O Landau Vermelho escrita por Matheus Braga


Capítulo 5
Capítulo 4




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Fernanda só pensou em Rodrigo, seu ex-namorado, uma única vez naquela noite, e mesmo assim foi por uma questão de poucos segundos. Ela conversava com Adam sobre qualquer coisa enquanto comiam, e se deixou divagar sobre o que as pessoas comentariam se a vissem com ele. Afinal de contas ela havia terminado com Rodrigo há apenas duas semanas, e suas vizinhas fofoqueiras adorariam espalhar por aí que ela havia terminado com ele apenas para se relacionar com Adam.

Pura falta do que fazer.

Mas Fernanda pouco se importou com seus pensamentos. E daí se a notícia se espalhasse por aí? Ela já era crescida, tocava a própria vida e pagava suas próprias contas, então não devia satisfações a ninguém. O povo que falasse o que bem entendesse. Abandonando os pensamentos, voltou a prestar atenção em Adam.

Agora ele estava mais relaxado, e resolveu abrir um pouco o jogo sobre seu “sumiço”. Ele falou que a perda do irmão havia sido um choque muito grande para ele, no que Fernanda concordou sem hesitar, e ele precisou de um tempo para aceitar o ocorrido e reorganizar sua vida. Falou que havia viajado para os Estados Unidos e passara um bom tempo sendo acompanhado por um psicólogo.

— Foi ele quem me convenceu a aprender a cozinhar e a praticar kung fu, para ter com o que preencher meu tempo. — Adam estava dizendo, com um tom melancólico — Mas isso me fez bem. Toda vez que eu treinava ou ia cuidar da minha casa, eu esvaziava a mente e parava de pensar no... no que aconteceu.

O semblante dele havia caído, e ele passava o dedo de leve pela borda da taça que estava diante de si. Fernanda, que já havia acabado de comer, havia cruzado as mãos por baixo do queixo e prestava atenção nas palavras dele.

— E depois, foi a minha mãe. Eu já estava quase voltando para casa, e ela... bom, você sabe. E agora, por fim, foi meu pai. — Adam continuou, balançando a cabeça em negativa, encarando a encarregada — Eu não ia voltar, sabe? Não tenho mais nada que me ligue a esta cidade. Mas aí eu me lembrei das empresas do meu pai, e a consciência pesou. Não podia deixá-las simplesmente ir à falência ou serem assumidas por outras pessoas. Meu pai se esforçou muito para fazê-las crescer e sempre fez questão de que tudo estivesse sob o controle da nossa família. — Ele ergueu a taça e deu um gole no vinho, contemplando o recipiente reluzente novamente — Então eu voltei.

Ele a encarou com uma expressão neutra, mas ela percebeu uma certa aflição sendo refletida nos olhos dele. Adiantando-se, esticou o braço e segurou a mão esquerda dele, que repousava sobre a mesa.

— Olha, Adam... Sei que a vida não foi fácil para você. Sei que ainda vai levar algum tempo para você se reestabelecer e firmar os pés no chão, mas... — Ela teve certeza que ele a olhava bem nos olhos — Eu estou aqui. Você pode contar comigo para o que precisar.

E era verdade. Se ele precisasse de alguém para conversar, desabafar ou simplesmente um ombro amigo para chorar, ela estaria lá para ele. E o sorriso agradecido que ele devolveu a ela naquele momento foi a coroa que a noite de domingo dela precisava.

Ainda passaram algum tempo juntos. Adam mostrou a casa a ela novamente, falando sobre as mudanças que pretendia fazer no local, depois levou-a a um quarto no segundo andar onde costumava treinar, mostrando a ela todos os trajes e faixas que ele havia usado ao longo dos anos, bem como uma coleção de armas típicas dos praticantes de kung fu, e por fim desceram para o pátio externo, onde estavam estacionados seus dois carros, o Fiat Toro ainda não emplacado e o avantajado Ford Landau.

Os carros em si foram uma atração à parte. A caminhonete era da versão topo de linha Volcano AT9, com câmbio automático de nove marchas, tração 4x4, central multimídia e todos os demais mimos eletrônicos que alguém poderia querer em um automóvel, mas seu principal destaque era o design arrojado da carroceria, com luzes de LED diurnos e a tampa da caçamba com abertura bipartida. Já o Landau, agora sem a camada de poeira e as teias de aranha o que cobriam até o dia anterior, voltava a passar a imagem de um saudoso veículo de luxo dos anos 70 e 80, época em que os motores V8 estavam em seu auge e as “banheiras” eram relativamente comuns nas ruas.

Adam e Fernanda gastaram algum tempo falando sobre os carros, e ele reforçou a idéia de restaurar o Ford para uso diário. Depois, enquanto caminhavam vagarosamente para o portão, ela contou que havia se tornado encarregada na Transportes Peixoto, fato que o deixou ligeiramente surpreso. Adam disse que não a havia visto em sua reunião de apresentação, mas ela logo justificou — mentiu, melhor dizendo — que havia ficado em sua sala negociando prazos de entrega com um parceiro da região de Sete Lagoas.

— Obrigada pelo convite, Adam. — A encarregada estava dizendo, enquanto chegavam até o portão — O jantar estava delicioso.

— Que bom que você gostou. — Ele disse, encabulado, enfiando as mãos nos bolsos — Fico muito feliz. De verdade.

Ela sorriu, cruzando as mãos diante do corpo sem saber ao certo como agir. Vendo que ele parecia um pouco sem jeito, ela decidiu tomar a atitude. Adiantou-se e depositou um beijo na bochecha dele.

— Até amanhã, então. — Ela disse, virando-se para ir em direção à sua casa.

Pousando a mão sobre a bochecha, ele hesitou ainda por alguns segundos, até que ergueu a vista e gritou:

— Fernanda! Espera!

Ele deu uma pequena corrida para alcançá-la, e ela se virou para olhá-lo. Ele veio e parou a poucos centímetros dela, e ela pôde perceber — mais uma vez — o perfume que ele exalava.

— O que foi? — Ela perguntou.

Ele a olhava nos olhos de forma enigmática, com a boca semiaberta, parecendo ainda estar decidindo o que dizer. Ela esperou, devolvendo o olhar e absorvendo o magnetismo que ele transmitia.

— Eu só queria dizer que... — Ele começou, com a voz ligeiramente trêmula — Eu queria... Quer dizer, eu...

— Pode dizer. — Ela emendou, com delicadeza.

Ele fechou a boca e suspirou.

— Por favor, me perdoe. — Ele soltou de uma vez.

As palavras a atingiram como o estouro de um balão.

— Pelo quê? — Ela estreitou os olhos, um pouco aturdida.

— Por tudo. Por ter sumido por tanto tempo. Por ter terminado com você sem dar uma explicação melhor. — Ele disse, estendendo as mãos e segurando-a pelos braços — E por ter voltado assim, do nada.

Ela piscou, surpresa. A sinceridade nas palavras dele era quase palpável, e os olhos dele ostentavam um brilho diferente. Fernanda balançou a cabeça em negativa, escolhendo cuidadosamente suas palavras:

— Está tudo bem, Adam. Eu sei que você precisava de um tempo só seu.

Ele fez um gesto de concordância.

— Sim, mas... Eu precisava te dizer isso. — O aperto das mãos dele ficou um pouco mais firme — Eu senti muito a sua falta.

— E eu a sua. — Ela emendou imediatamente.

E estava criado o clima do momento. Os dois permaneceram lá, se encarando sem dizer nada, deixando apenas que seus olhos traduzissem os sentimentos confusos que fluíam de ambos. No entanto, Fernanda recobrou a consciência antes que algo mais acontecesse.

— Bem, eu... — Ela disse, apática — Tenho que ir. Temos que ir, na verdade. Pegamos serviço cedo, lembra?

— É, é sim. — Ele soltou-a, com um sorriso falso — Então... Até amanhã.

— Até amanhã.

E ela se virou, indo para casa. Precisava urgente beber alguma coisa para aliviar a tensão que sentia. Ainda havia uma ligação entre os dois, ela pôde sentir. E a idéia a agradava.

A noite veio e passou rapidamente, e na manhã seguinte ela acordou cedo e seguiu para a empresa, como de costume. E enquanto ela estacionava seu Idea Adventure na vaga habitual, percebendo a vaga de Adam ainda vazia, notou que Bruno chegava em um carro azul diferente e muito, muito pequeno. A encarregada estranhou. O rapaz era dono de um Fiat Mille Way preto e era simplesmente apaixonado por ele, e não havia mencionado que iria trocar de carro. E enquanto ele se ocupava em procurar algo no porta-luvas do veículo, Fernanda trancou o Idea e se aproximou.

— Bom dia, senhor. — Ela cumprimentou.

Bruno se virou, aparentando bom humor.

— Bom dia, senhorita. — Ele abriu a porta do carro e saiu — Mais uma segundona brava, né?

Ela fez um gesto com o queixo na direção do carro.

— O que aconteceu com o Way? Você adorava aquele carro.

— Eu adoro aquele carro. E ele está em casa. Ele está passando por umas... melhorias. — Ele respondeu com um sorriso feliz e misterioso, passando seu crachá pelo pescoço.

— E então...? — Fernanda olhou para o carro azul de novo.

Bruno abriu os braços e fez um gesto amplo, como um anunciante em um comercial de televisão.

— Novo Fiat Mobi Drive. Motor 1.0 Firefly, central multimídia, volante multifuncional, airbags e ABS. Tudo isso em meio metro quadrado de carro. — Ele respondeu, sorrindo — E sim, eu comprei mais um.

A encarregada entortou a boca num gesto de admiração propositalmente falso, enquanto caminhavam em direção à portaria.

— Quê isso, hein? Sempre quis ter dois carros. — Ela disse, e ele apenas riu.

— Um e meio, na verdade. E não é tão vantajoso assim. As despesas parecem quadruplicar. — Ele emendou — Mas e aí, o que você achou?

Fernanda deu mais uma olhada no veículo.

— Sei lá. Parece um Kinder Ovo. Achei ele muito pequeno, mas até que é bonitinho.

— “Bonitinho” é um feio arrumadinho, mas eu te perdoo. — Ele passou pela catraca de entrada do armazém — Só porque sou um cara bacana.

A encarregada riu e passou pela catraca também, mergulhando novamente na atmosfera agitada do transporte e rapidamente dando início às atividades do dia. Em poucos minutos recebeu a notícia de que uma carga de quase 30 mil reais havia seguido para outra filial sem documentação e teve de providenciar uma nova nota fiscal e um novo conhecimento de transporte. Depois foi informada que um parceiro do norte do estado havia perdido o prazo de entrega de uma remessa de eletrônicos e que a empresa corria o risco de ser multada em 50% do valor do frete, e teve que ligar para o cliente e conseguir uma nova data de agenda para a entrega. Depois, recebeu um e-mail informando que o indicador de performance de baixa diária estava abaixo da meta, e teve que se reunir com os responsáveis por baixa e monitoramento de entregas para montar um plano de ação.

Ela só percebeu Adam na empresa após as dez da manhã, quando o viu subindo para o mezanino acompanhado por Roberto, o gerente de operações, e pelos dois supervisores da filial, mas não prestou muita atenção. Quando deu por si, já era a hora do almoço. Fernanda desceu para o refeitório da empresa, e em menos de dez segundos Bruno se sentou ao seu lado. Estava com o rosto e a gola da camisa cobertos de fuligem preta e com o cabelo em pé.

— O que aconteceu? — A encarregada perguntou, sem saber se ria ou se ficava assustada.

— Dica que eu te dou pra vida: quando for conferir o escapamento de um caminhão, certifique-se de que o motorista não irá ligá-lo com você lá embaixo. — Ele respondeu, com um tom neutro.

— E você não vai lavar o rosto?

— Já lavei. Estava pior. E acabando o almoço vou lavar de novo. — Ele emendou, e a naturalidade com que ele encarava a situação era cômica.

A servente da cantina chegou com as refeições deles, e se puseram a comer. Naquele dia estavam servindo frango ensopado com quiabo, e não conversaram muito durante a refeição. Foi durante a sobremesa, no entanto, que Bruno puxou um assunto interessante.

— Já soube do delegado Lacerda? — Ele perguntou, concentrado em seu pudim de chocolate.

— O que aconteceu? — Fernanda devolveu.

— Morreu.

A notícia pegou a encarregada de surpresa. O delegado Lacerda era bastante conhecido pelos moradores de Contagem, principalmente nas regiões dos bairros Eldorado, Riacho e Água Branca. Ela o conhecera pessoalmente anos antes, quando ele coordenava justamente a investigação sobre a morte de Alan, irmão gêmeo de Adam, e constantemente ela ouvia seu nome ser citado pelos moradores de seu bairro em rodas de conversa. Alguns até diziam que ele se candidataria a vereador nas próximas eleições.

— Foi num acidente de carro, na semana passada. — Bruno continuou — Saiu hoje no jornal. O carro dele caiu do viaduto da Via Expressa.

— Hã? — Fernanda estava atônita.

— E além disso, o carro explodiu após a queda, só pra ajudar. Alguém cogitou a hipótese de que ele foi atingido por outro veículo na traseira e perdeu o controle da direção, mas o estrago foi tão grande que não dá para ter certeza. — Ele deu de ombros — Pra todos os efeitos, vão deixar como acidente de carro mesmo.

Fernanda não disse palavra. E nem teve tempo, pois Adam surgiu e se sentou à mesa de frente para ela.

— Boa tarde. Como... — Ele notou Bruno — Deus! O que aconteceu?

— É uma longa história. — O rapaz respondeu, estendendo a mão — Muito prazer, senhor Peixoto.

— Adam, este é o Bruno. Ele cuida da frota. — Fernanda fez a apresentação formal — Ele acabou de me contar que o delegado Lacerda... — Ela parou, fazendo um gesto vago com o dedo indicador.

— O que tem ele? — O semblante do gerente ficou subitamente frio.

— Sofreu um acidente de carro e... Morreu. — Ela respondeu.

A mudança em Adam foi notável. Em questão de segundos seus punhos se fecharam com intensidade e sua mandíbula se retesou tanto que as veias de sua fronte saltaram. Seus olhos negros adquiriram um ar glacial.

— Ele teve o que mereceu. — A voz dele ficou estranhamente rouca.

— Adam?! O que...? — Fernanda não entendeu.

— Ele inocentou os assassinos do meu irmão, alegando que não poderiam ser punidos por serem menores de idade. — Ele respondeu pausadamente, olhando para o vazio — Eles mataram meu irmão e ele os declarou inocentes. Mas a justiça foi feita. — E então, como que recuperando a consciência, ele se empertigou e ajeitou o paletó — Me desculpem. Não quis passar uma imagem errada.

— Mas passou. — Bruno nem hesitou em complementar.

— Bruno! — Fernanda fitou o rapaz, censurando-o.

— Não, Fernanda, tudo bem. — Adam disse, suspirando de leve — Ainda vai levar um tempo para a galera me aceitar de volta e... Bom, perceber que não sou nenhum tipo de monstro.

Terminaram o horário de almoço em silêncio. Quando retornaram para o armazém, depois de Adam se afastar, Fernanda não hesitou em dar um tapa na nuca de Bruno.

— Eeeei! — Ele protestou — O que foi que eu fiz?

— É pra você deixar de ser o rei da manota. — Ela respondeu — Não está sendo fácil pra ele.

— Tá bom, desculpa. Não quis ofender.

— Agora vai lavar essa cara. A gente tem reunião agora às duas.

A reunião foi específica para o setor de Fernanda. Adam se apresentou novamente e expôs os novos planos e metas para sua gestão enquanto gerente geral. Apresentou os novos indicadores de desempenho que seriam utilizados pelo setor e pediu a cada um que se apresentasse, falasse um pouco sobre o serviço e desse alguma sugestão de melhoria. Para a equipe, a estranheza maior não estava no fato de o gerente ser Adam Peixoto em específico, mas sim no fato de ter um gerente geral tão jovem. Adam, no entanto, se mostrava bastante eloquente ao falar e demonstrava total conhecimento do serviço executado pela transportadora, o que inspirava confiança.

Ele havia procurado não conduzir a reunião de forma muito formal, sentando-se sobre uma das mesas e fazendo uma ou outra piadinha com o trabalho cotidiano para descontrair a equipe. Por fim, finalizado o assunto, perguntou a Fernanda se ela gostaria de falar alguma coisa.

— Não tenho muito que dizer, Adam. — Ela colocou — Mas em nome da equipe, gostaria de ter dar as boas-vindas mais uma vez e te desejar boa sorte nessa nova fase da sua vida. Tenho certeza que sua gestão nos trará vários benefícios.

Dito isso, o gerente sorriu e agradeceu a todos, virando-se e voltando para a sua sala no segundo andar.

O resto do dia foi normal. Fernanda conseguiu zerar suas pendências e Bruno não teve nenhuma outra experiência bizarra com os veículos da empresa, e ambos acabaram se encontrando novamente no estacionamento.

— Até amanhã, senhorita. — Bruno desacionou o alarme do Mobi e abriu a porta.

— Sério, acho que não vou acostumar com esse seu carro. — Fernanda foi obrigada a comentar, encarando o carrinho azul mais uma vez.

— Por quê?

— Ah, na verdade eu até gostei do estilo dele, mas achei ele muito pequeno. Parece um robozinho do Star Wars, porque, sério, ele é muito pequeno. — Ela abriu seu Idea e jogou seu crachá sobre o banco — Eu preferia seu Uno Way.

— Mille Way. — Bruno corrigiu — E ele vai estar de volta em pouco tempo. Esse aqui vai ser meu carro de fim de semana.

— Ok, se você diz. — Ela disse, preparando-se para entrar no carro.

— Fernanda, cá entre nós. — O rapaz chamou-a — Eu sei que você entrou na empresa graças ao senhor Antônio. Mas você já conhecia esse tal de Adam?

— Sim. — Ela respondeu — Estudei com ele e com o irmão dele há alguns anos.

— Hum. — O rapaz murmurou, alteando a sobrancelha — Só isso?

— Por quê?

— “Está sendo difícil para ele”. — Bruno imitou a voz dela e fez as aspas com os dedos — “Bem-vindo de volta, Adam”.

Ela fez um gesto de desaprovação, mas não conteve o riso.

— Você é muito intrometido, sabia? — Ela colocou uma expressão de desaforo no rosto — Tá bom, eu confesso. Nós namoramos por algum tempo. Mas isso foi há muitos anos.

Bruno fez um biquinho com a boca, como que avaliando a informação. Por fim, assentiu e entrou em seu carro.

— Então, tá.

— Mas por que pergunta?

Ele baixou o vidro para responder.

— Sei lá. Curiosidade. — Ele deu de ombros — Alguma coisa nele não me cheira bem.

Fernanda baixou a cabeça e riu. Não sabia se Bruno era estranhamente engraçado ou engraçadamente estranho.

— Tá bom, senhor. — Ela disse, entrando em seu carro e baixando o vidro também — Depois dessa, vou até embora.

— Até amanhã, então. — Bruno se despediu.

— E vê se não se enfia debaixo de caminhão ligado de novo, seu doido! — Ela gritou, ao que ele pôs a mão para fora da janela e fez um gesto positivo.

A encarregada balançou a cabeça e seguiu para casa. Chegou, tomou banho e preparou uma janta light, pois não estava com tanto apetite. Depois de comer, sentou-se no sofá para assistir ao filme Triângulo do medo, que passava num canal a cabo. Já passava da meia-noite quando ela, por fim, decidiu ir dormir. Escovou os dentes, arrumou a cama e apagou a luz, disposta a ter uma noite de sono tranquila.


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