O Landau Vermelho escrita por Matheus Braga


Capítulo 26
Capítulo 25




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Não houve sequer um segundo de hesitação. Estavam, de fato, diante do famigerado “Landau vermelho”.

Guilherme chegou ao local indicado pelos policiais em poucos minutos, após aguardar a chegada do camburão que conduziria Jefferson à delegacia. O moreno havia feito um escândalo e alegara que aquilo era armação, que estavam protegendo Adam, que o gerente era quem devia ir para a cadeia e mais mil e um argumentos, mas o detetive manteve-se firme na decisão de levá-lo preso.

Encostando seu Honda Civic entre as inúmeras viaturas policiais que lotavam a rua, Guilherme desceu e caminhou em direção ao sedã bordô estacionado ao lado da pracinha, reconhecendo de imediato que se tratava do mesmo veículo que atacara Willian e Bárbara diante da delegacia momentos antes. Seus faróis duplos direitos estavam estraçalhados, bem como a grade estava virada para dentro em forma de V. Na porta traseira direita e na coluna da capota estavam as perfurações dos tiros que o detetive havia disparado contra o veículo ao vê-lo passar por cima de Willian.

Um sentimento estranho incomodou Guilherme. Até momentos antes, cantando pneus e rugindo seu escapamento duplo, aquele Landau parecia algo animalesco, um demônio pré-histórico feito de aço, movido por ódio e sedento por sangue e destruição. Agora, encostado junto ao meio-fio daquela praça, amassado e com marcas de balas na carroceria, parecia a carcaça de uma enorme baleia morta encalhada na praia.

Mas não era apenas isso. Aproveitando a estiagem da chuva e contornando o carro vagarosamente enquanto observava os danos na lataria, o detetive pensava que aquilo havia sido fácil demais. O Landau havia cometido cada assassinato na surdina e fugido praticamente sem ser percebido, e, por fim, havia sido abandonado ali. O final da história parecia não se encaixar ao resto do caso. Ou talvez não tivesse nada tão misterioso assim para se descobrir. Todos os envolvidos na morte de Alan Peixoto agora estavam mortos. Se era essa a intenção do motorista do Landau, sua missão estava concluída. Restaria apenas abandonar o sedã em algum lugar e esperar que suas ações levassem à condenação de Adam ou à sua partida da cidade.

Mas Guilherme decidiu deixar para pensar a respeito disso quando retornasse à delegacia. Agora tudo que ele queria era inspecionar o Ford bordô. Vendo um dos policiais aparecer com um potinho de carbonato de chumbo para procurar impressões digitais no painel, o detetive fez um gesto negativo com a mão.

— Eu não me incomodaria com isso. — Ele disse — É bastante provável que você não irá encontrar nada.

O policial hesitou por um instante, mas prosseguiu com seu trabalho. Abriu a porta do motorista e sentou-se no banco, pincelando o pó branco sobre o painel e o volante. E como Guilherme havia previsto, não havia uma única digital sequer. O policial conteve a expressão de frustração e deu lugar ao detetive, que se aproximou e sentou-se no banco do motorista.

Um arrepio frio correu por suas costas. De alguma forma, aquele painel de linhas espartanas parecia convidá-lo a acelerar o veículo. E apesar da empunhadura fina, o volante parecia prometer fortes emoções àquele que se atrevesse a guiar o sedã. Pensando exatamente nisso, Guilherme destravou o capô e saiu do carro. Até então, aquele Landau havia demonstrado extrema força bruta e agilidade em suas ações, e tudo indicava que ele tinha o motor adulterado. A fim de confirmar sua teoria, o detetive chegou à dianteira do sedã e ergueu o capô.

Guilherme, entretanto, teve que segurar um suspiro. Porque o motor que havia ali era um Ford 302 V8 original.

Não é possível, ele pensou, ligeiramente irritado. Não tem como ele ter feito tudo aquilo com esse motor.

Mas ele não se deixou levar pela irritação do momento. Ele sabia muito bem que alguns ajustes mecânicos poderiam ser imperceptíveis à primeira vista. Balançando a cabeça, ele já ia fechando o capô quando outra coisa lhe chamou a atenção.

O compartimento do motor, assim como todo o carro em si, era absurdamente grande. Os para-lamas e o painel frontal eram largos, mas Guilherme pôde notar que junto à estrutura do carro havia grossas longarinas de aço adicionais. E aquilo, sim, fez sentido.

O carro teve a estrutura reforçada, o detetive constatou. Ele foi feito para colidir contra outros objetos sem comprometer seu próprio funcionamento.

— Ei, você! — Guilherme chamou um dos policiais, apontando para o reforço estrutural do veículo — Eu quero fotos destas longarinas.

O policial se virou e tratou de providenciar um celular com câmera. E enquanto ele batia as fotos, o detetive prosseguiu:

— Reboquem esse carro para a nossa oficina. Quero desmontá-lo de cima abaixo para saber quais modificações foram feitas nele.

O policial assentiu enquanto Guilherme dava mais uma volta em torno do sedã. Quem o visse naquele momento nem hesitaria em compará-lo a um caçador que acabara de abater um animal grande e particularmente perigoso. O detetive, entretanto, não estava contemplando o carro. Outro detalhe o estava inquietando.

Em toda a extensão da carroceria, o Landau exibia apenas os danos causados durante o ataque à delegacia. Fora isso, a lataria estava polida e brilhante como a de um carro zero-quilômetro. E isso não estava certo. Os ataques às suas vítimas haviam acontecido sempre com intervalos de poucos dias, e alguns deles — senão todos — deveriam ter causado danos extensos ao sedã, principalmente os que haviam envolvido outros veículos.

O capotamento do Fusion do delegado Lacerda. A destruição do Fusca de Arthur. A colisão com o CrossFox de Gustavo. O abalroamento da Blazer de Heitor. O ataque a Eduardo dentro da igreja. O Landau havia demonstrado toda a sua força ao avançar contra cada uma das vítimas como um trator doentio, mas agora não carregava nem a menor cicatriz desses ataques. E isso não fazia sentido.

Aquilo indicava que o motorista do sedã havia consertado o veículo após cada ataque. Quem quer que o estivesse dirigindo deveria ser um deus da lanternagem para consertar o Landau em pouquíssimo tempo e prepará-lo para ir atrás de sua próxima vítima. E Guilherme entendia o porquê disso. Antigo e com ares de mafioso, aquele Landau seria muito mais intimidador se estivesse brilhando como novo do que se estivesse empenado e maltratado como uma lata velha. Com certeza o assassino iria querer que suas vítimas vissem o veículo antes de morrerem, a fim de ficarem ainda mais amedrontadas.

— Detetive! — Um dos policias gritou por Guilherme, interrompendo-lhe os pensamentos — O reboque deve chegar daqui uns vinte minutos.

O detetive assentiu, lançando mais um olhar na direção do sedã bordô. Um sorriso frio e estreito surgiu em seus lábios. O caso do “Landau vermelho” parecia cada vez mais próximo do fim.

 

o—o—o

 

Adam conseguiu dirigir de volta para sua casa sem dificuldades. A medicação que a enfermeira da delegacia o havia dado tinha lhe deixado sonolento, mas o efeito do remédio já estava passando. Fernanda ainda estava lhe fazendo companhia, mas haviam feito o trajeto da delegacia à casa do gerente em completo silêncio.

Quando Adam manobrou seu enorme Landau em direção à garagem, parando-o ao lado de seu Fiat Toro verde, o dia já vinha findando. O céu havia adquirido uma tonalidade arroxeada melancólica, e nuvens vindas do horizonte anunciavam mais chuva para a noite. Alinhando o sedã e apagando os faróis, Adam voltou a alavanca do câmbio para a posição parking e desligou o veículo.

E só.

Fernanda virou-se de lado no banco para olhá-lo sem falar nada. Adam permanecia com as duas mãos no volante, com o olhar perdido fixado em algum ponto do enorme painel de jacarandá e um semblante triste estampado no rosto. Após algum tempo sem esboçar reação alguma, ele simplesmente suspirou enquanto uma lágrima teimosa rolou de seu olho direito.

— O que foi, Adam? — Fernanda perguntou, cautelosa.

Ele fez um gesto negativo com a cabeça, franzindo o queixo.

— Eu só queria levar uma vida normal. — Ele soltou baixinho, sem se virar — Voltar dos Estados Unidos, assumir os negócios do meu pai e, quem sabe, tentar ser feliz daí em diante. — Ele fungou — Eu nunca ia imaginar que isso ia... Que isso...

E ele não conseguiu falar mais nada, caindo num choro silencioso. Fernanda adiantou-se no banco inteiriço do sedã e envolveu-o com os braços.

— Já falamos sobre isso, Adam. Você não pode ficar se martirizando por coisas que você não fez. — Ela passou a mão pelos cabelos dele — Depois do que aconteceu hoje, está mais do que provado que você não tem nada a ver com essa bagunça toda.

— Eu sei, mas eu... — Ele balbuciou, sem saber ao certo o que dizer — Eu não queria... Você sabe...

— Ssssh, eu sei. — Fernanda continuou afagando-lhe os cabelos — Não pense nisso. Isso não tem nada a ver com você. Agora venha, vamos subir.

Deixaram o veículo e subiram para a casa. Fernanda enlaçou Adam com o braço esquerdo, ainda numa pequena tentativa de acalentá-lo. Sentindo o toque da namorada, ele retribuiu e passou o braço direito pelos ombros dela também. Chegando à sala de estar, Fernanda apontou para o sofá, indicando ao gerente que se sentasse.

— Vou preparar algo para comermos. — Ela anunciou — Eu já volto.

Dito isso, girou nos calcanhares e seguiu para a cozinha.

Sentado no sofá, Adam tirou o paletó e recostou-se sobre o móvel, ainda se sentindo amuado e com os olhos lacrimejantes. Seu retorno ao país não saíra nada de acordo com o que ele havia pensado ou planejado. Em vez de assumir os negócios de seu pai e tocar sua vida adiante, ele havia dado início a um novo inferno particular. Ele sentia como se sua própria aura fosse carregada exclusivamente de energias negativas, e pensou que se Deus realmente existisse, Ele não gostava dele.

Fernanda voltou alguns minutos depois, trazendo consigo uma bandeja com dois omeletes apetitosos e dois copos com suco de abacaxi. Depôs a bandeja sobre a mesinha de centro e passou um dos omeletes para Adam. Ele olhou para o pratinho que ela segurava com certa apatia.

— Não sei se estou com fome. — Ele comentou.

— Mas vai comer. — Fernanda manteve o pratinho estendido na direção dele — Não é hora de fazer jejum.

O gerente chegou a esboçar uma resposta, mas acabou suspirando e pegando o omelete. Fernanda passou um garfo para ele também e, em seguida, sentou-se ao lado dele e pôs-se a comer também.

Passaram algum tempo em silêncio, ouvindo apenas o bater dos garfos sobre os pratinhos e dos copos sendo depostos sobre a mesinha de centro. Não precisavam falar nada naquele momento. Precisavam apenas sentir um ao lado do outro. A presença do outro era o que os confortava após tanto caos.

Terminando a refeição, ambos depuseram os pratinhos de volta na bandeja e recostaram-se no sofá novamente. Fernanda deitou a cabeça sobre o ombro do namorado e aproveitou para acariciá-lo na altura do peito, desenhando pequenos círculos com os dedos. Nem se preocuparam em ligar a televisão, pois ambos sabiam que não iriam prestar atenção à programação.

Fechando os olhos e respirando fundo, Adam soltou:

— Acho que você seria mais feliz se não estivesse comigo.

Fernanda parou suas carícias, atenta.

— Por que você acha isso?

Ele balançou a cabeça em negativa, olhando para o nada.

— Não sei. É um palpite. Desde que voltei ao Brasil, só tenho arrumado problemas. — Ele praticamente balbuciou — E desde que voltamos a sair juntos... Bom, eu já te dei pelo menos um milhão de razões para me deixar.

A encarregada corrigiu sua postura no sofá, sentando-se ereta.

— Não, Adam. Não deu. — Ela discordou — Talvez eu tenha ido um pouco rápido demais no início, eu admito. Eu tinha acabado de terminar um relacionamento e me sentia um pouco carente. E tudo bem, eu confesso que nunca te esqueci de verdade. Nosso “primeiro namoro” na época da escola foi algo muito especial pra mim. — Ela suspirou — O que eu quero dizer é que eu sinto algo por você. Algo forte, especial, que eu não consigo explicar.

— Fernanda... — O gerente começou.

— Não, Adam. — Ela cortou-o, aproximando-se dele e fazendo suas testas se tocarem — Você me deu um milhão de razões para te deixar. Mas eu só preciso de uma para ficar com você.

E apesar de todo o ar clichê daquele momento, as palavras da encarregada tocaram Adam. A declaração singela de Fernanda marejou-lhe os olhos, e ele resistiu a uma leve tremedeira no queixo. Ele envolveu-a com o braço e, aproximando-se ainda mais, depositou-lhe um beijo leve nos lábios.

Como sempre, uma corrente de energia pareceu fluir de um para o outro. Um ligeiro tremor subiu-lhes pela espinha, arrepiando-lhes o pescoço. O ar ao redor deles subitamente pareceu carregar-se de estática, como se estivesse prestes a explodir em uma chuva de fagulhas brancas faiscantes. Mais uma vez, Fernanda pegou-se pensando naquele algo mágico que parecia haver em Adam que a atraía tanto, quase como uma força magnética. O “Adam maduro”, com seu ar carente e charme canastrão, era ao mesmo tempo fofo e intimidador, másculo e delicado, bruto e elegante, e eram justamente essas pequenas contradições que a faziam se sentir ainda mais a fim de estar com ele.

O beijo leve dos dois adquiriu intensidade e logo Fernanda corrigiu sua postura no sofá para aproximar-se mais do namorado, sentando-se sobre sua perna esquerda e enlaçando o pescoço de Adam com um braço. O gerente ajeitou-se também, sentando-se mais ereto e deixando seu corpo inclinar-se na direção de Fernanda. Suas línguas brincavam, explorando a boca um do outro mutuamente numa dança secreta.

A mão esquerda de Adam desceu pelo ombro da encarregada e foi parar em sua cintura, pressionando-a de encontro ao peito dele. A encarregada arfou, levando ambas as mãos à nuca do namorado e segurando-a com força, como se ele pudesse escapar dali em questão de segundos. Era sempre assim. Os momentos íntimos entre eles eram intensos, repletos de carnalidade. Seus corpos pareciam sempre procurar a maneira mais profunda e impetuosa de demonstrar o que sentiam e desejavam. Tirar as roupas um do outro foi algo natural e que passou despercebido a ambos, e numa questão de minutos já se encontravam despidos e deitados sobre o sofá.

Adam em momento algum havia interrompido o beijo que estava dando em Fernanda. Aquele beijo tinha um quê de necessidade, de ânsia, que incitava-o a continuar e despertava em Fernanda a vontade de estar ali para recebê-lo. Os movimentos dos corpos de ambos logo se sincronizaram, e os dois se encaixaram num baile ondulante e quente, recheado de sussurros e arfadas ao pé do ouvido.

Sentir cada centímetro de Adam a completar seu próprio corpo sempre causava em Fernanda um êxtase incrível e a acendia como um vulcão em erupção, só que uma erupção maravilhosa, que subia por seu corpo em ondas que a faziam estremecer. Sentir o corpo dele indo e voltando de encontro ao seu era intenso, viril, e a fazia querer ficar ali eternamente. Ela nunca havia experimentado aquela sensação com outra pessoa.

E para Adam, aquilo era libertador. Seu mundo oscilava como um avião em turbulência prestes a explodir, mas Fernanda era a sua certeza de dias melhores. Ela estava sendo seu porto seguro, seu refúgio, e aquilo despertava nele um enorme sentimento de gratidão. Uma gratidão tão grande e de tamanha importância que a melhor forma de expressá-la era fisicamente, beijando o corpo de sua namorada de forma máscula e gentil, fazendo-a arfar e se contorcer debaixo dele.

Foram momentos mágicos. Até então, nunca haviam feito amor no sentido literal da expressão. Nunca haviam tido uma relação sexual que envolvesse tanto sentimento quanto aquela. Alívio, conforto e gratidão, tudo misturado de uma forma impossível de ser posta em palavras. E mesmo após ambos terem chegado ao êxtase ainda passaram um bom tempo deitados como estavam, Adam por cima de Fernanda, como se estivesse a protegendo do mundo, e ela abraçada a ele com firmeza, como se demonstrasse a ele que sempre estaria ali para o que ele precisasse.

Nada precisava ser dito. Poderiam passar o resto da noite apenas como estavam, se encarando com sorrisinhos bobos no rosto e olhares repletos de declarações sublimes. Mas um relâmpago brilhante, seguido logo por um trovão longínquo, tirou-lhes de seu devaneio. Adam, dando um selinho rápido na namorada, acordou para a vida primeiro.

— Fernanda... — Ele sussurrou num tom grave e sensual, mas divertido.

— O que é? — Ela percebeu o tom dele e sorriu.

— Primeiramente... obrigado pela noite. — Ele sorriu mais abertamente e beijou-a novamente.

— Era isso? — Ela indagou, curiosa.

— Não. — Ele soergueu o corpo — Não quero ser estraga-prazeres, mas... — Ele apontou para a janela com o polegar — Vai chover. E bom, temos que ir trabalhar amanhã cedo e você não tem nenhuma roupa aqui em casa.

Ela riu, levantando-se.

— Tudo bem, Ricardão. Eu entendi. — Ela ajeitou os cabelos e recolheu algumas de suas roupas — Já que você está me expulsando, eu vou embora.

Adam riu também, deitando-se novamente no sofá e contemplando-a.

— Sabia que te acho ainda mais linda quando você está assim, desarrumada?

Ela corou um pouco, juntando as mãos na altura do peito.

— Sério?

— Sim. — Ele se pôs de pé num pulo, pegando sua calça no chão e vestindo-a — Mas é sério, Fernanda. Melhor eu levar você em casa antes que chova.

— Não precisa, Adam. — Ela vestia suas roupas também — Moro logo ali na rua de trás, esqueceu?

— Fernanda, eu faço quest...

Não precisa, Adam. — Ela cortou-o — Você teve um dia cheio. Fique aqui e descanse.

Ele suspirou, murchando os ombros um pouco.

— Tem certeza?

Ela fez que sim.

— Tenho.

— Tudo bem, então. — Ele aproximou-se e enlaçou-a pela cintura — Posso pelo menos acompanhá-la até o portão?

Ela encarou-o.

— Claro que pode. Afinal, você é um gentleman, não é?

Entre risinhos e provocações, Fernanda terminou de se vestir. Adam permaneceu como estava, usando apenas sua calça social. Vendo-o daquele jeito, com o abdômen definido e o peitoral largo e aquela calça vincada sem nada por baixo, a encarregada ficou tentada a uma segunda rodada, mas achou melhor ser razoável. Ela tinha que acordar cedo na manhã seguinte e o dia deles já havia sido bastante estressante. Precisavam mesmo descansar.

Desceram juntos até o portão. Adam abriu-o e deu passagem para a namorada, encarnando o gentleman que ela havia mencionado. Pararam na calçada para se despedir e não resistiram a mais um beijo. O dia havia sido horrível, mas eles ainda estavam juntos e pretendiam permanecer assim.

Estavam tão focados em desfrutar daquele beijo, em aproveitar aquele sentimento que fluía entre eles que nem se deram ao trabalho de olhar a rua à sua volta. Por isso, não viram quando um gato preto passou correndo sobre o muro do vizinho com um pequeno camundongo na boca. Também não viram que a chuva iminente fazia aumentar o vento, e as árvores choravam folhas secas. Também não viram quando o enorme Ford Landau bordô estacionado do outro lado da rua acendeu seus quatro faróis circulares e arrancou velozmente em direção a eles.


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