mesa, com pratos com comida na frente de cada.

Cirius engole a comida em sua boca. "Hmm~ Caramba, vovó ! Isso aqui é bom pra caramba !"

"Não precisa me agradecer. É o mínimo que posso fazer pelos amigos da minha netinha." - A senhora diz. "E podem me chamar de Sofia."

"Muito obrigada pela comida, senhorita Sofia. Está realmente uma delícia." - Èris diz.

"Já que gostaram tanto, vou preparar uma sobremesa para vocês que fará até os Dez quererem um pedaço." - Sofia diz.

"Quer ajuda, vovó ?" - Stella pergunta.

"Não se preocupe. Aproveite esse tempo com seus amigos." - Sofia diz, com um sorriso caloroso. Ela vai embora.

"Você tem uma avó boa pra caramba, hein !" - Cirius diz. Ele volta a comer.

"Eu amo ela. A vovó é uma enviada dos Dez para a terra. Sempre ajudando todos, mesmos com os perigos." - Stella diz.

"E eu assumo que esses perigos são o motivo de você não querer vir com a gente." - Mira diz.

Stella concorda com sua cabeça. "É um perigo só, na verdade. Mas é extremamente perigoso."

Kaito solta um suspiro. "Quando é que eu vou ter uma folga… ?"

"Deixa ela falar !" - Èris diz, repreendendo Kaito.

"O que é que esse lugar tem ?" - Luna pergunta.

"Existe um assassino aqui." - Stella diz.

Todos se assustam, ao ouvir isso.

"U-Um assassino !?" - Kaito pergunta.

Stella concorda com sua cabeça. "Tá mais para uma criatura do que uma pessoa. As vítimas dessa criatura têm o sangue inteiro do corpo sugado, deixando apenas uma casca pálida, murcha e vazia para trás. Não consegui acreditar nos meus olhos, quando vi uma das vítimas."

"E quando é que isso começou ?" - Èris pergunta.

"Na verdade, isso vem acontecendo desde que o povo daqui morava em Alphiden." - Stella diz. "Mas os ataques sempre acontecem quando todos estão dormindo. O que é bom, ou ruim, dependendo de como você vê. Venho investigando isso desde que soube dos ataques, mas ainda não tenho nenhuma pista."

Sofia chega, com uma panela com ago nela. Ela põe o bolo na mesa. "Prontinho. Esse é meu delicioso doce de maçã com menta."

Cirius lambe os beiços. "Parece bom, vovó !"

"Stella, querida, não estava contando aquela história para seus amigos, não é ?" - Sofia pergunta. "Sabe que não passa de apenas uma mera maldição."

"Mas a besta é real, vovó ! É esquisito demais para ser uma maldição !" - Stella diz.

"Se existisse mesmo uma besta, não acha que teriam ouvido os gritos das vítimas ou algo do tipo ?" - Sofia pergunta.

"Mas eu tenho certeza de que é uma besta..." - Stella diz, cabisbaixa. "Se eu derrotar a besta, a senhora vai poder viver em paz…"

Sofia faz carinho na cabeça de Stella. "Não precisa se preocupar com essa velha aqui, Stella. Algum dia, minha hora vai chegar. E, quando isso acontecer, posso morrer feliz porque tive a melhor neta que alguém pode pedir. Agora, pare de preocupar nossos hóspedes com essas histórias bobas e vá se divertir um pouco." - Ela vai embora.

Stella tenta dizer algo, mas é rapidamente interrompida por Luna.

"Antes que pergunte, sim, vamos ajudar Stella." - Luna diz.

"Jura !?" - Stella pergunta, surpresa.

"Claro que sim." - Kaito diz. "Eu faço qualquer coisa pra deixar uma família feliz."

Stella abre um grande sorriso. "Obrigada, pessoal !"

"Que nada. É pra isso que servem os amigos." - Mira diz

"Ajudar os outros é quase que uma obrigação, para nós." - Èris diz. "Ainda mais uma amiga, como você."

"Vamos só terminar de comer primero." - Cirius diz. O estômago dele ronca.

"Você é um buraco sem fundo ?!" - Mira pergunta, brava.

Cirius dá de ombros. Ele pega um pouco do doce e começa a comer.

Mira dá um leve tapa em seu rosto, inconformada. "Só pode tá de brincadeira…"


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